Nova variantebetano limita contacovid: como cientistas brasileiros detectam BA.2 no país:betano limita conta
- André Biernath
- Da BBC News Brasilbetano limita contaSão Paulo

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betano limita conta A detecção das novas variantes do coronavírus acontece graças à vigilância genômica, uma estrutura formada por laboratórios, equipamentos e, claro, cientistas capazesbetano limita contareceber amostrasbetano limita contapacientes com covid-19, fazer o sequenciamento genético desse material e determinar qual linhagem do vírus está circulando por uma determinada região.
Foi esse trabalho, aliás, que conseguiu identificar os primeiros casosbetano limita containfecção relacionados à BA.2 no Brasil, uma variante "prima-irmã" da ômicron que parece ser ainda mais transmissível e se tornou dominantebetano limita contalocais como Dinamarca e Índia.
Pelo que se sabe até o momento, as primeiras amostrasbetano limita contabrasileiros infectados com essa nova linhagem vêmbetano limita contaRiobetano limita contaJaneiro e São Paulo, com dois casosbetano limita contacada Estado,betano limita contaacordo com as informações divulgadas recentemente pelo Ministériobetano limita contaSaúde.
A virologista Paola Resende, pesquisadora do Laboratóriobetano limita contaVírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/FioCruz), é uma das cientistas que fazem parte da estruturabetano limita contavigilância genômica do Brasil.
Como o próprio nome adianta, o centro onde ela trabalha é referência na investigaçãobetano limita contavírus respiratórios para o Ministério da Saúde.
A especialista explica que, desde que a ômicron foi detectada pela primeira vez na África do Sul ebetano limita contaBotsuanabetano limita contanovembrobetano limita conta2021, algumas linhagens derivadas dela foram descobertasbetano limita contaoutras partes do mundo.
"A ômicron 'clássica' é conhecida por B.1.1.529. Dentro desse grupo, temos algumas outras linhagens, como a BA.1, a BA.1.1, a BA.2 e a BA.3", explica.
O surgimentobetano limita contanovas versões virais é algo esperado: conforme o vírus "pula"betano limita contauma pessoa para outra e se replica dentro das nossas células, ele sofre mutações aleatórias no código genético. Algumas dessas modificações não dãobetano limita contanada. Outras, porém, podem aprimorar a capacidadebetano limita contatransmissão,betano limita contaescape imunológico ou atébetano limita contaagressividade do patógeno.
Ainda segundo a virologista, embora a BA.2 tenha ganhado os holofotes nas últimas semanas, ela ainda está presente numa minoria das amostras analisadas.
"A BA.1 e a BA.1.1 são as que apresentam maior disseminação global e uma rápida dispersão. A BA.2 começou a se destacarbetano limita contaalguns países, como a Dinamarca, onde ela estábetano limita contacercabetano limita conta35% dos genomas sequenciados", calcula.
"Mas, quando olhamos o cenário global, ela é detectadabetano limita contacercabetano limita conta2% das amostras", compara Resende.
O geneticista David Schlesinger, CEO da Mendelics, um laboratório privado que também integra a redebetano limita contavigilância genômicabetano limita contaSão Paulo, explica que a ômicron BA.1 já era um dos vírus mais infecciosos que surgiram nos últimos 100 anos.
"E a BA.2 é mais transmissível ainda", aponta.
"Ela poderia ter sido catastrófica caso não tivéssemos um contingentebetano limita contapessoas com um bom nívelbetano limita contaimunidade pela vacinação e pelos casos prévios, que seguem protegendo contra quadros mais graves na maioria das vezes", avalia.

Crédito, Mendelics
Um estudo dinamarquês divulgado no finalbetano limita contajaneiro mostrou que a BA.2 é 33% mais infecciosa que a BA.1 — que, porbetano limita contavez, já tinha uma capacidadebetano limita contaespalhamento bem superior às variantes alfa, beta, gama e delta.
E é justamente essa maior transmissibilidade que ajudaria a explicar como essa nova versão viral se tornou dominante na Dinamarca, superando a ômicron "original".
No entanto, Resende pondera que o comportamentobetano limita contauma variante num determinado local nem sempre se repetebetano limita contaoutras partes do mundo.
"Basta analisarmos o que ocorreu com as variantes anteriores. A alfa dominou no Reino Unido, mas teve uma ação limitada por aqui. Já a gama, que foi responsável pela onda que acometeu o Brasil no primeiro semestrebetano limita conta2021, não foi bem-sucedida fora da América Latina", ensina.
A própria delta, que teve uma ação rápida e devastadorabetano limita contalugares como Índia e Estados Unidos, demorou quase três meses para se alastrar e virar dominante no Brasil.
"Isso depende muito da dinâmica local,betano limita contaquantas pessoas vulneráveis existem ali, quais são as outras linhagens que dominam", lista.
Essas experiências prévias, portanto, sinalizam que não dá muito pra saber como a BA.2 vai se comportarbetano limita contacada cenário — o que só reforça o trabalho constante das equipesbetano limita contavigilância genômica.

Crédito, Fiocruz
Um Brasil mais vigilante
Schlesinger conta que, todas as semanas, a Mendelics selecionabetano limita contaforma aleatória e anônima cercabetano limita conta90 amostrasbetano limita contapacientes com covid e faz o sequenciamento genético delas. A ideia é ter uma ideiabetano limita contacomo está a distribuição das variantes do coronavírus.
"Entre o fimbetano limita contajaneiro e o iníciobetano limita contafevereiro, detectamos um casobetano limita contaBA.2", diz.
Na semana seguinte, por volta do dia 7/2, uma nova rodadabetano limita contasequenciamentos não encontrou nenhum caso provocado por essa linhagem específica.
No caso da BA.1, o laboratório acompanhou um crescimento exponencial. "Na primeira semanabetano limita contajaneiro, ela estavabetano limita conta15% das amostras. Na segunda, subiu para 80%. Na terceira, para 94%. No iníciobetano limita contafevereiro, ela foi detectadabetano limita conta100% dos sequenciamentos", compara.
A BA.2 vai seguir a mesma trajetória por aqui? Ainda é cedo para dizer, avaliam os especialistas. "Precisamos acompanhar e ver se ela vai seguir o mesmo padrão da BA.1 ou não", responde Schlesinger.
Resende explica que o sistemabetano limita contavigilância genômico brasileiro evoluiu bastante nos últimos meses e está bem mais estruturado do que no começo da pandemia, o que permite identificar a BA.2 ou outras variantes com mais rapidez.
"A história mudou. Quem diz que o Brasil não tem uma boa vigilância genômica desconhece todos os avanços que tivemos recentemente", defende.
O númerobetano limita contasequenciamentosbetano limita contaamostras,betano limita contafato, aumentou bastante. De acordo com o site da Rede Genômica FioCruz,betano limita contaoutubrobetano limita conta2020, o Brasil colocou pouco maisbetano limita conta500 sequenciamentos no Gisaid, plataforma online onde cientistas do mundo todo compartilham informações dos genomas do coronavírus.
Jábetano limita contasetembrobetano limita conta2021, o país fez quase 12 mil sequenciamentos, um crescimentobetano limita conta24 vezes na frequência mensalbetano limita contaexames do tipo.
No final do ano passado, essa taxa voltou a cair um pouco. Mas isso tem a ver com a queda nos casosbetano limita contacovid por aqui, justifica a virologista —betano limita contajaneiro, com o avanço da ômicron, os sequenciamentos voltaram a subir novamente.

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Em comparação com a vigilância genômicabetano limita contaoutras partes do mundo, ainda ficamos bem para trás. Desde o início da pandemia, pesquisadores brasileiros compartilharam no Gisaid 110 mil sequenciamentos, o que representa 0,41% do totalbetano limita contacasos diagnosticados no país. A porcentagem é próxima ao que é feitobetano limita contapaíses como Romênia, Peru, Egito e Filipinas.
Os campeões nessa relação entre sequenciamentos e casosbetano limita contacovid são Nova Zelândia (37% dos casos são sequenciados), Dinamarca (16%), Islândia (11%) e Reino Unido (10%).
Por outro lado, é possível notar um avanço quando analisamos os números absolutosbetano limita contasequenciamentos feitos na atual onda da ômicron: o Brasil é o 13º país que mais depositou informações na plataforma Gisaid mais recentemente.
Resende esclarece que não há necessidadebetano limita contasequenciar todos os pacientes com covid. "Para a vigilância, precisamos selecionar uma amostragem significativa para entender a dinâmica das variantes e ter um panorama geral da situação."
Capacidade ampliada
A virologista da FioCruz conta que os 26 Estados e o Distrito Federal possuem os Laboratórios Centrais, também conhecidos pela sigla Lacen.
"Os Lacensbetano limita contacada unidade federativa detectam as amostras positivas para coronavírus e determinam uma amostragem representativa, ou quantas delas serão sequenciadas", diz.
Essa amostragem representativa variabetano limita contaacordo com a populaçãobetano limita contacada lugar e também com o momento da pandemia — se o númerobetano limita contacasosbetano limita contacovid está alto, pode ser necessário ampliar a quantidadebetano limita contaanálises, por exemplo.
"Na sequência, as amostras selecionadasbetano limita contaforma aleatória são enviadas para a redebetano limita contavigilância genômica, da qual fazem parte a FioCruz e diversas outras instituições", complementa.
A especialista também informa que os próprios Lacens ampliaram a estrutura e pretendem eles próprios começar a fazerbetano limita contabreve a análise genética das amostras dos pacientes. Os laboratórios centraisbetano limita contaSão Paulo, Minas Gerais e Bahia, inclusive, já possuem essa tecnologiabetano limita contauso atualmente.
"E isso certamente vai ficar como um legado para as futuras epidemias que a gente vai enfrentar", antevê.
"Podemos utilizar essa mesma estrutura para analisar geneticamente os casosbetano limita containfluenza, zika, chikungunya, dengue…", exemplifica.
Mas, afinal, o que vai acontecer com a BA.2?
Enquanto a vigilância genômica faz o monitoramento e não há muitas definições se a BA.2 vai se espalhar ou não pelo país, Schlesinger especula o que pode ocorrer caso ela realmente se torne dominante por aqui.
"A BA.2 pode causar um prolongamento da ondabetano limita contaque estamos agora. Com isso, o númerobetano limita contacasos demoraria um pouco mais para cair", avalia.
"E há a probabilidadebetano limita contaessa variante passar por algo parecido ao que vimos com a delta no Brasil, que substituiu lentamente a gama, mas não chegou a causar uma onda propriamente dita", completa.
Num cenário onde ainda temos algumas incertezas, ao menos uma coisa permanece igual: os métodos preventivos continuam a barrar o coronavírus, independentemente da variante do momento.
"As medidas não farmacológicas são essenciais e continuam a valer, especialmente o usobetano limita contamáscarasbetano limita contaboa qualidadebetano limita contalocais fechados oubetano limita contaaglomerações", resume Resende.

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Manter um distanciamento físico sempre que possível, cuidar da circulação do ar pelos ambientes e fazer a higiene das mãos com regularidade são outras atitudes que seguem indicadas pelas autoridades.
E, claro, não dá pra se esquecer da campanhabetano limita contaimunização contra a covid. "A medida mais importante é vacinar todo mundo o mais rápido possível", acrescenta Schlesinger.
"Não existe outro avanço na história da humanidade que teve um impacto tão grande na saúde coletiva quanto vacinar as pessoas", finaliza o geneticista.

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