Violência no Rio: 'Por que não levaram preso?', questiona mãepoker online amigosjovem morto na operação policial mais mortífera da década no Rio:poker online amigos

Atualizada às 16h

poker online amigos Na quinta-feirapoker online amigosnoite, Tatiana Antunespoker online amigosCarvalho, 38, se apressou no fogão diante do pedido do filho: "Faz logo essa lasanha, mãe, estou com fome." Ela pôs a mesa e se sentou com ele e o sobrinho, que morava com a família, sem saber que seria o último jantar com os dois poker online amigos .

Na última sexta-feira, Felipe Guilherme Antunes,poker online amigos21 anos, e Enzo Carvalho,poker online amigos18, saírampoker online amigoscasa cedo depoispoker online amigostomar um golepoker online amigoscafé mas dispensando o pão que Tatiana lhes ofereceu.

Poucas horas depois, seus corpos ensanguentados estavam sendo colocadospoker online amigosum carro aberto do Batalhão do Choque. Eles eram dois dos 13 jovens mortospoker online amigosuma operação policial nos morros do Fallet, Fogueteiro, Coroa e Prazeres, no último dia 8poker online amigosfevereiro.

No sábado, outros dois corpos foram encontrados na mata no Morro dos Prazeres, elevando para 15 o númeropoker online amigosmortos na operação policial - a mais mortífera no Rio desde 2007, quando uma incursão no Complexo do Alemão, na zona norte, matou 19 pessoas.

A Polícia Militar do Riopoker online amigosJaneiro informou que as vítimas eram criminosos fortemente armados, que reagiram à chegada da polícia e foram mortospoker online amigosconfronto. Durante a operação, policiais apreenderam quatro fuzis, 14 pistolas, seis granadas, três radiocomunicadores, alémpoker online amigoscarregadores e drogas. Policiais prenderam 11 pessoas durante a ação.

Famílias confirmam que os jovens mortos tinham envolvimento com o tráfico, mas contestam a versão da políciapoker online amigosque teria havido confronto. Afirmam que eles se renderam, mas foram torturados e executados.

Tatiana pergunta, ecoando a pergunta feita por tantas outras mães: "Por que mataram? Por que não levaram preso?".

"Não estou lutando para dizer que o meu filho não era (criminoso). Nenhuma mãe está tirando o que eles foram, ou o que não foram. Nós queremos justiça pelo jeito que mataram eles", afirma. "Estamos condenando o assassinato. Eles (os policiais) tinham que ter levado eles presos, e não fazer o que fizeram."

Tatiana fez partepoker online amigosuma reunião emocionada realizada no Morro do Fallet na quarta-feira, onde moradores e familiares disseram que os jovens foram executados e submetidos a tortura, facadas e mutilações.

As mortes estão sendo investigadas pela Delegaciapoker online amigosHomicídios da Polícia Civil, que ainda aguarda a conclusão do laudo pericial com as circunstâncias das mortes, bem como dos laudos cadavéricos descrevendo como os rapazes foram mortos, antespoker online amigosse pronunciar.

A operação também está sendo investigada pelo Ministério Público do Rio, que ouvirá nesta semana os comandantes dos Batalhõespoker online amigosChoque, do Batalhãopoker online amigosOperações Especiais (Bope) e do Comandopoker online amigosOperações Especiais (COE). A Pmerj abriu uma sindicância interna para apurar as mortes decorrentespoker online amigosintervenção policial.

O episódio gerou forte preocupação entre grupospoker online amigosdefesapoker online amigosdireitos humanos, atentos a sinaispoker online amigosarrefecimentopoker online amigosviolência policial diantepoker online amigossinalizações dadas pelo novo governador do Rio, Wilson Witzel, e temerosospoker online amigosimpactos do chamado excludentepoker online amigosilicitudepoker online amigoscasospoker online amigosmortes cometidas por policiais, incluído no pacote anticrime proposto pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

O projetopoker online amigosMoro amplia as hipótesespoker online amigosque a açãopoker online amigosum policial pode ser considerada como legítima defesa, isentando-opoker online amigosculpa. Na lei atual, isso ocorre quando o policial age para se defenderpoker online amigosagressão "atual ou iminente". A nova proposta abrange a legítima defesa para ações que "previnam" agressões a si, a outros ou a vítima mantida refém.

Além disso, prevê que a pena poderá ser reduzida ou deixarpoker online amigosser aplicada se o policial cometer excessos decorrentespoker online amigos"escusável medo, surpresa ou violenta emoção". Críticos temem que as mudanças representem uma "licença para matar". Moro nega, e diz que intenção é deixar a legislação mais clara.

Já Witzel se elegeu com um discursopoker online amigosenfrentamento pesado ao crime organizado e defende publicamente o "abate"poker online amigoscriminosos armadospoker online amigosgrosso calibre. "Aquele que pegapoker online amigosarmas e chama para si a guerra, a guerra deve ter. Como terroristas serão tratados", disse, durantepoker online amigoscerimôniapoker online amigosposse.

Para Pedro Strozenberg, ouvidor da Defensoria Pública do Rio, a letalidade concentrada nesta primeira grande operação do governo Witzel desperta o temorpoker online amigos"um cenário muito preocupante".

"Uma operação com esse patamarpoker online amigosletalidade não pode ser considerada uma ação regular. É preciso quepoker online amigoslegalidade e apoker online amigosconduta sejam apuradas. Isso não pode virar um patamar dos novos tempos", afirma.

Ele ressalta a importânciapoker online amigosque as investigações da Polícia Civil, do Ministério Público Estadual e da Corregedoria da Polícia Militar possam apontar com clareza o que aconteceu, e se houve o desvio dos policiais, ou se eles tiverampoker online amigosconduta amparada pela lei.

"Isso para nós é o ponto principal. Não queremos impedir, atrapalhar nem desqualificar a atuação policial. Mas ela tem que ser amparada na lei", ressalta.

Organizaçõespoker online amigosdireitos humanos como a Anistia Internacional cobram uma investigação "detalhada, imparcial e independente" para esclarecer as circunstâncias das mortes no Fallet-Fogueteiro, ressaltando o alto númeropoker online amigoshomicídios decorrentespoker online amigosintervenções policiais no Rio - que atingiu patamar recorde no ano passado, com 1.532 homicídios pela polícia, contra 1.127poker online amigos2017.

"Historicamente, a maioria dos casospoker online amigoshomicídios pela polícia no Riopoker online amigosJaneiro não é investigado e nem responsabilizado e essa impunidade alimenta o ciclopoker online amigosviolência da polícia", diz a nota da Anistia.

'Tristeza e raiva'

Na quarta-feira, cercapoker online amigos60 moradores e familiares dos jovens mortos nas comunidadespoker online amigosSanta Teresa se reuniram no Morro do Fallet, com quase 40 representantespoker online amigosinstituições como as Defensorias Públicas do Rio e da União e as comissõespoker online amigosdireitos humanos da OAB-RJ e da Assembleia Legislativa do Rio e jornalistas.

O encontro foi marcado por momentos catárticos, com forte emoção, tristeza e raiva, bem como críticas à atuação policial.

"Os moradores tiveram falas foram muito contundentes e homogêneas afirmando que uma parte significativa dessas mortes poderia ter sido evitada, e que a polícia tinha condiçõespoker online amigosprender, e não matar ", relata Pedro Strozenberg.

"Os moradores não questionavam a atuação da polícia para enfrentar a criminalidade, mas insistiam que a resposta poderia ter sidopoker online amigosmais prisões, e menos mortes", afirma o ouvidor da Defensoria Pública.

Guerrapoker online amigosfacções

Segundo assessoriapoker online amigoscomunicação da Polícia Militar do Riopoker online amigosJaneiro, a operaçãopoker online amigossexta-feira foi realizada para intervir "numa guerra entre facções criminosas rivais, que disputam o controlepoker online amigosterritório naquela região, tendo como principal preocupação a preservaçãopoker online amigosvidas".

A corporação informa que mobilizou suas unidades especializadas - o Batalhãopoker online amigosChoque e o Batalhãopoker online amigosOperações Especiais (Bope) com basepoker online amigosinformações das áreaspoker online amigosinteligência.

A operação acaboupoker online amigosum imóvel que será chave para a investigação - uma casa na Rua Eliseu Visconti, no Morro do Fallet, onde, segundo moradores, traficantes se refugiaram.

De acordo com os depoimentospoker online amigosmoradores, foi lá que morreram sete das 13 vítimas encontradas na sexta-feira. O imóvel ficou com o piso e as paredes cobertaspoker online amigossangue e com muitas marcaspoker online amigostiros.

A casa fica perto dapoker online amigosTatiana. Naquela manhã, quando Felipe Guilherme saiupoker online amigoscasa, ela não se preocupara, porque a madrugada havia sido calma, sem trocapoker online amigostiros. Ao ouvir relatos sobre a operação policial, ela correu para a rua.

"Eu cheguei na casa e pedi para entrar para ver o meu filho, mas eles (os policiais) não deixaram. Os vizinhos todos foram para lá, porque os adolescentes estavam gritando socorro, mas não deixavam a gente chegar perto", diz.

A Polícia Militar do Riopoker online amigosJaneiro afirma que os criminosos reagiram à vozpoker online amigosprisão dada pelos policiais e atiraram contra os militares, sendo subsequentemente mortospoker online amigosconfronto.

As vítimas, todos rapazes com idades entre 15 e 22 anos, foram levadas pelo Batalhãopoker online amigosChoque para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro do Rio. De acordo com a Agência Brasil, médicospoker online amigosplantão informaram que os 13 jovens já chegaram mortos.

Uma foto na imprensa flagrou dois policiais sentados na caçamba aberta da caminhonete do Choque, sobre corpos cobertos por lençóis brancos.

A Polícia Militar instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar as mortes, medida padrão tomada quando operações resultampoker online amigoslesão corporal ou morte.

'Para que essa crueldade?'

Tatiana contesta as versões apresentadas pela polícia. O laudopoker online amigosóbitopoker online amigosseu filho diz que ele morreu no hospital, mas ela viu fotos dele morto antes disso, no ladrilho da casa onde houve o suposto confronto.

Ela foi reconhecer o corpopoker online amigosseu filho no Instituto Médico Legal (IML). Diz que seu pescoço estava quebrado, que ele tinha marcaspoker online amigosfacadas e que seu intestino estava exposto. Ela não acredita que ele tenha sido morto por tiros, porque apesarpoker online amigoster uma perfuração no peito, não havia marcaspoker online amigostiros saindo por suas costas.

Outros jovens tinham marcaspoker online amigoscortes no rosto, registradospoker online amigosum vídeo feito pela equipe do hospital, ao qual a BBC News Brasil teve acesso.

"Meu filho foi torturado até o final", acredita. "Para que essa crueldade? Eu quero uma explicação do Estado. Eu quero Justiça", exige Tatiana. "Que policiais são esses que estão com a farda para matar?"

Tatiana enterrou o filho Felipe Guilherme e o sobrinho Enzo no domingo, no cemitério São João Batista,poker online amigosBotafogo. Preferia tê-los sepultado no cemitériopoker online amigosSão Franciscopoker online amigosPaula, no Catumbi, mais pertopoker online amigossua casa no Fallet - mas diz que a facção criminosa rival à do seu filho proibiu que os jovens do grupo inimigo fossem enterrados lá.

Felipe Guilherme era o mais velho dos quatro filhospoker online amigosTatiana. Ela nasceu e cresceu no Morro do Fallet e criou os filhos sozinha, com o saláriopoker online amigosdoméstica epoker online amigosmanicure, e com a ajudapoker online amigossua mãe.

"Eu fui mãe e pai do meu filho. Botei ele na escola, cuidei dele. Você cria o seu filho na maior luta para eles tirarem a vida dele desse jeito? Pelo amorpoker online amigosDeus, eu quero Justiça. Que eles paguem pelo que fizeram. Eu vou brigar e vou botar a minha cara, para eles verem a dorpoker online amigosuma mãe", emociona-se.

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