'Monopólio da Taurus': polícias e grupos pró-armas querem que Bolsonaro abra mercado:casino epoca casino

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A restrição à importação tem como justificativa proteger um setor "estratégico" para a soberania nacional, mas polícias questionam esse argumento e reclamam dos altos preços e da baixa qualidade dos produtos nacionais que são obrigados a adquirir.

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Uma das vozes mais ouvidas contra a Taurus na família do presidente é o filho Eduardo Bolsonaro, polícia federal licenciado e deputado federal (PSL-SP). Há dois anos,casino epoca casinofrente ao stand da empresa na feiracasino epoca casinoarmas SHOT Show,casino epoca casinoLas Vegas, nos Estados Unidos, ele gravou um vídeo destacando a "decadência notória (da Taurus) no mundo inteiro".
"A nossa luta é para abrir o mercado nacional. É para colocar dentro do Brasil fabricantes internacionais que querem ir para lá mas não conseguem devido ao lobby e, principalmente, problemas políticos dentro do Ministério da Defesa", crítica.
"O Brasil está rechaçando (empresas estrangeiras)casino epoca casinonomecasino epoca casinoquê? Uma burra reservacasino epoca casinomercado que só tem matado, não só os nossos policiais, mas também os cidadãos, com disparos acidentais", disse ainda.
Em dezembro, a Justiça Militar paulista arquivou investigação contra um policial pela morte do entregadorcasino epoca casinopizza David Soarescasino epoca casinoFreitas, 20 anos,casino epoca casinojunho, depoiscasino epoca casinoconcluir que a arma Taurus disparou sozinha quando o soldado caiu acidentalmente durante a abordagem policial.
Problemas com a Justiça
Por defeitoscasino epoca casinosuas armas, a Taurus responde a processos no Brasil e no exterior. No iníciocasino epoca casinojaneiro, a companhia aceitou um acordo preliminar para encerrar um processo nos Estados Unidos movido por duas famílias que pode chegar a US$ 7,9 milhões (quase R$ 30 milhões) - valor que abarca custos processuais e indenizações. Em ambos os casos, armas da companhia dispararam ao cair no chão e feriram pessoas na perna mesmo estando com a travacasino epoca casinosegurança acionada.
No Brasil, após a Polícia Civilcasino epoca casinoSergipe registrar falhascasino epoca casinopistolas da Taurus - uma deformação no ferrolho que travava o equipamento -, o Ministério Público Federal no Estado foi à Justiçacasino epoca casinonovembrocasino epoca casino2017 pedir "a quebra do monopólio e retiradacasino epoca casinoobstáculos à importaçãocasino epoca casinoarmamento e munições no Brasil".
A ação civil pública demanda também "que dez modeloscasino epoca casinoarmas produzidos pela empresa sejam recolhidos para reparo, substituição ou indenização pelo valor pago, a critério do consumidor". O caso ainda estácasino epoca casinotramitação.
Após consulta da procuradora responsável pelo caso, Lívia Tinôco, a secretariascasino epoca casinoSegurança Pública dos 26 Estados do país e do Distrito Federal, 19 responderam já ter tido problemas com armas da Taurus.

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"A flexibilização do acesso a armas no Brasil (após o decreto assinado por Bolsonaro) torna ainda mais urgente a quebra do monopólio, sob pena dos acidentes e falhas nas armascasino epoca casinofogo comercializadas pela empresa Taurus, tão presentes no cotidiano das forças policiais, passarem a se reproduzir nos lares dos cidadãos brasileiros", disse Tinôco à BBC News Brasil.
A reportagem solicitoucasino epoca casinojaneiro entrevistas com representantes da Taurus e da CBC (maior acionista da Taurus e única fabricantecasino epoca casinomunições do país), mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.
A Taurus nasceu pequenacasino epoca casino1939, no Rio Grande do Sul, para se tornar hoje uma das maiores produtorascasino epoca casinorevólveres do mundo. A empresa produz também acessórios, capacetes e contêinerescasino epoca casinotrês fábricas no Brasil e uma nos Estados Unidos.
A companhia costuma responder às críticas destacando que exporta para maiscasino epoca casino85 países e lembrando os prêmios recebidos - o último deles, segundo o site da empresa, écasino epoca casino2012, quando a redecasino epoca casinovarejo americana Field & Stream considerou um dos seus revólverescasino epoca casinocaça o melhor do ano.
Já a CBC foi fundada por imigrantes italianoscasino epoca casinoSão Paulocasino epoca casino1926 e hoje é líder mundialcasino epoca casinomunições para armas portáteis, com fábricas no Brasil, Alemanha e República Tcheca.
'Valor estratégico'
As limitações para importaçãocasino epoca casinoarmas e outros produtos controlados, como munições, componentescasino epoca casinoarmamentos e material explosivo, existem há décadas sob o argumentocasino epoca casinoque ter uma indústria fortecasino epoca casinomateriaiscasino epoca casinodefesa é importante para a soberania brasileira.
O controle do Exército na fabricação, comércio e importaçãocasino epoca casinoarmas foi normatizadocasino epoca casinolegislaçãocasino epoca casino1934, durante o governocasino epoca casinoGetúlio Vargas. Normacasino epoca casino1965, segundo ano da ditadura militar, destacava que cabia ao Ministério do Exército dar "à indústria nacional toda a proteção necessária ao incrementocasino epoca casinosua produção, e à melhoriacasino epoca casinoseu padrão técnico".

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As regras atualmentecasino epoca casinovigor, estabelecidascasino epoca casino2000, foram revistascasino epoca casinosetembro passado pelo governocasino epoca casinoMichel Temer,casino epoca casinoum decreto (nº 9.493) que passa a valercasino epoca casinomarço. O novo texto é vago sobre compras no exterior e diz que "o Comando do Exército editará normas complementares para regulamentar os procedimentos administrativos para importação"casino epoca casinoprodutos controlados.
Outro decreto (nº 9.607), este editadocasino epoca casinodezembro passado, passou a prever que, além da avaliação do Exército, os pedidoscasino epoca casinoimportação passarão a depender também do crivo dos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores. O artigo 34 dessa norma mantém as barreiras a produtoscasino epoca casinofora do país, estabelecendo que "a importaçãocasino epoca casinoarmas e munições que forem fabricados no país por empresa credenciada como Empresa Estratégicacasino epoca casinoDefesa (caso da Taurus e da CBC) será negada ou restringida pelo Ministério da Defesa". A única exceção prevista é para o casocasino epoca casinopessoas que tenham licença no Exércitocasino epoca casinocolecionadorcasino epoca casinoarmas, atirador desportivo ou caçador.
No mês passado, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse a jornalistas que a aberturacasino epoca casinomercado "estácasino epoca casinoestudo", sem trazer detalhes. Um dos maiores defensores da abertura, o senador eleito Major Olímpio (PSL-SP) disse à reportagem que as novas regras "têm que deixar muito explícita a possibilidade e até o incentivo" à maior concorrência, para atender "não só às forçascasino epoca casinosegurança pública, mas à área privada também".
"O último monopólio a ser quebrado no Brasil é ocasino epoca casinoarmas e munições. Há um lobby muito intenso (contra a abertura), seja no Legislativo, no Executivo, Forças Armadas, isso é evidente", criticou.
À BBC News Brasil o Exército disse que a restrição à importação está "alinhada com a Política Nacionalcasino epoca casinoDefesa e com a Estratégia Nacionalcasino epoca casinoDefesa" e "tem por objetivo fomentar a indústria nacionalcasino epoca casinodefesa com vistas, especialmente, ao desenvolvimento e manutençãocasino epoca casinotecnologias e capacidades produtivas consideradas estratégicas". A medida também busca "gerar emprego e renda", segundo o órgão.
Questionado se estudava mudanças nessas regras, o Exército respondeu que "tratam-secasino epoca casinopolíticas nacionais que devem tramitar no âmbito dos poderes constitucionais".
Procurado, o Ministério da Defesa informou que não seria possível conceder entrevista porque a direção desse setor está aindacasino epoca casinoprocessocasino epoca casinotransição com a trocacasino epoca casinogoverno.
Polícias enfrentam burocracia para importar
Os graves problemas apresentados por armas da Taurus têm levado as polícias estaduais a enfrentar a burocracia e buscar brechas para importações. Os dados da balança comercial brasileira mostram que a importaçãocasino epoca casinopistolas e revólverescasino epoca casino2018 somou US$ 11,9 milhões, um pouco mais do que o registrado na soma dos seis anos anteriores.

Crédito, Gui Christ/BBC News Brasil
Após uma licitação internacional, a Polícia Militarcasino epoca casinoSão Paulo adquiriu no ano passado pela primeira vez 6.250 pistolas calibre .40 da austríaca Glock por US$ 3,086 milhões (pela cotaçãocasino epoca casinohoje, cercacasino epoca casinoR$ 1.850 por unidade).
A operação só foi possível porque, após um processo administrativo, a Taurus ficou proibidacasino epoca casinovender ao governo paulista por dois anos. O motivo foi o mau funcionamentocasino epoca casino7 mil submetralhadoras adquiridas da empresacasino epoca casino2011 e nunca usadas, explicou o tenente-coronel Marco Aurélio Valério. A corporação até hoje estácasino epoca casinolitígio com a Taurus para devolução do equipamento.
Além da preocupação com a qualidade, o tenente-coronel ressalta que a importação também trouxe economia ao Estadocasino epoca casinoSão Paulo. Para efeitocasino epoca casinocomparação, o governo do Paraná fechoucasino epoca casinonovembro a compra para agentes penitenciárioscasino epoca casino2.800 pistolas calibre .40 da Taurus por R$ 6,9 milhões (quase R$ 2.500 por unidade).
Valério estima que 95% das armas da políciacasino epoca casinoSão Paulo são da marca brasileira. Já as munições, todas fornecidas pela CBC, "não são ruins, mas há opções melhores e mais baratas no exterior", ressalta.
"Existe uma expectativa do mercado como um todocasino epoca casinoque essas regras (rígidas contra importação) caiam. O que é estratégico no século 21 não é armacasino epoca casinobaixo calibre, nem munição. É míssil, guerra eletrônica, dronecasino epoca casinolongo alcance", afirma Valério.

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A Polícia Civilcasino epoca casinoSergipe também conseguiu adquirir 100 pistolas Glockcasino epoca casino2016, após armas da Taurus falharem no ano anterior. A corporação trabalhacasino epoca casinonova licitação internacional para comprar mais 400.
"Hoje, a gente consegue importar, mas é um trabalho absurdo, e a empresa nacional ainda tenta impugnar a licitação", reclama o policial Ricardo Porto, diretor Coordenadoriacasino epoca casinoRecursos Especiais (Core) da Polícia Civilcasino epoca casinoSergipe.
Barreiras para entradacasino epoca casinoempresas
Alémcasino epoca casinoimpedir a importação, o Exército também "premeditadamente coloca todos os obstáculos possíveis" à instalaçãocasino epoca casinonovas fábricas no país, reclama o senador eleito Major Olímpio.
Um dos fatores que afastam empresas estrangeiras é a impossibilidadecasino epoca casinoimportar insumos. Portariacasino epoca casinosetembrocasino epoca casino2017 que autorizou a estatal suíça Ruag a instalar uma fábricacasino epoca casinomuniçõescasino epoca casinoPernambuco, por exemplo, estabelecia que "na hipótesecasino epoca casinoos insumos nacionais serem reprovados por baixa qualidade, a empresa deverá desenvolver e capacitar fornecedores nacionais que atendam à qualidade exigida,casino epoca casinoforma que os bens finais sejam produzidos no País".

Crédito, Igor Alecsander/Getty
O investimento previsto eracasino epoca casinoR$ 58,5 milhões, mas a empresa acabou desistindo do projeto por decisão do governo suíço, que viu riscocasino epoca casinoreputação para a imagem do paíscasino epoca casinoentrar no mercadocasino epoca casinoarmascasino epoca casinoum país com índices tão altoscasino epoca casinoviolência - a decisão veiocasino epoca casinoreação a questionamentoscasino epoca casinoparlamentares suíços após o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL),casino epoca casinomarço passado.
Apesar das dificuldades, outras companhias estãocasino epoca casinoolho no mercado brasileiro. O governocasino epoca casinoGoiás confirmou à reportagem que tem conversascasino epoca casinoandamento para instalaçãocasino epoca casinouma fábrica da Caracal, estatal dos Emirados Árabes Unidos.
Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, a empresa planeja investir até US$ 130 milhões (R$ 488 milhões) para produzir pistolas 380, visando o mercado brasileiro ecasino epoca casinopaíses vizinhos. Será preciso aval do Exército para a ideia se concretizar.
Já o grupo DFA,casino epoca casinocapital brasileiro, pretende começar a produzir pistolas e rifles emcasino epoca casinoprimeira fábricacasino epoca casinoGoiás neste ano - ainda faltam os produtos passarem por testes do Exército, o que pode levar meses. Executivos da empresa ouvidos pela BBC News Brasil disseram que viram uma oportunidadecasino epoca casinodisputar mercado a partir das falhas da Taurus. Eles não quiserem revelar o valor investido, nem as metas iniciaiscasino epoca casinoprodução.

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Crítico da facilitação da possecasino epoca casinoarmas no país, o Instituto Sou da Paz considera que o acesso das forçascasino epoca casinosegurança a produtoscasino epoca casinomelhor qualidade seria positivo. O aumento das empresas atuantes no mercado, porém, deve vir acompanhadocasino epoca casinomais controle sobre o setor, defende o presidente do instituto Ivan Marques.
"O que percebemos ao rastrear armamentos na mãocasino epoca casinocriminosos é que a esmagadora maioria dessas armas foi produzida e vendida legalmente no Brasil e perdida para a criminalidade. Isso indica uma total incapacidadecasino epoca casinorastreamento e controlecasino epoca casinoarmascasino epoca casinofogo no país", afirma.
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