Dormir pouco ou dormir muito? Ambos fazem mal para memória, fluência verbal e cognição:sportingbet ajuda

Essa aceleração social pode ser impulsionada por diversos fatores, como avanços tecnológicos, globalização, mudanças culturais e subjetivas. E isso implica na constante busca por fazer cada vez mais atividadessportingbet ajudamenos tempo, sugerindo um traço constitutivo da modernização. Com isso, as pessoas adotam estilossportingbet ajudavida mais agitados, com atividades laborais mais prolongadas, alémsportingbet ajudaconectividade permanente.

Essas características da atual vida social podem gerar dificuldades para se desligar ou relaxar, que afetam negativamente o sono. Em decorrência, queixas relacionadas às alterações do sono, como duração e insônia, têm sido cada vez mais comuns na população adulta.

No Brasil, 76% dos indivíduos acimasportingbet ajuda16 anos tem pelo menos uma queixa do sono, ou seja, aproximadamente 108 milhõessportingbet ajudapessoas.

Pesquisasportingbet ajudabase populacional recente demonstrou alta prevalênciasportingbet ajudainsônia (45,9% a 58,6%) entre brasileiros com 50 anos ou mais. Outro estudo aponta tendênciasportingbet ajudasono curto (6h ou menos) entre aqueles com idade entre 40 e 59 anos e, sono longo (9h ou mais) naqueles com 60 anos ou mais.

E isso pode ser um problema, já que o sono pode beneficiar habilidades cognitivas importantes como a memória, atuando emsportingbet ajudaconsolidação, além da saúde mental. Mas alterações no sono, como mudanças na duração e qualidade, podem prejudicar o desempenho cognitivosportingbet ajudahabilidades como a função executiva, fluência verbal, memória, bem como associar-se ao declínio cognitivo.

Por desempenho cognitivo, entendem-se diferentes domínios ou habilidades cognitivas, como a memória, linguagem, atenção, concentração, etc. Essas habilidades funcionamsportingbet ajudamaneira hierárquica e dependente entre si. Nessa lógica, o desempenho cognitivo permite ao indivíduo gerenciar suas experiências, adaptar-se ao meio e solucionar problemas mediante as diferentes demandas do cotidiano.

Sono e envelhecimento

Com o aumento da expectativasportingbet ajudavida, o envelhecimento tem se tornado tema central no cotidianosportingbet ajudatodo o mundo. Com isso, as preocupações ao redor das doenças neurodegenerativas estão cada vez mais frequentes nos debatessportingbet ajudasaúde pública e na populaçãosportingbet ajudageral. Isso porque essas doenças estão relacionadas ao aumento da incapacidade e dependência, alémsportingbet ajudamortalidade.

Com acelerado processosportingbet ajudaenvelhecimento populacional,sportingbet ajuda2017 o Brasil contava com 30,2 milhõessportingbet ajudaidosos com 60 anos ou mais. Em 2022 esse número saltou para 32,1 milhões, o equivalente a 15,6%sportingbet ajudasua população total. Assim, o envelhecimento populacional é uma preocupação constante, especialmente, por estar relacionado com o aumento das doenças crônicassportingbet ajudageral, com destaque para o declínio cognitivo, a demência e a incapacidade física.

Nesse contexto, destacam-se os estudos que se interessam por fatores associados e potencialmente modificáveis como os socioeconômicos, comportamentais esportingbet ajudasaúde. Entre esses fatores está o sono, que tem sido relacionado com o desempenho cognitivo.

Tanto o sono quanto o desempenho cognitivo podem sofrer prejuízos com o processosportingbet ajudaenvelhecimento, caracterizados pela diminuição da duração e eficiência do sono, bem como a diminuição do desempenho cognitivo que faz parte do envelhecimento normal. Nesse sentido, pergunta-se se os possíveis efeitos prejudiciais do sono sobre o desempenho cognitivo podem variar entre adultos e idosos.

Nosso estudo

O objetivo da nossa pesquisa foi investigar a associação isolada e combinada entre distúrbios do sono (duração do sono, sintomassportingbet ajudainsônia nas últimas 30 noites e cansaço diurno) e desempenho cognitivosportingbet ajudaadultos e idosossportingbet ajudatestes cognitivos.

Para isso, foi realizada análise transversal dos dados da visita 2 (2012–2014) do Estudo Longitudinalsportingbet ajudaSaúde do Adulto (ELSA-Brasil), isto significa que os dados incluídos foram avaliados naquele único e determinado momento.

O ELSA-Brasil é uma coortesportingbet ajudaservidores públicos ativos e aposentadossportingbet ajudaseis capitais brasileiras: Belo Horizonte, Riosportingbet ajudaJaneiro, São Paulo, Porto Alegre, Salvador e Vitória, que contou, no início do estudo,sportingbet ajuda2008, com 15.105 participantes voluntários.

Foram incluídos um totalsportingbet ajuda7.248 participantes, entre 55 e 79 anos, com média etáriasportingbet ajuda62,7 anos, sendo 55,2% mulheres. Associaçõessportingbet ajudaformasportingbet ajudaU invertido foram observadas entre duração do sono e desempenhosportingbet ajudatodas as habilidades cognitivas, ou seja, durações menores ou maiores que sete horas estão associadas ao pior desempenho, independentemente da idade.

Além disso, o relatosportingbet ajudainsônia foi associado à pior função executiva, sendo a força das associações maiores para indivíduos com insôniasportingbet ajudadois ou mais momentos ou, especialmente, insônia combinada com sono curto. Insôniasportingbet ajudadois ou mais momentos também foi associada à menor memória e cognição global.

Esses resultados — que sugerem que durações maiores ou menores que cercasportingbet ajudasete horas do sono foram prejudiciais para todas as funções cognitivas investigadas — foram semelhantes tanto para adultossportingbet ajudameia idade quanto para idosos, embora as pontuações dos resultados tenham sido menores para idosossportingbet ajudacomparação aos adultos. Além disso, a insônia pareceu afetar mais fortemente a função executiva, mas também prejudicou a memória e a cognição global.

Estudos como o nosso, que visam investigar fatores potencialmente modificáveis para o declínio cognitivo (como é o caso do sono), podem gerar evidências e contribuir para subsidiar intervençõessportingbet ajudasaúde que objetivem protelar o início do declínio cognitivo e promover o envelhecimento saudável.

*Tamiris Rezende é doutorasportingbet ajudaSaúde Pública pela Universidade Federalsportingbet ajudaMinas Gerais (UFMG).

**Este artigo foi publicado no The Conversation Brasil e reproduzido aqui sob a licença Creative Commons. Clique aqui para ler a versão original.