Coronavírus: o que está por trás da 'explosão'bet7k bonus netomortesbet7k bonus netocasabet7k bonus netomeio à pandemiabet7k bonus netocovid-19:bet7k bonus neto

bet7k bonus neto Em um único plantão, uma médica do Samu (Serviço do Atendimento Móvelbet7k bonus netoUrgência)bet7k bonus netoManaus chegou a atestar cinco mortes por covid-19bet7k bonus netopessoas que morrerambet7k bonus netosuas próprias casas.

"Era muita coisa. Antes disso, eu não costumava constatar nenhum óbito (doméstico) no meu plantão", conta a médica, que pediu para não ser identificada. "Em geral eram pessoas idosas,bet7k bonus neto70, 80 anos. Esperavambet7k bonus netocasa mesmo, porque sabiam que não iam ter assistência nos hospitais (superlotados). Tentavam no limite tudo o que podiambet7k bonus netocasa."

Enquanto a situação é dramáticabet7k bonus netoboa parte da redebet7k bonus netosaúde brasileirabet7k bonus netomeio à pandemia, há pacientes como esses,bet7k bonus netoestado grave, que nem estão tendo a chancebet7k bonus netoreceber atendimento médico: estão morrendo fora dos hospitais, muitas vezesbet7k bonus netouma piora rápida e inesperada da covid-19 ou com medobet7k bonus netoir ao médico e pegar a doença.

No Brasil, as mortesbet7k bonus netocasa totalizaram 27,2 mil entre 16bet7k bonus netomarço e 30bet7k bonus netoabril. Isso representa um aumentobet7k bonus neto10,4%bet7k bonus netorelação ao mesmo período no ano passado, segundo dados divulgadosbet7k bonus neto7bet7k bonus netomaio pelos cartórios no Portal da Transparência do Registro Civil.

Em alguns Estados esse aumento foi muito maior: o Amazonas teve 149%, o Riobet7k bonus netoJaneiro, 40% a mais e São Paulo, 14,5%.

É um fenômeno que tem se repetidobet7k bonus netooutros países e regiões cujos sistemasbet7k bonus netosaúde têm sido duramente atingidos pelo novo coronavírus. No Reino Unido, um levantamento recente do jornal The Guardian identificou cercabet7k bonus neto8.000 mortes domiciliares a mais durante a pandemia do que no mesmo períodobet7k bonus netoanos anteriores.

Nos EUA, o país com o maior númerobet7k bonus netocasos e mortesbet7k bonus netocovid-19 no mundo, também há preocupações com um aumento expressivobet7k bonus netomortes forabet7k bonus netohospitais. Em abril, um levantamento feito na cidadebet7k bonus netoNova York apontou que o númerobet7k bonus netomoradores morrendobet7k bonus netocasa subiu para 200 por dia. Antes da pandemia, eram 20 a 25 por dia.

Lá, também, aumentou o temor das pessoasbet7k bonus netoprocurar médicos e hospitais. Em abril, uma pesquisa do Colégio Americanobet7k bonus netoMédicos Emergenciais apontou que quase um terço dos adultos ativamente adiaram ou evitaram buscar atenção médica, com medobet7k bonus netose exporem ao coronavírus.

bet7k bonus neto C bet7k bonus neto ausas prováveis

No Reino Unido, segundo as certidõesbet7k bonus netoóbito, 80% das pessoas morrerambet7k bonus netoproblemas não relacionados à covid-19. Isso parece ser um indicativobet7k bonus netoque pacientes com outras enfermidades graves podem estar tendo menos acesso a tratamentos, uma vez que quase todo o sistemabet7k bonus netosaúde está voltado ao controle da pandemia.

Para Jason Oke, estatístico do Departamentobet7k bonus netoCiênciasbet7k bonus netoCuidados Primários da Universidadebet7k bonus netoOxford, no Reino Unido, a ausênciabet7k bonus netodetalhamento dos dados até agora dificulta explicações definitivas sobre o aumento das mortes domésticas. Mas ele aponta três causas prováveis e simultâneas:

Nesse último caso, os pacientes podem acabar morrendo não por causa do coronavírusbet7k bonus netosi, mas como um efeito colateral da pandemia.

"No momento, é difícil determinar com certeza, mas é provável que essas três coisas estejam acontecendo juntas", diz Oke à BBC News Brasil. "Ainda não temos dados completos, e não é que as pessoas estejam sendo impedidasbet7k bonus netoir ao médico, mas há menos examesbet7k bonus netocâncer e menos cirurgias sendo feitos, e há evidências tambémbet7k bonus netoque as pessoas estão fazendo menos consultas e evitando ir aos hospitais."

A essas hipóteses o epidemiologista Paulo Lotufo, professorbet7k bonus netoClínica Médica da Faculdadebet7k bonus netoMedicina da USP, soma os estragos que o novo coronavírus pode causar no corpo, e que,bet7k bonus netoalguns casos, vão muito além do quadro gripal ou do comprometimento pulmonar.

"A gente inicialmente achava que o vírus causasse só uma gripe ou, nos casos mais graves, uma pneumonia. Mas não é só isso. O vírus atua também no sistema circulatório, elevando o riscobet7k bonus netouma morte súbitabet7k bonus netocasa por doenças cardíacas", explica o médico.

Outro efeito "terrível", diz Lotufo, é que há casosbet7k bonus netoque o vírus "atua no sistema nervoso central, fazendo com que o cérebro deixebet7k bonus netoidentificar a baixa oxigenação do pulmão. Alguns pacientes relatam uma sensaçãobet7k bonus netobem-estar (respiratório) mesmo estando péssimos. Chegam no hospital com oxigenação muito baixa, quadrobet7k bonus netoque normalmente estariambet7k bonus netocoma, mas chegam conversando".

Os sinais para se buscar atendimento

Com tudo isso, para médicos que estão acompanhando o avanço da pandemia, uma preocupação é justamente com essa repentina piora que alguns pacientes com covid-19bet7k bonus netoestágio moderado podem apresentar.

A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) ébet7k bonus netoque, na impossibilidadebet7k bonus netose hospitalizarem todos os pacientes da covid-19 por causa das limitações do sistemabet7k bonus netosaúde, os que tenham sintomas leves (a ampla maioria) podem ficarbet7k bonus netocasa, "desde que eles possam ser acompanhados e cuidados por membros da família".

"Se e quando possível, um elobet7k bonus netocomunicação com um provedorbet7k bonus netocuidadosbet7k bonus netosaúde ou com um profissionalbet7k bonus netosaúde deve ser estabelecido durante o períodobet7k bonus netocuidadosbet7k bonus netocasa, até os sintomas do paciente passarem", diz a recomendação.

Não é essa, no entanto, a realidade da maioria das pessoas, gerando preocupaçõesbet7k bonus netoque o quadro se agrave, mas passe despercebidobet7k bonus netopacientes e cuidadores.

"Como não há um monitoramento diário desses pacientes (por profissionaisbet7k bonus netosaúde), existe o riscobet7k bonus netoas coisas darem errado muito rapidamente", diz à BBC News Brasil o médico Bharat Pankhania, professor palestrante da Escolabet7k bonus netoMedicina da Universidadebet7k bonus netoExeter (Reino Unido), especializadobet7k bonus netocontrolebet7k bonus netodoenças infecciosas.

O principal sinalbet7k bonus netoalerta para pacientes e cuidadores, diz ele, é a sensaçãobet7k bonus netocansaço extremo ao fazer atividades cotidianas, além da faltabet7k bonus netoar e letargia. "É o sinalbet7k bonus netoque o paciente precisabet7k bonus netosuplementobet7k bonus netooxigênio."

Ao buscar ajuda médica aos primeiros sinaisbet7k bonus netocansaço, o objetivo é evitar que o quadro se agrave - por exemplo com o desenvolvimentobet7k bonus netouma pneumonia viral ou com a chamada "tempestadebet7k bonus netocitocinas".

Citocinas são substâncias excretadas pelo sistema imunológico para atacar o vírus. Mas pode acontecerbet7k bonus netouma resposta excessiva do sistema imunológico levar as citocinas a atacarem os órgãos do próprio corpo.

"Se a tempestadebet7k bonus netocitocina atacar, pode causar muito dano ao corpo e fazer o paciente piorar rapidamente", diz Pankhania.

É preciso chegar ao médico antes que uma pneumonia viral se instale, diz ele, "porque se ele já tiver a pneumonia, também já pode ser muito tarde".

Para a médicabet7k bonus netoManaus entrevistada no início desta reportagem, pessoas com sintomas persistentesbet7k bonus netocovid-19 (alguns diasbet7k bonus netofebre, tosse e doresbet7k bonus netocabeça e no corpo) devem buscar atendimento médico, mesmo antesbet7k bonus netobater a sensação fortebet7k bonus netocansaço. Sobretudo se elas forem pessoas dos gruposbet7k bonus netorisco, como idosos, obesos, fumantes e pessoas com comorbidades.

"Essas pessoas não podem esperarbet7k bonus netocasa, porque a piora é muito rápida", diz ela.

A BBC News Brasil consultou a Secretariabet7k bonus netoVigilânciabet7k bonus netoSaúde do Ministério da Saúde quanto a se há recomendações adicionais para pacientesbet7k bonus netocasa, para que fiquem alertas para eventuais sinaisbet7k bonus netopiora repentina. Também questionou se o serviçobet7k bonus netoteleatendimento TeleSus é capazbet7k bonus netoidentificar esses pacientes e orientá-los. A BBC News Brasil aguarda a resposta do ministério para acrescentá-la na reportagem.

Outra questão levantada por associações médicas é que, assim como no Reino Unido, tem caído no Brasil o númerobet7k bonus netoatendimentos médicos relacionados a o outros problemas que não a covid-19.

Um levantamento da Sociedade Brasileirabet7k bonus netoCirurgia Oncológica e da Sociedade Brasileirabet7k bonus netoPatologia aponta que ao menos 50 mil brasileiros podem ter ficado sem diagnósticobet7k bonus netocâncer entre 11bet7k bonus netomarço e 11bet7k bonus netomaio, já que menos exames estão sendo realizados.

O levantamento calcula uma quedabet7k bonus neto50% a 90% na realizaçãobet7k bonus netodiferentes tiposbet7k bonus netobiópsias. Com o diagnóstico tardio ou inexistente, o risco ébet7k bonus netoque tumores avancem, não detectados, para o estágio avançado.

Além disso, a sobrecarga geral no sistemabet7k bonus netosaúde causada pelo novo coronavírus dificulta o atendimentobet7k bonus netopacientesbet7k bonus netoestado grave por outros motivos, explica Paulo Lotufo, da USP.

"Imagine um pronto-socorro lotadobet7k bonus netopacientes com covid-19, e alguém sofre um acidentebet7k bonus netomoto e não consegue ser operado por causa da superlotação (das Unidadesbet7k bonus netoTerapia Intensiva). Sua morte não vai ser pelo acidentebet7k bonus netosi, masbet7k bonus netoconsequência da pandemia", afirma.

"É por isso que é tão importante reduzirmos o númerobet7k bonus netocasos (de infecções), para que, caso você tenha uma apendicite, possa ser tratado."

'Mais pobres são mais afetados'

Todo esse cenário tende a afetar proporcionalmente mais a população mais pobre, tanto no Brasil como no Reino Unido, diz o médico Pankhania, da Universidadebet7k bonus netoExeter.

"São os mais pobres os que têm mais chancesbet7k bonus netomorrerbet7k bonus netocasa."

"São eles que têmbet7k bonus netoperseverar mais, sair para trabalhar porque não podem fazer reuniões pelo Zoom, enfrentar aglomerações. As pessoas mais ricas têm a quem chamar e têm mais chancesbet7k bonus netoserem observadas (por médicos). Com tudo isso junto, a covid-19 é uma espéciebet7k bonus netoeliminadorabet7k bonus netopessoas pobres, porque as afetabet7k bonus netomodo muito desproporcional."

De todo modo,bet7k bonus netoManaus, a médica do Samu ouvida pela BBC News Brasil dá ao menos um sinalbet7k bonus netoalento: diz que, nas últimas duas a três semanas, têm diminuído bastante os casosbet7k bonus netoatendimento, tanto nas ambulâncias quanto nos pronto-socorros e UTI,bet7k bonus netocasosbet7k bonus netocovid-19.

"Entre meadosbet7k bonus netomarço e finalbet7k bonus netoabril, vivemos um caos, um períodobet7k bonus netoinferno, pelo qual eu nunca havia passado antes", diz ela. "Agora, quase não tenho feito atendimentos. Os casos ainda são muito graves, mas estão diminuindo."

bet7k bonus neto Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube bet7k bonus neto ? Inscreva-se no nosso canal!