Sob ameaçabet 365 libertadorescortes no governo Bolsonaro, cursosbet 365 libertadoresciências sociais e humanas concentram diversidade racial:bet 365 libertadores

Crédito, Marcelo Camargo/Agência Brasil
Cursosbet 365 libertadoresengenharia - consideradas todas as modalidades- possuem,bet 365 libertadoresmédia, um aluno negro para cada nove brancos. Em arquitetura e urbanismo ebet 365 libertadoresodontologia, a proporção ébet 365 libertadores1 para 12.
Os dados pintam uma diferença gritante entre os quadrosbet 365 libertadoresdiversidade racialbet 365 libertadorescursosbet 365 libertadoreshumanas ebet 365 libertadorescursosbet 365 libertadoresciências biológicas e exatas.
Para a diretora do Programabet 365 libertadoresEstudos Brasileiros da Universidadebet 365 libertadoresOxford, Andrezabet 365 libertadoresSouza Santos, o eventual cortebet 365 libertadoresinvestimentosbet 365 libertadorescursosbet 365 libertadoresciências sociais e humanas traria como efeitobet 365 libertadorescurto prazo um "embranquecimento" das universidades federais.
"O acesso que as pessoas têm hoje a cursos como física, engenharia e medicina não é democrático e universal, porque são cursos com notabet 365 libertadorescorte alta e alto custobet 365 libertadoresmanutenção durante o processobet 365 libertadoresformação. Muitos negros estudarambet 365 libertadoresescolas públicasbet 365 libertadoresbaixa qualidade e sem professores especializadosbet 365 libertadoresáreasbet 365 libertadoresexatas e biológicas", disse à BBC News Brasil.

Crédito, Cecília Tombesi/BBC
"Uma reduçãobet 365 libertadoresrecursos na áreabet 365 libertadoreshumanas, sem levarbet 365 libertadoresconta o processo educativo desde a base, nas escolas públicas, terá como efeito elitizar o conhecimento a curto prazo, reduzindo negros e pobres nas universidades", avalia a professora, que dá aulasbet 365 libertadorespolítica na Universidadebet 365 libertadoresOxford e tem doutoradobet 365 libertadoresantropologia social.
No dia 26bet 365 libertadoresabril, Jair Bolsonaro anunciou, pelo Twitter, que o novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, "estuda descentralizar investimentosbet 365 libertadoresfaculdadesbet 365 libertadoresfilosofia e sociologia (humanas)", com o objetivobet 365 libertadores"focarbet 365 libertadoresáreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como veterinária, engenharia e medicina".
Pouco depois, o Ministério da Educação (MEC) anunciou um contingenciamento geralbet 365 libertadores30% nos orçamentosbet 365 libertadorestodas as universidades federais. Não está claro, porém, como seria feito o corte específico nas áreasbet 365 libertadoreshumanidades e ciências sociais, já que a Constituição Federal garante autonomia às universidades para gerenciar os recursos repassados pelo governo federal e distribuí-los aos respectivos departamentos.
Segundo o professor Paulo Calmon, diretor do Departamentobet 365 libertadoresCiência Política da Universidadebet 365 libertadoresBrasília (UnB), os repasses do governo federal para cada universidade, atualmente, seguem critérios objetivos que levambet 365 libertadoresconta, por exemplo, a relação professor/aluno, o tamanho do campus, númerobet 365 libertadorescursos oferecidos, custobet 365 libertadoresvida do local e o oferecimento ou nãobet 365 libertadoresmestrados e doutorados.
Há ainda recursos orçamentários extras para projetos específicos das universidades que possam ser vinculados a determinadas políticas públicas.

Crédito, Cecília Tombesi/BBC
"Por exemplo, uma universidade pode estar desenvolvendo um programabet 365 libertadorespesquisa relacionada a dengue e Zika, que leve à construçãobet 365 libertadoresum novo laboratório e que receba recursos extras por complementar uma política pública do governobet 365 libertadorescombate a epidemias. Ou um programa do governo na áreabet 365 libertadoresagricultura pode justificar repassesbet 365 libertadorespesquisas nessa área", exemplifica.
É possível, diz o professor, que esses recursos extras acabem sendo direcionados, no governo Bolsonaro, para projetosbet 365 libertadoresdepartamentosbet 365 libertadoresmedicina e exatas.
Outra possibilidade seria reduzir bolsasbet 365 libertadoresinstitutos ligados ao governo federal (CAPES e CNPQ) para pesquisasbet 365 libertadoresciências sociais e humanas, direcionando esses recursos para áreas biológicas ebet 365 libertadoresexatas.
Há ainda o temorbet 365 libertadoresque as negociações entre reitores e o Ministério da Educação por liberaçãobet 365 libertadoresverbas contingenciadas acabem envolvendo compromissos informais quanto a repasses maiores para um setor ou outro.

Crédito, Arquivo pessoal
"Ainda não tivemos informação sobre como serão os cortes. Não sei se haverá influência nos editaisbet 365 libertadorespesquisa ou programasbet 365 libertadoresexpansão, para priorizar áreasbet 365 libertadoresciências duras ou se, na gestão dos próximos concursos para professor, os indicadores para a contratação pendam para uma área do conhecimentobet 365 libertadoresdetrimentobet 365 libertadoresoutra", especula Calmon.
Procurado pela BBC News Brasil, o MEC se limitou a dizer que "os recursos destinados a quaisquer áreas do conhecimento serão estudadosbet 365 libertadoresforma a priorizar aquelas que, no momento, melhor atendem às demandas da população".
"Nesse sentido, não há que se falarbet 365 libertadoresperdas ou ganhos, trata-se, apenas,bet 365 libertadoresreadequação à realidade do país", afirmou o ministério.
Por que há mais negros nas ciências sociais e humanas?

Crédito, Fernando Frazão/Agência Brasil
Mas, para a diretora do Programabet 365 libertadoresEstudos Brasileiros da Universidadebet 365 libertadoresOxford, se essa "priorização" envolver cortesbet 365 libertadoresrecursos nas áreasbet 365 libertadoresciências sociais e humanas e redução no númerobet 365 libertadoresvagas ofertadas, haverá perdas, sim - e para os negros.
A explicação para a concentraçãobet 365 libertadoresdiversidade racial na áreabet 365 libertadoreshumanas passa por diferentes fatores, diz Andreza Santos. Ela destaca que grande parte dos estudantesbet 365 libertadoresbaixa renda é negra, e estudabet 365 libertadoresescolas públicas - algumasbet 365 libertadoresbaixa qualidade e com carênciabet 365 libertadoresprofessores especializados nas áreasbet 365 libertadoresciências biológicas e da natureza, como física, química e biologia.
"Os cursos menos concorridos, com notabet 365 libertadorescorte mais baixa no Sisu, acabam sendo a portabet 365 libertadoresentrada para estudantes mais pobres e - como a pobreza tem um aspecto racial - negros", afirma a professora.
Ela explica que, quando são analisados os númerosbet 365 libertadoresmatrículas por raça, há uma correlação entre o percentualbet 365 libertadoresnegros e a notabet 365 libertadorescorte média dos cursos no Sistemabet 365 libertadoresSeleção Unificada (SISU) do Ministério da Educação. Quanto maior a notabet 365 libertadorescorte, menor a proporçãobet 365 libertadoresnegros.
"Há alguns cursos que não estão na áreabet 365 libertadoresexatas, mas que também possuem notabet 365 libertadorescorte alta por serem tradicionais e elitizados, como Relações Internacionais e Direito. Nesses cursos, também há proporção menorbet 365 libertadoresnegros", afirma.
Segundo os dados do Censo Nacionalbet 365 libertadoresEnsino Superior 2017, para cada negro no cursobet 365 libertadoresDireito há sete brancos. Nobet 365 libertadoresRelações Internacionais, a proporção ébet 365 libertadores1 para 9, equivalente aobet 365 libertadoresengenharia.

Crédito, Adriano Machado/Reuters
Mas alguns cursosbet 365 libertadoresexatas e ciências da saúde trazem uma dificuldade adicional para alunosbet 365 libertadoresbaixa renda. Segundo a professora da Universidadebet 365 libertadoresOxford, são faculdades que exigem custos mais altos para que o aluno se mantenha ou que demandam muitos anosbet 365 libertadoresestudo antes do exercício da profissão, como medicina.
"Um aluno que faz arquitetura e urbanismo ou engenharia precisa comprar materiais que, às vezes, são caros. Professores emprestam, mas, para muitas disciplinas, é preciso criar um portfolio e a qualidade do material tem influência", explica.
"O mesmo ocorre com cursos como medicina, que demandam livros caríssimos e anosbet 365 libertadoresespecialização. Portanto, não é só a questãobet 365 libertadoresacesso. Tem também a discussãobet 365 libertadorescomo vai ser manutenção da pessoa naquele curso."
Por fim, Andreza Santos diz que é possível que alunosbet 365 libertadoresbaixa renda também não optem por cursosbet 365 libertadoresexatas e biológicas por faltabet 365 libertadoresexposição a essas áreas do conhecimento nas escolas públicas.
"Há um deficitbet 365 libertadoresprofessores especializadosbet 365 libertadoresmatemática, química, física e biologia nas escolas públicas. Então, o aluno acaba ficando menos exposto a conhecer essas áreas e a selecioná-las no vestibular", diz.

Crédito, Tomaz Silva/Agência Brasil
Para a professora, se o governo quer ter mais formandosbet 365 libertadoresexatas e medicina sem excluir a população negra e pobre das universidades, é preciso que a mudança comece no ensino médio, para despertar o interesse dos alunos e prepará-los para que consigam acompanhar o ritmo do aprendizado nessas áreas, nas universidades.
"Não dá para fazer essa mudança só direcionando recursos nas universidades. Se é para estimular essas áreas sem excluir negros e pobres, a mudança precisa ocorrer lá atrás, com mais investimentobet 365 libertadoresmatemática ebet 365 libertadoresciências da natureza nas escolas públicas, para que as pessoas consigam acompanhar esses cursos e ter esses cursos no radar delas."
A professa ressalta que, no governo Dilma Rousseff, a políticabet 365 libertadoresdirecionar bolsas do Ciência sem Fronteiras para pesquisas nas áreasbet 365 libertadoresciências da natureza e biológicas também resultou na exclusãobet 365 libertadoresnegros e estudantesbet 365 libertadoresbaixa rendabet 365 libertadoresgeral, que se concentram, predominantemente,bet 365 libertadoresáreasbet 365 libertadoreshumanas e ciências sociais.
O Censo da Educação Superiorbet 365 libertadores2014, feito quando o programa estava no auge, mostra que 70% dos beneficiados com bolsas para estudar fora do país eram brancos.
"Essa ideiabet 365 libertadoresfocar a políticabet 365 libertadoresdisciplinas específicas já começou na gestão passada com o Ciência sem Fronteiras. Os negros também foram menos favorecidos", diz Andreza Santos.

Crédito, Getty Images
Mas... mais recursos para exatas e medicina não significaria mais vagas?
À primeira vista é possível pensar que a realocaçãobet 365 libertadoresrecursosbet 365 libertadoreshumanidades para áreas como medicina, matemática, física e engenharia poderia resultar num aumentobet 365 libertadoresvagas nesses cursos, equivalente aos possíveis cortesbet 365 libertadoresvagas nas faculdadesbet 365 libertadoreshumanas.
E, com mais vagas, a concorrência para cursosbet 365 libertadoresciências biológicas e da natureza seria menor, o que poderia ensejar um acesso maiorbet 365 libertadoresestudantesbet 365 libertadoresbaixa renda e negros a esses cursos.
Mas a diretora do Programabet 365 libertadoresEstudos Brasileirosbet 365 libertadoresOxford explica que essas áreas do conhecimento exigem custo elevado por vaga, já que são necessários equipamentos, infraestruturabet 365 libertadorespesquisa, material e tecnologia.
Um exemplo: só o laboratóriobet 365 libertadoresFísica Experimental inaugurado neste ano na Universidade Federal da Amazônia custou R$ 2 milhões. Por isso, dificilmente a realocaçãobet 365 libertadoresrecursos significaria equivalência no númerobet 365 libertadoresvagas e redução das notasbet 365 libertadorescorte.

Crédito, Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
"O gasto nas áreasbet 365 libertadoreshumanas já é muito mais baixo que os gastos nas ciências puras, que são áreas mais caras. Cortar dessas faculdades e realocar não teria impacto algumbet 365 libertadoresdesenvolver as áreasbet 365 libertadoresciências duras, só significaria um desmonte das ciências sociais e humanas", acrescenta o professor Francisco Ortega, do departamentobet 365 libertadoresSaúde Social, da Faculdadebet 365 libertadoresMedicina da Universidade Federal do Riobet 365 libertadoresJaneiro (UFRJ).
Retorno dos cursos à sociedade
Ortega, que tem pesquisas voltadas a políticas públicas na área da saúde, também argumenta que a tendência mundial hoje é o estímulo à interdisciplinaridade, ou seja, investirbet 365 libertadoresestudos que combinem tanto conhecimentosbet 365 libertadoreshumanidades quantobet 365 libertadoresciências exatas e biológicas.
"É jogar dinheiro fora ter políticasbet 365 libertadoressaúde,bet 365 libertadoresnutrição,bet 365 libertadorescombate a epidemias que tratem todas as populações como idênticas. Diferenças culturais ebet 365 libertadoreshábito das classes alta, baixa, média, muçulmana, católica, evangélica têm impacto e, para encontrar soluções, é fundamental a parceria com profissionais da filosofia, sociologia e antropologia."
Andreza Santos também questiona o critério adotado pelo governo para classificar cursos que "trazem retorno imediato à sociedade". Segundo ela, alunosbet 365 libertadoresperiferia que cursam humanas e ciências sociais muitas vezes aplicam, depois, o conhecimento que adquiriram para desenvolver as próprias comunidades, produzindo retornos econômicos.
"É comum estudantesbet 365 libertadoresserviço social e antropologia fazerem pesquisa sobre a própria favela, bairro ou cidade. Fazem censos da quantidadebet 365 libertadoresmoradores, do perfil deles, analisam os benefícios e problemasbet 365 libertadoresmorar ali", diz.
"Com esses dados, organizam prioridades para acesso a serviços públicos. Por exemplo, nem toda área pobre tem muito crime. Portanto, às vezes não é policiamento que se precisa, a prioridade pode ser asfalto ou saneamento. Esses cursosbet 365 libertadoresciências sociais e humanas têm um impacto positivo na sociedade que muitas vezes não é quantificadobet 365 libertadoressalários", conclui.

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