'As pessoas não acham que alguém como eu possa ser inteligente': a vida dos alunos da periferia na USP:apostas do bet365

Thiago Torres

Crédito, Diego Padgurschi/BBC

Legenda da foto, Thiago Torres estudou a vida inteiraapostas do bet365escola pública

Muitos têmapostas do bet365conciliar a pesada carga horáriaapostas do bet365estudos com o trabalho, superar a defasagem na qualidadeapostas do bet365ensino que tiveram, passar horas e horas no transporte entre a periferia a USP, suportar a insalubridadeapostas do bet365moradias estudantis, competir por bolsas e intercâmbios com colegas que já falam várias línguas e se enturmarapostas do bet365um grupo socioeconômico diferente.

E afirmam ter de, muitas vezes, lutar contra discriminação e racismoapostas do bet365colegas, professores e funcionáriosapostas do bet365uma universidade que ainda é majoritariamente branca. A USP implementou sistemaapostas do bet365reservaapostas do bet365vagasapostas do bet3652018 e o númeroapostas do bet365pretos, pardos e indígenas que ingressaramapostas do bet3652019 aumentou 38%apostas do bet365relação ao ano anterior, mas continua longeapostas do bet365representar a realidade brasileira. Esses alunos ocuparam 25,7% do totalapostas do bet365vagas no vestibular deste ano.

Thamiris Oliveira

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Thamiris hoje está no terceiro anoapostas do bet365engenharia civil na Poli-USP

Como é 'ser da quebrada' e estudar na USP

Criadoapostas do bet365uma favela na Brasilândia, zona norte da capital paulista, o estudanteapostas do bet365ciências sociais Thiago Torres,apostas do bet36519 anos, conta que um dos piores momentos que viveu na universidade foi bastante simbólicoapostas do bet365como é "ser da quebrada" e estudar na USP.

Era uma sexta-feira à noite e ele estava entrando na Cidade Universitária para ir a uma festa dentro do campus pelo portão mais próximo à favela São Remo, que fica ao lado da universidade.

Assim que cruzou o portão com os amigos, quatro carros da Guarda Universitária abordaram os jovens, que foram obrigados a mostrar a carteirinhaapostas do bet365estudante.

"Para mim foi bem simbólico das barreiras que quem é pobre, da periferia, enfrenta. E se eu não fosse aluno, não poderia entrar? A universidade não é pública?", diz ele à BBC News Brasil.

Recentemente Thiago desabafou sobre como é viver "entre dois mundos"apostas do bet365um post no Facebook. "Verapostas do bet365onde você veio eapostas do bet365onde as pessoas vieram, perceber que elas estão com séculosapostas do bet365vantagemapostas do bet365relação a você e aos seus tem sido bem triste e difícil para mim", escreveu ele no texto, que teve 51 mil curtidas e 15 mil compartilhamentos.

Thiago Torresapostas do bet365salaapostas do bet365aula da FFLCH

Crédito, Diego Padgurschi/BBC

Legenda da foto, Thiago Torresapostas do bet365salaapostas do bet365aula da FFLCH, onde estuda Ciências Sociais

"Até quando vai predominar a lógicaapostas do bet365que os brancos com grana têm acesso às melhores coisas e o caminho do sucesso trilhado enquanto os negros pobres vivem um verdadeiro inferno e tudo o que conseguem é trabalhar para esses brancos?", escreveu Thiago.

Ele conta à BBC News Brasil que quando anda pelo campus muitas pessoas o encaram. "Muitos olham com olharapostas do bet365medo - achando que eu vou roubar. Outros tiram sarro, fazem comentários maldosos."

"No meu caso é bem nítido (que sou da periferia) pelo meu modoapostas do bet365vestir. Mas faço questãoapostas do bet365me vestir do modo da quebrada mesmo, nesse estilo chavoso (bonéapostas do bet365aba larga, correntes, estilo típicoapostas do bet365funkeiros)", diz ele. "As pessoasapostas do bet365classe média não acham que alguém como eu, com meu estilo, pode ser inteligente, pode estar nesse espaço."

Thiago conta que as realidades são tão contrastantes que quando pisou no prédio da Faculdadeapostas do bet365Filosofia, Letras e Ciências Humanas achou que "aquilo parecia um shopping", enquanto colegas que vinhamapostas do bet365escola particular reclamavam "que aquilo era um horror" por causa do calor (não há ar condicionado), das goteiras eapostas do bet365outros problemasapostas do bet365conservação.

Corridaapostas do bet365obstáculos

Thiago estudou a vida inteiraapostas do bet365escola pública - "Faltava papel higiênico, faltava professor, giz, tinha dias que não tinha merenda" - e relata as dificuldades financeiras que enfrentou para chegar onde chegou.

"Teve épocasapostas do bet365que a gente estava recebendo comida da igreja", conta. Hoje,apostas do bet365mãe trabalha como faxineira, e o pai conseguiu se formar na faculdade depoisapostas do bet365adulto - mas trabalha como atendenteapostas do bet365um postoapostas do bet365saúde.

Thiago estuda à noite e trabalha como jovem aprendizapostas do bet365manhã. Ele acorda às 5h30 da manhã e chegaapostas do bet365casa, atualmenteapostas do bet365Guarulhos, meia-noite e meia. Passa cercaapostas do bet3655h por dia no transporte público. "Às vezes, eu fico o dia inteiro morrendoapostas do bet365sono e não consigo nem estudar. E no ônibus eu vouapostas do bet365pé, superapertado, não dá pra estudar."

"Quando se falaapostas do bet365inclusão no ensino superior público, a questão do acesso é central, mas não é a única", afirma Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva. "É preciso reforçar políticasapostas do bet365acolhimento e permanência estudantil", diz Meirelles.

Para ele, o fato da universidade não ter sido "originalmente pensada para acomodar quem trabalha" é um dos principais problemas dos alunosapostas do bet365baixa renda, que precisam eles mesmos se manter e muitas vezes até ajudar a família.

"Eles não podem fazer cursos integrais e não têm tempo para estudar", diz. E também não conseguem aproveitar uma das principais vantagens da universidade públicaapostas do bet365relação à rede privada: o rico ambienteapostas do bet365desenvolvimento extracurricular.

"A USP é muito mais do que eu esperava, nesse aspecto", Cassia Menezes,apostas do bet36524 anos, aluna do 4º ano na Faculdadeapostas do bet365Direito. "O melhor nem são as aulas, mas os gruposapostas do bet365estudo, os projetosapostas do bet365extensão, os coletivosapostas do bet365ação social, as militâncias políticas."

Cassia Menezes no Morro do Vidigal

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Cassia Menezes passouapostas do bet365direito na USPapostas do bet3652016

Filhaapostas do bet365um camelô eapostas do bet365uma diarista, Cassia conta que foi na graduação que se deparou pela primeira vez com preconceitoapostas do bet365classe. Antesapostas do bet365se tornar aluna da USP, começou o curso na Universidade Mackenzie com bolsa do ProUni, onde diz ter sofrido muito.

"Foi lá onde eu descobri que eu era pobre, porque as pessoas me tratavam diferente, me tratavam mal", conta Cassia à BBC News Brasil. Ela conta que na USP se sentiu mais acolhida justamente por esses coletivos e gruposapostas do bet365extensão. Mesmo assim ela se decepcionou.

"Mesmo dentro dos gruposapostas do bet365esquerda e progressistas, o elitismo ainda se manifesta muito. É um preconceitoapostas do bet365classe muito latente, e as pessoas não percebem. E isso foi o que mais me machucou, porque são pessoas muito bem formadas, mas que acabam sendo pouquíssimo abertas a crítica."

"Eu sofri muito para explicar que às vezes não tinha dinheiro para pagar passagem para ir numa reunião, que às vezes não podia contribuir com a comida, que não tinha um espaço para receber colegas na minha casa."

Gráfico

Crédito, EPA

"As pessoas ricas não têm noçãoapostas do bet365como é a vidaapostas do bet365quem é pobre, e não vão ter tão cedo", diz à BBC News Brasil.

"A maioria dos meus colegas 'tem' uma diarista e eu sei, sem nem perguntar, como elas sofrem nas mãos deles. Pelo descaso, pela merreca que pagam, pela desorganização nojenta, pelas festas que dão e deixam os restos para elas limparem. Para elas limparem, para minha mãe limpar", escreveu elaapostas do bet365um texto sobre como é ser filhaapostas do bet365uma diarista na USP, há alguns meses.

Por gerações e gerações

Cassia sempre morou na Vila Guilherme, na periferiaapostas do bet365São Paulo, e conseguiu cursar o ensino fundamentalapostas do bet365uma escola particular com bolsa. Conta que seu pai "se anulou completamente" para que ela pudesse ter uma educação semelhante à das crianças da classe média.

"Meu pai injetava todo o dinheiro que ganhava na minha educação, andavaapostas do bet365cueca rasgada (história literal e verídica!) para que eu pudesse fazer cursosapostas do bet365arte, línguas, dança e esportes. Minha mãe acompanhava minhas liçõesapostas do bet365casa e fornecendo o suporte emocional."

Seu pai morreuapostas do bet3652014, sem conseguir ver a filha passar na USP,apostas do bet3652016, pela primeira turma aprovada pelo Sisu (Sistemaapostas do bet365Seleção Unificada).

"O sentimentoapostas do bet365passar na USP quando você tem uma vida ferrada é algo que significa uma mudança na vida. Mas é diferente da classe média, que é um prêmio, que ganha carro do pai. É algo como... 'caramba, finalmente eu vou sair disso", diz Cássia. "Eu chamariaapostas do bet365'redenção' o sentimento."

Segundo Renan De Pieri, professorapostas do bet365economia do Insper,para quem é pobre eapostas do bet365classe média baixa, a entradaapostas do bet365uma universidade pública representa uma mudança significativaapostas do bet365vida.

"A graduação ainda é um dos fatores que faz mais diferençaapostas do bet365termos salariais. Abre um lequeapostas do bet365opções bem maiores, permite ocupações que pagam melhor e diminui a chance da pessoa ficar desempregada", diz o economista.

Meirelles concorda: "Não existe colchão econômico mais seguro do que uma boa formação universitária. Um emprego a pessoa pode perder, um Bolsa Família pode ser cortado, mas a educação ninguém tira."

É uma mudança que na maioria das vezes muda a perspectiva da família toda, diz o analista. "E é uma mudança que perdura por gerações, porque gera um ciclo virtuosoapostas do bet365aumento na escolaridade, já que pais escolarizados criam filhos mais escolarizados."

Políticasapostas do bet365permanência

Para a maioria dos alunosapostas do bet365baixa renda, a dificuldade mais básica éapostas do bet365como se manter na universidade.

Quando passouapostas do bet365direito na USP, Gabriel Belém simplesmente não tinha dinheiro para virapostas do bet365sua cidade, Jacareí (SP), para São Paulo. Alunoapostas do bet365escola pública a vida toda, ele foi o primeiro da família a entrarapostas do bet365uma universidade pública - seu pai é porteiro eapostas do bet365mãe é técnicaapostas do bet365enfermagem, e só concluíram o ensino fundamental depoisapostas do bet365adultos.

Para poder se mudar para a capital, Gabriel juntou dinheiro vendendo geladinhos na rua e fez campanha nas redes sociais. Em São Paulo, alémapostas do bet365estudar, começou a trabalhar 8h por diaapostas do bet365uma fábrica na Vila Formosa. "Era bem puxado, no primeiro ano não consegui me dedicar muito à faculdade", diz.

Gabriel Belém, alunoapostas do bet365direito da USP

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Gabriel Belém fez uma vaquinha emapostas do bet365cidade natal para conseguir dinheiro para ir à São Paulo estudar

A USP tem uma sérieapostas do bet365programasapostas do bet365permanência universitária: moradias estudantis, bolsasapostas do bet365auxílio, subsídio para alimentação. É preciso passar por uma seleção com critérios socioeconômicos, como renda familiar, posseapostas do bet365casa própria, etc.

Mas os estudantes relatam que as vagas desse programa são limitadas, que nem todos os alunos que precisamapostas do bet365ajuda conseguem obtê-las.

Thiago diz que a bolsa-auxílio,apostas do bet365R$ 400 por mês, não seria suficiente para ele pararapostas do bet365trabalhar e se dedicar integralmente aos estudos. "Trabalhando, eu ganho salário mínimo (R$ 998) e tenho vale-refeição, que ajuda muito minha família."

Gabriel só conseguiu uma vaga na Casa do Estudante (moradia social para alunos da Faculdadeapostas do bet365Direito) no terceiro ano.

As condições nas moradias - não só na Faculdadeapostas do bet365Direito - também estão longeapostas do bet365serem ideais:apostas do bet365algumas, segundo relatos dos estudantes, há fiação improvisada (com riscoapostas do bet365incêndio), vazamentos, faltaapostas do bet365pintura e manutençãoapostas do bet365geral.

"A gente tem até medoapostas do bet365apontar todos os problemas, porque se o prédio for interditado as pessoas simplesmente não vão ter para onde ir", diz Gabriel.

O estudante começou a participarapostas do bet365uma chapa e concorrer à administração do Centro Acadêmico e, diz ele, colocar a permanência estudantil como prioridade.

"A desculpa da universidade é sempre que não tem dinheiro, mas há outras formasapostas do bet365viabilizar, fazer parcerias, otimizar recursos", afirma Gabriel.

Duas realidades

A participaçãoapostas do bet365coletivos, centros acadêmicos e gruposapostas do bet365militância acaba sendo uma das principais maneiras encontradas pelos alunos para lidar com os problemas.

A USP também têm programasapostas do bet365diversidade e canais para denúnciaapostas do bet365casos gravesapostas do bet365discriminação, como a Ouvidoria Geral, as direções e ouvidoriasapostas do bet365cada faculdade.

Mas boa parte dos problemas são questões mais sutis, resultantesapostas do bet365choqueapostas do bet365culturas eapostas do bet365realidades.

Rodrigo Silva

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Rodrigo Silva se formouapostas do bet365contabilidade na FEA no ano passado

Cassia diz que percebeu uma diferença muito grande na maneiraapostas do bet365falar,apostas do bet365se portar. Ela diz sentir que os colegas não têm a mesma cargaapostas do bet365resistência a críticas, o que torna difícil se comunicar.

Aluna do 3º anoapostas do bet365direito, a estudante Rafaella Ueda,apostas do bet36520 anos - que cresceu na comunidade do Calux,apostas do bet365São Bernardo do Campo - diz que encontra a mesma dificuldade.

"Com meus amigos eu sou muito objetiva, falo o que eu penso. Se alguma coisa está ruim a gente fala, se alguém me incomoda eu sou direta", diz ela.

"Aqui não, qualquer coisa as pessoas ficam ofendidas, tudo você precisa encontrar um jeitoapostas do bet365florear,apostas do bet365contornar" conta ela, cujos pais também não têm ensino superior.

Rodrigo Silva, que se formouapostas do bet365contabilidade na Faculdadeapostas do bet365Economia e Administração (FEA) no ano passado, conta que também teve muita dificuldadeapostas do bet365se enturmar no começo.

Ele moraapostas do bet365Diadema e estudou fazendo cursinhos populares enquanto cursava ensino médio, trabalhava como instrutorapostas do bet365informática e depois como garçom.

"Eu me sentia um pouco deslocado", conta. "É bem chocante você entrar na universidade e ser um dos únicos negros. A FEA tem pouquíssimos professores negros, assim como a USPapostas do bet365geral."

"E não é só isso, as pessoas tinham passado por escolasapostas do bet365que pagavam R$ 3 milapostas do bet365mensalidade. No fimapostas do bet365semana eu ia visitar minha família no Grajaú, eles iam para a Londres, para Nova York", conta.

Para Thais Rugulo, aluna do terceiro anoapostas do bet365direito e filhaapostas do bet365uma costureiraapostas do bet365Sorocaba, no interiorapostas do bet365São Paulo, a discriminação racial afeta mais do que os problemas socieconômicos. "Ainda pesa mais. Tem muita gente que é pobre, mas se camufla, as pessoas acabam nem percebendo. Mas a questão racial é algo que você não consegue esconder. E aqui ainda tem isso (preconceito e faltaapostas do bet365representatividade)", diz ela.

Thais afirma que, como os negros ainda são poucos na universidade, existe o lado positivo das pessoas serem muito unidas. "A gente se ajuda muito."

Fazendo conexões

Thiago Torres diz que um fator problemático na comunicação foi o fatoapostas do bet365muitas vezes as pessoas o subestimarem. "É muito comum as pessoas suporem que eu não sei coisas óbvias, virem me explicar coisas que eu já sei", conta.

Thais Rugolo

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Nascida no interiorapostas do bet365São Paulo, Thais Rugolo está no terceiro anoapostas do bet365direito na USP

E essas conexões feitas na universidade podem afetar fortemente as perspectivasapostas do bet365futuro dos alunos.

"O 'capital social' é uma das grandes barreiras enfrentadas por esses alunos [de baixa renda], porque costumam ser as primeiras na família a ter ensino superior e conhecem muito menos pessoas que conseguem facilitarapostas do bet365entrada no mercadoapostas do bet365trabalho", afirma Meirelles. "Não têm pais médicos, tios advogados ou empresários."

"A questão dos contatos não é marginal. Os primeiros trabalhos, principalmente no início da carreira quando a pessoa ainda não tem como se diferenciar, dependem muito da indicaçãoapostas do bet365familiares, colegas, professores", afirma De Pieri.

Outra barreira importante, diz o analista, é o capital cultural: conhecer o mundo, falar idiomas, ter visitado museus.

"Você chega e todo mundo já fala inglês super bem, faz outra língua, já fez intercâmbio, parece que você está anos para trás", diz Thais Rugolo, aluna do terceiro anoapostas do bet365direito.

"Muitos fazem questãoapostas do bet365ficar falando dos autores que leram, dos filmes que viram, dos lugares que já viajaram", diz Thiago Torres, da FFLCH.

"E você senteapostas do bet365cara aapostas do bet365defasagemapostas do bet365relação aos outros quando pega um monteapostas do bet365texto acadêmico para ler. Tenho que estudar muitas vezes mais que meus colegas para tirar a mesma nota, sem ter o mesmo tempo para estudar", conta ele, que apesar das inúmeras dificuldades está no segundo ano sem ter sido reprovadoapostas do bet365nenhuma matéria.

alunos matriculadosapostas do bet3652017

E apesar das dificuldades, vários estudos mostram que os resultados dos alunos cotistas ou beneficiados por bônusapostas do bet365programasapostas do bet365inclusão são iguais ao dos outros alunos, explica Renanapostas do bet365Pieri, do Insper.

E ele acrescenta que a universidade também deveria fazer um acompanhamento melhor dos alunos na fase final da graduação, ajudando-os a se posicionar na academia ou no mercadoapostas do bet365trabalho.

Meritocracia

Thiago diz que o que mais o entristece não são suas próprias dificuldades, mas ver colegas e amigos da periferia não tendo as mesmas oportunidades e vantagens que os colegas da USP, que vêmapostas do bet365classes sociais mais privilegiadas.

"Infelizmente problemas como vícioapostas do bet365drogas, violência, gravidez na adolescência, presença do tráfico, criminalidade são maiores na periferia. Quando você viveapostas do bet365dois muitos tão diferentes e vê essas duas realidades, é um choque tão grande. A USP é como se fosse outro país", diz Thiago.

"Na periferia é muito mais difícil pensar no futuro, ter sonhos. Você está sempre pensando no presente, porque não sabe se vai ter o que comer hoje."

É por isso que todos os estudantes entrevistados pela BBC dizem ficar muito incomodados quando suas histórias são usadas por quem defende a ideiaapostas do bet365"meritocracia",apostas do bet365que políticasapostas do bet365inclusão não são necessárias eapostas do bet365eles seriam o exemploapostas do bet365que "quem quer consegue".

"Não existe meritocracia quando não há igualdadeapostas do bet365oportunidades", diz Matheus Santana Figueredo,apostas do bet36523 anos, ex-alunoapostas do bet365escola pública e hoje estudante do 4º anoapostas do bet365medicina na USP.

Matheus Santana

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Criado na periferiaapostas do bet365São Paulo, Matheus Santana estou por conta própria e hoje cursa medicina

"Sim, eu estou aqui, mas eu sou a exceção. Você não pode usar uma exceção como argumento", diz ele, criado na periferiaapostas do bet365São Paulo,apostas do bet365São Miguel Paulista, pela mãe, que trabalhou como técnicaapostas do bet365enfermagem a maior parte da vida.

Cassia Menezes afirma que "é o cúmulo" usar histórias como a dela para dizer que melhorarapostas do bet365condição financeira é "questãoapostas do bet365forçaapostas do bet365vontade". "Eu aprendi que tudo o que eu tenho foi abdicandoapostas do bet365muita coisa. E a minha saúde mental tem sido uma delas", afirma ela, que já teve depressão e síndrome do pânico e ainda faz tratamento no SUS.

"Eu estou me anulando assim como meu pai fez para me criar. E as pessoas que já nascemapostas do bet365berçoapostas do bet365ouro não precisam, elas podem descobrir o caminho da felicidadeapostas do bet365forma muito mais leve, mais saudável, com mais apoio."

Ela diz que tudo o que passou poderia tê-la "levado ao fracasso muito fácil" e que isso só não aconteceu porque teve apoio das políticasapostas do bet365inclusão do governo e da família.

"Eu acho que quem quer pode conseguir, mas precisa ter apoio. Tem que ter bolsaapostas do bet365estudos, cotas para escola pública, cotas raciais. Tem que ter Sistema Únicoapostas do bet365Saúde."

E esse apoio começa desde a infância. Segundo o economista De Pieri, há evidênciasapostas do bet365que o importante não é só a educação formal, mas certos hábitos dos pais, como o hábitoapostas do bet365leitura. "O fato dos pais lerem influencia diretamente o sucesso dos filhos, porque a formação da linguagem depende muitoapostas do bet365como a pessoa se comunicaapostas do bet365casa, dos assuntos discutidos, da amplitude do vocabulário", diz o economista.

Os alunos entrevistados pela BBC são exemplo disso: todos eles relataram terem tido apoio e incentivo da família para estudar.

"Então eu sei que, apesarapostas do bet365todas as dificuldades,apostas do bet365certa forma eu também fui privilegiada", diz Thais.

raya

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