Como a tumbadouze premier rouletteTutancâmon enfeitiçou o mundo influenciando a moda após 3 mil anos:douze premier roulette

douze premier roulette Quando a tumba do rei Tutancâmon foi abertadouze premier roulettenovembrodouze premier roulette1922, o mundo sucumbiu sob seu feitiço. Para os arqueólogosdouze premier roulettehoje, a explicação para esse culto está na riqueza excepcional da descoberta, especialmente porque muitos dos túmulos encontrados anteriormente tinham sido saqueados, e também na místicadouze premier roulettetorno das mortes prematuras do menino rei e do lorde Carnarvon, que financiou a expedição.

A maior coleçãodouze premier roulettetesourosdouze premier rouletteTutancâmon autorizada a sair do Egito está sendo exibida na Galeria Saatchi,douze premier rouletteLondres (depois alcançar imenso sucessodouze premier rouletteediçõesdouze premier rouletteLos Angeles e Paris). O interesse mostra claramente que as obras ainda têm um apelo global no século 21.

O poder do rei Tutancâmon repousa tanto no contexto extraordinário da décadadouze premier roulette1920, quando a tumba foi encontrada, quanto no próprio conteúdo da urna. Em 1922, Howard Carter, o arqueólogo britânico que encontrou o túmulo, foi pego no meiodouze premier rouletteuma tempestade política. O Egito havia passado por uma recente transformação política, e o novo governo manteve um controle rígido sobre os artefatos encontrados.

Para arrecadar dinheiro para financiar o complexo processodouze premier rouletteescavação, preservação e catalogação das riquezas da tumba, lorde Carnarvon assinou um contratodouze premier rouletteexclusividade com o jornal londrino The Times, concedendo ao periódico o direitodouze premier roulettepublicardouze premier rouletteprimeira mão notícias e fotografias sobre o que fosse encontrado.

Na época, esse tipodouze premier rouletteacordo era extremamente incomum. Cat Warsi, arquivista assistente do Griffith Institute, da Universidadedouze premier rouletteOxford, argumenta que o apoio financeiro e o interesse contínuo da mídia eram vitais, "porque essa foi uma escavação dispendiosa que, no final, levou quase 10 anos".

Luz, câmera e ação

Harry Burton, um fotógrafodouze premier roulettearte nascido no Reino Unido e funcionário do Metropolitan Museum of Art,douze premier rouletteNova York, foi levado ao Egito para fotografar as escavações. Sua abordagem foi meticulosa e dramática, fotografando objetosdouze premier roulettevários ângulos com iluminação e encenação especializadas que, à época, ainda estavam sendo desenvolvidas na nova indústria cinematográficadouze premier rouletteHollywood.

O mundo ficou encantado com os tesouros encontrados na escavação: eles eram extraordinários, mas também ordinários. Paul Collins, curadordouze premier rouletteartigos do oriente no museu Ashmolean,douze premier rouletteOxford, diz que essa "egiptomania" foi alimentada "por uma perfeita ondadouze premier roulettenovas tecnologias". "Foi um momentodouze premier rouletteque rádio, telegrama, jornaisdouze premier roulettecirculaçãodouze premier roulettemassa e filmesdouze premier roulettemovimento se uniram para que todos pudessem ter um poucodouze premier rouletteTutancâmon", afirma.

As fotografiasdouze premier rouletteBurton mostravam maisdouze premier roulette5 mil objetos amontoados no pequeno túmulo. Entre as requintadas estátuas e jóiasdouze premier rouletteouro, caixas e barcos decorados e carruagens desmontadas, havia também objetos triviais da vida cotidiana como pães, restosdouze premier roulettecarne, cestosdouze premier roulettegrãodouze premier roulettebico, lentilhas e tâmaras. Havia até guirlandasdouze premier rouletteflores.

As descobertas, no entanto, inspiraram a moda da décadadouze premier roulette1920, quando motivos egípcios genéricosdouze premier roulettecobras, pássaros e floresdouze premier roulettelótus apareceramdouze premier rouletteroupas, alémdouze premier roulettebensdouze premier rouletteconsumo produzidosdouze premier roulettemassa e disponíveis a todos.

As fotosdouze premier rouletteitensdouze premier rouletteluxo, feitas por Burton, refletiam o novo consumismo da décadadouze premier roulette1920. Pouco antes, o economista norte-americano Thorstein Veblen havia cunhado a expressão "consumo conspícuo" e já falava do "poderdouze premier rouletteostentação" das compras, conceitos que resumiam a economiadouze premier rouletteconsumo dos "Roaring Twenties" (algo como "loucos anos 20",douze premier roulettetradução livre). Esse consumo ostensivo mostrou ao mundo que as pessoas poderiam comprar mais do que as necessidades básicas da vida.

O rei Tutancâmon alimentou as fantasias das pessoas e a demanda por produtos que faziam referência ao Egito Antigo. Talvez fosse mais fácil se relacionar com ele do que alguns outros reinos antigos, porque o paidouze premier rouletteTutancâmon, Akhenaton, havia inaugurado um novo estilo: a arte Amarna, que representava a realezadouze premier rouletteambientes mais suaves e casuais, oferecendo representações íntimas da vida familiar. Nesse ponto, as mulheres eram muito mais proeminentes.

Figuras como a deusa Ísis, uma das quatro estátuas que guardavam cada canto do santuário do rei Tutancâmon, eram inspiradoras para as garotas modernas', um novo tipodouze premier roulettemulher que emergia após a Primeira Guerra Mundial.

A "garota moderna" era um fenômeno que não se restringia à Europa, chegando também à China e ao Japão. Elas compartilhavam um estilo comum mais liberal: usavam um cortedouze premier roulettecabelo no estilo Cleópatra e vestidodouze premier roulettecintura baixa, tomavam coquetéis e dançavam jazz. Elas poderiam atrair homens, mas também sobreviver normalmente sem eles.

A "garota moderna" também virou alvo da indústriadouze premier rouletteprodutosdouze premier roulettebeleza: cresceu a vendadouze premier roulettebatom, perfumes e cremes para o rosto. Muitos deles, como os produtos Nile Queen fabricados pela Kashmir Chemical Company,douze premier rouletteChicago, foram comercializados com um tema egípcio explícito. Eram os costumesdouze premier roulette1.300 antesdouze premier rouletteCristo influenciando a moda dos anos 20, três mil anos depois.

A "garota moderna" foi representada na dançarina afro-americana Josephine Baker, que se denominou "Cleópatra do Jazz". Uma usuária proeminentedouze premier rouletteprodutosdouze premier roulettebeleza para mulheres negras produzida por Madame CJ Walker e das mais influentes e conhecidas mulheres negras dos EUA, Baker usou essa nova culturadouze premier roulettebeleza para se fortalecer. Ela desafiou o racismo usando essa modernidade da moda.

Baker tornou-se famosa por suas apresentaçõesdouze premier roulettejazz no Folies Bergère,douze premier rouletteParis, popularizando o Charleston, a modadouze premier roulettedança dos EUA. Como as dançarinas não estavam mais necessariamente emparelhadas 'em espera' (dançando nos braços um do outro com o homem à frente), o novo modelo parecia revolucionário. "Depoisdouze premier roulettedançar sozinho, você pode fazer o que quiser", disse o musicólogo Martin Guerpin sobre o estilo.

O rei Tutancâmon também inspirou o jazz, incluindo a música Old King Tut,douze premier roulette1923, que declarou que ele era um 'velho louco'.

O reconhecimentodouze premier rouletteque, na verdade, ele era um adolescente (Tutancâmon morreu aos 19 anos) surgiu alguns anos após a descoberta da tumba: as escavaçõesdouze premier rouletteCarter só chegaram ao corpodouze premier rouletteTutancâmondouze premier roulette1925, quando ele abriu o primeirodouze premier rouletteuma sériedouze premier roulettecaixões que revelavam a máscara funeráriadouze premier rouletteouro do rei e, algum tempo depois, seu frágil corpo fraturado.

Uma autópsia revelou que o rei Tutancâmon não era um rei velho e vulnerável, mas um jovem, com idade entre 17 e 19 anos. A descobertadouze premier rouletteque o 'rei adolescente' havia sofrido vários ferimentos alimentou um novo surtodouze premier rouletteespeculações e históriasdouze premier roulettemaldição que também se ligavam à mortedouze premier roulettelorde Carnarvon, apenas algumas semanas após a abertura da tumba.

O culto ao rei Tutancâmon também tinha um lado sombrio que falava dos medos particulares e do sofrimento oculto das pessoas. Seu corpo foi desenterradodouze premier rouletteum momentodouze premier rouletteque a sociedade ainda se recuperava do impacto da Primeira Guerra Mundial. A maioria das vítimas da guerra também foi sepultada longedouze premier roulettecasa. A descobertadouze premier rouletteque Tutancâmon era um adolescente e que seu corpo sofreu vários ferimentos capturou a imaginaçãodouze premier roulettepessoas que choravam seus mortosdouze premier rouletteguerra - ou amavam seus entes que voltaram feridos.

Os jovens debilitados que chegaramdouze premier roulettecasa após a guerra voltaram com alguns dos piores ferimentos já vistos, mas eles foram tratados fora da vista da população, porque corpos masculinosdouze premier roulettemomentosdouze premier roulettefraqueza representavam a imagemdouze premier rouletteimpérios fracos.

Múmias que podiam ressuscitar dos mortos agora eram imortalizadas pela nova indústria cinematográfica. "O primeiro jornalista a ver o rosto do faraó Tutancâmon foi John Balderston, que escreveu o roteiro do filmedouze premier rouletteterror universal A Múmia [lançadodouze premier roulette1932]", diz Roger Luckhurst, professordouze premier rouletteliteratura moderna da Universidadedouze premier rouletteLondres.

Luckhurst acredita que as fotos dos tesouros edouze premier roulettedescoberta ajudaram a colocar Carter e Carnarvon como "figuras heróicas e ousadas", tornando-se o modelo para heróis como osdouze premier rouletteOs Caçadores da Arca Perdida e Lara Croft: Tomb Raider.

A mania dos anos 20 influenciada pelo rei Tutancâmon foi um projeto global da imaginação. Conectava as pessoas a um lugar antigo e também entre si, incluindo entes queridos mortos na guerra - permitindo uma imagemdouze premier rouletteum mundo diferente e possivelmente melhor. E a necessidadedouze premier roulettesonhar com novos mundos, recuperando os mortos para a história, é sempre muito importante.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Culture.

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