Como a China está redefinindo a arquitetura financeira global:1xbet dono

  • João Fellet
  • Da BBC Brasil1xbet donoWashington
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No fim1xbet dono2014, 21 nações asiáticas aceitaram entrar no Banco Asiático1xbet donoInvestimentos1xbet donoInfraestrutura (BAII) liderado pela China

1xbet dono No mesmo instante1xbet donoque, na última sexta-feira, os líderes do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e1xbet donooutras agências multilaterais discutiam1xbet donoseu tradicional encontro1xbet donoprimavera como revigorar suas operações, a poucas quadras dali, num prestigiado centro1xbet donopesquisas1xbet donoWashington, o ministro chinês das Finanças, Zhu Guangyao, tentava tranquilizar a plateia afirmando que Pequim não pretende substituir a ordem econômica global.

Não parecia coincidência. Na véspera do encontro das duas organizações, fundadas sob a liderança dos Estados Unidos na metade do século passado e que desde então ditam as regras das transações econômicas globais, a China festejou a adesão1xbet dono56 países - entre as quais o Brasil - ao seu novo banco1xbet donodesenvolvimento.

O Banco Asiático1xbet donoInfraestrutura e Investimento (BAII), que deverá ser lançado ainda neste ano e financiará obras no mundo todo, tem sido considerado a última tacada1xbet donoPequim para se contrapor à influência americana no FMI e no Banco Mundial.

Em outra frente, os chineses se aliaram a seus parceiros nos Brics (Brasil, Rússia, Índia e África do Sul) para criar o Novo Banco1xbet donoDesenvolvimento (NBD), que terá sede1xbet donoXangai e deverá ser inaugurado1xbet dono2016. Os Brics também preparam o lançamento do Arranjo Contingente1xbet donoReservas, um fundo nos moldes do FMI para socorrer membros do bloco1xbet donodificuldades.

Qual o futuro?

As ações chinesas levaram muitos a questionar na reunião1xbet donoprimavera do Banco Mundial e do FMI o que ocorrerá com essas organizações e outros bancos multilaterais quando as novas instituições amparadas por Pequim começarem a operar.

Em público, tanto o Banco Mundial, quanto o FMI deram as boas vindas às iniciativas chinesas. Mas os gestos1xbet donoPequim também reforçaram os apelos por reformas nessas instituições, para que se tornem menos burocráticas e cedam mais espaço para nações emergentes1xbet donoseus círculos1xbet donodecisão.

"É uma ótima notícia que um país como a China, sentada1xbet donomais1xbet donoUS$ 4 trilhões (R$ 12,1 trilhões)1xbet donoreservas, ponha esses recursos a serviço do financiamento1xbet donoinfraestrutura e desenvolvimento1xbet donovez1xbet donoinvestir1xbet donofundos1xbet donopaíses ricos", diz à BBC Brasil Luis Alberto Moreno, presidente do Banco Interamericano1xbet donoDesenvolvimento (BID), outra organização multilateral sediada1xbet donoWashington.

Moreno afirma, porém, que a entrada da China nessa arena "força uma conversa sobre como nossas instituições, que têm muita experiência, podem ser mais ágeis e eficientes, e como podemos corrigir nossos processos".

Nos últimos anos, muitos países emergentes têm deixado1xbet donoprocurar bancos multilaterais para financiar obras1xbet donoinfraestrutura por causa das rígidas regras dessas organizações e1xbet donosua aversão a riscos.

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Tanto o FMI, quanto o Banco Mundial1xbet donoWashington deram boas vindas às iniciativas chinesas

Paralelamente, bancos estatais da China passaram a conceder empréstimos bilionários a operações chinesas no exterior. A estratégia é mais visível na África, onde chineses têm financiado e realizado uma série1xbet donoobras - entre as quais estradas, ferrovias e conjuntos habitacionais -1xbet donotroca1xbet donomatérias-primas.

Para os governos africanos, a parceria com os chineses se mostrou uma alternativa às lentas e complexas negociações com bancos multilaterais e países desenvolvidos, que costumam fazer uma série1xbet donoexigências para liberar seus recursos.

Já críticos ao modelo chinês dizem que os empréstimos1xbet donoPequim são mais sujeitos a desvios e ignoram boas práticas trabalhistas e ambientais.

'Dos bilhões aos trilhões'

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Sob a presidência do coreano-americano Jim Yong Kim, o Banco Mundial parece disposto a ampliar seu quinhão no financiamento1xbet donograndes obras mundo afora. A organização aprovou1xbet dono2014 um financiamento para que a República Democrática do Congo conduza os estudos para erguer oito hidrelétricas no país.

Estima-se que a obra custará ao menos US$ 50 bilhões (R$ 152 bilhões), o que a tornaria um dos maiores projetos já financiados pelo Banco Mundial.

Aumentar o volume dos empréstimos é um dos maiores desafios da instituição. O Banco Mundial calcula que1xbet dono2014 os financiamentos do órgão e1xbet donooutras agências multilaterais somaram US$ 135 bilhões, enquanto todas as formas1xbet donoinvestimentos entre países - como as que a China realiza na África - atingiram US$ 1 trilhão.

O presidente do banco tem dito que é preciso passar "dos bilhões aos trilhões", e para isso defende que as organizações multilaterais se aproximem1xbet donobancos privados.

Reforma atrasada

O avanço chinês também tem reforçado as cobranças para que o FMI conclua a reforma do seu sistema1xbet donocotas para dar mais poder a Pequim e outras potências emergentes.

O processo se iniciou1xbet dono2010, mas para ser posto1xbet donoprática ainda precisa ser ratificado pelo Congresso dos Estados Unidos, maior acionista do fundo e onde muitos legisladores temem que a reforma enfraqueça Washington perante os rivais russos e chineses.

Em entrevista durante o encontro1xbet donoWashington, a diretora-gerente do fundo, Christine Lagarde, cobrou os legisladores americanos a acelerar a aprovação para que "a instituição possa continuar a representar a comunidade inteira à medida que ela evolui".

O Brasil é um dos principais interessados na reforma. Em discurso à plenária do FMI no sábado, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que a demora1xbet donoconcluir o processo não só frustra os membros do fundo, como ameaça1xbet donoa capacidade1xbet donooperar.

Ministro da Fazenda, Joaquim Levy participou das reuniões do Banco Mundial e do FMI1xbet donoWashington e é favorável à reforma do fundo

Crédito, Ryan Rayburn IMF

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Ministro da Fazenda, Joaquim Levy participou das reuniões do Banco Mundial e do FMI1xbet donoWashington e é favorável à reforma do fundo

Apagando o fogo

O surgimento do BAII, o novo banco chinês1xbet donodesenvolvimento, foi um dos principais temas discutidos nos corredores do evento da última semana1xbet donoWashington.

Os Estados Unidos tentaram até a última hora enfraquecer a adesão1xbet donooutros países ao banco, levantando dúvidas sobre a disposição chinesa1xbet donoseguir padrões internacionais sobre a concessão1xbet donocrédito.

Mesmo assim, até mesmo aliados próximos dos americanos - como Grã Bretanha, Coreia do Sul e Alemanha - decidiram integrar a organização, que deverá começar a operar até o fim deste ano.

Em Washington, o ministro das Finanças da China, Zhu Guangyao, tratou1xbet donoacalmar os ânimos americanos.

Em evento no Atlantic Council, ele afirmou que o BAII não substituirá o Banco Mundial, mas sim o complementará.

Ele disse ainda que a China está empenhada1xbet donofortalecer o FMI e o Banco Mundial, mas que os órgãos precisam1xbet donoreformas para melhor assistir países1xbet donodesenvolvimento.

Entre os bancos multilaterais1xbet donoWashington, o discurso também é conciliatório. Os líderes do BID, do FMI e do Banco Mundial já disseram querer cooperar com as novas instituições chinesas.

O governo chinês também deverá buscar a aproximação. Observadores avaliam que Pequim está interessada na vasta expertise dessas instituições, o que tornaria a relação vantajosa para os dois lados.