7 décadas após linchamentovaidebet pagapresidentevaidebet pagapalácio, fantasma da violência política volta à Bolívia:vaidebet paga

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Foi depoisvaidebet pagareprimir com violência uma grevevaidebet pagaprofessores que pediam melhores salários que Villarroel López viu a truculência voltar-se contra ele - evaidebet pagaforma ainda mais brutal.
Dezenasvaidebet pagatrabalhadores invadiram um arsenalvaidebet pagaarmas das forçasvaidebet pagasegurança do governo e, armados, entraramvaidebet pagaum longo confronto com os seguranças do palácio.
Era 21vaidebet pagajunhovaidebet paga1946, quando a hordavaidebet pagahomens armados conseguiu invadir a sede do governovaidebet pagabuscavaidebet pagaum chefevaidebet pagaEstado acuado evaidebet pagadesespero. Eles encontraram Villarroel López encolhido no móvel alojadovaidebet pagauma das paredes do "escritóriovaidebet pagaeficiência administrativa" do palácio.
O que aconteceu na sequência foi um brutal linchamento, narradovaidebet pagadetalhes pelo historiador e diplomata boliviano Roberto Querejazu Calvo no livro Llallagua: Historiavaidebet pagauna montaña, publicadovaidebet paga1977.
"O que se sabe é que ele morreu ali e seu cadáver foi jogado por uma das janelas do escritório para a rua Ayacucho, onde uma multidão se reunia na praça Murillo. Tiraram suas roupas e, quase nú, ele foi penduradovaidebet pagaum postevaidebet pagaluz."
O texto continua. "A mesma sorte tiveram o capitão Waldo Ballivián e o secretário do presidente, Luis Uríavaidebet pagala Oliva, mortos também dentro do palácio, além do jornalista Roberto Hinojosa, assassinadovaidebet pagauma rua próxima."
O episódio sangrento, no entanto, não foi um fato isolado.
'Palácio Queimado'

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O nome do palácio onde Villarroel López foi assassinado - e principal sede do governo boliviano até agostovaidebet paga2018 - é Palacio Quemado.
Isso mesmo, "queimado",vaidebet pagatradução livre para o português.
Inauguradovaidebet paga1853, o casarão foi literalmente incendiado por opositores do então presidente Tomás Frías.
Em mais uma tentativavaidebet pagaderrubada do chefevaidebet pagaEstado, os rivais Carlos Ressini e Modesto Moscoso tentaram entrar à força no prédio. Ao notarem que não conseguiriam vencer a guarda presidencial, eles foram até a catedral vizinha e,vaidebet pagalá, lançaram tochas, dando início a um grande incêndio.
O telhado e o terceiro andar do palácio foram completamente destruídos pelo fogo e, a partir deste evento trágico, veio o nome que até hoje batiza a antiga sede do poder Executivo, que hoje abriga um museu.
Também dentro do Palácio Quemado, dois presidentes foram assassinados: o general Manuel Isidoro Belzu, que governou o país entre dezembrovaidebet paga1848 e agostovaidebet paga1855, e Agustín Morales Hernández, presidente entre janeirovaidebet paga1871 e novembrovaidebet paga1872.

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Evo 'em risco'

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A violência política voltou à capital boliviana. No último dia 12, já fora do governo, Evo Morales saiu do país às pressas, afirmando que se continuasse ali poderia morrer.
O México ofereceu asilo ao agora ex-presidente. Segundo o chanceler mexicano, "sua vida e integridade correm riscos".
A discussão que domina boa parte das redes sociais - e ruas da Bolívia - neste momento é se houve ou não um golpe contra o governovaidebet pagaEvo Morales. A resposta, no entanto, não é simples.
Em tese, a definiçãovaidebet pagagolpevaidebet pagaEstado é a substituiçãovaidebet pagaum governovaidebet pagaforma não democrática por iniciativavaidebet pagaoutro agente do Estado.
Quem defende a tesevaidebet pagagolpe neste episódio se baseia na postura do chefe das Forças Armadas bolivianas, general Williams Kaliman, que pediu publicamente que Evo Morales renunciassevaidebet pagameio à crise, no último dia 10.

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Neste caso, a intervenção seria um flagrante não-democrático que desestabilizaria o presidente e mobilizaria a desobediênciavaidebet pagaoutras forçasvaidebet pagasegurança evaidebet pagagoverno - o que poderia configurar golpe.
De outro lado, quem diz que não foi golpe, aponta que o fim do governo é fruto da inconstitucionalidade da própria presençavaidebet pagaEvo Morales na presidência.
É que, para organismos internacionais como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a União Europeia, a gestãovaidebet pagaEvo Morale manipulou o resultado das eleições presidenciaisvaidebet paga2019. E isso teria ocorrido depoisvaidebet pagao presidente desobedecer o resultadovaidebet pagaum referendo, cuja vontade popular apontou que Evo Morales não poderia concorrer à nova reeleição.
Com uma autorização judicial e à revelia expressa pela maioria na consulta popular, Evo concorreu mesmo assim. A população teria então ido às ruas para cobrar o retorno da legalidade - nesse caso contra um suposto golpe promovido pelo próprio Evo Morales.
Há ainda uma terceira via que defende a tese que há um golpe dentro do golpe. Evo teria dado um golpe ao fraudar eleições e as Forças Armadas, porvaidebet pagavez, teriam promovido um segundo golpe ao pressioná-lo a renunciar.

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Prefeita cobertavaidebet pagatinta
De toda forma, este não seria o primeiro golpe na história do país, descrito por analistas como um dos mais instáveisvaidebet pagatoda a América Latina.

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Apesar da dificuldadevaidebet pagase chegar a um consenso na definiçãovaidebet pagagolpesvaidebet pagadiferentes contextos históricos e sociais, diversos veículosvaidebet pagaimprensa chegam a falarvaidebet pagamaisvaidebet paga190 golpesvaidebet pagaEstado na história do país, desde 1825, ano da independência boliviana.
Drama
A história que vem sendo escrita agora traz novos episódios dramáticos.
Um dos episódios mais impressionantes aconteceu com Patrícia Arce Guzmán, prefeitavaidebet pagaVinto, uma cidadevaidebet paga60 mil habitantes próxima a Cochabamba, e filiada ao Movimento ao Socialismo (MAS), partido do ex-presidente Evo Morales.
Em 6vaidebet paganovembro,vaidebet pagameio às manifestações contra o resultado das eleições, Guzmán decidiu enviar ônibus e caminhões para transportar camponeses apoiadoresvaidebet pagaEvo,vaidebet pagauma tentativavaidebet pagafazer frente àqueles que ocupavam as ruas contra o então presidente.

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A resposta extrapolou todos os limites democráticos: a sede da prefeitura foi incendiada por manifestantes e Patricia Arce Guzmán foi cercada por uma multidãovaidebet pagahomens, na maioria com os rostos cobertos por máscaras.
Eles cortaram o cabelo da prefeita com tesouras e cobriram seu corpo com tinta vermelha. Cercada pela multidão enfurecida, ela foi obrigada a caminhar descalça enquanto recebia as mais duras ofensas.
"Assassinavaidebet pagamerda", gritavam os homens.
Horas depois, ela foi resgatada pela polícia. Cercadavaidebet pagacâmerasvaidebet pagaTVs locais e celularesvaidebet pagacuriosos, a prefeita disse:
"Se quiserem me matar, me matem. Não vou me calar". As imagens viralizaram nas redes sociais.
Mortos, feridos e ataques a jornalistas
No último dia 12, o procurador-geral do país, Juan Lanchipa Ponce, anunciou que 7 pessoas morreramvaidebet pagameio às manifestações - dois na capital La Paz, doisvaidebet pagaSanta Cruzvaidebet pagaLa Sierra e trêsvaidebet pagaCochambamba.
A maioria das mortes aconteceu por tirosvaidebet pagaarmasvaidebet pagafogo - outros casos incluíram enforcamento e golpes seguidosvaidebet pagatraumatismo craniano.
Já os feridos ultrapassam 100, segundo dados divulgados pela imprensa boliviana. A violência contra jornalistas também escalou.
Em 9vaidebet paganovembro, veículosvaidebet pagacomunicação estatal do país como a Bolivia Television e as rádios Patria Nueva e Confederacion Sindical Unicavaidebet pagaTrabajadores Campesinosvaidebet pagaBolivia (CSUTCB) foram invadidos e depredados.

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Em uma cena que rodou o mundo, o jornalista José Aramayo, diretor do jornal Prensa Rural, foi amarrado a uma árvore com fios elétricos e ficou horas preso no meio da movimentada avenida Saavedra, no bairrovaidebet pagaMiraflores,vaidebet pagaLa Paz.
No fimvaidebet pagaoutubro, a violência contra membros da imprensa já gerava preocupação e a Associação Nacional da Imprensa boliviana (ANP), que reúne donosvaidebet pagaveículosvaidebet pagacomunicação, divulgou nota pedindo ajuda.
"Exigimosvaidebet pagagovernantes, autoridades públicas e privadas, dirigentes políticos e sociais e ao conjunto da população que respeitem, garantam e facilitem o trabalho dos meiosvaidebet pagacomunicação e jornalistas na Bolívia, que nas últimas horas começaram a sofrer ameaças, ataques vexatórios e até agressões físicas".
Segundo Evo Morales, umavaidebet pagasuas casas,vaidebet pagaCochamamba, teria sido saqueada após o anúncio da renúncia.
Vandalismo pró-Evo

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Até a quedavaidebet pagaEvo Morales, segundo relatosvaidebet pagaobservadores e da imprensa local, a violência vinha principalmentevaidebet pagaum núcleo agressivovaidebet pagaopositores do então presidente.
Depois da renúncia, foram os apoiadores do ex-líder boliviano que assumiram esse protagonismo com atosvaidebet pagavandalismo registradosvaidebet pagavárias partes do país.
Em El Alto, uma cidade pobre que literalmente fica na parte altavaidebet pagaLa Paz, ônibus foram queimadosvaidebet pagaprotesto ao movimento que levou à renúncia do presidente.
Parte da população desceu para a capital e promoveu saques e destruiçãovaidebet pagaguaritas policiais e prédios públicos aos gritosvaidebet paga"guerra civil".
O futurovaidebet pagameio ao caos político na Bolívia ainda é incerto

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Alémvaidebet pagaEvo Morales e seu vice, Álvaro Garcia Linera, também renunciaram os chefes do Senado e da Câmara dos Deputados, o presidente do Tribunal Eleitoral, o Advogado-Geral da União, pelo menos quatro governadores, seis ministros e diversos parlamentares ligados ao partido MAS.
A senadora da oposição Jeanine Áñez assumiu a presidência interina nesta terça-feira, apesarvaidebet pagaapoiadores do líder boliviano acusarem faltavaidebet pagaquórum na sessão que alçou a parlamentar ao posto.
"Na ausência do presidente e do vice-presidente, como presidente do Senado, assumo imediatamente como presidente do Estado", disse Añezvaidebet pagauma sessão relâmpago que durou alguns minutos.
No primeiro discurso após assumir o cargo, a senadora afirmou que convocará novas eleições o mais rapidamente possível.
Até lá, no entanto, a tensão não deve arrefecer. Junto à ascensão da ex-senadora à Presidência, uma sérievaidebet pagacontroversos tuítes apagados por Añez voltaram à tona.
Em um deles,vaidebet paga2013, ela descreve as celebraçõesvaidebet pagaano novo da população indígena como "satânicas" e diz que "ninguém pode substituir Deus". Em publicações antigas, ela também questionou se indígenas eramvaidebet pagafato povos tradicionais pelo fatovaidebet pagaestarem usando tênis.

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