As execuções secretas na última ditadura da Europa:ggpoker online

Detentosggpoker onlineprisãoggpoker onlineMinsk

Crédito, Viasna

Legenda da foto, Pouco se sabe sobre quem está no corredor da morte, como estes presos fotografadosggpoker onlineMinskggpoker online2006

Ela só o via atravésggpoker onlineuma janelaggpoker onlinevidro, sempre sob a vigilância dos guardas. "Não falávamos sobre o caso dele, era proibido. Só podíamos falarggpoker onlineassuntosggpoker onlinefamília." Em uma das oito visitas que fez ao pai, Alexandra, então com 27 anos, reclamou para ele sobre a demora para receber um novo passaporte.

"Os guardas disseram sarcasticamente: 'Você ainda tem um poucoggpoker onlinetempo'."

Gennady Yakovitsky

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Yakovitsky foi acusadoggpoker onlinematarggpoker onlinecompanheiraggpoker online35 anosggpoker onlineuma discussão

Frequentemente descrita como a "última ditadura da Europa", a Belarus é o único país na Europa e da antiga União Soviética a ainda praticar a penaggpoker onlinemorte, um processo envoltoggpoker onlinesigilo. Os presos são executados com um tiro na cabeça, mas o número exatoggpoker onlineexecuções já realizadas é desconhecido: estima-se que sejam maisggpoker online300 desde 1991, quando o país tornou-se independente.

Houve duas execuções no ano passado, segundo a Anistia Internacional, e, atualmente, ao menos seis homens estariam no corredor da morte - pela lei do país, mulheres não podem receber essa pena.

Os condenados, normalmente por homicídio com circunstâncias agravantes, são mantidosggpoker onlinecelasggpoker onlinesegurança máxima no portão do Centroggpoker onlineDetenção Pré-Julgamento 1, uma prisão instaladaggpoker onlineum castelo do século 19, hoje parcialmenteggpoker onlineruínas, no centro da capital Minsk. Ativistas e jornalistas raramente têm acesso ao local.

Ocorrem com frequência violaçõesggpoker onlinedireitos ali, inclusive "pressão psicológica", com agentes usando "tortura e outros procedimentos cruéis, desumanos e degradantes", apontou um relatórioggpoker online2016 da Viasna, ONG localggpoker onlinedefesa dos direitos humanos.

Detentos não podem se deitar ou sentar nas camas fora dos horáriosggpoker onlinedormir, disse um ex-preso à ONG, e passam a maior parte do dia andando dentroggpoker onlinesuas celas. Mesmo seu direitoggpoker onlinemandar e receber cartas seria com frequência desrespeitado.

"As condições são chocantes", diz Aisha Jung, da Anistia Internacional na Belarus e que se dedica há uma década ao tema. "Eles são tratados como se já estivessem mortos."

Prisioneiro anda algemadoggpoker onlineprisãoggpoker onlineMinskggpoker online2006

Crédito, Viasna

Legenda da foto, Ativistas denunciam que os direitos humanos dos detentos são constantemente violados

Yakovitsky, que viveuggpoker onlineVileyka, cidade a cercaggpoker online100kmggpoker onlineMinsk, foi acusadoggpoker onlinematarggpoker onlinecompanheiraggpoker online35 anosggpoker onlineseu apartamento após passar dois dias bebendo com amigosggpoker onlinejulhoggpoker online2015, segundo relatosggpoker onlinegruposggpoker onlinedefesaggpoker onlinedireitos humanos.

Após uma discussão,ggpoker onlineque ele teria esmurrado a vítima diversas vezes, eles foram para quartos diferentes, onde Yakovitsky adormeceu. Ele dizia não ter qualquer lembrança do que aconteceuggpoker onlineseguida.

Quando acordou, a encontrou já morta, com a mandíbula quebrada e parcialmente nua. Ele colocou nela uma calça jeans, que tinha manchasggpoker onlinesangue que não estavam ali antes, e chamou a polícia. Três dias depois, ele foi preso.

Ativistas dizem que Yakovitsky foi pressionado psicologicamente na primeira vezggpoker onlineque foi interrogado e que pessoas que estavam no apartamento na hora do crime deram depoimentos contraditórios. "Algumas testemunhas estavam bêbadas no julgamento", dizggpoker onlinefilha. "(Depois) elas disseram que não conseguiam se recordar do que havia ocorrido. Nenhuma prova foi apresentada."

Yakovitsky já havia sido condenado à morteggpoker online1989 por assassinato, masggpoker onlinepena foi transformadaggpoker online15 anosggpoker onlineprisão. Alexandra disse no julgamentoggpoker onlineMinsk que isso foi usado "como principal prova" contra seu pai. Em janeiroggpoker online2016, ele foi considerado culpadoggpoker onlineum segundo assassinato, que ele negava ter cometido, e sentenciado à morte.

Centroggpoker onlinedetenção pré-julgamentoggpoker onlineMinsk

Crédito, Siarhei Hudzilin

Legenda da foto, Os presos do corredor da morte são mantidos neste centroggpoker onlinedetençãoggpoker onlineMinsk

No diaggpoker onlinesua execução, um promotor disse aos prisioneiros que um pedidoggpoker onlineperdão presidencial havia sido negado. Aleh Alkayeu, ex-diretor da prisão onde as execuções são realizadas, disse à Viasna: "Eles tremiamggpoker onlinefrio ouggpoker onlinemedo, eggpoker onlineseus olhos irradiava um terror tal que era impossível olhar para eles".

Os detentos costumam ser vendados e levados para uma sala especialmente preparada, com acesso restrito àqueles autorizados pelo promotor - uma pessoa comum nunca está entre eles, segundo ex-agentes. Os presos são obrigados a se ajoelhar e, então, são executados a tiro.

O procedimento inteiro dura supostamente dois minutos. Os parentes só são informados semanas ou meses depois. Em alguns casos, isso acontece quando uma caixa com os pertences do preso chega pelo correio.

Os corpos nunca são devolvidos às famílias, e os locais onde são enterrados são mantidosggpoker onlinesegredo, algo que viola os direitos humanosggpoker onlinedetentos e seus aprentes, disse o relator especial da ONUggpoker online2017. Isso equivaleria a tortura, acrescentou ele.

Uniformeggpoker onlineum detento na Belarus enviado àggpoker onlinefamília

Crédito, Viasna

Legenda da foto, Alguns parentes só ficam sabendoggpoker onlineuma execução quando recebem os itens pessoais do preso pelo correio

Direitos humanos

Em um plebiscitoggpoker online1996, 80% dos cidadãos do país se manifestaram contra a abolição da penaggpoker onlinemorte. O resultado não foi reconhecido internacionalmente, como qualquer outra votação na Belarus, sob várias denúnciasggpoker onlineirregularidades.

O governo do presidente Alexander Lukashenko, no poder desde 1994, ainda usa esse resultado para justificar a prática e diz que qualquer mudança deve ocorrer por meio do voto popular. Enquanto isso, um grupo discute no Parlamento o que pode ser feito a respeito, mas deve levar algum tempo antesggpoker onlinequalquer decisão ser tomada.

Até lá, a Belarus deve permanecer como o único país europeu a não fazer parte do Conselho da Europa, o principal organismoggpoker onlinedireitos humanos do continente.

"Belarus terággpoker onlineescolherggpoker onlinealgum momento se abolirá a penaggpoker onlinemorte", diz Tatiana Termacic, do diretórioggpoker onlineDireitos Humanos e Estadoggpoker onlineDireito do conselho. "O país está a caminho disso, e esperamos que ocorra logo." Para ela, é uma "mancha negra"ggpoker onlineum continente praticamente livre da pena capital.

Pesquisas recentes na Belarus apontam que o apoio popular à penaggpoker onlinemorte vem caindo com campanhasggpoker onlineconscientização sobre o assunto. Houve uma espécieggpoker onlinemobilização popular nesse sentido quando,ggpoker online2012, dois homens foram executados por terem realizado um ataque a bomba no metrôggpoker onlineMinsk um ano antes. Ainda assim, acredita-se que entre 50% e 75% da população ainda apoie a prática.

"Mais e mais pessoas têm se manifestado contra a penaggpoker onlinemorte", diz Andrei Paluda, coordenador da campanha Defensores dos Direitos Humanos Contra a Penaggpoker onlineMorte na Belarus. "Mas o governo usa o fatoggpoker onlineser o último país da Europa com penaggpoker onlinemorte para forçar outros países europeus a negociar."

O governo não respondeu a uma sérieggpoker onlinepedidosggpoker onlineentrevista da BBC.

O advogadoggpoker onlineYakovitsky recorreu à Suprema Corte contraggpoker onlinecondenação, argumentando que seu julgamento não havia sido justo e queggpoker onlineculpa não havia sido comprovada sem sombraggpoker onlinedúvida. Ele ainda teria dito que provas vitais haviam sido omitidas, inclusive exames forenses que apontariam traçosggpoker onlinesangue desconhecido sob as unhas da vítima.

Mas a Corte manteve a sentença e,ggpoker onlinenovembroggpoker online2016, Yakovitsky foi executado aos 49 anos.

Um mês depois,ggpoker onlinefamília recebeu uma carta confirmando que a execução havia sido realizada. "Não recebi seus pertences, não vimos o corpo", diz Alexandra, que hoje faz campanha contra a penaggpoker onlinemorte na Belarus. "Tinha dado fotos a ele. Não recebi nadaggpoker onlinevolta."