Relatório denuncia usoesporte bet esporte betestupro como técnicaesporte bet esporte betinterrogatório no México:esporte bet esporte bet
- Fernanda da Escóssia
- Do Rioesporte bet esporte betJaneiro para a BBC Brasil

Crédito, Divulgação-AI/Arquivo pessoal
Prisão feminina federal no Estadoesporte bet esporte betMorelos, no México, e as detentas Yecena Graciano (à esq.) e Verónica Razo, que teriam assinado confissões sob tortura
esporte bet esporte bet O México faz uso sistemáticoesporte bet esporte betviolência sexual e estupro contra mulheres presas e suspeitasesporte bet esporte betcometer crimes no país, denuncia a Anistia Internacionalesporte bet esporte betrelatório divulgado nesta terça-feira.
Segundo a ONGesporte bet esporte betdireitos humanos, as sessõesesporte bet esporte bettortura visam obter confissões das mulheres e são praticadas por agentes do Estado, policiais ou militares mexicanos.
A BBC Brasil pediu comentários sobre as denúncias do relatório à Procuradoria Geral da República do México, órgão do Executivo que investiga crimes federais e responde pelo Ministério Pùblico, mas não havia obtido resposta até a publicação desta reportagem.
Durante oito meses, a Anistia Internacional ouviu cem mulheres detidasesporte bet esporte betprisões federais mexicanas. Os relatos descrevem rotinasesporte bet esporte betassédio e abuso durante a detenção por policiais (municipais, estaduais ou federais), membros do Exército e da Marinha.

Crédito, AP
70%esporte bet esporte betentrevistadas pela Anistia Internacional disseram ter sofrido violência sexual por forçasesporte bet esporte betsegurança
Todas disseram ter sofrido algum tipoesporte bet esporte betassédio sexual ou abuso psicológico, incluindo ameaças e insultosesporte bet esporte betcunho sexista.
Das 100 entrevistadas, 72 mencionaram ter sofrido abuso sexual (foram tocadas ou agredidasesporte bet esporte betsuas partes íntimas) no momento da prisão ou nas horas posteriores e 33 disseram ter sido estupradas.
"Fortes golpes no estômago, na cabeça e nos ouvidos, ameaças, semiasfixia, descargas elétricas nos genitais, manuseio dos seios e beliscões nos mamilos, penetração com objetos, dedos, armasesporte bet esporte betfogo ou o pênis. Essas são só algumas das formasesporte bet esporte betviolência inflingidas às mulheres", diz a Anistia no relatório "Sobreviver à morte - torturaesporte bet esporte betmulheres por policiais e Forças Armadas no México".
Na investigação para o atual relatório, concluídaesporte bet esporte betabrilesporte bet esporte bet2016, a Anistia recorreu a entrevistas pessoais e questionários por escrito, além processosesporte bet esporte bet19 Estados. Ouviu integrantesesporte bet esporte betórgãosesporte bet esporte betsegurança, sistema judicial, advogados, defensores e organizações civis.
Tráficoesporte bet esporte betdrogas
A Anistia Internacional associa o problemaesporte bet esporte betforma indireta ao narcotráfico e crime organizado, dizendo que as mulheres são torturadas pelo Estado na busca por informações sobre criminosos.
Cartéis cooptam mulheresesporte bet esporte betregiões mais vulneráveis para tarefas básicas e mais perigosas, pois elas podem ser facilmente "descartadas" depois, sem prejuízo para a cadeia criminosa.

Crédito, Brito/AI
Yecenia Armenta Graciano foi presa por policiais à paisanaesporte bet esporte betjulhoesporte bet esporte bet2010. Segundo a Anistia Internacional, foi torturada por asfixia, mantidaesporte bet esporte betcabeça para baixo e violada sexualmente, e teve que assinar uma confissão. Duas das três pessoas que a acusaram teriam a implicado sob tortura, e ela ainda espera o desfecho do caso na prisão.
Mulheres representam cercaesporte bet esporte bet5% da população carcerária mexicana, e 7% dos detentosesporte bet esporte betunidades federais, somando 3.285 presas. A maioria está na prisão pela primeira vez, e quase sempre por crimeesporte bet esporte betdrogas.
Outro ponto é que o narcotráfico e o crime organizadoesporte bet esporte betgeral são delitos federais, e detenções associadas a essas investigações são feitas com participaçãoesporte bet esporte betagentes federais, como Polícia Federal, Exército e Marinha.
Tais autoridades, diz a Anistia, percebem as mulheres como elo frágil da cadeia criminosa, e a violência sexual surge como "técnica"esporte bet esporte betconfissão e delação.
Mulheres jovens eesporte bet esporte betbaixo nível socioeducacional, muitas delas mães solteiras, são as que correm maior riscoesporte bet esporte betserem detidas e se tornarem alvo desse tipoesporte bet esporte betviolência sexual.
Relatos
Algumas mulheres entrevistadas para o relatório só falaram com a ONG sob condiçãoesporte bet esporte betanonimato.
Outras, como Yecenia Armenta Graciano, se identificaram e se deixaram fotografar. Ela contou que foi detida, asfixiada, penduradaesporte bet esporte betcabeça para baixo e violada sexualmente.
"Era como morrer", disse Yecenia, que narrou à Anistia ter sido forçada a assinar uma confissãoesporte bet esporte betenvolvimento num assassinato.
Meses depois, o especialista médico que a examinou na Procuradoria concluiu que ela não tinha sido torturada. O laudo foi contestado por examinadores independentes, que avaliaram o caso com base no Protocoloesporte bet esporte betIstambul, manualesporte bet esporte betregras da ONU para investigação da tortura. Yecenia permanece presa.
Verónica Razo foi detidaesporte bet esporte bet2011 e levada a um galpão da Polícia Federal. Foi espancada, submetida a asfixia e choques elétricos e seguidamente estuprada.

Crédito, Arquivo pessoal
Verónica Razo foi torturada pela Polícia Federal do Méxicoesporte bet esporte bet2011, denuncia a Anistia Internacional. Ela teria sofrido choques elétricos e estuprosesporte bet esporte betsequência para assinar uma falsa confissão, e permanece na prisão sob acusaçãoesporte bet esporte betsequestro.
Assinou então uma confissãoesporte bet esporte betparticipação num sequestro. Denunciou a tortura, mas a investigação não avançou. Verónica também continua presa, aguardando julgamento.
Restrições à investigação
A Anistia Internacional critica o que apontou como colaboração reduzidaesporte bet esporte betalgumas autoridades mexicanas na investigação para o relatório. Diz, por exemplo, que a Secretariaesporte bet esporte betGoverno impediu o acesso a um grande númeroesporte bet esporte betdetentas e até barrou a entrada da ONGesporte bet esporte betum centro penitenciário.
Afirma ainda que representantes do Exército e da Marinha negaram pedidosesporte bet esporte betuma reunião para tratar do assunto.
O Exército informou à ONG que nenhum soldado foi suspenso do serviço por violação ou abuso sexualesporte bet esporte bet2010 a 2015. No mesmo período, quatro integrantes da Marinha foram suspensos, e um marinheiro condenado à prisão por abusos sexuais foi afastado temporariamente e reincorporado após cumprir pena.
Erika Guevara-Rosas, diretora da Anistia Internacional para as Américas, Erika Guevara-Rosas, diretora da Anistia Internacional para as Américas, afirmou à BBC Brasil que a organização já vinha investigando denúnciasesporte bet esporte betviolações sexuaisesporte bet esporte betmulheres detidas, mas que pareciam casos isolados.

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Participação maior no tráfico contribuiu para o crescimento da população carcerária feminina no México
"No trabalho atual vimos que o estupro e a violência sexual se converteramesporte bet esporte bettécnicaesporte bet esporte betinterrogatório para arrancar confissões. Claramente há um componenteesporte bet esporte betgênero nessa abordagem", disse.
Segundo Guevara-Rosas, a ausênciaesporte bet esporte betinvestigações adequadas, sem punição dos responsáveis, transmite à Justiça "a perigosa mensagemesporte bet esporte betque violar mulheres ou utilizar outras formasesporte bet esporte betviolência sexual para obter confissões é admissível e está permitido na prática". A ativista diz que normalmente há diálogo com as autoridades envolvidas, mas não adianta ser um diálogo apenas retórico.
"É necessário que haja investigação dos casos e punição dos perpetradores. Não se pode manter esse problema oculto", afirma.
Erika afirmou que cópias do relatório foram entregues ontem às autoridades mexicanas, inclusive à Procuradoria Geral da República e ao ministério das Relações Exteriores.

Crédito, AP
Exército mexicano também é acusadoesporte bet esporte betcrimes sexuais
Ela acredita que as autoridades mexicanas parecem decididas a manter o assunto oculto.
O relatório cobra medidas urgentes do governo mexicano para combater a violência sexual e a torturaesporte bet esporte betmulheres presas.
Diz que exames médicos inadequados e outros problemas na documentaçãoesporte bet esporte betcasos contribuem para a impunidade, dificultando eventuais reparações. Menciona um projetoesporte bet esporte betleiesporte bet esporte betdiscussão no Congresso mexicano que propõe a anulaçãoesporte bet esporte betprovas obtidas sob tortura.
Em 2014, a Anistia Internacional fez uma pesquisa com 21 mil pessoasesporte bet esporte bettodo o mundo para saber se os cidadãos temiam poresporte bet esporte betsegurança ao serem detidos pelas autoridadesesporte bet esporte betseu país. O México teve o segundo maior índice: 64% dos participantes responderam temer a tortura por parteesporte bet esporte betautoridades.
Mas quem ficouesporte bet esporte betprimeiro lugar nesse índice foi o Brasil: 80% dos entrevistados disseram que não estariam seguros ao serem detidos - quase o dobro da média mundial,esporte bet esporte bet44%.




