A corrida para salvar Svalbard, lugar que aquece mais rapidamente na Terra:bet nacional png

"Sabemos que o tique-taque do relógio não para."
A vidabet nacional pngSvalbard parece a mais precária possível, exceto por locaisbet nacional pngguerra ou assolados pela fome.
Você precisa levar uma arma sempre que se afastar da rua principal da capital do arquipélago, Longyearbyen, devido ao riscobet nacional pngencontrar ursos polares.
A redução do gelo diminuiu o campobet nacional pngcaça dos ursos, que agora têm mais dificuldade para encontrar focas. Por isso, eles vêm explorando cada vez mais as áreas construídasbet nacional pngbuscabet nacional pngalimento — e agora estão comendo renas, que não sãobet nacional pngpresa habitual.
O aumento da temperatura também vem causando degelos sem precedentes do solo congelado. Com isso, no inverno, o riscobet nacional pngavalanches é cada vez maior nessa comunidade do Ártico. E, no verão, a chancebet nacional pngdeslizamentosbet nacional pngterra, que carregam tudo que encontrar pela frente, é agora maior do que nunca.
Você se sente com os dias contados aqui, que é considerado por diversos estudos científicos o lugar que aquece com mais rapidez na Terra.
Especialistas do Instituto Polar Norueguês calculam que o arquipélago está aquecendo seis vezes mais rápido do que a média mundial. O consenso é que a temperaturabet nacional pngSvalbard aumentoubet nacional png4 °C nos últimos 50 anos.

A vida selvagem e os seres humanos agora lutam para sobreviver. É por isso que a congregaçãobet nacional pngLimstrand está rezando por ajuda. E, para mostrar o impacto das mudanças climáticas causadas pela atividade humana, a pastora nos leva até o cemitério da igreja.
Fileirasbet nacional pngcruzesbet nacional pngmadeira branca parecem agarrar-se à encosta da montanha, rodeada apenas por algumas renas e pelas cores suaves da tundrabet nacional pngverão.
À direita e à esquerda do cemitério, existem buracos no chãobet nacional pngformabet nacional pngtúneis, que se curvam até a montanha íngreme atrás deles. São os restosbet nacional pngum deslizamentobet nacional pngterra que podia ter arrastado todo o cemitério para o rio mais abaixo — só não arrastou por uma questãobet nacional pngmetros.
"Quando você olha, parece uma ferida", lamenta Limstrand.
"De certa forma, me faz recordar o nosso planeta ferido."
O riscobet nacional pngdeslizamentosbet nacional pngterra e avalanches aumentou enormemente, e o cemitério deve mudarbet nacional pnglugarbet nacional pngbreve. Limstrand comenta que "não existe mais lugar seguro para os vivos, nem para os mortos".

O gelo e a vida selvagem
À procurabet nacional pnganimais selvagens com seus binóculos, a exploradora do Ártico Hilde Fålun Strøm solta um suspiro entusiasmado. Ela identificou três ursos polares, tirando uma soneca juntos à beirabet nacional pnguma geleira.
Fålun Strøm nos levou para uma expedição noturna a bordo do seu barco para mostrar o impacto das mudanças climáticas sobre a naturezabet nacional pngSvalbard.
"Para sobreviver agora, acho que os ursos polares precisam ser muito bonsbet nacional pngcaça, pois abet nacional pngprincipal fontebet nacional pngalimento, as focas, está diminuindo", explica.
"E o gelo que sustenta as focas e os ursos também está sendo reduzido."
Desde os anos 1980, a quantidadebet nacional pnggelo marinho no verão caiu pela metade, e alguns cientistas temem que vai desaparecer até 2035. Isso, combinado a uma avalanche que atingiu Longyearbyenbet nacional png2015, chamou a atenção dela.
"A avalanche tirou a vidabet nacional pngduas pessoas. Foram as primeiras mortes causadas pelas mudanças climáticasbet nacional pngSvalbard", afirma.

"Não nos sentimos mais seguros nas nossas casas", ela acrescenta.
"O poder da natureza que eu adorava agora parece completamente forabet nacional pngcontrole."
Aquele foi um momento decisivo na vidabet nacional pngFålun Strøm.
Ela deixou para trás o emprego fixo na áreabet nacional pngturismo e montou um projeto chamado Hearts in the Ice, junto a outra exploradora, a canadense Sunniva Sorby. Por dois anos, elas viveram sozinhas e isoladas na parte mais remota e selvagem do Ártico, trabalhando como "cidadãs cientistas".
"Eu tinha essa ansiedadebet nacional pngrelação ao clima e queria começar a me envolver ativamente nas soluções", afirma Fålun Strøm.
"Ainda acho que há tempo para salvar alguma coisa."

Ponto estratégico
Poucas pessoas compreendem melhor o arquipélago que Kim Holmén, consultor especial do Instituto Polar Norueguês, que vem estudando Svalbard há maisbet nacional png40 anos.
Incrivelmente alto, com uma barba branca longa e rala, ostentando um casaco vermelho vivo e um gorro rosa, ele nos conduz por um caminho repletobet nacional pngpedras e lama até o pé da geleira Longyear.
Hoje, ele é o nosso guarda-costas contra ursos polares e nossos olhos e ouvidos científicos. Ele também carrega uma arma, embora seja um acessório comumbet nacional pngSvalbard.
Holmén aponta para o topo da colina que, segundo ele, marca o nível da geleira 100 anos atrás. Ele estima que 100 metrosbet nacional pngelevação tenham sido perdidos nesse período. O gelo derretido elevou o nível dos maresbet nacional pngtodo o mundo.
"Nós já comprometemos o planeta com o aumento do aquecimento", ele diz.
"Por isso, esperamos mais 20 anosbet nacional pngaquecimento, mesmo se, por mágica, interrompermos hoje todas as nossas emissões."
O destino deste lugar está indissociavelmente ligado ao do mundo como um todo.
Apesarbet nacional pngestar na extremidade do mundo, Svalbard é um ponto geopoliticamente estratégico. E, até mesmo aqui, a guerra na Ucrânia está mostrando seus efeitos. Holmén conta que o conflito suspendeu a cooperação entre cientistas climáticos da Rússia e do Ocidente.

"Uma das consequências é a impossibilidade do intercâmbio oficial com as instituições russas no momento", afirma.
"E, é claro, metade do Ártico é litoral russo."
Holmén acredita que esta situação já enfraqueceu a luta contra as mudanças climáticas.
"Se não conseguirmos compartilhar dados e conhecimento nos dois sentidos, nossa capacidadebet nacional pngentender o que está acontecendo ficará prejudicada", avalia.
"Precisamos uns dos outros para fazer ciênciabet nacional pngqualidade."
A pegada do carvão
Enquanto isso, 8 km adentro da encosta da montanhabet nacional pngSvalbard, a luz do capacete ilumina uma gotabet nacional pngsuor que escorre pelo rostobet nacional pngBent Jakobsen.
Trata-se da última minabet nacional pngcarvãobet nacional pngatividade na Noruega.
"Imagine um grande bolo com muito recheiobet nacional pngcreme", explica Jakobsen, que é encarregado da produção.
"Você quer tirar o máximobet nacional pngcreme que puder sem que o bolo desabe. É basicamente o que fazemos aqui. Nós adoramos creme. E carvão."

Ele nos mostra seu mundo subterrâneo antes que seja fechado para sempre. A empresa dele, a estatal norueguesa Store Norske, anunciou que,bet nacional pngbreve, vai fechar a mina como parte dabet nacional pngtransição para formasbet nacional pngenergia renováveis.
"Isso me deixa triste", ele suspira.
"Estive aqui toda a minha vida, sabendo que era uma cidade mineradora, e agora está chegando ao fim. É cada vez mais uma cidade turística, uma La La Land."
O turismo superou há muito tempo a mineraçãobet nacional pngcarvão como a principal fontebet nacional pngrendabet nacional pngSvalbard.
Mas as dezenasbet nacional pngmilharesbet nacional pngvisitantes que chegam todos os anos,bet nacional pngnavio ebet nacional pngavião, estão colocando ainda mais pressão sobre este ambiente frágil.
Abandonar o carvão, pelo menos, vai reduzir a imensa pegadabet nacional pngcarbonobet nacional pngSvalbard.
Mas Jakobson não tem tanta certeza.
"Se você não tirar daqui, vai tirarbet nacional pngoutro lugar", ele argumenta.
"Eles ainda não encontraram os substitutos perfeitos. Por isso, o carvão ainda está aqui para ficar."
Mas, duas semanas depois da nossa visita, houve um desdobramento importante. A Store Norske está mudandobet nacional pngideia.
A empresa afirmou que vai postergar o fechamento da mina. Segundo ela, a crise energética na Europa, alimentada pela guerra na Ucrânia, agora tornou a operação mais lucrativa.

O que levanta a seguinte questão: se o lugar que aquece com mais rapidez na Terra não consegue abandonar os combustíveis fósseis, que esperança temos para todos os demais?
O vice-prefeitobet nacional pngLongyearbyen, Stein-Ove Johannessen, concorda que uma nova estratégia verde deveria ter sido desenvolvida anos atrás.
"A resposta difícil para isso é que provavelmente não prestamos atenção suficiente", diz ele.
"Mas fomos realmente despertados nos últimos anos e vimos que realmente precisamos fazer algo."
Mas Johannessen argumenta que, por ser um lugar tão remoto, o carvão era uma forma vitalbet nacional pngfornecer segurança energética para o arquipélago.
"Ter nossa própria produção localbet nacional pngcarvão para fornecer energia segura para a comunidade tem sido muito importante para nós", afirma.
"Mas concordo que deveríamos ter começado muito tempo atrás."

Como acontecebet nacional pngoutras comunidadesbet nacional pngtodo o planeta, quando o assunto são as mudanças climáticas, Svalbard simplesmente não está fazendo o suficiente, com a rapidez necessária.
A COP27, conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, que acontece neste mês no Egito, vai ser difícil —dominada pelo impacto atual da guerra na Ucrânia.
Governosbet nacional pngtodo o mundo mais uma vez serão questionados sobre os sacrifícios que estão dispostos a fazer hoje, para salvar o diabet nacional pngamanhã.
Fotosbet nacional pngNick Beake
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