Cientista critica visão da OMS sobre contágio pelo ar: 'Não deixam a gente se proteger direito':betsapostas
- Antía Castedo - @anticas
- BBC News Mundo

José Luis Jiménez alerta que aerossóis podem permanecer suspensos no ar e infectar por mais tempo
betsapostas ProfessorbetsapostasQuímica na Universidade do ColoradobetsapostasBoulder (EUA), José Luis Jiménez faz partebetsapostasum grupobetsapostas239 cientistas para quem a Organização Mundial da Saúde (OMS) está demorando muito para reagir quando o assunto é a transmissão do novo coronavírus betsapostas pelo ar.
O grupo escreveubetsapostasjulho uma carta aberta na revista científica Clinical Infectious Diseases pedindo à organização que reconheça a transmissão do coronavírus por meiobetsapostasaerossóis, ou seja, partículas infecciosas que ficam suspensas no ar, mais ou menos como acontece com a fumaça do cigarro. Considerando essa via, os cientistas dizem que haveria riscos, por exemplo,betsapostasuma sala mal ventiladabetsapostasque a "fumaça" se acumula — quem estiver dentro dela vai acabar inalando grandes quantidades, aumentando o riscobetsapostascontágio.
Enquanto isso, a OMS focabetsapostasgotículas, e nãobetsapostasaerossóis. As gotículas viajam pelo ar, mas caem no solo depoisbetsapostasum a dois metros, enquanto os aerossóis, explica Jiménez, podem permanecer suspensos no ar e infectar por mais tempo.
Segundo a organização mundial, o vírus "é transmitido principalmente por meio do contato direto, indireto (por objetos ou superfícies contaminadas) ou próximobetsapostaspessoas infectadas atravésbetsapostassecreções da boca e do nariz".
"Pessoas que estão a um metro ou menosbetsapostasdistância da pessoa infectada podem pegar a covid-19 quando essas gotas infecciosas entram na boca, nariz ou olhos", diz a organização.
No entanto, recentemente, a organização reviu suas diretrizes sobre o assunto — o que no entanto ainda é insuficiente, para os críticos. Ela também considera a transmissão por aerossóisbetsapostassituações específicas, como o momento da intubação no hospital.
"A transmissão por aerossóisbetsapostascurto alcance não pode ser descartada, particularmentebetsapostascertos espaços fechados, como aqueles cheios e mal ventilados por um longo períodobetsapostastempo, na presençabetsapostaspessoas infectadas", afirma a organização, que destaca também a necessidadebetsapostasmais estudos sobre o tema.

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A OMS já considera a transmissão por aerossóisbetsapostassituações específicas, como a intubação no hospital
Para Jiménez, porém, a OMS precisa ser mais enfática na consideração dos aerossóis como meiobetsapostaspropagação do vírus. Isso aceleraria medidasbetsapostasprevenção considerando também essa via, ele defende.
Confira trechos da entrevistabetsapostasJiménez com a BBC News Mundo (serviçobetsapostasespanhol da BBC).
betsapostas BBC News Mundo - Você poderia explicar,betsapostasuma forma simples, o que são aerossóis?
betsapostas José Luis Jiménez - Aerossóis são partículas que flutuam no ar e vão se dispersando.
O que nos preocupa são as partículas respiratórias, a saliva ou o fluido respiratório, que é o líquido que molha os pulmões e a traqueia.
Elas saem no o ar como bolinhas. São como as gotículasbetsapostasque fala a OMS, masbetsapostastamanho diferente. As gotículas são maiores, os aerossóis, menores.
As gotas são grandes a pontobetsapostasfuncionarem como projéteis balísticos, como se alguém estivesse cuspindobetsapostasvocê. A pessoa está falando, ou tossindo, e esses projéteis saem e podem acertar você no olho. Se tiverem o vírus, eles infectam você.
Os aerossóis são como a fumaça do tabaco. Eles saem, flutuam e podem infectar quando inspirados.
Quando você os inala, como acontece com a poluição, eles podem ser depositados nos pulmões.
betsapostas BBC News Mundo - Você diz que a OMS até recentemente só reconhecia duas formas principaisbetsapostastransmissão do vírus, certo?
betsapostas Jiménez - Sim. Por gotículas e por fômites. Este último é quando tocamos superfícies ou pessoas contaminadas com o vírus e depois tocamos os olhos, narinas ou boca.
E parece acontecer, mas quase todos concordam que é uma via menos importante.
O que eles (OMS) dizem ser o mais importante são as gotículas balísticas que saem das pessoas quando falam, mas principalmente quando espirram ou tossem. Estas caem nos olhos, nariz ou bocabetsapostasuma pessoa suscetível e, assim, começa a infecção.
betsapostas BBC News Mundo - Qual é a diferença, então,betsapostastermosbetsapostastransmissão, das gotas "balísticas" para os aerossóis?
betsapostas Jiménez - Bem, a diferença é que essas gotículas balísticas saembetsapostasnós e, se não atingirem ninguém, caem no chãobetsapostasum ou dois metros.
Então, muita gente pensa que mesmo estando dentrobetsapostasum lugar, mas a maisbetsapostasdois metros das pessoas e sempre lavando as mãos, é praticamente impossível pegar o vírus.
Mas isso muda quando consideramos os aerossóis, porque eles são como fumaça: se você estiverbetsapostasuma sala com alguém infectado, e a sala tiver pouca ventilação, a "fumaça" se acumula e você pode se infectar mesmo se estiver a muito maisbetsapostasdois metrosbetsapostasdistância.
betsapostas BBC News Mundo - Isso quer dizer que os aerossóis ficam mais tempo no ar do que as gotículas, certo?
betsapostas Jiménez - Exatamente. Os aerossóis se acumulambetsapostasespaços confinados.
O quanto eles se acumulam dependebetsapostasquantas pessoas infectadas existem, do tamanho do local e da ventilação.
Se for um local com muita ventilação e as janelas abertas, possivelmente não acumula muito. Em um espaço muito apertado, onde há pouca ventilação, como um carro, podem se formar altas concentrações.

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Pessoas cantandobetsapostasum espaço fechado são cenário perigoso, diz especialista
betsapostas BBC News Mundo - Por quanto tempo o vírus pode sobreviver nos aerossóis?
betsapostas Jiménez - Sabe-se que o vírus não sobrevive por muito tempo, pois ele não é um micro-organismo muito resistente. Acredita-se que ele sobreviva uma ou duas horasbetsapostasaerossóis.
Se você for ao escritório, os vírusbetsapostasalguém que estava lá no dia anterior já estão mortos. O mais perigoso é compartilhar o ar com alguém.
betsapostas BBC News Mundo - Mesmo se estiverem a um ou dois metrosbetsapostasdistância?
betsapostas Jiménez - Sim. Estudamos o casobetsapostasum coralbetsapostasmuitas pessoas, a cinco, dez, 15 metrosbetsapostasdistância (entre si), e 53 foram infectadas quando cantavambetsapostasposições fixas. Quando a pessoa infectada não tinha ninguém nabetsapostasfrente e não podia atingir ninguém com as gotículas. No entanto, 53 foram infectados.
Uma coisa que se sabe é que essas partículas respiratórias saem quando respiramos, mas, quando falamos, isso é multiplicado por 10. Quando cantamos ou gritamos, a multiplicação é por 50.
Em um coral, ou um bar com pessoas gritando para conseguir conversar com música alta, é como jogar roleta russa.
betsapostas BBC News Mundo - Você diz que há evidências suficientes dos aerossóis serem uma via principalbetsapostastransmissão do coronavírus.
betsapostas Jiménez - Minha opinião e abetsapostasmuitos outros é que as evidências são esmagadoras. E praticamente todos os cientistas concordam com isso.
Minha impressão ébetsapostasque se trata do caminho majoritário (de infecção) porque, senão, muitas coisas não podem ser explicadas.
Existem registrosbetsapostascasosbetsapostassuperpropagação, um deles é responsável por maisbetsapostas1.000 casos. Destes, apenas um se deubetsapostasárea externa, e maisbetsapostasmilbetsapostasárea interna.
Isso é facilmente explicado pelos aerossóis, porque os aerossóis são como fumaça. Se você estiver do ladobetsapostasfora e houver vento, ar partículasbetsapostasdispersam, os raios ultravioleta matam o vírus mais rápido, e também o ar que exalamos é mais quente do que o arbetsapostasfora e sobe.
Isso não acontece com as gotículas. Se alguém cospe um projétilbetsapostasvocê, o vento, a menos que seja um furacão, não tem influência, não importa se dentro ou forabetsapostasum lugar.
betsapostas BBC News Mundo - Você diz que a maioria dos cientistas concorda com você, mas o betsapostas s betsapostas Centro betsapostas s betsapostas betsapostasControle e PrevençãobetsapostasDoenças (CDC betsapostas s betsapostas , na siglabetsapostasinglês) dos Estados Unidos tem opinião semelhante à da OMS.
betsapostas Jiménez - Isso é verdade. E é um grande erro.

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Em um ambiente fechado, a distância pode não ser suficiente para impedir infecção pelo coronavírus
betsapostas BBC News Mundo - Vou dar um exemplo para ter certezabetsapostasque entendi o que você está dizendo. Se uma pessoa infectada com o coronavírus entrarbetsapostasuma loja mal ventilada para fazer compras e eu for duas horas depois na mesma loja, posso pegá-lo mesmo que essa pessoa não esteja mais lá?
betsapostas Jiménez - Isso é muito improvável. Issobetsapostasteoria pode acontecer, mas o coronavírus não é tão contagioso.
Isso poderia acontecer com doenças muito contagiosas como sarampo ou varicela. Temos um modelo que indica que o coronavírus é 20 ou 50 vezes menos contagioso que o sarampo.
No Japão o metrô está sempre lotado, mas não há casosbetsapostasmuito contágio. O que acontece? Já têm mais experiência, usam máscaras adequadamente e não têm o hábitobetsapostasfalar (no transporte).
betsapostas BBC News Mundo - Mas então muitas condições teriam que ser atendidas para a propagação via aerossóis.
betsapostas Jiménez - Sim. Mas essas condições são as vistasbetsapostaseventosbetsapostassuperpropagação. E eventosbetsapostassuperpropagação causam uma toneladabetsapostastransmissão.
10% das pessoas infectadas causam 80% das novas infecções. E muitas pessoas não infectam ninguém. Isso é muito conhecido.
Digo isso porque dizer "condições suficientes teriam que ser atendidas" pode sugerir que, por esse motivo, não é importante, seria uma exceção na transmissão.
Mas na verdade é algo muito importante, porque somente com essas condições vemos a superpropagação. E a superpropagação é muito importante para a perpetuação da pandemia.

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José Luis Jiménez aponta que, no Japão, o hábitobetsapostasnão falar no metrô pode explicar por que infecções não são tão comuns, mesmo com transporte cheio
betsapostas BBC News Mundo - Então, espaços fechados e mal ventilados devem ser evitados.
betsapostas Jiménez - Na medida do possível, é importante fazer o que está ao seu alcance para não estar nesse tipobetsapostascenário.
O jornal New York Times publicou uma reportagem mostrando que,betsapostas1910, durante um inverno muito rigoroso na cidade, as aulas eram ministradas ao ar livre para prevenir infecçõesbetsapostastuberculose. E funcionava muito bem.
Se estiver do ladobetsapostasfora, respeitando a distância e com a máscara devidamente colocada, é praticamente impossível se infectar. Mas é claro que, na realidade, é preciso ir ao supermercado, ir trabalhar...
Isso ébetsapostasgrande importância para as escolas. Elas deveriam fazer módulosbetsapostasáreas externas,betsapostasparques, sempre que possível.
betsapostas BBC News Mundo - Não é o que a OMS pensa hoje sobre as rotasbetsapostastransmissão do vírus...
betsapostas Jiménez - Segundo eles, a transmissão por aerossóis não está comprovada e são necessárias muito mais pesquisas.
Eles dizem que só é algo sabidamente importantebetsapostasprocedimentos nos hospitais, como a intubação.
O engraçado é que a transmissão por gotículas também não foi demonstrada diretamente.
Não apenas para covid-19, ela nunca foi demonstrada diretamente para nenhuma doença na história da medicina!
Eles admitem que a transmissãobetsapostassuperfícies não foi demonstrada para o coronavírus, apenas para vírus semelhantes.
E a transmissão por aerossol também foi demonstrada para vírus semelhantes. Esse tipobetsapostasevidência é suficiente para superfícies, mas não para aerossóis.
A verdade é que a OMS tem um preconceito desmedido quando se tratabetsapostasjulgar as evidências sobre os modosbetsapostastransmissão.
betsapostas BBC News Mundo - E por que você acha que isso acontece?
betsapostas Jiménez - Porque partebetsapostasum preconceito histórico. Porque as únicas doenças transmissíveis pelo ar historicamente eram muito contagiosas, como o sarampo ou a catapora.
Por isso, muitas pessoas da área dizem: "A provabetsapostasque não é transmitido pelo ar é que não é muito contagioso. Se fosse transmitido pelo ar seria muito contagioso, como o sarampo".
Eles estão confundindo um erro histórico com uma lei da natureza, é escandaloso.

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Apesarbetsapostastambém ser transmitida pelo ar, Jiménez diz que a covid-19 é menos contagiosa que outras doenças como o sarampo
betsapostas BBC News Mundo - As medidas que estão sendo tomadas não levam issobetsapostasconta ...
betsapostas Jiménez - Não estão deixando a gente se proteger direito, e estão considerando coisas como abrir escolas —que são casosbetsapostassuperpropagação esperando para acontecer.
betsapostas BBC News Mundo - Você acha que a pandemia pode ser controlada nessas circunstâncias?
betsapostas Jiménez - A questão é como conseguir controlar a pandemia da forma mais inteligente possível, limitando ao mínimo a atividade econômica e social.
Para isso, é necessário entender bem como o vírus é transmitido. Existem muitos casosbetsapostascontágio que poderiam ser evitados.
betsapostas BBC News Mundo - Será que a relutância vem dos custos econômicos altos que isto implicaria?
betsapostas Jiménez - É muito mais caro deixarbetsapostasbarrar a pandemia. O custo da pandemia é muito maior do que o das medidas preventivas. Isso não faz o menor sentido.
Existe um fechamento dentro do grupo científico da OMS e uma faltabetsapostasdiversidade científica. São todos epidemiologistas, não há ninguém que que entendabetsapostasaerossóis, e desprezam-se as evidências sobre aerossóis.
Dói criticar a OMS, uma organização muito importante e com um trabalho muito difícil.

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