Farinha1xbet 45grilo e barrinhas1xbet 45besouros: estes brasileiros apostam1xbet 45insetos como alimento:1xbet 45

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Pelo Brasil, há também pesquisadores e empreendedores que apostam na nova onda dos insetos, preparando produtos como barras proteicas1xbet 45larvas1xbet 45besouro e grilos banhados1xbet 45chocolate. Para eles, a entomofagia vai muito além1xbet 45experiências pontuais exóticas e pode, na verdade, vir a ser um mercado1xbet 45grande escala - mas nisso, dizem, o país está atrasado.
Barreira cultural
Se no mundo,1xbet 45acordo com a FAO, insetos fazem parte do cardápio1xbet 45cerca1xbet 452 bilhões1xbet 45pessoas, o Brasil não tem a tradição1xbet 45comer insetos como, por exemplo, países da Ásia.
Mas, por aqui, há algumas tradições pontuais. É o caso do consumo1xbet 45formigas içás ou tanajuras - que já ganharam até festivais1xbet 45Tianguá, no Ceará, ou Silveiras,1xbet 45São Paulo. Ou ainda do consumo das formigas maniwara na Amazônia, que remete a tradições indígenas do Alto Rio Negro.

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Para Eraldo Medeiros Costa Neto, etnobiólogo que se dedica há anos ao estudo sobre a relação entre humanos e insetos, a questão cultural é ainda a barreira que impede o Brasil1xbet 45chegar ao seu potencial na entomofagia.
"Grande parte da população associa os insetos a pragas, a algo nojento. Mas uma vez que essa barreira cultural seja ultrapassada, o Brasil poderia ser uma potência por suas riquezas naturais", diz Neto, professor na Universidade Estadual1xbet 45Feira1xbet 45Santana. "Ainda temos pouco conhecimento sobre insetos comestíveis no Brasil. É preciso fazer uma espécie1xbet 45inventário e muita pesquisa".
Como no mundo todo, porém, os brasileiros podem estar comendo insetos sem saber: um dos corantes mais usados na indústria, o carmim, é feito a partir1xbet 45insetos chamados cochonilhas.

O zootecnista Gilberto Schickler se dedica há alguns anos a expandir a entomofagia. Empreendedor na área desde os anos 2000, ele oferece hoje consultoria e cursos para interessados na criação1xbet 45insetos - desde a1xbet 45alimentação ao abate e conservação.
Ele é sócio também na Hakkuna, uma startup que se prepara para lançar no mercado, nos próximos meses, uma barra1xbet 45proteínas feita com farinha1xbet 45grilos-pretos, comuns no Brasil. Após passar por testes e uma incubadora, o produto vai recorrer a um formato comumente escolhido para driblar resistências a esse tipo1xbet 45alimento.
"Há duas formas1xbet 45apresentar o inseto. Um é por inteiro, o que gera sentimentos1xbet 45repulsa à curiosidade. Nós optamos por trabalhar com os grilos triturados,1xbet 45um tipo1xbet 45farelo mais grosseiro", explica Schickler, destacando que o público-alvo prioritário está no ramo fitness.
"Em 20, 30 anos, acredito que produtos feitos com insetos estarão1xbet 45grande escala nos supermercados. Mas trabalhamos para que este segmento seja lucrativo e viável no presente. Se não for um negócio para hoje, ele não vai acontecer: já estamos muito atrasados1xbet 45relação a outros países."
Proteínas:1xbet 45quantidade e qualidade
No ramo da pesquisa, a doutoranda Ariana Vieira Alves também está prestes a concluir a elaboração1xbet 45uma barra proteica feita da larva1xbet 45um besouro do gênero Tenébrio.
"É um inseto1xbet 45fácil criação, com um ciclo1xbet 45vida curto, tornando-o bastante viável para a produção", aponta Alves, que estuda tecnologia ambiental na Universidade Federal da Grande Dourados.
"Diferente1xbet 45outras carnes como a1xbet 45boi, você consegue modificar bastante (a constituição nutricional) o inseto dependendo do que ele come, onde vive. Sempre digo que o inseto é como um elo entre o animal e o vegetal: é rico1xbet 45proteínas como o primeiro, não só no teor mas na qualidade, só que com menos gorduras saturadas".

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Segundo a FAO, os insetos têm uma grande capacidade1xbet 45"conversão alimentar": conseguem transformar 2 kg1xbet 45alimento1xbet 451 kg1xbet 45massa corporal, enquanto bois fazem isso1xbet 45uma escala1xbet 458 kg para 1 kg.
"Insetos são fontes1xbet 45nutrientes e proteínas1xbet 45alta qualidade se comparados à carne bovina e ao pescado (...) São particularmente importantes como suplemento alimentar para crianças que sofrem1xbet 45má nutrição, pois a maioria das espécies tem alto teor1xbet 45ácidos graxos (comparáveis ao pescado). Também são ricos1xbet 45fibras e micronutrientes como cobre, ferro, magnésio, manganês, fósforo, selênio e zinco", diz o relatório da entidade.
A agência da ONU destaca também que os insetos produzem menos gases1xbet 45efeito estufa do que a pecuária convencional, podem se alimentar1xbet 45resíduos orgânicos e assim reduzir a carga deste tipo1xbet 45descarte, além1xbet 45exigir extensões1xbet 45terra muito menores na criação.
Associação e congresso para representar a entomofagia

Representantes do setor apontam que o consumo1xbet 45insetos por humanos conta com o pontapé inicial1xbet 45um segmento mais desenvolvido, o da ração feita com este tipo1xbet 45alimento para animais, como peixes ornamentais e pássaros.
Mas, para os entrevistados, um passo importante ainda está por vir: uma regulamentação específica da entomofagia voltada para humanos. Este é um dos objetivos que motivaram a criação da Associação Brasileira1xbet 45Criadores1xbet 45Insetos, segundo explica um1xbet 45seus fundadores, o biólogo Casé Oliveira.
"A legislação não proíbe, mas isto (a falta1xbet 45regulamentação) acaba impedindo que o mercado dê um salto além1xbet 45produções1xbet 45pequena escala. Enquanto fica na escala artesanal, o que vemos é monopólio e preços altos", aponta Oliveira, que trabalha com o tema fazendo palestras e recebendo convidados para uma "entoexperiência", um menu gastronômico composto1xbet 45insetos. "O Brasil poderá ser um dos celeiros da entomofagia, pelo simples motivo do nosso clima ser muito propício para isso."

Oliveira e entusiastas da área planejam, para novembro1xbet 452019, o primeiro congresso brasileiro sobre a "antropoentomofagia" - o consumo humano1xbet 45insetos e seus derivados.
Por e-mail, a Anvisa explicou que "considerando que o consumo1xbet 45insetos não possui histórico1xbet 45uso como alimentos pela população brasileira, as empresas interessadas1xbet 45utilizar insetos na produção1xbet 45alimentos devem solicitar junto à Anvisa avaliação da1xbet 45segurança".
"Caso seja demonstrado que as condições e finalidade1xbet 45uso desses insetos na produção1xbet 45alimentos é segura para o consumidor, seu uso é autorizado", completa.
Ainda segundo o órgão, no período1xbet 45que a agência recebeu propostas1xbet 45temas a serem eventualmente avalidos em1xbet 45agenda regulatória para os anos1xbet 452017 a 2020, não houve sugestões referentes ao consumo1xbet 45insetos por humanos.
Quais riscos esse tipo1xbet 45alimento pode apresentar?
Mas, segundo a FAO, nas condições adequadas, não existem casos conhecidos1xbet 45doenças transmitidas com a ingestão1xbet 45insetos por pessoas.
Segundo Schickler, a entomofagia pressupõe o consumo1xbet 45insetos criados1xbet 45cativeiro, e não retirados livremente da natureza - o abate costuma ocorrer com a inserção destes animais1xbet 45água fervente, como feito com mariscos.
No entanto, os insetos são maleáveis às condições do ambiente1xbet 45que estão, acumulando por exemplo pesticidas ou transmitindo agentes biológicos danosos.
"Os insetos precisam dos mesmos cuidados1xbet 45produção que outros animais, ambientes limpos, higienizados, com manutenção diária, cuidados específicos1xbet 45isolamento, cuidados com pragas, fungos, além1xbet 45umidade e temperatura controladas", aponta o chef Rossano Linassi, que atua no segmento e é professor no Instituto Federal Catarinense (IFC).
Ele destaca também a necessidade1xbet 45atenção com alergias, principalmente para aqueles que já têm esta sensibilidade com frutos do mar - que têm composição química parecida.
Como o sushi?

Sob condições ideias, Linassi vê um campo inexplorado1xbet 45gostos e preparos para a entomofagia. Ele faz receitas que vão1xbet 45grilos cobertos com chocolate a omelete1xbet 45tenébrios.
"Acredito que assim como ocorreu com o sushi há cerca1xbet 4520 anos, o inseto possa ser incorporado aos poucos à dieta regular da população. Entre mais1xbet 45um milhão1xbet 45espécies conhecidas (hoje mais ou menos 2 mil catalogadas como alimento), encontraremos novos sabores, aromas e texturas", escreveu Linassi por e-mail à BBC News Brasil.
Neste caminho para os insetos caírem no gosto dos brasileiros, o chef já conhece os rituais1xbet 45estranhamento.
"A maioria dos adultos reage com repulsa, principalmente com insetos inteiros, mas muitas vezes eles acabam comendo depois1xbet 45muito 'ensaio'. Vários tiram suas selfies e depois dão para seus filhos ou amigos comerem, pois lhes faltou um pouco1xbet 45'coragem'. Rola muitas vezes uma competição entre amigos para ver quem comerá primeiro", brinca Linassi.
"Mulheres costumam ser mais 'corajosas' e tendem a experimentar mais que os homens. Já as crianças são muito mais receptivas e simplesmente perguntam - pode comer?"








