Como lidar com o luto pelo suicídiosite com bonus de apostauma pessoa querida:site com bonus de aposta
- Paula Adamo Idoeta - @paulaidoeta
- Da BBC News Brasilsite com bonus de apostaSão Paulo

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Franqueza e empatia são cruciais ao amparar pessoassite com bonus de apostaluto pelo suicídiosite com bonus de apostaalguém querido
site com bonus de aposta Quando as pessoas chegam a um gruposite com bonus de apostaapoio na zona sulsite com bonus de apostaSão Paulo, carregam consigo não apenas uma imensa tristeza, mas também culpa e diversas perguntas.
"Por que isso aconteceu? Como eu não percebi nada? Será que pode acontecersite com bonus de apostanovo com a minha família?" são os questionamentos mais comuns entre quem acabasite com bonus de apostaperder uma pessoa querida para o suicídio.
"É um luto mais intenso, duradouro, repletosite com bonus de aposta'por quês' e com muito estigma", relata a psicóloga Karen Scavacini, mediadora do gruposite com bonus de apostaapoio, destinado a pessoas enlutadas pelo suicídio. "Muitas vezes a família estendida e os amigos se afastam ou não sabem como falar do tema, deixando essas pessoassite com bonus de apostasituaçãosite com bonus de apostagrande vulnerabilidade."
Essa vulnerabilidade se reflete no fatosite com bonus de apostaque parentes e pessoas próximassite com bonus de apostasuicidas têm risco até dez vezes maior do que o restante da população de, eles próprios, tentarem tirar a própria vida.
E isso só será mitigado, segundo especialistas consultados pela BBC News Brasil, se a sociedade combater o estigma que envolve o suicídio e a saúde mental, bem como deixarsite com bonus de apostabuscar "a causa" ou "o culpado" pela morte - que é multicausal e às vezes decididasite com bonus de apostamodo impulsivo,site com bonus de apostaum momentosite com bonus de apostadesespero.
'Não vamos encontrar causas'
"No gruposite com bonus de apostaapoio, dizemos que não adianta ficar preso na busca do 'por quê?', já que a resposta foi embora com quem morreu", explica Scavacini.
"Na verdade, a gente não vai encontrar causas, porque o suicídio é sempre resultadosite com bonus de apostaum conjuntosite com bonus de apostafatores", afirma o psiquiatra Daniel Martinssite com bonus de apostaBarros, do Institutosite com bonus de apostaPsiquiatria do Hospital das Clínicas (IPq-HC).

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Parentes e pessoas próximassite com bonus de apostasuicidas têm risco até dez vezes maior do que o restante da população de, eles próprios, tentarem tirar a própria vida
Segundo a Organização Mundial da Saúde, quase 800 mil mortes por suicídio ocorrem anualmente no mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos. No Brasil, foram registrados 11,7 mil suicídiossite com bonus de aposta2015 (dado mais recente disponível no Ministério da Saúde), sendo que parte dos especialistas teme que haja subnotificações.
E, segundo a Associação Internacionalsite com bonus de apostaPrevenção ao Suicídio, cada morte por suicídio afeta outras 135 pessoas, que ficam psicologicamente abaladas e traumatizadas.
Como ajudar essas pessoas a lidar com tamanha dor?
'Você se sente muito isolado'
A escritora e psicanalista Paula Fontenelle sentiu na pele o estigma que envolve suicídio quando seu pai tirou a própria vida,site com bonus de aposta2005.
"Ninguém sabe como falar com você a respeito, então, simplesmente, ninguém fala nada. O luto acaba sendo muito diferente por causa disso", conta Fontenelle à BBC News Brasil.
"Você se sente muito isolado. Certa vez, uma amiga me perguntou a causa da morte do meu pai e, quando eu respondi que era suicídio, ela ficou chocada. 'Não fale essa palavrasite com bonus de apostapúblico, não é bom'. As pessoas têm medo. O problema é que é no silêncio que o suicídio cresce. Porque nenhuma dor diminui se você não tiver com quem falar sobre ela."
A franquezasite com bonus de apostafalar sobre o assunto e a empatia são,site com bonus de apostafato, cruciais ao amparar pessoassite com bonus de apostaluto pelo suicídio, segundo Barros, do IPq-HC.
"É um momentosite com bonus de apostacompartilhar a dor, oferecer o ombro e não evitar a pessoa enlutada. Em casossite com bonus de apostamortes trágicas, às vezes a gente acha melhor não falar nada, mas isso é mais para evitar o nosso próprio mal-estarsite com bonus de apostatorno da morte. Porque, para a pessoa enlutada, falar a respeito pode ser um alívio", diz o psiquiatra.
"É preciso ainda fazer um grande esforço para não atribuir culpas - por exemplo, combatendo o pensamento automáticosite com bonus de aposta'Como será que era o relacionamento com os pais daquele jovem que se matou?', porque ao se tentar atribuir uma causa, você estigmatiza as pessoas (envolvidas) e aumenta o riscosite com bonus de apostacontágio do suicídio."

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'Ninguém sabe como falar com você a respeito, então simplesmente ninguém fala nada. O luto acaba sendo muito diferente por causa disso'
Direito ao luto
Para além da família, amigos e pessoas próximas ao morto também requerem atenção especial, porque também estão extremamente vulneráveis.
"Consideramos sobreviventes do suicídio quaisquer pessoas que tenham sentido aquela mortesite com bonus de apostaalguma forma", explica Scavacini.
"Até um chefe ou um colegasite com bonus de apostatrabalho (de um suicida) pode ficar abalado ou sentir-se culpado, talvez até igual a um parente. Essas pessoas também estão sujeitas ao efeito contágio (ou seja, a elas próprias pensaremsite com bonus de apostasuicídio) e não adianta simplesmente dizer a elas 'não se deixe abater'. Elas também têmsite com bonus de apostater permissãosite com bonus de apostafazer seu luto."
"Aprendi que não podemos colocar as coisas debaixo do tapete", diz Paula Fontenelle, a respeito do luto pela morte do pai. "Na minha família, sempre conversamos sobre o tema, para ele não virar tabu. E sempre chamamos o suicídio pelo que ele é."
O mesmo vale para crianças e adolescentes - expostas, por exemplo, ao suicídiosite com bonus de apostacolegas,site com bonus de apostacasos que ganharam as manchetessite com bonus de apostaSão Paulo e Brasília recentemente.
Em muitos casos, é a primeira vez que eles se deparam com a morte.
"Com adolescentes, é preciso explicar o que é o luto e os sentimentos envolvidos, bem como ensiná-los a identificarsite com bonus de apostasi mesmos e nos amigos o que não está legal e quem procurar nessas situações", afirma Scavacini.

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Isolamento e culpa podem afetar colegas e amigos, que também têm direito ao luto
Nessa faixa etária, é ainda mais crucial reforçar os vínculos pessoais,site com bonus de apostavezsite com bonus de apostaapenas os digitais.
"As relações estão mais líquidas hoje", lamenta o psiquiatra Fabio Gomessite com bonus de apostaMatos e Souza, coordenador do Programasite com bonus de apostaApoio à Vida (Pravida) da Universidade Federal do Ceará (UFC). "Existe (entre adolescentes) uma ausênciasite com bonus de apostaespaços para desabafar e conversar,site com bonus de apostavezsite com bonus de apostaapenas olhar a 'revista digital' do Instagram, onde você não vê quem está mal ou sofrendo, porque essas pessoas estão sozinhassite com bonus de apostaseus quartos."
As fases do luto - e como lidar com ele
Em seu esforço para entender e processar a perda do pai, Fontenelle passou anos estudando o suicídio, pesquisa que levou ao livro Suicídio - O Futuro Interrompido: Guia para Sobreviventes e ao site prevencaosuicidio.blog.br.
"Ao estudar o luto, identifiquei que ele tem fases, que começam com a raiva, muito intensa: 'como ele/ela fez isso comigo?' É um mecanismosite com bonus de apostaproteção, por ser mais fácil lidar com a raiva do que com a tristeza. Mas é algo que obviamente te consome. Já conheci enlutados pelo suicídio que passaram anos presos a isso", conta.
Depois, vem o que se costuma chamarsite com bonus de aposta"autópsia psicológica": a busca das pessoas por tentar entender as causas ou o que suportamente poderiam ter feito para evitar aquela morte. É o "Como eu não enxerguei?"
"Claro que é possível ficar atento a sinaissite com bonus de apostacomportamento suicida, mas não temos como saber antes (que a pessoa vai se matar). Ninguém é culpado", diz Fontenelle.
Em seguida vêm o estigmasite com bonus de apostatorno da morte suicida e o medo: "será que eu ou algum outro parente meu também pode ser levado a cometer suicídio?"
"É que, quando alguém se mata, o suicídio, que até então era algo distante, passa a ser uma possibilidade para as pessoas ao redor", agrega Fontenelle.

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Grupossite com bonus de apostaapoio ajudam a processar as perdas; 'suicídio é um tsunami, mas é possível voltar a ser feliz'
No gruposite com bonus de apostaapoio mediado por Karen Scavacini, a maioria dos participantes ao longo dos anos já mencionou ter tido,site com bonus de apostaalgum momento do luto, vontadesite com bonus de apostamorrer,site com bonus de apostageral abalados pela culpa.
"Tentamos fazê-los entender que o suicídio é multifatorial e que nem sempre os sinais são fáceissite com bonus de apostaler - muitas vezes, só são visíveis após a morte", diz a psicóloga.
A maioria dos casossite com bonus de apostasuicídio costumam estar associados a problemassite com bonus de apostasaúde mental (diagnosticados ou não), como depressão, ansiedade e bipolaridade, o que torna importante conversar a respeito e focarsite com bonus de apostaprevenção. Mas, depoissite com bonus de apostaocorrido o suicídio, especialistas consideram infrutífera a busca por causas individuais.
"Talvez aquele paciente estivesse com depressão, mas não era só aquilo - afinal, há milhõessite com bonus de apostapessoas deprimidas que não se matam. Por trássite com bonus de apostacada suicídio, há muitas coisas que não sabemos e nunca saberemos", diz Barros.
Grupossite com bonus de apostaapoio, terapia e conversas ajudam ao mostrar aos sobreviventes que a raiva faz parte do luto, que outras pessoas passam por situações parecidas, que a morte da pessoa querida "estava além do que eles poderiam fazer e que o suicídio não é uma escolha livre, mas sim um atosite com bonus de apostaum momentosite com bonus de apostamuito desespero e dor", afirma Scavacini.
No gruposite com bonus de apostaapoio mediado por ela, há atividades terapêuticas como escrever histórias sobre o luto e a pessoa perdida ou produzir muraissite com bonus de apostafotos para honrar a vidasite com bonus de apostaquem morreu.
Muitos, como Paula Fontenelle, acabam encontrando conforto ao se dedicar a criar conscientizaçãosite com bonus de apostatorno do tema.
"Escrever um livro sobre isso foi catártico para mim, foi parte do meu processosite com bonus de apostacura, ainda que tenha sido muito difícil - levei três anos para escrevê-lo e o interrompi duas vezes", diz ela. "(Mas) eu precisava entender o que havia acontecido com o meu pai."
Aos poucos, as pessoas também passam a identificar o que lhes faz bem ou mal - voltar a frequentar eventos sociais e familiares, por exemplo - "sem que nada seja considerado certo ou errado e sem que seja esperado um determinado comportamento delas", agrega Scavacini.
"E eles precisam aprender que podem voltar a ser felizes, mesmo que o processo seja lento. O suicídio é como um tsunami, que destrói tudo. Mas dá para fazer uma reconstrução da vida. Haverá um antes e um depois, mas é possível ser feliz."
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