A ilha do litoralquero jogar na lotofácilSão Paulo com a segunda maior concentraçãoquero jogar na lotofácilcobras do planeta:quero jogar na lotofácil
No artigo científico Instituto Butantan e a jararaca-ilhoa: cem anosquero jogar na lotofácilhistória, mitos e ciência, publicado nos Cadernosquero jogar na lotofácilHistória da Ciência, do Instituto Butantan, elas contam que,quero jogar na lotofácilpassagem pela costa sudeste do Brasil, os navegadores aportaram na ilha, caçaram diversas fragatas e mergulhões e, antesquero jogar na lotofácilvoltarem aos navios, receososquero jogar na lotofácilmá sorte, atearam fogo no local.
Não existe, no entanto, registroquero jogar na lotofácilque durante a permanência por lá Martim Afonsoquero jogar na lotofácilSouza e seus homens tenham tido qualquer contato com a Bothrops insularis.
Segundo Karina e Selma, a práticaquero jogar na lotofácilatear fogo à ilha se tornou corriqueira algum tempo depois. "No final do século 19, a Marinha do Brasil implantou um farol lá, cuja manutenção era realizada por faroleiros que residiam no local", escrevem.
"Com medo das serpentes, a própria Marinha colocou por diversas vezes fogo na mata na tentativaquero jogar na lotofácilacabar com a população excessiva delas. O nome 'Queimada Grande' é resultado dessas recorrentes queimadas, que, por vezes, eram tão fortes que podiam ser avistadas do continente."
Evolução
A história da Ilha das Cobras é bem mais antiga, no entanto. Ela se formou no final da última era glacial, há cercaquero jogar na lotofácil11 mil anos, quando o nível do mar subiu, separando aquele morro (que fazia parte da Serra do Mar) do continente, transformando-o numa ilha e isolando uma populaçãoquero jogar na lotofáciljararacas comuns (Bothrops jararaca).
Ao longo dos milharesquero jogar na lotofácilanos seguintes, a espécie se diferenciouquero jogar na lotofácilsuas parentesquero jogar na lotofácilterra firme e se transformou na Bothrops insularis.
Segundo o pesquisador e especialistaquero jogar na lotofácilanimais peçonhentos Vidal Haddad Júnior, da Faculdadequero jogar na lotofácilMedicinaquero jogar na lotofácilBotucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o isolamento e as condições geográficas da ilha lentamente contribuíram com a seleção das características mais favoráveis ao ambiente, criando uma espécie diferente das jararacas continentais.
"Ela é menor e menos pesada, para facilitarquero jogar na lotofácillocomoção e a caçada diurna nas árvores", explica. "Sua cauda adquiriu capacidade preênsil (ou seja,quero jogar na lotofácilse agarrar a algo) e a dentição ganhou um aspecto mais curvo, para prender as aves mais facilmente e não soltá-las enquanto o veneno age."
Por ser uma cobra que vive sobretudoquero jogar na lotofácilárvores (ou arborícola), a jararaca-ilhoa desenvolveu outras características evolutivas únicas.
"Sua pele se tornou mais elástica do que aquero jogar na lotofácilsuas parentes do continente, uma vez que ela sobequero jogar na lotofácilárvores", explica Otávio Marques, pesquisador e diretor do Laboratórioquero jogar na lotofácilEcologia e Evolução do Instituto Butantan, que realizou várias pesquisas com essa serpente.
"Além disso, como ela ergue mais a cabeça, seu coração fica mais próximo dessa partequero jogar na lotofácilsua anatomia, para bombear com mais facilidade o sangue para o cérebro."
Nova espécie
Não équero jogar na lotofácilhoje que o Instituto Butantan estuda a ilha e a jararaca-ilhoa. O primeiro lote dessa espécie foi recebido pela instituiçãoquero jogar na lotofácil1911, enviado pelo zelador do farol, que residia no local, Antônio Esperidião da Silva. Elas logo começaram a ser estudadas pelo herpetólogo João Florêncio Gomes, que não chegou a concluir o trabalho, pois morreuquero jogar na lotofácil1919, aos 33 anos.
O pesquisador Afrânio do Amaral deu continuidade às pesquisas e,quero jogar na lotofácil1922, descreveu cientificamente a nova espécie. "Ele logo descobriu que ela se alimentava quase exclusivamentequero jogar na lotofácilpássaros, ao contrário das espécies do continente, que predam pequenos mamíferos e répteis", conta Vidal Haddad.
Amaral descobriu ainda que a peçonha destas jararacas era muito mais ativaquero jogar na lotofácilaves e altamente potente, o que despertou o interesse sobre a espécie, que só existe na ilha.
"O veneno da jararaca-ilhoa é mais tóxico para aves do que para mamíferos", explica o biólogo Marcelo Ribeiro Duarte, do Laboratórioquero jogar na lotofácilColeções Zoológicas do Instituto Butantan. "O que prova a grande adaptabilidade da espécie."
A Bothrops insularis mede entre meio metro e um metro, com as fêmeas sendo ligeiramente maiores. "Como a fauna da ilha é muito escassa, não existindo roedores nem outros mamíferos (com exceçãoquero jogar na lotofácilmorcegos), os adultos da espécie se alimentamquero jogar na lotofácilaves migratórias (os pássaros residentes não são predados)", diz Haddad. "Os filhotes comem pequenos lagartos, anfíbios e artrópodes, como as lacraias, por exemplo."
Outra característica dessa serpente é que ela é vivípara (não põe ovos, mas gesta a prolequero jogar na lotofácilmaneira semelhantes aos mamíferos) e dá à luz 10 filhotes no período quente do ano.
Mitos e lendas
Talvez por ser muito numerosa e altamente venenosa, a jararaca-ilhoa é objetoquero jogar na lotofácildiversos mitos e lendas. Uma delas diz que as cobras foram colocadas lá por piratas, para proteger um tesouro escondido.
De acordo com outra, um faroleiro equero jogar na lotofácilfamília foram mortos por suas picadas. Mas isso não ocorreu. No máximo foram mortos alguns animais domésticos, como cães, gatos e galinhas.
De qualquer forma, não existe mais o riscoquero jogar na lotofácilalgum faroleiro ser morto por uma picada da jararaca-ilhoa. O farol foi automatizadoquero jogar na lotofácil1925 equero jogar na lotofácilmanutenção é feita uma vez por ano por uma equipe da Marinha do Brasil. O acesso à ilha é estritamente controlado e requerquero jogar na lotofácilautorização do Governo Federal. Esta é dada principalmente para pesquisadores.
"Apesar do óbvio risco que as cobras representam para quem entrar no local desavisado, ele quase não existe na prática", tranquiliza Haddad. "(A ilha) é desabitada e quem a visita está ciente dos cuidados que deve tomar para evitar picadas."
Ameaçaquero jogar na lotofácilextinção
De acordo com ele, hoje quem tem que ter cuidado são as cobras. Apesarquero jogar na lotofácila Ilha da Queimada Grande ser uma Áreaquero jogar na lotofácilRelevante Interesse Ecológico (ARIE) e pertencer à Áreaquero jogar na lotofácilProteção Ambiental (APA)quero jogar na lotofácilCananéia-Iguape-Peruíbe, a jararaca-ilhoa está criticamente ameaçadaquero jogar na lotofácilExtinção.
A espécie faz parte da Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadaquero jogar na lotofácilExtinção e da Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da organização União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, na siglaquero jogar na lotofácilinglês).
A ameaçaquero jogar na lotofácilextinção decorre das queimadas, feitas por pescadores que querem desembarcar no local, e pela biopirataria, ou seja, a captura ilegal para venda. Um exemplar da cobra pode alcançar R$ 30 mil no mercado negro.
"Se pensarmos na capacidadequero jogar na lotofácilvenenos serem a basequero jogar na lotofácilmedicamentos e na fantástica evolução e adaptação das cobrasquero jogar na lotofácilum ambiente isolado, elas são mais um tesouro a ser preservado do que uma ameaça aos humanos", diz Haddad.
Só isso já justificaria o interesse científico na Bothrops insularis. Mas há outras razões. "O isolamentoquero jogar na lotofácilcobras a partir das grandes massas continentais é uma oportunidade única para se estabelecerem relações evolutivas sob condições severas na maioria das vezes, como, por exemplo, faltaquero jogar na lotofácilfontesquero jogar na lotofácilágua e escassezquero jogar na lotofácilpresas", explica Duarte.
"Além disso, a presença dessa espécie isolada é um testemunho dos fenômenosquero jogar na lotofácilflutuação do nível dos oceanos no período Pleistoceno (1,8 milhão a 11 mil anos atrás)."
