'Saía pus do meu rosto': os perigos das cirurgias estéticas sem cuidados:cazinostars

"Três meses depois, minha pele começou a ficar dura, começaram a sair granulomas (nódulos inflamatórios) do meu rosto, que estava todo vermelho, quente ...", relembra.
Ele imaginou que logo passaria, mas a situação foi piorando.
"Meu rosto ficou destruído, podre, saía pus da minha cara, estava apodrecendo."
Hoje, aos 28 anos e após quatro cirurgias reparadoras, Trujillo diz que conseguiu reconstituir aproximadamente 50% a 60% do seu rosto. Mas acredita que ainda sejam necessárias outras duas cirurgias.
Operações malsucedidas
Das cirurgias realizadas por cirurgiões plásticos na Espanha, 16,5% são para corrigir operações anteriores defeituosas oucazinostarsmá qualidade.

Essa é uma das conclusõescazinostarsuma pesquisa recente da Sociedade EspanholacazinostarsCirurgia Plástica, Reparadora e Estética (SECPRE).
O problema se deve,cazinostarsgrande parte, ao fatocazinostarsque apenas 1cazinostarscada 3 pacientes se informa bem sobre a qualificaçãocazinostarsseu médico,cazinostarsacordo com a pesquisa.
Os números da Espanha ilustram um problema global para o qual dificilmente se encontram estatísticas, uma vez que muitas vítimas estão fora dos serviçoscazinostarssaúde oficiais e as cirurgiascazinostarsmá qualidade não são registradas.
Há também casoscazinostarsmorte. No último fimcazinostarssemana, uma paciente morreu, no RiocazinostarsJaneiro,cazinostarsdecorrênciacazinostarsuma cirurgia plástica realizada por um médico sem especialização,cazinostarsuma clínicacazinostarsestéticacazinostarsJacarepaguá, na zona oeste da cidade. Alessandra Machado,cazinostars35 anos, faria três procedimentos: abdominoplastia, laqueadura e lipoaspiração.
Segundo estimativa da Sociedade BrasileiracazinostarsCirurgia Plástica (SBCP), para cada médico com formaçãocazinostarscirurgia plástica no país, existe o dobrocazinostarsnão especialistas atuando.
A sociedade orienta que, antescazinostarsrealizar qualquer procedimento, os pacientes consultem a qualificação do médico no site da entidade (www.cirurgiaplastica.org.br) ou baixe o aplicativo gratuito (para Android e IOS). Nele, é possível checar se o profissional é especialista ou não, alémcazinostarsacessar seu respectivo site, páginacazinostarsFacebook, e-mail e telefone.
Na Colômbia, um dos países do mundocazinostarsque são realizadas mais cirurgias estéticas, 13 pessoas morreram vítimascazinostarscirurgias estéticascazinostars2015 - número que subiu para 30cazinostars2016,cazinostarsacordo com o Instituto Médico Legal.
A questão é tão séria que levou a Sociedade ColombianacazinostarsCirurgia Plástica, Estética e Reconstrutiva a lançar uma campanha há quatro anos sob o lema "Não se torne o corpocazinostarsdelito. Busque sempre um cirurgião plástico qualificado".
Nos Estados Unidos, um estudo da Feinberg School of Medicine, da Northwestern University, mostrou recentemente que menoscazinostars18% das publicações no Instagram que promovem a cirurgia plástica sãocazinostarscirurgiões plásticos licenciados pelo American Board of Plastic Surgery.
Muitas sãocazinostarsmédicoscazinostarsoutras especialidades, como ginecologistas ou otorrinos, que não fizeram os cinco ou seis anoscazinostarsespecialização.
"Não se pode confundir. Alguns profissionais só fazem cursoscazinostarsestética e essa não é a formação adequada", adverte a sociedade colombianacazinostarsseu site.
Mas confundir é mais fácil do que se imagina, mesmo para uma pessoa bem informada, como a jornalista Lorena Beltrán.
"Seios deformados"

"Quando eu tinha 18 anos, fiz cirurgia para redução das mamas por questões estéticas e médicas, porque me dava dor nas costas", disse à BBC a jovemcazinostars22 anos, que passou a liderar uma campanha na Colômbia para cirurgias estéticas seguras após ser vítima do procedimento.
Lorena procurou um médico recomendado por um colega da universidade, que disse ter sido operada por ele.
"Mas acho sinceramente que ela era uma recrutadoracazinostarspacientes", completa.
"O consultório ficavacazinostarsuma área exclusivacazinostarsmédicoscazinostarsBogotá, então não desconfiei. Não é que eu tenha ido operarcazinostarsuma clínica clandestina,cazinostarsuma garagem, como chamamos aqui", conta.
"Aparentemente, o médico atendia todos os requisitos".
"Tinhacazinostarsparede cobertacazinostarsdiplomas", lembra a jornalista.

Os resultados, no entanto, não foram os esperados:
"Os seios ficaram deformados, houve graves complicações e um dos meus mamilos estava prestes a se soltar do resto da sutura", relembra.
"O médico sempre dizia que isso era normal, para eu ficar calma, que era normal".
"Eu finalmente me recuperei, mas a aparência estética ficou horrível", acrescenta.
Um ano depois, ela se submeteu então a outra cirurgia para corrigir o procedimento mal sucedido.
"Foi muito pior do que a primeira", conta.
"Aí eu comecei a suspeitar que havia algo errado".
Como Lorena é jornalista, ela começou a investigar e descobriu que havia um grupocazinostarsmédicos colombianos que tinham ido ao Brasil fazer cursoscazinostarscurta duração, que foram posteriormente validados como uma especialização médica.
Lorena entrou na Justiça, que ainda está avaliando seu caso.
"É preciso mais do que um curso": seis anoscazinostarsgraduação e cincocazinostarsespecialização

Ainhoa Placer Lainez, especialistacazinostarsCirurgia Plástica, Estética e Reparadora, na Espanha, denuncia que "a intrusão profissional é muito, muito, muito frequente" e "comumcazinostarstodo o mundo".
Ela explica que para obter a especializaçãocazinostarscirurgia plástica, reparadora e estética, você deve fazer primeiro o curso básicocazinostarsmedicina, que tem cercacazinostarsseis anos, ecazinostarsseguida, a especialização, que dura outros cinco.
"Essa formação é mais ou menos a mesmacazinostarstodos os países", diz.
Mas muitos médicos que realizam cirurgia plástica apenas estudaram os cinco ou seis anos básicoscazinostarsmedicina. Com esse diplomacazinostarsmuitos países, como a Espanha, eles já podem operar, mesmo que não tenham uma especialização para tal.
Se não estão fazendo algo ilegal, "não está bem regulamentado", denuncia a médica.
"Eu diria que é algo 'alegal'", acrescenta.
"É como se eu quisesse operar um cérebro agora, também poderia, não é ilegal. Mas é claro que eu não vou fazer isso porque eu não sei", compara a especialista, que acredita que, no caso da cirurgia plástica, a intrusão não é tão malvista.
Lorena Beltrán também está lutando na Colômbia por uma maior regulamentação da indústria, mas diz que há muitos interesses econômicos por trás que impedem que isso aconteça.
A diferença entre um médico que estudou seis anos uma especialidadecazinostarsum hospital e alguém que fez um cursinhocazinostarstrês meses fica evidente nos recursos que eles dispõem para lidar com uma complicação.
"Não é fácil se informar direito"
Trujillo confioucazinostarsolhos fechados emcazinostarsmédica.
"Ela injetou uma substância no meu rosto que, no momento, não me lembro o nome, mas era um polímero", conta ele à BBC.
Lorena, porcazinostarsvez, buscou se informar, mas sente que foi enganada.
"Sinceramente, não é fácil para as pessoas se informarem direito", admite Placer.
Ela menciona o fatocazinostarsque existem muitas associações e sociedadescazinostarscirurgia com nomes muito parecidos, sites profissionais e milharescazinostarsusuários, por isso é muito difícil para os pacientes identificarem os que reúnem os médicos com especialização e aqueles que não têm - mais numerosos.
Por outro lado, "para muitas mulheres basta dar um google no médico, ver que ele tem uma foto com uma modelo famosa na Colômbia e assumir que ele deve ser um bom cirurgião", acrescenta Lorena.
Placer também identifica esse fenômeno na Espanha: há programascazinostarstelevisão com muita audiência que divulgam as clínicascazinostarsque as celebridades frequentam e que o público pressupõe sercazinostarsconfiança, mas onde operam cirurgiões sem especialização.
Além disso, existe a questão do preço: cirurgiascazinostarsclínicas clandestinas costumam ser mais baratas.
"Na Colômbia, temos cabeleireiros que injetam óleocazinostarscozinha nas nádegas das pessoas", denuncia Lorena Beltrán, afirmando que a prática é mais comum entre a comunidade trans e as mulheres.
"Há cabeleireiros, auxiliarescazinostarsenfermagem, que injetam biopolímeros, que são substâncias ilegais, para aumentar os seios ou nádegas ou remover rugas, o que, ao longo do tempo, desencadeia problemas muito graves", diz à BBC Ernesto Barbosa, secretário executivo da Sociedade ColombianacazinostarsCirurgia Plástica, Estética e Reconstrutiva.
"Toda semana aparecem no meu consultório vítimascazinostarsbiopolímeros", como Jerson Trujillo, que é seu paciente.

Essas substâncias não são compatíveis com o organismo, mas costumam ser usadas devido ao baixo custo.
"São substâncias ilegais, como o silicone líquido, metacril ou colágeno, que produzem muitas alterações faciais e corporais com processos inflamatórios muito sérios que exigem cirurgia", explica Barbosa.
"Não consegui encontrá-los"
Há quatro anos, Trujillo tenta recuperarcazinostarsvida e luta com os serviçoscazinostarssaúde da Colômbia.
"O médico e a menina fugiram depois do que aconteceu comigo, eu os denunciei, mas não consegui encontrá-los", conta.

No entanto,cazinostarssaúde mental, perspectivas pessoais ecazinostarstrabalho foram permanentemente danificadas.
"Tive que processar, tive que procurar ajuda nos canaiscazinostarstelevisão do meu país", relata.
"O canal nacional me ajudou a encontrar os médicos que eu tenho agora e a entrarcazinostarscontato com a Sociedade colombianacazinostarsCirurgia Plástica, Estética e Reconstrutiva", que o ajudou nos tratamentos e nas quatro cirurgiascazinostarsreparação que fez até agora.
"Mas há coisas que nenhuma cirurgia reparadora conserta", diz Lorena Beltrán, que se submeteu a uma cirurgiacazinostarsreconstrução da mama.
Entre elas, "a perdacazinostarssensibilidade, a probabilidadecazinostarseu não ser capazcazinostarsamamentar no futuro e os danos emocionais que minha família e eu carregamos".
O caso dela segue nos tribunais.









