Qual o futuro do bolsonarismo após derrota na eleição?:betmotion linkedin
- Thais Carrança - @tcarran
- Da BBC News Brasilbetmotion linkedinSão Paulo

Crédito, AFP
Mesmo com Bolsonaro derrotado, o bolsonarismo deve seguir vivo como uma das principais forças políticas do país nos próximos anos. Mas conseguirá se manter coeso?
betmotion linkedin Jair Bolsonaro (PL) saiu derrotado embetmotion linkedintentativabetmotion linkedinreeleição. Mas os maisbetmotion linkedin58 milhõesbetmotion linkedinvotos recebidos pelo capitão reformado, 15 governadores aliados a ele vitoriosos e maisbetmotion linkedinuma centenabetmotion linkedinparlamentares eleitos pelo PL para Câmara e Senado mostram que o bolsonarismo deverá seguir vivo nos próximos anos como uma das principais forças políticas do país.
O que esperar daqui para a frente? Como será a atuação da bancada bolsonarista no Congresso sob o novo governobetmotion linkedinLuiz Inácio Lula da Silva (PT)? A direita terá capacidadebetmotion linkedinse manter coesa uma vez fora do Executivo? Conseguirá manter eventuais mobilizações nas ruas?
E Bolsonaro: permanecerá como principal líder do campo da direita, com aliados como Sergio Moro, Tarcísiobetmotion linkedinFreitas e Romeu Zema já sendo percebidos como possíveis sucessores do atual presidente e potenciais candidatosbetmotion linkedin2026?
A BBC News Brasil ouviu o cientista político João Feres Júnior (UERJ) e a antropóloga Isabela Kalil (Fesp), estudiosos do bolsonarismo. E o deputado reeleito Luiz Philippebetmotion linkedinOrleans e Bragança (PL-SP) e o cientista político Antônio Flávio Testa, apoiadoresbetmotion linkedinBolsonaro e pensadores da direita, para entender os rumos desse campo político nos próximos anos.
Os valores do bolsonarismo
"O bolsonarismo é algo complexo, não é simplesmente um discursobetmotion linkedintornobetmotion linkedinvalores conservadores", observa João Feres Júnior, professor da Universidade do Estado do Riobetmotion linkedinJaneiro (Uerj) e coordenador da pesquisa qualitativa Bolsonarismo no Brasil, que ouviu 24 grupos focais com eleitoresbetmotion linkedinBolsonarobetmotion linkedinseis Estados brasileirosbetmotion linkedin2021.
"Esse núcleo é um deles — o dos valores da família, que congrega evangélicos e católicos conservadores. Mas há também o discurso da segurança e das armas, que congrega muita gente que tem admiração pelo militarismo. E tem o núcleo do discurso anticorrupção, mais ligado a um antipetismo radicalizado", afirma o pesquisador.
Para além dos discursos que compõem o bolsonarismo, uma outra característica marcante deste campo político ébetmotion linkedinestruturabetmotion linkedincomunicação, avalia o cientista político.
"São redes sociais, canaisbetmotion linkedinTV aberta e a cabo — Rede TV, Record, SBT, Jovem Pan — e um terceiro pilar são as igrejas evangélicas e movimentos conservadores da Igreja Católica, que servem como correiabetmotion linkedincomunicação para as mensagens bolsonaristas", enumera.

"Então existe uma esfera comunicacional mais ou menos autônoma que Bolsonaro construiubetmotion linkedintornobetmotion linkedinsi e que permite com que ele tenha resistido tanto tempo com uma popularidade tão alta."
Luiz Philippebetmotion linkedinOrleans e Bragança, herdeiro da família imperial brasileira e deputado federal por São Paulo reeleito com 79 mil votos, acrescenta a essa listabetmotion linkedinvalores da direita: a soberania nacional, o liberalismo econômico — com foco no estímulo à livre iniciativa e na diminuição do Estado — e uma defesa da liberdade da expressão que vê a atuação do Supremo Tribunal Eleitoral (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como "tirânica".
Já Isabela Kalil, professora da Fundação Escolabetmotion linkedinSociologia e Políticabetmotion linkedinSão Paulo (Fesp) e coordenadora do Observatório da Extrema Direita, cita a presença dos militares na política e o apoio do agronegócio como outras características importantes do bolsonarismo, mas defende que o traço mais marcante desse campo político é seu viés antidemocrático.
"O bolsonarismo representa um novo paradigmabetmotion linkedinpolítica", defende a antropóloga.
"De 1988 para cá, tínhamos um processobetmotion linkedinampliação do espaço democrático, um acúmulobetmotion linkedindireitos, ainda que com desafios. O que temos agora é um novo paradigmabetmotion linkedinque, pela primeira vez, um político faz apologia à tortura, à ditadura militar e se colocabetmotion linkedinmaneira contrária às conquistas democráticas das últimas décadas. Então o bolsonarismo tem muitas faces, mas a principal é essa mudançabetmotion linkedinparadigma."

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Num cartazbetmotion linkedininglês, manifestante pede a destituição dos ministros do STFbetmotion linkedinprotesto bolsonarista no 7betmotion linkedinsetembrobetmotion linkedin2021betmotion linkedinSão Paulo
As eleiçõesbetmotion linkedin2022 e a força da direita
Diante da expectativabetmotion linkedinparte da esquerdabetmotion linkedinque Lula pudesse ser eleito já no primeiro turno, o país se deparou no 2betmotion linkedinoutubro com uma realidade muito diferente: Bolsonaro com uma eleição bastante superior ao que sugeriam as pesquisas eleitorais e um forte resultadobetmotion linkedincandidatos apoiados por ele entre governadores, deputados e senadores.
"Essa eleição revelou que é preciso pensar o bolsonarismo como um fenômeno que transcende a figurabetmotion linkedinJair Bolsonaro", diz Kalil.
Ela cita como exemplo o número recordebetmotion linkedineleitos para o Congresso Nacional e assembleias com passagem pelas Forças Armadas e pelas polícias, grupo conhecido como "bancada da bala" — serão 103 representantes na próxima legislatura, entre deputados estaduais, federais e senadores, segundo levantamento do Instituto Sou da Paz divulgadobetmotion linkedin25betmotion linkedinoutubro.
No Senado, ela chama a atenção para os ex-ministrosbetmotion linkedinBolsonaro que ganharam espaço — foram cinco: Damares Alves (Republicanos-DF), Tereza Cristina (PP-MS), Rogério Marinho (PL-RN), Marcos Pontes (PL-SP) e Sergio Moro (UB-PR) —, o que pode ser relevante no processobetmotion linkedinindicaçãobetmotion linkedinfuturos nomes para a Suprema Corte.

Crédito, Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Tereza Cristina e Marcos Pontes estão entre os cinco ex-ministros do governo Bolsonaro eleitos para o Senado a partirbetmotion linkedin2023
"O perfil da população brasileira ébetmotion linkedinfato conservador", avalia Antônio Flávio Testa, doutor pela UnB (Universidade Brasília)* e partebetmotion linkedinum grupobetmotion linkedincientistas políticos que participaram da formulação da estratégia bolsonarista desde a eleiçãobetmotion linkedin2018.
"Sempre foi assim, mas, durante 25 anos, houve um predomínio dos partidosbetmotion linkedinesquerda: o PT e o PSDB. Havia um constrangimento na populaçãobetmotion linkedincolocar suas ideias, mas com a ascensão do mundo evangélico na política ebetmotion linkedinalguns partidos que ocuparam esse espaço, a partirbetmotion linkedinagora há uma configuração mais delineadabetmotion linkedinperfis políticos conservadores", diz Testa.
Na última década, o PSDB era visto no debate político brasileiro como um partidobetmotion linkedincentro-direita, mas o bolsonarismo costuma classificar o partido social-democratabetmotion linkedinFHC e Covas comobetmotion linkedin"esquerda".
Coesão no Congresso é improvável
Diante da força revelada nas urnas e da capilaridade do bolsonarismo na sociedade, atravésbetmotion linkedinsua redebetmotion linkedincomunicação própria e do apoio das igrejas, a dúvida agora é se essa coesão se mantém sem Bolsonaro à frente do Executivo federal.
Com relação ao Congresso, a avaliação é praticamente unânime: o bloco conservador tende a perder força sob Lula, com políticos do Centrão hoje alinhados a Bolsonaro migrando para a base do petista, por terem uma atuação mais fisiológica (isto é, baseadabetmotion linkedininteresses pessoais) do que ideológica.
O bloco formado por PL, PP e Republicanos, os três partidos do Centrão mais ligados a Bolsonaro, elegeu 187 deputados para a legislatura que tem iníciobetmotion linkedin2023.
A títulobetmotion linkedincomparação, o blocobetmotion linkedinpartidosbetmotion linkedinesquerda (PT, PCdoB, PV, PDT, PSB e Psol) elegeu 125 deputados. Para aprovar uma PEC (Propostabetmotion linkedinEmenda à Constituição), por exemplo, são necessários três quintos dos votos dos deputados (308).

Crédito, Agência Câmara
Composição da bancada eleita para a Câmara dos Deputadosbetmotion linkedin2022 por partidos
"Num governo Lula, a lógica fica muito diferente, porque o Centrão opera sempre na base do fisiologismo. Então duvido que o PL continue com unidade sob Lula eleito. O PL vai rachar no meio", acredita João Feres Júnior, coordenador do Observatório do Legislativo Brasileiro da Uerj.
"Lula está carecabetmotion linkedinsaber que só se pode governar com maioria parlamentar e, se os hoje bolsonaristas forem brincarbetmotion linkedinfazer oposição, vão fazer isso do lado da política parlamentar que ganha menos recursos, que não ganho cargos, e o pessoal do Centrão é tradicionalmente atraído por esse tipobetmotion linkedincoisa. Então duvido que se forme um superbloco contra o Lula."
Parlamentar do PL, Orleans e Bragança também avalia que será difícil manter a unidade do partido que deu abrigo a Bolsonaro para as eleiçõesbetmotion linkedin2022, após o presidente deixar o PSL que o elegeubetmotion linkedin2018 e fracassar na tentativabetmotion linkedinfundar seu próprio partido, o Aliança pelo Brasil.
"Não acho que [o PL] vai ter tanta unidade assim, vai perder alguns, não tenho a mínima dúvida. Só que não acho que vão ser muitos, acho que é uma parcela menorbetmotion linkedinperda, alguns que vieram da base da esquerda e que estavam na base da esquerda por conveniência também. Eles são fisiológicos, não são ideológicos", avalia o deputado reeleito.
"Certamente que uma parte da direita é corrupta e vai se corromper e fazer alianças com o governo do Lula. Não tenha dúvida. Alguns líderesbetmotion linkedinpartidos que fazem parte da coligação que tentou reeleger Bolsonaro têm tradiçãobetmotion linkedinacompanhar o poder. Por isso, precisamosbetmotion linkedinuma direita ideológica. Isso faria bem até para a esquerda, pois o debate é produtivo", acrescenta Orleans e Bragança.
Já Flávio Testa, cientista político próximo ao bolsonarismo, reconhece que Lula é habilidosobetmotion linkedintrazer parlamentares para o seu lado através da ofertabetmotion linkedincargos, mas avalia que esse é um processo que leva tempo, devendo se consolidar mais para o fim do próximo ano.
"Nesse espaçobetmotion linkedintempo, é muito possível que Lula sofra uma reação muito grande e haja até mesmo o encaminhamentobetmotion linkedinpedidosbetmotion linkedinimpeachment", diz o cientista político, lembrando que a Lava Jato conseguiu eleger nomes importantes como Moro e Deltan Dallagnol (Podemos-PR).
Testa pondera, porém, que Lula deverá ter um STF mais favorável a ele do que teve Bolsonaro.
Na sociedade, mobilização é incerta
Se no Congresso a expectativa ébetmotion linkedinque parte da força bolsonarista se dissipebetmotion linkedinmeio ao fisiologismo, na sociedadebetmotion linkedingeral, a potência da mobilização da direita mais radical agorabetmotion linkedinvolta à oposição ainda é incerta.
"O Brasil tem uma capacidade instantâneabetmotion linkedinse mobilizar, mas tem uma doença política terrível que é a dificuldadebetmotion linkedinse manter mobilizado. Vimos isso naquela crise dos 20 centavos lábetmotion linkedin2013, 2014. Logobetmotion linkedinseguida veio a Copa do Mundo e o país se desmobilizou", diz Testa.
"Então, vai ter que ter algum catalisador para fazer com que haja uma mobilização a favor ou contra o governo", acrescenta. "Talvez a variável das redes sociais possa ajudar bastante, mas não podemos fazer uma previsão objetiva sobre isso ainda. Não sabemos."

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'O Brasil tem uma capacidade instantâneabetmotion linkedinse mobilizar, mas tem uma doença política terrível que é a dificuldadebetmotion linkedinse manter mobilizado', diz Flávio Testa
Para Luiz Philippebetmotion linkedinOrleans e Bragança, o fatobetmotion linkedino PL não ter poder sobre a mobilização das ruas é uma força, e não uma fraqueza do campo da direita.
"O PL não tem mobilização. Não é que nem o PT, que tem grupos vinculados ao PT, PCdoB e Psol que têm mobilização nas universidades, sindicatos vinculados, aquela coisa. O PL não tem nada e os parlamentares também não têm essa relação com movimentos organizados", diz.
"Mas é isso que é o grande poder e é isso que a esquerda não está entendendo: que é espontâneo. Isso vai ser mantido exatamente porque o partido não está no comando, é um fluxo totalmente descentralizado, não coordenado e que não se controla."
Já Isabela Kalil, da Fesp e do Observatório da Extrema Direita, avalia que é difícil prever a capacidade mobilização da direita e que ela vai dependerbetmotion linkedinfatores como a própria atuaçãobetmotion linkedinBolsonaro. Se ele conseguirá, por exemplo, manterbetmotion linkedinbase aquecida se optar por insistirbetmotion linkedinacusaçõesbetmotion linkedinfraude sobre os resultados das eleições, a exemplobetmotion linkedinDonald Trump nos Estados Unidos.
Quanto ao apoio evangélico, a antropóloga avalia que parte dele também pode deixar o âmbito do bolsonarismo após a derrota eleitoral do presidente.
"Parte dessa base conservadora e evangélica já esteve na base do PT. Então não há nada que indique que determinadas lideranças conservadoras vãobetmotion linkedinfato se colocar frontalmente como oposição ao governobetmotion linkedinesquerda", diz Kalil.
Ela observa que essa base se organizabetmotion linkedintornobetmotion linkedintemas específicos como a descriminalização do aborto, direitos da comunidade LGBTQIA+, a pauta da família e questões relacionadas ao campo da educação, que poderiam ser apaziguadas num governo Lula mais conservador.
A professora avalia que grupos como os armamentistas, militaristas e contrários às instituições devem permanecer fiéis a Bolsonaro. Mas ela observa que outros grupos que foram importantes no ciclobetmotion linkedinmobilização da direita entre 2013 e 2016 perderam protagonismo, como os movimentobetmotion linkedinrenovação política e da pauta anticorrupção.
Disputa pela liderança à direita
Com Bolsonaro fora da Presidência, a disputa pela liderança no campo da direita será inevitável, avaliam tanto Feres e Kalil, como Orleans e Bragança e Testa.
Mas dentro desta aparente concordância há visões distintas.
O pesquisador da Uerj, por exemplo, vê dificuldade para outro líder conseguir agregar os diferentes grupos da direita como conseguiu Bolsonaro.
Já o deputado do PL e o cientista político conservador veem o governo Bolsonaro como um governo "de transição" rumo ao predomínio da direita no país e avaliam que a liderança do campo poderá ser ocupada à frente por políticosbetmotion linkedinascensão como o governandors eleitosbetmotion linkedinSP, Tarcísiobetmotion linkedinFreitas, ebetmotion linkedinMG, Romeu Zema.
"O Bolsonaro mostrou que há a possibilidadebetmotion linkedinfazer uma síntese, por mais que seja uma síntese altamente tóxica para a democracia brasileira. Só que isso funciona para ele muito bem porque, apesar dos seus múltiplos defeitos, ele é um cara carismático. Ele consegue se comunicar com o público delebetmotion linkedinuma forma muito direta", diz João Feres Júnior.
"Então, você precisariabetmotion linkedinuma pessoa que não só tivesse esse tipobetmotion linkedinestratégia política na cabeça, mas tivesse também o carisma que ele tem, o que não é fácil."
O cientista político avalia que Sergio Moro é um exemplobetmotion linkedinpolítico da direita com pretensões presidenciais que pode ter essa dificuldadebetmotion linkedinreproduzir a estratégia bem sucedidabetmotion linkedinBolsonaro.
Para Feres, apesarbetmotion linkedino presidentebetmotion linkedinfimbetmotion linkedinmandato ter idade para concorrer à eleição novamentebetmotion linkedin2026, ele se elegeubetmotion linkedin2018betmotion linkedincircunstâncias muito específicas, no auge da Lava Jato e da "antipolítica". Além disso, ele avalia que o presidente e seus filhos saem do governo um pouco "queimados" pelos diversos casosbetmotion linkedinpossíveis crimes envolvendo a família revelados ao longo do governo e que poderão ainda ser investigados.
'Governobetmotion linkedintransição'
"Temos uma evolução e o presidente [Jair Bolsonaro] reflete ainda a transiçãobetmotion linkedinum modelo social-democrata, para um modelo democrata cristão liberal", defende Orleans e Bragança.
"Se a vontade da direita é a vontade que será predominantebetmotion linkedintermosbetmotion linkedinestilobetmotion linkedinrepresentante, a sociedade ainda não está 100% lábetmotion linkedinvários quesitos. No quesito econômico a sociedade não está vinculada a uma proposta 100% liberal. Eu sinto isso porque sou muito mais liberal do que a postura do governo", diz o deputado, que vê criticamente a expansão do Auxílio Brasil sob Bolsonaro, por acreditar que a direita deve reduzir a dependência do Estado e estimular a livre iniciativa, e que a assistência social deveria ser restrita aos "incapazes".

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'Eu nunca vi direita que é todo mundo funcionário público. São todos ex-políticos, ex-militares, ex-policiais, ex-burocratas. Isso é a direita?', questiona Luiz Philippebetmotion linkedinOrleans e Bragança (PL-SP)
Para o parlamentar, há uma parcela do eleitorado que se sente melhor representada pela direita, mas que não está votando à direita devido ao perfil "antagônico"betmotion linkedinBolsonaro. Atualmente, ele não vê alguém eleitoralmente viável para ocupar esse espaço, mas avalia que isso poderá ser construído a partirbetmotion linkedin2023.
"Talvez o Jair esteja construindo o Tarcísio para isso", avalia. "Mas eu nunca vi direita que é todo mundo funcionário público, essa é minha crítica. São todos ex-políticos, ex-militares, ex-policiais, ex-burocratas. Isso é a direita? Pera aí! Que direita é essa?", questiona.
O deputado, no entanto, vê dificuldade para alguém "de fora do sistema", sem conhecimento da máquina pública ocupar essa liderança. "Tem que ser alguém que conheça o sistema. Só com a opinião pública, sem o controle da burocracia, não consigo ver possibilidadebetmotion linkedinvitória."
'Quem tem dificuldade para formar lideranças é a esquerda'
Flávio Testa também usa a expressão "transição" para falar do governo Bolsonaro.

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'Depois do Bolsonaro vão surgir novos líderes, é natural isso', diz Testa
"Depois do Bolsonaro vão surgir novos líderes, é natural isso. Quem tem dificuldadebetmotion linkedinformar lideranças é o PT e o Lula. Tem 50 anos que o Lula influencia a política brasileira e ele não deixa surgir nenhum sucessor", diz o cientista político.
"A direita não tem essa dificuldade, então haverá novos líderes. Dependebetmotion linkedinter um projeto que tenha credibilidade", defende.
Ele cita Tarcísiobetmotion linkedinFreitas como exemplo. "Se fizer uma boa gestãobetmotion linkedinSão Paulo, e é muito provável que ele vá fazer, porque ele é um grande tocadorbetmotion linkedinobras, um grande executivo, ele pode se cacifar para ser um sucessorbetmotion linkedinBolsonaro", avalia.
"E outro é o Zema, que fez uma coisa impressionante lábetmotion linkedinMinas Gerais, recuperou o segundo Estado mais rico do Brasil após gestões desastrosas do PSDB e do PT. Então ele tem um potencial muito grande. Ele é uma figura que não é um radicalbetmotion linkedindireita, é um empresário, um empreendedor, um gestor. Então esse tipobetmotion linkedinpersonagem pode sim comandar uma grande transformação desse país. E outros podem ainda aparecer por aí", acrescenta Testa.
Questionado sobre a dificuldade que governadores do Sudeste enfrentaram desde a redemocratização ao ambicionar a Presidência — a exemplo dos tucanos José Serra, Geraldo Alckmin, João Doria e Aécio Neves —, Testa concorda que o histórico não é favorável.
"Mas o Brasil tem uma desigualdade regional imensa, então não há lideranças [nacionais] no Norte e Nordeste, tem algumas que aparecem no Sul e no Centro-Oeste. Então onde pode surgir alguma liderança com essa capacidade são nesses três grandes centros [Sudeste, Sul e Centro-Oeste]", opina o cientista política ligado ao campo da direita. "Masbetmotion linkedinquatro anos muita coisa pode acontecer, muita coisa pode mudar."
Antibolsonarismo como força política
Embora o bolsonarismo deva seguir vivo no espectro político, a reação a ele também promete se tornar um elemento persistente da política brasileira, como aconteceu com o PT e o antipetismo.
Pesquisa Atlas divulgadabetmotion linkedin24betmotion linkedinoutubro, na semana anterior ao segundo turno, mostrava que, naquele momento, 27% dos brasileiros se diziam bolsonaristas, acima dos 21% que se declaravam petistas. Mas 45% se definiam como antibolsonaristas, acima dos 30% que se diziam antipetistas.
Para Isabela Kalil, no entanto, será preciso mais do que apenas o sentimento antibolsonarista da sociedade civil para pôr freio ao avanço da direita antidemocrática.
"Esse freio vai ter que passar por uma reconstrução da democracia e isso não tem só a ver com a sociedade civil. Uma das coisas que serão fundamentais é o Brasil como sociedade rever a questão da atuação dos militares na política", defende a professora da Fesp, citando que isso já foi feitobetmotion linkedinoutros países da América Latina que passaram por ditaduras militares.
"Outro elemento que eu destacaria é a questão das armas, que precisará ser repensada num processo longo. Mas o ponto é que apenas a sociedade civil não consegue colocar freios ao bolsonarismo, pois o bolsonarismo é um conjuntobetmotion linkedinavançosbetmotion linkedintermos institucionais e da sociedade civil. Então é preciso que as duas coisas sejam combinadas."
*Uma versão anterior desta reportagem informava que o cientista político Antônio Flávio Testa era professor da UnB. Ele não faz parte dos quadros da instituição. O texto foi corrigido.
- Texto originalmente publicadobetmotion linkedinhttp://roberthost1.accountsupport.com/brasil-63439014









