Em meio à covid-19, garimpo avança e se aproximasite de apostasíndios isoladossite de apostasRoraima:site de apostas

  • João Fellet
  • BBC News Brasil en São Paulo
Maloca da comunidade Moxihatëtëma, formada por diveros telhadossite de apostaspalha voltados uns para os outros, com o centro aberto,site de apostasmaio a clareira na floresta

Crédito, Funai

Legenda da foto,

Maloca da comunidade Moxihatëtëma, subgrupo yanomami que vivesite de apostasisolamento voluntário

site de apostas Imagenssite de apostassatélite mostram que garimpeiros estão ampliando suas operações dentro da Terra Indígena Yanomami,site de apostasRoraima e no Amazonas, mesmo durante a pandemia do novo coronavírus.

Segundo um boletim produzido pelo Instituto Socioambiental (ISA), que monitora a atividade na região, houve um aumentosite de apostas3% na área degradada por garimpeiros no território yanomamisite de apostasmarçosite de apostascomparação com fevereiro.

Em uma das frentes, as escavações passaram a ocorrer a cercasite de apostas5 quilômetrossite de apostasuma roça recém-aberta por um subgrupo yanomami que vivesite de apostasisolamento voluntário e jamais recebeu qualquer vacina.

Indígenas são considerados especialmente vulneráveis à pandemia por contasite de apostascostumes que tendem a facilitar a disseminaçãosite de apostasdoenças respiratórias e da ausênciasite de apostashospitaissite de apostasseus territórios.

No casosite de apostasindígenas isolados, os riscos são ainda maiores, pois vários desses grupos não têm qualquer memória imunológica contra outros vírus que podem ser levados por forasteiros e que poderiam agravar um eventual surtosite de apostascovid-19 nas comunidades.

Na última terça-feira, a Secretaria Especialsite de apostasSaúde Indígena (Sesai) divulgou que um jovem yanomami contraiu covid-19 - é o primeiro caso registrado entre a etnia.

O rapaz, que foi levado para a UTIsite de apostasum hospitalsite de apostasBoa Vista, vivesite de apostasuma comunidade na região do rio Uraricoera, onde há circulação intensasite de apostasgarimpeiros.

Maior terra indígena do Brasil

Na fronteira do Brasil com a Venezuela, o território Yanomami é a maior terra indígena do país, com área equivalente àsite de apostasPortugal. Nele vivem cercasite de apostas26 mil membros dos povos yanomami e ye'kwana, distribuídossite de apostas321 aldeias.

Ricosite de apostasdepósitossite de apostasouro, o território é cobiçado por garimpeiros desde a décadasite de apostas1970. Desde então, várias doenças levadas por não indígenas assolaram o grupo.

Segundo o boletim do ISA, os novos focossite de apostasgarimpo degradaram 114 hectares (o equivalente a 114 campossite de apostasfutebol)site de apostasfloresta na Terra Indígena Yanomamisite de apostasmarço.

As regiões que tiveram maior incremento nas escavações foram assite de apostasHakoma e Parima, "que até então não pareciam ter uma atividade tão intensa", segundo o boletim.

Garimpo na Terra Indígena Yanomami

Crédito, Funai

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Novos focossite de apostasgarimpo degradaram 114 hectares (o equivalente a 114 campossite de apostasfutebol)site de apostasfloresta na Terra Indígena Yanomamisite de apostasmarço

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"Este aumento é especialmente preocupante nesse momentosite de apostasameaçasite de apostascontágiosite de apostascovid-19, pois nessas regiões estão localizadas comunidades com menos contato com a sociedade nacional, onde as pessoas, possivelmente, possuem sistemas imunológicos mais sensíveis a este tiposite de apostasenfermidade", diz o documento.

O texto também faz um alerta sobre o avançosite de apostasgarimpeiros na região da Serra da Estrutura, onde um subgrupo yanomami vivesite de apostasisolamento voluntário, sem contato com outras comunidades.

Em março, imagenssite de apostassatélite detectaram uma nova roça atribuída ao grupo isoladosite de apostasum local que fica a cercasite de apostas5 kmsite de apostasuma frentesite de apostasgarimpo ativa na região do rio Novo.

Os autores do boletim dizem acreditar que a roça esteja associada justamente à tentativasite de apostasfundaçãosite de apostasuma nova aldeia perto da zonasite de apostasgarimpo.

"É possível que essa aproximação seja, inclusive, intencional, visando manter uma relaçãosite de apostastroca com os garimpeiros, o que na históriasite de apostascontato dessa sociedade sempre resultousite de apostastragédia para ambos os lados", diz o boletim.

Os autores do texto estimam que haja 10 mil garimpeiros no território. Eles afirmam que até agora não houve qualquer sinalsite de apostasdiminuição nas atividadessite de apostasgarimpo na região por conta da pandemia do novo coronavírus.

A BBC News Brasil questionou a Funai, a Polícia Federal e o Exército sobre o avançosite de apostasgarimpeiros no território yanomami, mas não obteve respostas.

Imagemsite de apostassatélitesite de apostasmarçosite de apostas2020 mostra focossite de apostasgarimpos no rio Mucajaí

Crédito, Planet Labs

Legenda da foto,

Imagemsite de apostassatélitesite de apostasmarçosite de apostas2020 mostra focossite de apostasgarimpos no rio Mucajaí

Os três órgãos fizeram várias operações contra o garimpo na região nos últimos anos.

Em uma das iniciativas mais recentes,site de apostasjaneirosite de apostas2019, um sargento do Exército teve parte da mão decepada ao tentar interceptar um barco que transportava garimpeiros pelo rio Uraricoera.

O piloto jogou a embarcação contra o sargento, que se feriu com a batida. O piloto conseguiu fugir.

Apesar das repetidas operações, os autores do boletim do ISA afirmam que os garimpeiros jamais deixaram o território.

Vários focossite de apostasgarimpo operamsite de apostasáreas com pistassite de apostaspouso clandestinas. Essas pistas conseguem garantir a chegadasite de apostasalimentos e combustível para os garimpeiros mesmo quando forçassite de apostassegurança realizam bloqueios nos rios da região.

Cercados pelo garimpo

Conhecidos como moxihatëtëma thëpë, os indígenas isolados ameaçados pelos garimpeiros pertencem a um subgrupo yanomami monitorado pela Funai há quase uma década. Estima-se que o grupo tenha hoje cercasite de apostas120 integrantes.

Nos anos 1990, houve relatossite de apostasconfrontos que opuseram os moxihatëtëma a garimpeiros e a outras comunidades yanomami nas regiões dos rios Catrimani, Mucajaí e Apiau.

Chegou a se especular que o grupo tivesse sido extinto por conta dos conflitos esite de apostasdoenças, até que sobrevoos identificaram as malocas e roças da comunidadesite de apostas2011.

Nos últimos anos, o grupo vinha se afastandosite de apostasuma frentesite de apostasgarimpo na região do rio Mucajaí. Os indígenas seguem se deslocando na mesma direção, só que agora se aproximamsite de apostasoutra frente no rio Novo.

Históricosite de apostasepidemias

Em O papel político das epidemias: o caso yamomami,site de apostas1993, a antropóloga Alcida Rita Ramos diz que cercasite de apostasmil indígenas - ou 14% da população da etniasite de apostasRoraima na época - morreram por contasite de apostasdoenças no auge da invasão garimpeira, entre 1987 e 1990.

Uma década antes, a construção da rodovia Perimetral Norte na região também expôs as comunidades a epidemias. Entre 1974 e 1975, segundo Ramos, doenças infecciosas mataram 22% da populaçãosite de apostasquatro aldeias yanomami atingidas pelas obras.

Imagemsite de apostassatélitesite de apostasmarçosite de apostas2020 mostra focossite de apostasgarimpo no rio Uraricoera

Crédito, Planet Labs

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"Dois anos depois, mais 50% dos habitantessite de apostasoutras quatro comunidades sucumbiram a uma epidemiasite de apostassarampo", diz a antropóloga. Entre os cercasite de apostas130 indígenas que viviam no rio Apiaú, só sobreviveram 30.

"Desgarrados, acabaram abandonando a área e juntaram-se a outras comunidades. Em fevereirosite de apostas1992, o que fora suas terras era agora uma gigantesca áreasite de apostasqueimadassite de apostasmaissite de apostas30 mil hectares transformadossite de apostasprojetosite de apostascolonização regional."

Em outra região, os 60 remanescentessite de apostasum gruposite de apostas102 indígenas "se dispersaram, abrindo caminho para uma intensa ocupação por colonos brasileiros do que fora terras suas". "Alguns desses yanomami vivem hoje como agregados nos sítios desses colonos", escreveu a antropóloga.

Apelo às autoridades

Em post publicadosite de apostas27site de apostasmarço no Facebook, a Hutukara Associação Yanomami, principal organização indígena da região, divulgou fotos recentessite de apostasgarimpeiros na região do rio Mucajaí.

"Eu quero chamar a atenção das autoridades não indígenas. Na nossa Terra Indígena Yanomami (está) cada vez mais aumentando os garimpeiros ilegais, esses garimpeiros ilegais estão entrando nas comunidades e não são examinados por médicos", diz o post.

A Hutukara cobrou as autoridades a bloquear as seis principais rotassite de apostasacesso às comunidades: os rios Uraricuera, Mucajaí, Ajarani, Catrimani, Demini e Marauiá.

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