Quem são os wajãpi, guardiõesbetano e confiavelterra cobiçada por garimpeiros ilegais e mineradoras:betano e confiavel
- Fernanda Odilla*
- Da BBC News Brasilbetano e confiavelLondres

Crédito, Fiona Watson/Survival International
Povo indígena, que ocupa território no Amapá e na Guiana Francesa e quase foi dizimado nos anos 1970 após contato com não-índios, é reconhecido por conseguir manter o equilíbrio entre o passado e presente
betano e confiavel O povo wajãpi é guardiãobetano e confiaveluma terra ricabetano e confiavelouro e ferrobetano e confiavelcercabetano e confiavel607 mil hectares, uma área equivalente a quatro cidadesbetano e confiavelSão Paulo delimitada pelos rios Oiapoque, Jari e Araguari, no oeste do Amapá.
Chegaram ao local depoisbetano e confiaveluma travessia épica pelo rio Amazonas. Descendentes dos Guaiapi, falantes da língua da família Tupi, os wajãpi saíram do baixo rio Xingu, no norte do Pará, no século 18 rumo ao território hoje ocupado pelo Amapá e pela Guiana Francesa.
Sempre mantiveram o estilobetano e confiavelvida, tradições, rituais e autonomia. Vivem da caça e da agricultura e tentam defenderbetano e confiavelterra como podem - com arcos, flechas, lanças e até armasbetano e confiavelfogo, estas devidamente registradas e autorizadas pela Polícia Federal, segundo eles, e com a ajudabetano e confiavelorganizações governamentais e não governamentais.
Homologada e registradabetano e confiavel1996, a terra indígena wajãpi, localizada entre os municípios amapaensesbetano e confiavelPedra Branca do Amapari e Laranjal do Jari, é cobiçada por garimpeiros e caçadoresbetano e confiavelpelesbetano e confiavelanimais e tem sido alvobetano e confiavelinvasões frequentes.
Desde os anos 1970, os wajãpi têm uma relação conturbada e traumática com garimpeiros e mineradores. No início dos anos 1970, uma epidemiabetano e confiavelsarampo, disseminada após contato com homens brancos, causou a mortebetano e confiavelquase cem indivíduos wajãpi, incluindo adultos e crianças.
Na semana passada, a morte do cacique Emyra Waiãpi e duas invasões relatadas pelo Conselho das Aldeias Wajãpi colocarambetano e confiavelevidência o alto nívelbetano e confiaveltensão na região no momento.
Em nota divulgada no domingo, 28betano e confiaveljulho, o Conselho das Aldeias Wajãpi disse que um grupobetano e confiavelinvasores armados entrou na sexta-feira (26) na aldeia Yvytotõ, ocupou uma casa e ameaçou os moradores, que fugiram no dia seguinte do local.

Crédito, Fiona Watson/Survival International
Os wajãpi tinham o costumebetano e confiavelamarrar invasores e entregá-los à Polícia Federal, hoje estão organizados num conselho com diretoria e site
No sábado, moradoresbetano e confiaveloutra aldeia, a Karapijuty, teriam avistado um possível invasor nos arredores.
O cacique Emyra Waiãpi havia sido encontrado morto no dia 22 - a Polícia Federal, que foi ao local com representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do batalhãobetano e confiaveloperações especiais da polícia do Amapá, abriu inquérito para investigar a morte dele.
Bolsonaro põebetano e confiaveldúvida assassinatobetano e confiavellíder indígena
Ao comentar a morte do cacique no Amapá, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse não haver indício fortebetano e confiavelque ele tenha sido assassinado.
Foi a primeira vez que o presidente se manifestou sobre o incidente. "Não tem nenhum indício forte que esse índio foi assassinado lá. Chegaram várias possibilidades, a PF está lá, quem nós pudermos mandar nós já mandamos. Buscarei desvendar o caso e mostrar a verdade sobre isso aí", afirmou o presidente, ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã desta segunda-feira (29).
De acordo com a nota do conselho wajãpi, não houve testemunhas, mas parentes examinaram o local e "encontraram rastros e outros sinaisbetano e confiavelque a morte teria sido causada por pessoas não indígenas".

Crédito, Fiona Watson/Survival International
Os wajãpi são considerados um povo festivo e amistoso, mas que coleciona experiências traumáticas com garimpeiros e mineradoras
Alémbetano e confiavelcolocarbetano e confiaveldúvida o assassinato, Bolsonaro também reiterou quebetano e confiavelintenção é regulamentar o garimpo e autorizar a exploraçãobetano e confiavelminérios dentrobetano e confiavelterritório indígena.
"É intenção minha regulamentar garimpo, legalizar o garimpo. Inclusive para índio, que tem que ter o direitobetano e confiavelexplorar o garimpo nabetano e confiavelpropriedade. Terra indígena é como se fosse propriedade dele. Lógico, ONGsbetano e confiaveloutros países não querem, querem que o índio continue preso num zoológico animal, como se fosse um ser humano pré-histórico", afirmou o presidente.
Para Bolsonaro, as demarcações indígenas estão "inviabilizando o negócio" no Brasil.
Históriabetano e confiavelresistência
Segundo Fiona Watson, pesquisadora da ONG Survival International, a história dos wajãpi ébetano e confiavelresistência, resiliência e sobrevivência. "Eles são os guardiões da floresta. Dependem da floresta e mantêm uma relação espiritual com ela. Por isso, resistem a tudo que pode destruí-la", diz.
Watson declara não se opor à mineraçãobetano e confiavelterras indígenas desde que seja uma escolha dos guardiões da terra, que pertence à União. "Tem que ter o consentimento dos índios, a decisão tem que ser deles porque a terra é deles", afirma, argumentando que o governo deveria se empenhar maisbetano e confiavelproteger as terras indígenas uma vez que a legislação atualmente proíbe mineraçãobetano e confiavelterras ocupadas por indígenas.
Os wajãpi, por exemplo, são contra a exploração mineralbetano e confiavelseu território. Apesarbetano e confiavelserem considerados um povo festivo e amistoso, eles declararam guerra aos garimpeiros e às mineradoras depoisbetano e confiavelcolecionarem experiências traumáticas.

Crédito, Fiona Watson/Survival International
Os wajãpi contabilizam 57 celebrações
Primeiro contato
Hoje, são aproximadamente 900 wajãpi vivendobetano e confiavel49 aldeias. Na Guiana Francesa, no alto rio Oiapoque, vivem outros 1.100.
"Mas esse povo quase desapareceu nos anos 1970", conta Watson, lembrando que os wajãpi foram vítimasbetano e confiavelmalária e sarampo contraídos depois do contato com não-índios.
O primeiro contato com a Fundação Nacional do Índio (Funai) foibetano e confiavel1973, quando a rodovia Perimetral Norte BR-210 começou a ser construída na região onde estavam os wajãpi.
No ano seguinte à chegada da Funai, eram apenas sete dezenas deles, segundo relatou um ex-chefe do posto local da Fundação ao Jornal do Brasilbetano e confiavel1993.
A estrada facilitou o acesso às terras protegidas pelos wajãpi. Chegaram caçadores, garimpeiros e, mais recentemente, empresasbetano e confiavelmineração demonstraram interessebetano e confiavelexplorar na região jazidasbetano e confiavelouro, cassiterita, manganês e tântalo.
Mas a antropóloga da Universidadebetano e confiavelSão Paulo (USP), Dominique Gallois, estudiosa do povo wajãpi, relatou no Facebook que "experiências trágicas" dos wajãpi com garimpeiros são anteriores à chegada da Funai.

Crédito, Fiona Watson/Survival International
O primeiro contato dos wajãpi com a Funai foibetano e confiavel1973
Entre 1971 e 1973, escreveu Gallois, levasbetano e confiavelgarimpeiros invadiram a bacia do rio Karapanaty, explorando ouro nas proximidades da aldeia Karavõvõ.
"Prometiam trazer mercadorias e conseguiram apoio dos índios, que os abasteciam com caça, lenha e alimentos. Na verdade, depoisbetano e confiavelcercabetano e confiavelum anobetano e confiavelconvivência conturbada, fugiram e deixaram a populaçãobetano e confiavelcinco aldeias da região infectadas com sarampo", relatou a professora.
Segundo ela, maisbetano e confiavel80 adultos e crianças morreram, "abandonados pelos que se diziam seus amigos".
Gallois diz que a Funai chegou mais tarde,betano e confiavel1973, "para afastar os índios do trajeto da estrada Perimetral Norte, construída na época e abandonadabetano e confiavel1976", depoisbetano e confiavelter avançado cercabetano e confiavel30 quilômetros para dentro da área indígena.
Estratégiabetano e confiaveldefesa
"Pouco a pouco, os wajãpi encontraram estratégias para se defender e logo que sabiam da presençabetano e confiavelinvasores, os procuravam, amarravam e levavam à Funai para que fossem entregues à Polícia Federal", escreveu a professora, dizendo que esses episódios aconteceram várias vezes entre 1985 e 1992.
Em 1994, eles criaram o Conselho das Aldeias Apina para reivindicar direitos e passaram a denunciarbetano e confiavelforma mais organizada e sistemática as sucessivas tentativasbetano e confiavelingresso. O Conselho, que tem site e diretoria com mandato, tem também um documento com detalhes sobre as tradições do povo wajãpi.
Eles são reconhecidos por manter o equilíbrio entre o passado e o presente, vivem dos recursos da floresta e mantêm rituais e tradições curiosas - como, na hora do casamento, dar a própria irmã para se casar com o irmão da noiva ou se casar também com a irmã solteira da noiva.

Crédito, Conselho das Aldeias Wajãpi
Material produzido pelos wajãpi com apoio da Funai explica rituais e tradições mantidas pelo povo que vive no Amapá e na Guiana Francesa
Quem escolhe o nome da criança wajãpi são os avós e os pais. "Nós usamos os nomesbetano e confiavelnossos antepassados para colocar nome nas crianças", explicam. Crianças podem se chamar pelo nome, mas quando se é jovem ou adulto, não. "É impossível chamar a pessoa pelo nome próprio, senão ela fica brava", explicam - os wajãpi se chamam pelo graubetano e confiavelparentesco.
Há palavras que só as mulheres falam e outras que apenas os homens pronunciam.
'Não fazemos festa sem beber'
Os wajãpi são festeiros. Celebram a pesca, a colheita, têm 57 celebrações diferentes. "Não fazemos festa sem beber. A festa é uma troca,betano e confiavelquem dá caxiri e quem vem cantar e dançar". O caxiri, bebida fermentada à basebetano e confiavelmandioca, é preparado pelas mulheres da aldeia.
Ele é usado tambémbetano e confiavelrituais mais doloridos. As meninas, depois da primeira menstruação, recebem picadasbetano e confiavelformigas "para ficar forte". A mãe dá à filha o caxiri para não sentir dor e o pai - ou alguém que trabalha, é caçador e fala bem - busca e aplica a formiga.
"Eles mantêm o estilobetano e confiavelvida e os rituais. Mas também interagem,betano e confiavelespecial os mais jovens", diz Fiona Watson, da ONG Survival International, dizendo que eles são conscientesbetano e confiavelque precisam se defender como podem.
Os wajãpi também têm escolas, postosbetano e confiavelsaúde e salasbetano e confiavelreuniões.
Muitos falam português e, os que têm direito a usar armasbetano e confiavelfogo fizerambetano e confiavel2018 testesbetano e confiaveltiro, avaliação psicológica e comportamental, sob a supervisão da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
Uma wajãpi no governo Bolsonaro
Há também wajãpi no Exército e no governo Bolsonaro.
Silvia Nobre Wajãpi,betano e confiavel42 anos, fez parte da equipebetano e confiaveltransição do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e,betano e confiavelabril, foi nomeada secretáriabetano e confiavelSaúde Indígena.
Segundo reportagem da Folhabetano e confiavelS.Paulo, ela já foi moradorabetano e confiavelrua, vendedorabetano e confiavellivros, atriz, atleta, fisioterapeuta e primeira índia militar - entrou para o Exércitobetano e confiavel2010.
O Ministério da Saúde informa,betano e confiavelseu site, que ela nasceu numa tribo wajãpi, no interior do Amapá. Aos quatro anos, sofreu um acidente e foi levada para a cidade a fimbetano e confiavelser operada.

Crédito, Fiona Watson/Survival International
Ninguém esperava que, tantos anos depois, surgisse novamente o pesadelo das invasõesbetano e confiavelgarimpeiros, disse professora da USP
Como não podia voltar para a aldeia, devido aos graves problemasbetano e confiavelsaúde, foi criada, inicialmente, por um professor que iniciou a alfabetizaçãobetano e confiavelSilvia. "Silvia sempre manteve os laços com o seu pai, cacique Seremete, na aldeia para onde volta uma vez por ano nas férias", diz o Ministério da Saúde.
Apesarbetano e confiavelterem conseguido manter o estilobetano e confiavelvida, tradições e rituais mesmo depois do contato com não-índios e, ao mesmo tempo, interagir com não-índios, Fiona Watson, da Survival International, alerta que episódios como as invasões recentes mostram que o povo wajãpi estábetano e confiavelsituação vulnerável.
"Ninguém esperava que, tantos anos depois, surgisse novamente o pesadelo das invasõesbetano e confiavelgarimpeiros. Voltou à tona o medo das violências e da contaminação por doenças", escreveu Dominique Gallois, da USP.
*Colaborou Nathália Passarinho

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