'Competíamos para ver quem tinha mais químico nas mãos': O holandês que foiapostar na bet365 é crimeentusiastaapostar na bet365 é crimeagrotóxicos a pioneiroapostar na bet365 é crimeorgânicos no Brasil:apostar na bet365 é crime
- Camilla Costa - @_camillacosta
- Da BBC News Brasilapostar na bet365 é crimeSão Paulo

Crédito, Sítio A Boa Terra
Joop e Tini se conheceram no Brasil, mas ambos vieramapostar na bet365 é crimefamílias grandes e ligadas à terra na Holanda; juntos, descobriram paixão por orgânicos
apostar na bet365 é crime O holandês Joop Stoltenborg se lembra bemapostar na bet365 é crimequando o primeiro agrotóxico chegou ao sítioapostar na bet365 é crimesua família na Holanda,apostar na bet365 é crime1955, quando tinha 15 anos. Era um herbicida que deixava a pele amarelada.
"Nós ficamos muito felizes. Arrancar o mato à mão demorava dias e pulverizando, demorávamos apenas algumas horas. Aos domingos, quando eu encontrava a galera, a gente olhava quem tinha as mãos mais amarelasapostar na bet365 é crimeherbicida. Quanto mais amarelo, mais moderna e pop era a pessoa", disse à BBC News Brasil.
Quando estava com cercaapostar na bet365 é crime40 anos, Joop era,apostar na bet365 é crimesuas próprias palavras, um "especialistaapostar na bet365 é crimeveneno". "Importei livros com descrições sobre centenasapostar na bet365 é crimeagrotóxicos: o que era bom para qual praga, a dosagem e o grauapostar na bet365 é crimetoxicidadeapostar na bet365 é crimecada um."
Hoje, aos 79 anos, o holandês é um dos pioneiros da agricultura orgânica no Brasil - seu sítio é o sétimo certificado como orgânico no país - e um forte opositor dos agrotóxicos.
Em uma palestra no evento Food Forum,apostar na bet365 é crimeSão Paulo, no último mêsapostar na bet365 é crimemarço, ele começou colocando cuidadosamente uma máscara e borrifando venenoapostar na bet365 é crimeum pratoapostar na bet365 é crimesalada fresca.
"Aqui eu usei só a dose permitida, dentro das normas. Agora quero ver quem quer comer essa comida", desafia.
O Brasil é um dos maiores consumidoresapostar na bet365 é crimeagrotóxicos no mundo, e permite o usoapostar na bet365 é crimedezenasapostar na bet365 é crimesubstâncias que já foram proibidasapostar na bet365 é crimeoutros países.
Nas últimas semanas, deputados tentaram algumas vezes votar,apostar na bet365 é crimecomissão especial, o Projetoapostar na bet365 é crimeLei (PL) 6.299/2002, que pretende reformular a lei atual sobre registro, fiscalização e controleapostar na bet365 é crimeagrotóxicos. A votação na Comissão Especial da Câmara dos Deputados foi adiada quatro vezes e deveria ter sido concluído na quarta-feira. Após um debate caloroso, no entanto, a sessão foi encerrada sem nova data para a votação.
O projeto, proposto originalmente pelo ex-senador e atual ministro da Agricultura Blairo Maggi (PP-MT) e cujo relator é o deputado Luiz Nishimori (PR-PR), também quer concentrar no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a avaliação toxicológica das substâncias e aprovação do seu uso.
Atualmente, os agrotóxicos precisam ter uma avaliação toxicológica feita pela Anvisa, uma avaliação ambiental feita pelo Ibama e uma avaliação agronômica feita pelo Ministério. A nova lei dá ao Ministério mais poderesapostar na bet365 é crimeaprovar ou reprovar registros.

Crédito, Sítio A Boa Terra
"Quem não gostaapostar na bet365 é crimeagrotóxicos fica criativo", diz agricultor holandês sobre necessidadeapostar na bet365 é crimeencontrar técnicas alternativasapostar na bet365 é crimecultivo
O debate vem causando polêmica entre ruralistas, a favor do PL, e órgãos como Anvisa, Ibama e Conselho Nacionalapostar na bet365 é crimeSegurança Alimentar e Nutricional (Consea), que se posicionam contra.
Os produtores reclamam da demora na liberação dos agrotóxicos e dizem que, quando o governo autoriza a aplicação, os produtos já estão obsoletos. Opositores, porapostar na bet365 é crimevez, afirmam que a nova medida favoreceria apenas os fabricantes dos químicos, facilitando a entradaapostar na bet365 é crimeprodutos possivelmente danosos à saúde e ao ambiente no mercado.
"Eu não estou tão preocupado com a vindaapostar na bet365 é crimenovos produtos porque acredito que a tendênciaapostar na bet365 é crimetodo mundo é que eles sejam cada vez menos tóxicos", contemporiza Joop.
"Mas o Brasil precisa retirar os agrotóxicos que estão no mercado. Ninguém quer comer comida com veneno, mas as pessoas estão comendo."
Históriasapostar na bet365 é crimecontaminação
A trajetóriaapostar na bet365 é crimeJoop -apostar na bet365 é crimeentusiasta do usoapostar na bet365 é crimequímicos na agricultura a ativista antiagrotóxicos - incluiu um período trabalhandoapostar na bet365 é crimeplantações mecanizadas no Canadá e uma viagemapostar na bet365 é crimemilharesapostar na bet365 é crimequilômetros até o Brasil,apostar na bet365 é crimeum Fusca, com um amigo.
"Viajando pelos países da América do Sul, deu pra ver que o Brasil estava crescendo. Era 1965, e aqui havia muito mais máquinas, estradas, caminhões, a indústria estava começando. Deu para ver um ânimo diferente dos outros países."
A viagem terminouapostar na bet365 é crimeHolambra 2, colônia holandesa no interiorapostar na bet365 é crimeSão Paulo, na casaapostar na bet365 é crimeum tio que já morava no país. Foi onde Joop conheceu Tini, também holandesa,apostar na bet365 é crimefamília grande e ligada à terra.
Juntos, eles tiveram três filhas e duas netas, e criaram o Sítio A Boa Terra que,apostar na bet365 é crime1981, se tornou o sétimo produtorapostar na bet365 é crimeorgânicos certificado pela Associaçãoapostar na bet365 é crimeCertificação Instituto Biodinâmico, a maior do país.

Crédito, Arquivo pessoal
Na Holanda, agrotóxicos começaram a ser usados por pequenos produtores nos anos 1950, quando Joop tinha 15 anos: "Ficamos muito felizes, era o que haviaapostar na bet365 é crimemelhor"
"Decidimos pararapostar na bet365 é crimeusar agrotóxicos depois que tivemos vários acidentes. O irmãoapostar na bet365 é crimeTini foi intoxicado pelo vazamentoapostar na bet365 é crimeuma máquinaapostar na bet365 é crimepulverizar, e o veneno penetrou nos rins. Ele ficou muitos meses na cama e até hoje sofre com problemas renais", afirma.
"Uma vez, estávamos plantando bulbosapostar na bet365 é crimeflores e colocando um agrotóxicoapostar na bet365 é crimecima dos bulbos para matar pragas. Atrásapostar na bet365 é crimenós vinha um funcionário com um burro, que caiu morto no fim do dia. Tinha cheirado a substância o dia inteiro. Também já tivemos que levar três funcionários para o hospital por intoxicação grave depoisapostar na bet365 é crimeusarmos um veneno misturado às sementesapostar na bet365 é crimemilho. Tudo isso mexeu muito comigo."
A transição, no entanto, levou cercaapostar na bet365 é crime10 anos, e precisouapostar na bet365 é crimeuma boa doseapostar na bet365 é crime"criatividade", segundo o agricultor.
Pedidoapostar na bet365 é crimeajuda na internet
Inicialmente, Joop e Tini tentaram - e conseguiram - diminuir o usoapostar na bet365 é crimeagrotóxicos seguindo uma estratégia chamada manejo integradoapostar na bet365 é crimepragas,apostar na bet365 é crimeque aplicavam agrotóxicosapostar na bet365 é crimeum ponto específico da germinação.
Isso permitiu, diz o holandês, que eles passassem a aplicar apenas 30% da quantidadeapostar na bet365 é crimeherbicida normalmente recomendada.
"Nessa época também ouvimos falar do uso do lança-chamas para o controleapostar na bet365 é crimeervas daninhas, por exemplo, na plantaçãoapostar na bet365 é crimecenouras. Pedimos ajuda na internet para saber como usar e uma pessoa da Escandinávia até nos mandou um livro pelo correio."
"Você normalmente semeia a cenoura, e ela começa a nascerapostar na bet365 é crimeoito dias. Mas 80% das ervas daninhas crescem antes da cenoura. Aí no sexto dia, por exemplo, você passa uma chama que mata essas ervas e depoisapostar na bet365 é crimeuns dias nasce a cenoura tranquilamente, sem mato", descreve.
Hoje, o sítio da famíliaapostar na bet365 é crimeorigem holandesa também produz tomatesapostar na bet365 é crimeestufa usando apenas produtos com certificado orgânico e faz rotaçãoapostar na bet365 é crimeculturas. A monocultura, segundo especialistas, está associada à necessidade maiorapostar na bet365 é crimeagrotóxicos, já que altera o ecossistema e favorece o surgimentoapostar na bet365 é crimepragas e insetos.

Crédito, Arquivo pessoal
Joop saiu do Canadá para o Brasil, com um amigo,apostar na bet365 é crimeum Fusca; aqui, foi recebido por tio que já trabalhava na agricultura
"Alémapostar na bet365 é crimeplantarmos vários produtos, também deixamos crescer um poucoapostar na bet365 é crimemato. Na agricultura convencional existe um fanatismoapostar na bet365 é crimecombater até o último mato, é quase uma doença."
"Mas se você deixa um pouco, a diversidadeapostar na bet365 é crimeplantas atrai uma diversidadeapostar na bet365 é crimeinsetos. E aí você garante que os inimigos naturais das pragas também estejam lá. Se você tem pulgões, terá joaninhas que comem os pulgões", explica.
Ele admite, no entanto, que a produção é mais difícil sem agrotóxicos, e exige mais cuidados e investimento - coisa que muitos pequenos agricultores não estão aptos a fazer.
"É fácilapostar na bet365 é crimecondenar quem ainda usa (os químicos), mas não é tão fácilapostar na bet365 é crimemudar. Eu entendo isso. Ainda falta apoio para investirmos na tecnologiaapostar na bet365 é crimeproduzir orgânicos."
Desafioapostar na bet365 é crimemanter e mudar hábitosapostar na bet365 é crimeconsumo
O setorapostar na bet365 é crimeorgânicos movimenta maisapostar na bet365 é crimeR$ 3 bilhões e cresce cercaapostar na bet365 é crime20% a cada ano no Brasil, segundo o Organis - Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável. Cercaapostar na bet365 é crime70% deste mercado corresponde a alimentos produzidos dessa forma e certificados por organismos credenciados no Ministérioapostar na bet365 é crimeAgricultura, Pecuária e Abastecimento. Os outros 30% correspondem a cosméticos, roupas, produtosapostar na bet365 é crimelimpeza e outros.
Mas, apesar do crescimento, Joop diz que ainda é difícil para pequenos agricultores seguirem esse caminho.
Com 30 funcionários, o Sítio A Boa Terra produz couve-flor, brócolis, abobrinha, batata inglesa, batata doce, beterraba, cenoura, gengibre, inhame, mandioca, milho, pepino japonês, alho, quiabo, rabanete, tomate cereja, tomate e açafrão, alémapostar na bet365 é crimefolhas - diversos tipoapostar na bet365 é crimealface, almeirão, escarola, rúcula, couve-manteiga, espinafre, repolho e temperosapostar na bet365 é crimegeral.
Semanalmente, eles enviam para assinantes uma cestaapostar na bet365 é crimeprodutos orgânicos que tem, além daapostar na bet365 é crimecolheita, produtosapostar na bet365 é crimeparceiros. Mas a manutenção dos consumidores, ele diz, é um dos principais desafios.

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Sítio produz 30 variedadesapostar na bet365 é crimeorgânicos mas principal desafio é manter clientes fidelizados
"Temos muitos clientes entrando e saindo, mas os que permanecem ainda são poucos. As pessoas também questionam o preço, mas é preciso lembrar que na agricultura convencional, o produtor tem uma máquina que substitui 10, 20, 40 homens", afirma.
Como exemplo, ele explica que um hectareapostar na bet365 é crimebatata pode ser cultivado por apenas uma pessoa na agricultura convencional. O manejo orgânico, no entanto, requer pelo menos oito.
"Aliás, todo mundo sabe que batata inglesa é o que mais precisaapostar na bet365 é crimeagrotóxicos para produzir. Só que o Brasil tem raízes bem melhores que essa. A batata doce,apostar na bet365 é crimetermosapostar na bet365 é crimenutrientes, é dez vezes melhor. Se o consumidor passar a consumir mais inhame, batata doce, cará, mandioca, mandioquinha, a mudança não fica impossível. O consumidor ajuda os agricultores a procurar outros produtos."




