Por que ter filhos prejudica mulheres e favorece pais no mercadoapostas online caixatrabalho:apostas online caixa

apostas online caixa "Nós não contratamos". Foi assim que o donoapostas online caixauma lojaapostas online caixaroupas no Brás, regiãoapostas online caixacomércio popularapostas online caixaSão Paulo, encerrou a entrevistaapostas online caixaemprego com a maquiadora Thaa Rodrigues, há menosapostas online caixadois meses. O motivo da reprovação foi a resposta à última pergunta do empregador: Rodrigues havia acabadoapostas online caixadizer que é mãeapostas online caixaduas crianças.

Um dia antes, a gerente do estabelecimento, com quem ela tivera uma primeira conversa, demonstrara interesse nos quase dez anosapostas online caixaexperiência na áreaapostas online caixavarejo que a paulistanaapostas online caixa26 anos, moradora do bairroapostas online caixaGuaianases, trazia no currículo.

Nunca uma entrevistaapostas online caixaemprego tinha acabadoapostas online caixaforma tão abrupta, mas a situação não era exatamente nova. "Em geral, depois do 'Quantos filhos você tem?', eles perguntam 'Mas você é pelo menos casada, não é?'", diz Rodrigues, que não vive com o pai das crianças.

Esse tipoapostas online caixaconstrangimento faz parte do dia a diaapostas online caixaquem tenta conciliar maternidade e trabalho fora e explica,apostas online caixaparte, porque o desemprego é estruturalmente mais alto entre as mulheres com filhos. Essa é a conclusão da economista e pesquisadora do Insper Regina Madalozzo, que conduziu um estudo com 700 moradoresapostas online caixa30 bairros da periferiaapostas online caixaSão Paulo com pelo menos um filhoapostas online caixaaté seis anos. Madalozzo constatou que a discriminação é quase tão determinante quanto a faltaapostas online caixacreches para afastar as mães do mercadoapostas online caixatrabalho.

No levantamento, feitoapostas online caixa2012 e publicado recentementeapostas online caixarevistas científicas, 38% das mulheres casadas que não trabalhavam disseram que gostariamapostas online caixaestar empregadas. Destas, praticamente metade se queixavaapostas online caixanão ter com quem deixar os filhos e metade afirmava não conseguir encontrar emprego.

Já entre as mães que não moravam com o companheiro, a minoria, 43%, estava sem trabalhar porque preferia, enquanto 34% diziam não encontrar emprego e 23%, não ter acesso a escola ou creche. Os relatosapostas online caixadiscriminação direta por parte dos potenciais empregadores foram predominantesapostas online caixaambos os grupos entre as mulheres que disseram sentir dificuldade para encontrar uma vaga.

Na contramão, parte dos homens entrevistados disse perceber alterações positivasapostas online caixasuas relaçõesapostas online caixatrabalho depois da chegada do primeiro filho. "De forma geral, eles afirmam que a paternidade os fez mais responsáveis e que os patrões perceberam e os recompensam por isso", destaca Madalozzo.

A constatação, ela diz, é reforçada por uma sérieapostas online caixaestudos que mostram que a paternidade vem geralmente acompanhada por um prêmio salarial, enquanto a maternidade desacelera a trajetóriaapostas online caixacrescimento da remuneração das mulheres.

Madalozzo cita entre os exemplos nesse sentido o trabalho da chefe do departamentoapostas online caixasociologia da Universidadeapostas online caixaMassachusetts, Michelle Budig, intitulado The fatherhood bonus and the motherhood penalty ("O bônus da paternidade e o fardo da maternidade").

No caso da pesquisa brasileira, essa distinçãoapostas online caixatratamento do mercadoapostas online caixatrabalho refletiriaapostas online caixaparte a dinâmica das famílias,apostas online caixaque as mães são as principais responsáveis pelas crianças e os pais "têm a possibilidadeapostas online caixaescolher 'ajudar' suas mulheres com esta responsabilidade quando se sentem inclinados a isso".

"O que nos chamou atenção é que a maioria dos homens tinha consciência do quanto as mulheres trabalhavamapostas online caixacasa. As pessoas já sabem, o que falta é mudar (a distribuição das tarefas)", avalia a economista.

A discriminação atinge mulheresapostas online caixatodas as classes sociais, diz a professora do Insper. Ela é mais dramática, contudo, entre as mãesapostas online caixabaixa renda, que não têm a opçãoapostas online caixacontratar uma babá ou, como define a economista,apostas online caixa"terceirizar os cuidados e o trabalho doméstico ao setor privado".

"As entrevistasapostas online caixaemprego são muito mais invasivas. Não se pergunta apenas se ela tem filho, mas como vai 'se virar' quando a criança ficar doente, quando alguma urgência aparecer".

Rodrigues começou a trabalhar aos 15 anos, para ajudar nas despesasapostas online caixacasa. Foi vendedora, caixa, recepcionista e, desde que descobriu que queria trabalhar com beleza, já fez cursosapostas online caixadepilação, desenhoapostas online caixasobrancelhas e maquiagem.

Hoje ela concilia o trabalhoapostas online caixamaquiadora, que faz sob demanda porque ainda "não paga todas as contas", com o empregoapostas online caixahorário comercialapostas online caixauma lojaapostas online caixailuminação na rua Santa Ifigênia, no centroapostas online caixaSão Paulo - vaga que conquistou há pouco maisapostas online caixaum mês, depoisapostas online caixauma entrevista "bem mais tranquila" do que a da loja no Brás.

O trajetoapostas online caixacasa ao trabalho dura pouco maisapostas online caixauma hora. Enquanto ela está fora, a filhaapostas online caixa9 anos e o filhoapostas online caixa5 estão na escola ou aos cuidados da família, que se reveza para ajudá-la. "Eu sei que muitas meninas não têm a mesma sorte que eu", diz ela.

Rede informalapostas online caixacuidados

A falta crônicaapostas online caixavagasapostas online caixacreches e pré-escolas torna praticamente imprescindível que exista uma rede apoio às mães para que elas tenham condiçõesapostas online caixatrabalhar fora.

Entre as mulheresapostas online caixaidade ativa no Brasil, apenas 52% participam do mercadoapostas online caixatrabalho, empregadas ouapostas online caixabuscaapostas online caixacolocação, mostra a Pesquisa Nacional por Amostraapostas online caixaDomicílios Contínua (Pnad), referente ao primeiro trimestre deste ano. O percentual é 20 pontos inferior à taxaapostas online caixaparticipação dos homens, 72%.

Na pesquisa do Insper, intitulada Como famíliasapostas online caixabaixa rendaapostas online caixaSão Paulo conciliam trabalho e família?, 70%apostas online caixatodos os entrevistados, homens e mulheres, relataram receber ajudaapostas online caixaoutras mulheres para cuidar dos filhos.

"As mulheresapostas online caixaalta renda contam com asapostas online caixabaixa renda e essas últimas, com as mães, avós, cunhadas, irmãs. É uma rede completamente feminina", observa Madalozzo.

Com uma redeapostas online caixaapoio mais frágil e sentindo necessidadeapostas online caixaestar próxima das crianças, a soteropolitana Luana Assis optou pelo trabalho informal, que tem um rotina mais flexível, quando seu terceiro filho nasceu, há poucos meses. "Minha mãe também é nova, precisa trabalhar e não pode cuidar dos meninos", diz ela.

Hoje com 23 anos, a moradora do bairro Periperi, na região norteapostas online caixaSalvador, começou a trabalhar aos 17, como atendenteapostas online caixatelemarketing. Cercaapostas online caixaum ano e meio atrás, ela abriu uma pequena lanchonete pertoapostas online caixacasa, para tentar conciliar o trabalho com uma vida mais perto dos filhos.

Com o agravamento da crise, contudo, o movimento caiu e ela teve que fechar o negócio. "Vendi tudo e comecei a trabalhar como diarista". Quando ela sai para o serviço, as crianças ficam com a prima, que mora perto.

Com o que ganha, ela sustenta as crianças e economiza para começar um curso técnicoapostas online caixaenfermagem, seu planoapostas online caixalongo prazo para voltar a ter carteira assinada. Os sacrifíciosapostas online caixahoje ela defineapostas online caixauma frase: "É coisa pequena perto do que quero conquistar na vida".