Eleiçãobet3y5Crivella não é prenúncio para novas vitórias evangélicas, dizem analistas:bet3y5

  • Mariana Schreiber
  • Da BBC Brasilbet3y5Brasília
Marcelo Crivella comemorabet3y5eleição

Crédito, Ag Brasil

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Para especialistas, eleiçãobet3y5Marcelo Crivella é um marco, porém não indica uma tendênciabet3y5eleiçãobet3y5outras lideranças ligadas a igrejas pentecostais para o Poder Executivo

bet3y5 A eleiçãobet3y5Marcelo Crivella como prefeito do Riobet3y5Janeiro está sendo interpretada como um marco importante do crescente peso dos evangélicos na política brasileira.

Sua vitória, porém, não indica uma tendênciabet3y5eleiçãobet3y5outras lideranças ligadas a igrejas pentecostais para cargosbet3y5destaque no Poder Executivo (como governadores e Presidência da República), avaliam estudiosos da relação entre política e religião ouvidos pela BBC Brasil.

Para esses especialistas, a eleiçãobet3y5Marcelo Crivella é resultadobet3y5uma conjunçãobet3y5fatores que se somaram à força do segmento evangélico.

Os analistas também consideram que, uma vez empossado, o prefeito da segunda maior metrópole brasileira tenderá a moderar o seu discursobet3y5buscabet3y5possibilitar a formaçãobet3y5alianças.

Para os entrevistados, o bispo licenciado da Igreja Universal se beneficioubet3y5uma ondabet3y5direita conservadora que ganhou espaço no vácuo deixado pelo encolhimento do PT e da esquerda.

'Contexto específico'

Mas o fenômeno não se aplica necessariamente a outros casos.

Na opiniãobet3y5Gerson Moraes, professorbet3y5ética e filosofia política da Universidade Presbiteriana Mackenzie, as lideranças fortemente associadas às igrejas evangélicas ainda estão "bem distantes"bet3y5conquistar a Presidência da República e devem continuar mais fortes no Congresso ebet3y5assembleias legislativas.

Segundo o sociólogo da USP Ricardo Mariano, "um contexto específico" desta eleição permitiu que Crivella ganhasse a prefeitura do Rio, após duas tentativas fracassadas para este cargo e outras duas derrotas para o governo do Estado.

Um fator importante, destaca ele, foi o PMDB, um partidobet3y5centro, ter ficadobet3y5fora da disputa final. Apesar da alta rejeição a Pedro Paulo, acusadobet3y5bater na ex-mulher, o prefeito Eduardo Paes insistiu nabet3y5candidatura e acabou derrotado no primeiro turno.

Com isso, Crivella acabou enfrentando Marcelo Freixo (PSOL) um candidato com perfil muitobet3y5esquerda, justamente num momentobet3y5que a direita ganha força no país. Sua campanha procurou associar o candidato psolista ao "comunismo" e a valores moralmente "contrários aos da família tradicional".

"Crivella foi muito atacado novamente porbet3y5ligação com a Igreja Universal. Pezão (governador do Rio) fez isso dois anos atrás e foi suficiente para derrotá-lo. Dessa vez, havia um outro contexto", nota Mariano.

"As pesquisas indicavam que maisbet3y580% dos evangélicos votariambet3y5Crivella. Nem sempre os evangélicos optambet3y5peso pelo mesmo candidato, mas a rejeição ao Freixo produziu esse apoio mais sólido", acrescenta.

Marcelo Freixo

Crédito, Ag Brasil

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Para os cariocas, Marcelo Freixo (PSOL) seria um candidato com perfil muitobet3y5esquerda, justamente num momentobet3y5que a direita ganha força no país, na opinião dos analistas

Gerson Moraes considera que dois fatores levaram à rejeiçãobet3y5Freixo pelo eleitorado mais conservador, não só evangélico. Por um lado, o discurso forte quebet3y5candidatura adotou pela igualdade gênero. E por outro a sólida oposição do seu partido ao impeachmentbet3y5Dilma Rousseff, que acabou "colando" o PSOL à imagem do desgastado PT.

"Não foram apenas os evangélicos que votaram no Crivella. Sua eleição se deve muito ao esfacelamento da esquerda", resume.

Pragmatismo

Para vencer a eleição, Crivella também adotou um discurso mais moderado do que o tom normalmente usado por parlamentares da chamada bancada evangélica. Pediu desculpas por declarações homofóbicas no passado e se comprometeu a manter o financiamento da prefeitura à Parada Gay e ao Carnaval.

"Por que se falabet3y5conservadorismo se nós temos aqui, por exemplo, todo o respeito às manifestações das minorias? Se há algum preconceito religioso, isso vai sumir na minha administração. Se houver preconceito contra a comunidade LGBT, vamos lutar contra", disse o prefeito eleito nesta segunda, segundo o jornal Folhabet3y5S.Paulo.

Por outro lado, ele reforçou seu compromisso "contra liberação das drogas, legalização do aborto e a discussãobet3y5ideologiabet3y5gênero nas escolas".

"São valores e princípios da nossa cidadania que emanam do povo e o político precisa defendê-los. Precisa ser portador desses valores. Valores da família e da vida", disse, segundo o jornal.

Crivella ao lado da mulher, Sylvia

Crédito, AFP

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Para vencer a eleição, Crivella também adotou um discurso mais moderado do que o tom normalmente usado por parlamentares da chamada bancada evangélica

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Gerson Moraes considera inevitável que Crivella mantenha o tom mais moderado para poder formar as alianças necessárias para governar - e no Rio, destaca, prevalece uma tendênciabet3y5centro no sistema político.

"A tendência é ir secularizando o discurso. Os evangélicos podem estar muito felizes, mas o governo tende a ser um governo como qualquer outro. Um governobet3y5esquerda precisa fazer alianças para governar, e umbet3y5direita, também".

Ricardo Mariano nota que o partidobet3y5Crivella, o PRB, legenda ligada à Universal, tem uma trajetória mais pragmática que o PSC, sigla que abriga mais evangélicos ligados à Assembleiabet3y5Deus.

O PRB, por exemplo, sempre foi aliado dos governos petistas, tendo ocupado ministérios, e hoje comanda uma pasta do governo Temer (Indústria, Comércio Exterior e Serviços).

Nabet3y5visão, esse viés pragmático deve continuar na gestão carioca, até porque o sucesso do governo Crivella será fundamental para o futuro político do grupo que representa.

"O Riobet3y5Janeiro é uma vitrine importante. Crivella precisa fazer um governobet3y5razoável para bom, se não vai queimar o PRB e a Universal."

bet3y5 Segmento crescente

Segundo o último Censo nacional realizado pelo IBGE, os evangélicos são o grupo religioso que mais cresce no país e representavam 22% da populaçãobet3y52010. Ainda assim, seguem bem atrás dos católicos, que eram 65%.

Moraes destaca que o grupo não é homogêneo e que outras igrejas importantes, como Mundial do Poderbet3y5Deus e Internacional da Graçabet3y5Deus, ainda não têm a força para chegar ao patamar político da Universal.

Mariano concorda que parece improvável os evangélicos tenham votos suficientes para eleger governadores ou mais prefeitosbet3y5capitais relevantes, mas ressalta que esse grupo "pode ter um peso considerável (na decisão dos pleitos), principalmentebet3y5disputasbet3y5segundo turno".

Não à toa a ex-presidente Dilma Rousseff recorreu ao apoio desses eleitores para conseguir vencer a acirrada eleiçãobet3y52014.

Um vídeo disponível na internet mostra uma participaçãobet3y5- com um semblante um tanto constrangido -bet3y5um culto da Assembleiabet3y5Deus naquele ano junto com o então deputado federal Eduardo Cunha, depois principal algozbet3y5seu impeachment.