As críticas que levaram governo Lula a suspender cronograma do Novo Ensino Médio:roleta sportingbet

Entre as principais mudanças propostas pelo Novo Ensino Médio (NEM) estão:

O ministro da Educação disse que assinaria ainda nesta terça a suspensão formal da portaria 521, publicadaroleta sportingbet13roleta sportingbetjulhoroleta sportingbet2021, que inicia o cronogramaroleta sportingbetaplicação do Novo Ensino Médio.

"Como há ainda esse novo processoroleta sportingbetdiscussão, nós vamos suspender essa portaria para que, a partir dessa finalização dessa discussão, a gente possa tomar as decisões", afirmou Camilo, segundo o portalroleta sportingbetnotícias G1.

Atualmente está sendo realizada uma consulta pública sobre o Novo Ensino Médio — iniciadaroleta sportingbet9roleta sportingbetmarço e com duraçãoroleta sportingbet90 dias. Depois haverá um mês para elaboração do relatório com as manifestações e sugestões.

"Vamos apenas suspender as questões que vão definir um novo Enemroleta sportingbet2024 por 60 dias. E vamos ampliar a discussão. O ideal é que, num processo democrático, a gente possa escutar a todos. Principalmente, quem está lá na ponta, que são os alunos, os professores e aqueles que executam a política, que são os Estados", declarou o ministro.

Divisão na base lulista

Mesmo antesroleta sportingbetser eleito, Lula já era pressionado porroleta sportingbetbase para derrubar a reforma.

Em junho do ano passado, uma carta aberta assinada por maisroleta sportingbet50 entidades — como sindicatosroleta sportingbetprofessores e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) — pediu a revogação da medida.

Segundo o documento, ela foi implementada pelo governoroleta sportingbetMichel Temer e "ganhou continuidade natural no governoroleta sportingbetextrema-direita eroleta sportingbetviés conservadorroleta sportingbetJair Bolsonaro".

Mas o ministro da Educação, que é do PT, já havia se posicionado na semana passada contra a derrubada do projeto — o que permaneceu no pronunciamento desta terça.

"Simplesmente revogar e voltar ao passado eu não vejo que é o caminho”, disse Camiloroleta sportingbetevento do Lide Ceará,roleta sportingbetacordo com o Diário do Nordeste.

Depois da eleição, o gruporoleta sportingbettransição do governo Lula se dividiu entre aqueles que queriam a revogação da reforma e os que preferem seu aperfeiçoamento.

Vitorroleta sportingbetAngelo, presidente do Conselho Nacionalroleta sportingbetSecretáriosroleta sportingbetEducação (Consed) e secretário do Espírito Santo, disse que a "reforma careceroleta sportingbetajustes", mas que "a revogação seria apagar o caminho percorrido até aqui, literalmente jogar fora o esforço empreendido pelas redes estaduaisroleta sportingbetensino até o momento e nos lançar num cenárioroleta sportingbetabsoluta incerteza".

Confira pontos da reforma que vêm sendo alvoroleta sportingbetdiscussões.

Tempo das aulas e ensino a distância

Uma das principais marcas da reforma é a divisão da carga horáriaroleta sportingbet60% para a formação geral básica, pela qual todos os alunos passam, e com os outros 40% voltados para os chamados itinerários formativos, projetados para dar mais flexibilidade ao currículo e para aproximar o estudanteroleta sportingbetseus interesses.

Antes da reforma, a carga horária eraroleta sportingbet800 horasroleta sportingbetaula para cada ano do ensino médio — totalizando 2.400 horas para o segmento.

Com as mudanças, ampliou-se esse valor para no mínimo 3.000 horas. E há um teto para a formação geral básica: ela não pode passarroleta sportingbet1.800 horas.

Para Olavo Nogueira Filho, diretor-executivo da organização Todos Pela Educação, esse teto deve ser alterado pois é "muito baixo" —roleta sportingbetuma escolaroleta sportingbettempo integral, por exemplo, o tempo dedicado às disciplinas obrigatórias acaba bastante diluído.

Nogueira também critica a possibilidaderoleta sportingbetque até 20% da carga horária do ensino médio — e até 30% do ensino médio noturno — seja realizada via ensino a distância. Para ele, esta regra é "um risco para a precarização".

"Não defendemos a revogação completa. Dito isso, a qualidade do desenho da política é crucial, e temos observado muitas falhas. Por isso defendemos ajustes substanciais", diz Nogueira.

'Itinerários': expectativa versus realidade

Já Fernando Cássio, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) e integrante do comitê diretivo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, defende a revogação total da reforma para "pensar um modelo que seja minimamente democrático, que não seja excludente".

Ele critica particularmente os itinerários ao citar um estudo da Rede Escola Pública e Universidade (Repu), da qual faz parte, relacionando o leque reduzidoroleta sportingbetdisciplinas eletivas na rede pública à faltaroleta sportingbetcondições materiais (salasroleta sportingbetaula disponíveis, equipes docentes).

O estudo da Repu mostrou que, nas escolas estaduaisroleta sportingbetSão Pauloroleta sportingbetque a reforma do ensino médio já foi implementada, 22,1% das aulas dos itinerários do 1º semestre ainda não haviam sido atribuídas a nenhum professor.

Na prática, segundo o documento, "é como se os estudantes tivessem um dia letivo a menos por semana por faltaroleta sportingbetprofessores".

Outra crítica estároleta sportingbetdisciplinas eletivas como "Brigadeiro Gourmet", "Mundo Pet" e "Torne-se Um Milionário" que foram introduzidas nesses itinerários.

Em entrevista ao jornal Folharoleta sportingbetS.Paulo, o ex-ministro da Educação Mendonça Filho (União Brasil),roleta sportingbetcuja gestão foi instituído o projeto do Novo Ensino Médio, declarou que as questões apontadas são exceções.

"Alerto apenas para que exceções e possíveis desvios não sejam usados para manipular o debate, que deve ser sério, apenas para servir a interesses que não sejam o da educaçãoroleta sportingbetqualidade."

A Secretaria da Educação do Estadoroleta sportingbetSão Paulo disse que a nova gestão "segueroleta sportingbetdiálogo com os estudantes e rede escolar, buscando aprimorarroleta sportingbetforma colaborativa as estratégiasroleta sportingbetandamento [...] a Pasta estuda ajustar o NEM para que se tenha menos itinerários e novas abordagens exploradas,roleta sportingbetforma que possa ocorrer reavaliação da distribuição da carga horária".

Fernando Cássio, no entanto, afirma que o problema é mais amplo.

"A questão é que a reforma do não entrega nada do que promete. Pelo contrário, ela piorou a escola. Os alunos não têm aula. O problema é menos a coisa esdrúxula do brigadeiro gourmet e mais o fatoroleta sportingbetque não tem professor, não tem aula, que as redesroleta sportingbetensino não são capazesroleta sportingbetoferecer a carga letiva mínima obrigatória pela lei."

Débora Goulart, professora do departamentoroleta sportingbetCiências Sociais da Universidade Federalroleta sportingbetSão Paulo (Unifesp), critica o que considera faltaroleta sportingbet"pensamento crítico"roleta sportingbetalgumas dessas novas disciplinas.

"Nas chamadas competências emocionais desse novo currículo há disciplinas como 'Projetoroleta sportingbetVida'. E o que é isso? É discutir como sobreviver com autogestão, resiliência, autocontrole e perseverança nesse novo mundo do trabalho, precarizado e uberizado. Mas não existe uma discussão crítica sobre essas novas formasroleta sportingbettrabalho, e sim uma aceitação delas."

Nogueira, da Todos Pela Educação, defende que é preciso definir melhor os itinerários formativos, "hoje muito amplos". Mas, para ele, a crítica não deve significar o abandono da propostaroleta sportingbetflexibilidade para os estudantes do ensino médio — marcado por altos índicesroleta sportingbetevasão escolar.

"Acreditamos que a essência da reforma, que busca aumentar a carga horária, avançar um currículo mais atrativo com um ensino profissionalizante, aponta no sentido desejável", diz o diretor-executivo da organização.

"O modelo antigo brasileiro é anacrônico."

Diretor-geral do Colégio Marista Arquidiocesano,roleta sportingbetSão Paulo (SP), Everson Ramos também aponta para os itinerários formativos como uma das inovações benéficas da reforma, mas reconhece queroleta sportingbetaplicação pode ser desigual.

No colégio particular que dirige, Ramos afirma que os itinerários já estãoroleta sportingbetusoroleta sportingbettodos os anos do ensino médio desde 2018 e têm "uma boa adesão e motivação dos educadores, estudantes e da comunidaderoleta sportingbetgeral".

"Se a reforma for revogada, acreditamos que podemos manter os pontos que promoveram avanços na formação dos nossos estudantes. Infelizmente essa não é a realidade para muitos dos estudantes brasileiros", diz o diretor.

"O mesmo ensino médio que, para alguns, é inclusivo, transformador, significativo, emancipador e consistente, para muitos pode ser exatamente o contrário, a depender do contexto no qual ele está inserido. Entendemos que mudanças são necessárias e que ajustes e correçãoroleta sportingbetrumos são sempre bem vindas."

Faltaroleta sportingbetdiálogo e suporte

Para Fernando Cássio, a reforma deve ser revogada porqueroleta sportingbetessência é equivocada.

"Não vejo que essa reforma possa produzir outra coisa que não o aprofundamentoroleta sportingbetdesigualdades. E ela não é 'reformável' ou 'ajustável'. Porque do ponto conceitual ela foi feita para baratear a educação pública dos mais pobres", afirma.

"Basta lembrar que 88% dos estudantes do país no ensino médio estão na escola pública."

Goulart concorda: "O desenho dessa política [da reforma] é uma alteração do pontoroleta sportingbetvista curricular. Mas não altera o financiamento, não altera a formaçãoroleta sportingbetprofessores, não altera a estrutura física, não altera o investimento".

"A gente tem historicamente um problemaroleta sportingbetrelação ao ensino médio, que não tem política específica para seu fortalecimento, para a permanência dos estudantes. É uma etapa que ainda não está universalizada. E aí você tem uma reforma que fragmenta todo o ensino médio."

Na épocaroleta sportingbetque o projeto foi apresentado pelo governo Temer, houve críticas por ele ter surgido como uma medida provisória — que tem tramitação rápida e parte do Executivo.

Em 2018, o Banco Mundial firmou um acordo com o governo brasileiro para emprestar US$ 250 milhões (dos quais já foram desembolsados 68,45%) que,roleta sportingbetparte, servem para financiar atividades ligadas à reforma do ensino médio.

Olavo Nogueira Filho critica mais os capítulos posteriores, o da implementação.

"A última gestão do Ministério da Educação, no governo Bolsonaro, virou as costas para o Novo Ensino Médio. Os estados atuaram por conta própria. Isso gerou uma implementação muito desigual Brasil afora", afirma.

O presidente da Todos pela Educação diz esperar que a faltaroleta sportingbetdiálogo não se repita.

"A hora é justamenteroleta sportingbetmuito diálogo e escuta. É o momentoroleta sportingbetpromover a consulta pública anunciada, identificar os desafios que as escolas estão encontrando e construir um verdadeiro Novo Ensino Médio. Neste sentido, é importante ver o Ministério da Educação reassumindo a coordenação nacional sobre o tema, após quatro anosroleta sportingbetabandono na gestão anterior", diz Nogueira.

Mendonça Filho,roleta sportingbetentrevista à Rádio Jornalroleta sportingbetPernambuco, defendeu a reforma dizendo que "o Índiceroleta sportingbetDesenvolvimento da Educação Básica [Ideb] estava estagnado há cercaroleta sportingbetdez anosroleta sportingbet[um índice de] 3.8. A avaliação do Sistemaroleta sportingbetAvaliação da Educação Básica (Saeb), que avalia a educação básica do Brasil, colocava o desempenho dos alunos brasileiros do ensino médio como insuficienteroleta sportingbetportuguês, matemática e ciência. Um desastre completo".

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