Por que feijão está sumindo do prato dos brasileiros :novibet bonus de boas vindas

Segundo o levantamento da UFMG, não consumir feijão está associado a uma chance 10% maiornovibet bonus de boas vindasdesenvolver excessonovibet bonus de boas vindaspeso e 20% maiornovibet bonus de boas vindasobesidade,novibet bonus de boas vindasrelação à parcela da população que consome o produto com alguma frequência.

A importância histórica, nutricional e social do feijão

"O feijão surgiunovibet bonus de boas vindasuma miscigenação das nossas heranças culinárias", observa a nutricionista Fernanda Serra Granado, que pesquisou o temanovibet bonus de boas vindasseu doutorado na UFMG.

Segundo ela, a leguminosa já era um alimento nativo na América, conhecido pelos indígenas, que consumiam os grãos sem caldo, mesmo antes da colonização portuguesa.

Os portugueses acrescentaram o caldo, uma solução encontrada pelas senhoras europeias para umedecer a comida nativa, que elas consideravam muito seca. Trazidos ao Brasil escravizados, os africanos também consumiam o alimento, adicionando seus saberes ao preparo.

Mas a construção do feijão como um símbolo nacional só vai acontecer bem mais para frente, durante o Modernismo Brasileiro dos anos 1920.

"Aí ele é expressonovibet bonus de boas vindaspoesia,novibet bonus de boas vindasmúsicas e é reconhecido como esse símbolo identitário da nossa tradição culinária", diz Granado.

Em termos nutricionais, o feijão é riconovibet bonus de boas vindasproteínas e minerais, incluindo o ferro, além das vitaminas C e do complexo B (à exceção da B12,novibet bonus de boas vindasorigem animal) e fibras solúveis e insolúveis, importantes para o bom funcionamento da digestão.

"Alémnovibet bonus de boas vindaster um excelente perfil nutritivo e ser importante para manutenção da saúde da população, o feijão é um marcadornovibet bonus de boas vindasqualidade da dieta", afirma a pesquisadora.

"Isso porque o indivíduo, quando consome feijão, acaba complementando o prato com outros alimentos saudáveis, como arroz, vegetais, salada e uma proteína animal. Então,novibet bonus de boas vindasgeral, o feijão é um dos componentesnovibet bonus de boas vindasuma refeição nutricionalmente equilibrada."

Além da tradição histórica e do valor nutricional, a pesquisadora destaca a importância social do feijão na dieta brasileira.

"O feijão é um elementonovibet bonus de boas vindassegurança alimentar e nutricional, porque a alimentação saudável é um direito da população, previsto na Constituição", observa a nutricionista.

O cumprimento desse direito implica no acesso a alimentos saudáveis,novibet bonus de boas vindasforma permanente, regular,novibet bonus de boas vindasquantidade suficiente, sem que isso comprometa outras necessidades essenciais da vida, como moradia, vestuário, entre outras.

"Por ser um alimento saudável e acessível, o feijão é um elemento importantenovibet bonus de boas vindastermos sociais para garantia da segurança alimentar e nutricional", conclui Granado.

Como foi feito o estudo da UFMG

Para analisar a evolução do consumonovibet bonus de boas vindasfeijão nos últimos anos no Brasil, a pesquisadora usou dados do Vigitel (Sistemanovibet bonus de boas vindasVigilâncianovibet bonus de boas vindasFatoresnovibet bonus de boas vindasRisco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), pesquisa feita anualmente por telefone pelo Ministério da Saúde.

"A POF [Pesquisanovibet bonus de boas vindasOrçamentos Familiares] do IBGEnovibet bonus de boas vindas2017 já mostrava uma reduçãonovibet bonus de boas vindas7% na participação dos alimentos in natura no consumo dos brasileiros. Ao mesmo tempo, mostrava um aumentonovibet bonus de boas vindas46% nos ultraprocessados,novibet bonus de boas vindasrelação a 2002", observa Granado.

"Foi isso que me instigou a investigar a tendência no consumo do feijão", explica.

Analisando dados do Vigitelnovibet bonus de boas vindasmaisnovibet bonus de boas vindas500 mil adultos entre 2007 e 2017, a pesquisadora observou uma tendêncianovibet bonus de boas vindasqueda do consumo da leguminosa entre 2012 e 2017. A redução aconteceu entre homens e mulheres,novibet bonus de boas vindastodas as faixas etárias.

A partir da observação do passado, ela então utilizou métodos estatísticos para projetar o que deve acontecer à frente, até 2030.

"Para nossa surpresa, vimos essa inversãonovibet bonus de boas vindas2025, quando o consumo regular,novibet bonus de boas vindas5 a 7 dias por semana, vai perder prevalência para o consumo não regular,novibet bonus de boas vindas1 a 4 dias", diz Granado.

"Entre as mulheres, a estimativa énovibet bonus de boas vindasque essa mudança já tenha acontecido no ano passado [em 2022], e para os homens, vai acontecernovibet bonus de boas vindas2029", detalha a especialista.

O que explica a quedanovibet bonus de boas vindasconsumo nos últimos anos

Mudanças culturais e o avanço dos ultraprocessados – alimentos calóricos enovibet bonus de boas vindasbaixo valor nutricional – estão no centro da redução do consumonovibet bonus de boas vindasfeijão, segundo a pesquisadora.

"Na décadanovibet bonus de boas vindas1980, há a entrada das grandes transnacionaisnovibet bonus de boas vindasalimentos no Brasil e o avanço da participação das mulheres no mercadonovibet bonus de boas vindastrabalho, o que causa uma modificação no perfilnovibet bonus de boas vindasconsumo da população, com os ultraprocessados sendo percebidos como uma solução prática para o dia a dia", observa a nutricionista.

"Com o passar do tempo, há também uma perdanovibet bonus de boas vindaspráticas culinárias, da habilidadenovibet bonus de boas vindassinovibet bonus de boas vindaspreparar os alimentos, com a tradiçãonovibet bonus de boas vindasreceitas que passavam entre gerações que começa a se perder."

Um terceiro fator que pesa na reduçãonovibet bonus de boas vindasconsumo do feijão é o aumentonovibet bonus de boas vindaspreços do produto, observa a especialista.

Em 11 anos, entre janeironovibet bonus de boas vindas2012 e janeironovibet bonus de boas vindas2023, o feijão carioca acumula altanovibet bonus de boas vindaspreçosnovibet bonus de boas vindas122% e o feijão preto,novibet bonus de boas vindas186%, comparado a uma inflação geralnovibet bonus de boas vindas89% no período, segundo o IPC (Índicenovibet bonus de boas vindasPreços ao Consumidor) da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Ou seja,novibet bonus de boas vindaspouco maisnovibet bonus de boas vindasuma década, o feijão carioca dobrounovibet bonus de boas vindaspreço e o feijão preto, quase triplicou.

Um dos fatores que explica esse encarecimento é a perdanovibet bonus de boas vindasespaço da produção agrícolanovibet bonus de boas vindasfeijão para commodities como a soja e o milho, explica Granado.

Segundo dados da Conab (Companhia Nacionalnovibet bonus de boas vindasAbastecimento), a área plantadanovibet bonus de boas vindasfeijão no Brasil na safra 2022-2023 deverá sernovibet bonus de boas vindasapenas 859 mil hectares, a menor da série histórica com inícionovibet bonus de boas vindas1976. O número representa uma reduçãonovibet bonus de boas vindas65%novibet bonus de boas vindasrelação ao momentonovibet bonus de boas vindasauge, na safra 1981/1982.

"O produtor acaba abandonando a produçãonovibet bonus de boas vindasfeijão e outros alimentos que possuem valor agregado menornovibet bonus de boas vindascomparação a commodities como soja e milho, que têm safras muito mais lucrativas, com demanda internacional", observa Granado.

Por fim, com relação à queda maior do consumo entre as mulheres, a especialista avalia que isso pode ser fruto da dupla jornada, que pode estar fazendo com que elas optem com mais frequência pela conveniência dos ultraprocessados.

Quais as consequências para a saúdenovibet bonus de boas vindascomer menos feijão

O estudo da UFMG investigou ainda a relação entre o consumo ou nãonovibet bonus de boas vindasfeijão e a obesidade.

Segundo o levantamento, os indivíduos que consomem feijãonovibet bonus de boas vindasforma regular,novibet bonus de boas vindas5 a 7 vezes por semana, têm chance 14% menornovibet bonus de boas vindasdesenvolver sobrepeso e 15% menornovibet bonus de boas vindasserem obesos.

Já o não consumo é um fatornovibet bonus de boas vindasrisco, com 10%novibet bonus de boas vindaschance maiornovibet bonus de boas vindasexcessonovibet bonus de boas vindaspeso e 20%novibet bonus de boas vindaspossibilidade maiornovibet bonus de boas vindasobesidade.

"Concluímos com isso a importância das nossas escolhas alimentares sobre o nosso perfilnovibet bonus de boas vindassaúde", diz Granado.

"O indivíduo que não consome feijão, ou consome uma ou duas vezes por semana – o que não é suficiente – tem um fatornovibet bonus de boas vindasrisco porque, muito provavelmente, nos diasnovibet bonus de boas vindasque ele tira o feijãonovibet bonus de boas vindassua alimentação durante a semana, ele está fazendo opções não saudáveis. São essas opções que contribuem para o maior ganhonovibet bonus de boas vindaspeso."

O que o poder público pode fazer para mudar esse quadro

Para Granado, para mudar esse quadro é preciso uma revalorização do feijão como um elemento da nossa cultura, um alimento símbolo e parte da identidade nacional do país.

Para isso, ela sugere que seria desejável uma maior tributação dos alimentos ultraprocessados e pouco saudáveis. Países como França e México já adotam taxação mais alta para bebidas açucaradas, por exemplo, com bons resultados, cita a especialista.

Outro passo importante é a rotulagem nutricional. Granado avalia que o Brasil avançou nesse sentido com o novo padrãonovibet bonus de boas vindasrotulagem,novibet bonus de boas vindasvigor desde outubronovibet bonus de boas vindas2022, que indica a presençanovibet bonus de boas vindasalto teornovibet bonus de boas vindassódio, gordura e açúcar nos alimentos.

"Isso contribui para o consumidor ter uma consciência melhor dos alimentos que ele está adquirindo e para que possa fazer escolhas melhores", afirma.

Por fim, a nutricionista defende que, além da taxação dos alimentos não saudáveis, seria desejável subsidiar os saudáveis, por exemplo, por meio do incentivo à agricultura familiar, para que o produto chegue a um preço mais baixo às prateleiras, estimulando o consumo.

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