O antigo império asiático que floresceu e morreu por conta da água:bwin aposta

O império se estendia por grande parte dos atuais Camboja, Laos, Tailândia e Vietnã, e abrigava o maior centro urbano pré-industrial do mundo — a cidadebwin apostaAngkor.

Para imortalizar este local sagrado que fica a cercabwin aposta50 km ao norte da cidadebwin apostaSiem Reap, 1.000 lingas — símbolo fálico que representa o deus hindu Shiva — foram esculpidas no leito do riobwin apostaKbal Spean,bwin apostaonde a água flui para as planíciesbwin apostaAngkor e para o Lago Tonle Sap.

Ainda hoje, esta água é considerada sagrada, e acredita-se que seu poder cura doenças e traz sorte.

"Este é um lugar muito especial para os cambojanos; é uma parte importante da nossa história", conta Peng.

"Todos os anos, minha família visita o Monte Kulen como parte dos nossos rituaisbwin apostaAno Novo Khmer. Levamos doaçõesbwin apostaalimentos para deixar no templo e derramamos águabwin apostaKbal Spean na gente para trazer boa sorte."

A bênção espiritualbwin apostaJayavarman II marcou o início da estreita relação do Impériobwin apostaAngkor com a água.

No entanto, só quando a capital mudou para Rolous e,bwin apostaseguida, parabwin apostaúltima morada por maisbwin apostacinco séculos — Angkor —, que os engenheiros foram capazesbwin apostausar suas habilidades para criar o intrincado sistemabwin apostaágua que alimentou a ascensão e a queda do império.

"As planíciesbwin apostaAngkor são ideais para o florescimentobwin apostaum império", explica Dan Penny, pesquisador do departamentobwin apostageociências da Universidadebwin apostaSydney, na Austrália, que estudou Angkor exaustivamente.

"Há vastos recursos, como solo bom para (plantio de) arroz perto do Lago Tonle Sap. O lago é um dos locaisbwin apostapesca continental mais produtivos do mundo, e Angkor fica bem na costa norte desta enorme tigelabwin apostacomida. Angkor cresceu e se tornou um sucesso apoiada nestes recursos."

Nas décadasbwin aposta1950 e 1960, o arqueólogo francês Bernard Philippe Groslier usou a arqueologia aérea para reconstruir o traçado das antigas cidadesbwin apostaAngkor.

O resultado revelou seu vasto alcance e a complexidadebwin apostasua redebwin apostagestãobwin apostarecursos hídricos, o que levou Groslier a apelidar Angkorbwin aposta"Cidade Hidráulica".

Desde então, arqueólogos realizaram pesquisas extensas sobrebwin apostaredebwin apostaágua e o papel vital que a mesma desempenhou.

Em 2012, a verdadeira extensão do seu sistema hídrico, que abrange 1.000 km2, foi revelada por meio da tecnologiabwin apostaescaneamento aéreo a laser LiDAR, sob a liderança do arqueólogo Damian Evans, pesquisador da École Française d'Extrême-Orient.

"As peças que faltavam no quebra-cabeça ficaram claras", afirma Evans.

"Estamos trabalhando agorabwin apostaum estudo que é o mapa final e definitivobwin apostaAngkor, ele mostra a imagem real, incluindo o sistema hídrico A água foi um dos segredos do sucesso do império."

Para criar uma cidade do seu tamanho, os canais artificiais escavados para direcionar a águabwin apostaPhnom Kulen para as planíciesbwin apostaAngkor foram essenciais parabwin apostaconstrução.

Eles foram usados ​​para transportar os cercabwin aposta10 milhõesbwin apostatijolosbwin apostaarenito, alguns com até 1.500 kg, que estima-se terem sido utilizados para erguer Angkor.

Alémbwin apostagarantir fornecimentobwin apostaágua o ano todobwin apostaum climabwin apostamonções para abastecer a população, a agricultura e a pecuária, o sistema hídrico alimenta as fundações que mantiveram os templosbwin apostapé por séculos.

O solo arenoso por si só não é suficiente para suportar o peso das pedras.

No entanto, os engenheiros descobriram que a misturabwin apostaareia e água cria bases estáveis,bwin apostamodo que os fossos que circundam cada templo foram projetados para fornecer um suprimento constantebwin apostaágua subterrânea.

Isso criou fundações fortes o suficiente para manter os templos estáveis ​​e evitar que desmoronassem séculos depois.

Ao longo da história do império, sucessivos reis expandiram, restauraram e aprimoraram a complexa redebwin apostaáguabwin apostaAngkor.

Isso contempla uma impressionante redebwin apostacanais, diques, fossos, barays (reservatórios) — o West Baray é a maior e mais antiga estrutura feita pelo homem que pode ser vista do espaço, com 7,8 kmbwin apostacomprimento e 2,1 kmbwin apostalargura —, assim como uma engenharia sofisticada para controlar o fluxobwin apostaágua.

"O sistema hídricobwin apostaAngkor é único devido àbwin apostadimensão", diz Penny.

"Há muitos exemplosbwin apostacidades históricas com sistemas elaboradosbwin apostagestãobwin apostarecursos hídricos, mas nada parecido com isso. A dimensão dos reservatórios, por exemplo. A quantidadebwin apostaágua que o West Baray armazena é incrível."

'É estonteante; é um mar'

No entanto, embora tenha sido a água que contribuiu para a ascensão do Impériobwin apostaAngkor, foi também a água que contribuiu parabwin apostaderrocada.

"Está claro que a redebwin apostagestãobwin apostarecursos hídricos foi muito importante para o crescimento da cidade e gerou riqueza e poder", diz Penny.

"Mas à medida que ficava cada vez mais complexa e maior, se tornou o calcanharbwin apostaAquiles da própria cidade."

Uma pesquisa revela que no final do século 14 e início do século 15, mudanças climáticas dramáticas causaram chuvasbwin apostamonções prolongadas seguidasbwin apostasecas intensas.

Estas mudanças climáticas afetaram a redebwin apostagestãobwin apostarecursos hídricos, contribuindo para a posterior queda do poderoso império.

"A cidade inteira estava sendo golpeada por estas enormes variações climáticas", explica Penny.

"A dimensão da rede ebwin apostainterdependência significou que o distúrbio enorme das secas, e a iniciativa das pessoasbwin apostamudarem o sistema para lidar com isso, seguida por anos muito chuvosos, destruíram algumas partes. Isso fragmentou toda a rede, tornando-a inutilizável."

Pesquisas mais aprofundadas sugerem que essas mudanças climáticas, combinadas com o colapso do sistema hídrico e o aumento dos ataques dos vizinhos siameses, levaram a capital a mudar para Oudong.

"Os livrosbwin apostahistória dizem que o fimbwin apostaAngkor aconteceu porque os siameses a invadirambwin aposta1431", diz Damian.

"Não acho que isso tenha acontecido. As evidências que temos indicam que foi mais a longo prazo. A pressãobwin apostagrandes secas, o colapso do sistemabwin apostagestãobwin apostarecursos hídricos, os constantes ataques dos siameses e a expansão das rotas marítimas, tudo isso contribuiu."

Seja como for, uma vez que Angkor foi abandonada, foi tomada pela natureza.

Embora o povo local estivesse ciente dos monumentos antigos, eles foram cobertos pela selva e ficaram ocultos do resto do mundo até 1860, quando foram "redescobertos" pelo explorador francês Henri Mouhot.

Isso deu início a uma sériebwin apostagrandes projetosbwin apostarestauração que continuam até hoje.

Nas últimas duas décadas, o Camboja registrou um grande aumento no númerobwin apostaturistas que se aglomeram no Parque Arqueológicobwin apostaAngkor Wat para ficar à sombra dos templos Angkor Wat, Ta Prohm e Bayon. Em 2019, 2,2 milhõesbwin apostapessoas visitaram o local.

O surgimentobwin apostahotéis, restaurantes e turistas colocou uma forte pressão sobre a demanda por água, causando uma drástica escassez.

Como os templos dependembwin apostaum suprimento constantebwin apostaágua subterrânea para permanecerbwin apostapé, isso gerou preocupação com a preservação do sítio arqueológico listado como patrimônio mundial pela Unesco.

O aumento na demanda por água, juntamente a severas inundaçõesbwin apostamonçõesbwin aposta2009 a 2011, levou a uma ampla restauração do antigo sistema hídrico.

Socheata Heng, donabwin apostauma pousada nos arredoresbwin apostaSiem Reap, lembra das enchentesbwin aposta2011 — a pior da provínciabwin aposta50 anos.

"Causou muitos estragos", diz ela.

"Plantações foram destruídas, comunidades tiveram que ser retiradasbwin apostasuas casas, e a água entrou na minha pousada. Foi devastador."

Liderado pela Autoridade Nacional APSARA, responsável pela proteção do Parque Arqueológicobwin apostaAngkor, o projetobwin apostarestauração renovou muitos dos barays e vias fluviais do sistema hidráulico, incluindo o fossobwin aposta12 kmbwin apostaAngkor Thom, o West Baray e a bacia real do século 10, Srah Srang.

Estes esforços ajudaram a combater a escassezbwin apostaágua provocada pelo forte aumentobwin apostaturistas e também a prevenir as graves inundações sofridasbwin apostatoda a província entre 2009 e 2011.

Isso significa que hoje, o vasto sistema que remonta a séculos continua a matar a sedebwin apostaSiem Reap, fornecendo um abastecimento constantebwin apostaágua, evitando inundações devastadoras e oferecendo as fundações que manterão os templos sagradosbwin apostaAngkor estáveis ​​no futuro.

"A renovação dos barays e dos sistemas hídricos fornecem água para irrigação, então eles se tornaram parte da paisagem agráriabwin apostahoje, ao mesmo tempo que ajudam a estabilizar os templos", diz Evans.

"É realmente incrível que este sistemabwin apostagerenciamentobwin apostarecursos hídricos ainda esteja a serviçobwin apostaSiem Reap."

bwin aposta Leia a íntegra desta reportagem bwin aposta (em inglês) no site BBC Travel bwin aposta .

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