Exposição retrata passadocasas de apostas brasilviolência colonial da Holanda que inclui Brasil:casas de apostas brasil

Crédito, Rijksmuseum
Muitas vezes pensada como algo que foi perpetrado por uma minoria no exterior, a escravidão permeou todos os níveis da sociedade, tanto nas colônias quantocasas de apostas brasilterritório nacional, e deixou um legado que ainda está presente no país hoje.
É o que revela uma nova exposição no Rijksmuseum.
"Não era apenas a elite, mas também artesãos que ganhavam a vida como subcontratantes ou fornecedores, como ferreiros e carpinteiros trabalhando nos cais ou escrivães fazendo contratos. Se você olhar para toda a cadeia, então (a escravidão) está muito mais entremeada na sociedade holandesa do que costumávamos dizer", afirma Eveline Sint Nicolaas, curadoracasas de apostas brasilhistória do Rijksmuseum, à BBC Culture.
"Acho que é importante dizer aos nossos visitantes que não é apenas a história que aconteceu lá longe nas colônias, é na verdade a nossa história nacional e envolve todos nós."
Os protestantes holandeses inicialmente relutaramcasas de apostas brasilse envolver no tráficocasas de apostas brasilpessoas escravizadas, com um pastor se referindo a isso como uma "aberração papal" perpetrada por espanhóis e portugueses.
Mas as atitudes começaram a mudar à medida que os holandeses expandiam suas operações internacionalmente.
"Ficou claro que se queríamos competir e tomar o lugar dos portugueses, os holandeses teriam que participar do tráfico negreiro e isso provocou uma mudança na mensagem difundida pela Igreja", diz Sint Nicolaas.
"Eles procuraram histórias na Bíblia para legitimar a escravidão e argumentaram que o Antigo Testamento dizia que a escravidão era aceitável por causa da históriacasas de apostas brasilque Noé amaldiçoa os descendentescasas de apostas brasilCam como escravos", explica.
Apesarcasas de apostas brasilnão haver nenhuma menção explícita na Bíbliacasas de apostas brasilque Cam era negro.
"É um argumento tão complicado que sempre acho difícil entender que seja possível... mas apenas alguns clérigos questionaram, e aí começa a desumanização do 'outro'", diz Sint Nicolaas.
"Acho importante ressaltar que o racismo não é algo que sempre existiu", acrescenta Valika Smeulders, chefecasas de apostas brasilhistória do Rijksmuseum.
"A discriminação é universal, mas legalizá-la como um sistemacasas de apostas brasilque um determinado grupocasas de apostas brasilpessoas estava destinado a servir à outra metade do mundo, isso é algo que foi instalado pelo colonialismo, e que no fim do colonialismo foi reforçado por meiocasas de apostas brasilideias racistas 'científicas'. O racismo respaldava o colonialismo, não o contrário."

Crédito, Rijksmuseum
Lidar com essa história envolve enfrentar algumas verdades incômodas para uma nação que há muito tempo se vê como tolerante, e o próprio Rijksmuseum reconhece que demorou a contar essas narrativas.
"Achávamos que não havia objetos para contar essa história, e isso foi um grande obstáculo para começar", explica Sint Nicolaas.
Uma história pessoal
A exposição levou anoscasas de apostas brasilplanejamento e envolveu a contrataçãocasas de apostas brasilnovos funcionários com experiências profissionais e pessoais relevantes.
Entre eles, está Smeulders, que nasceucasas de apostas brasilCuraçao e migrou da Holanda para o Surinamecasas de apostas brasil1976, quando havia acabadocasas de apostas brasilse tornar independente.
"Meus ancestrais são europeus, africanos e asiáticos. Eles eram escravizadores, escravizados e trabalhadores migrantes. Essa intrincada história colonial foi abraçada no Caribecasas de apostas brasilum ritmo mais rápido do que está acontecendo na Europa, mas agora estamos seguindo o exemplo", diz ela.
Para isso, o museu decidiu se concentrar nas históriascasas de apostas brasilpessoas envolvidas no sistema — aquelas que se beneficiaram dele, sofreram com ele e acabaram se rebelando contra ele.
Focar na história social da escravidão,casas de apostas brasilvez da econômica, foi particularmente importante quando se tratoucasas de apostas brasilcontar as histórias daqueles que haviam sido escravizados, "pessoas com nomes e histórias,casas de apostas brasilvezcasas de apostas brasil'escravizados' anônimos que você encontra mencionados como 'carga' no arquivos", diz Sint Nicolaas.
Testemunhos diretoscasas de apostas brasilpessoas escravizadas são raros, uma vez que a leitura e a escrita foram proibidas na maioria das colônias, então a equipe teve que reexaminar criticamente os objetoscasas de apostas brasilsua coleção, interpretar cuidadosamente as fontes escritas contemporâneas e usar a história oral para contar suas histórias.
A aquisiçãocasas de apostas brasilnovos objetos como "troncos", contenção para os pés usada para evitar fugas, e uma "kappa", caldeiracasas de apostas brasilferro fundido usada nas plantaçõescasas de apostas brasilcanacasas de apostas brasilaçúcar, ajudou a tornar mais tangíveis as experiências dos escravos.
A "kappa" está ligada à históriacasas de apostas brasilWally, um homem escravizado que foi forçado a trabalharcasas de apostas brasiluma plantaçãocasas de apostas brasilcanacasas de apostas brasilaçúcar no Suriname.
As tensões aumentaram quando um novo proprietário acabou com o precioso sábadocasas de apostas brasilfolga — que permitia à forçacasas de apostas brasiltrabalho socializar e cultivar suas próprias lavouras — e insistiu que era necessário uma autorização para deixar a plantação.
Toda a forçacasas de apostas brasiltrabalho acabou fugindocasas de apostas brasilmassa para a floresta nos arredores. Quando foram capturados, 19 cúmplices foram perdoados, mas os líderes, incluindo Wally, foram condenados a uma tortura terrível e uma morte lenta.
O horror da história se torna, sem dúvida, ainda mais visceral porcasas de apostas brasilnatureza pessoal e pela consciênciacasas de apostas brasilque Wally e seus companheiros foram tratadoscasas de apostas brasilforma tão bárbara com basecasas de apostas brasilum argumento religioso espúrio criado tenuemente para justificar ganhos econômicos.
Como Marten Soolmans comprou seu açúcar brutocasas de apostas brasilum intermediário, será que ele sabia da brutalidade do sistema que o produziu?
Até que ponto as pessoas na República Holandesa estavam cientes dos abusos no exterior é algo que Smeulders diz que precisa ser mais estudado.
"Para começar, as pessoas sabiam das coisas por meio da família. Aqueles das classes mais altas que iam para as colônias podiam ver a escravidão com seus próprios olhos, e as tripulações dos navios podiam ver a escravidãocasas de apostas brasilperto, então as pessoas não estavam alheias ao que estava acontecendo", diz ela.

Crédito, Rijksmuseum
Mesmo que ele e Oopjen não soubessem da realidade brutal da escravidão, certamente estariam cientes da população que escapou dela, pois teriam visto a caminho do estúdiocasas de apostas brasilRembrandt, localizado na área com a maior concentração populacional negracasas de apostas brasilAmsterdã no século 17.
O fatocasas de apostas brasilhaver uma população negra provavelmente surpreende muitos.
Oficialmente, a escravidão era ilegal e não existia na República Holandesa, mas isso não impedia que as pessoas comprassem escravizados nas colônias e trouxessemcasas de apostas brasilvolta com elas.
Um criadocasas de apostas brasilpele escura era sinalcasas de apostas brasilpertencer a um grupo seleto com influência global.
É provável que um desses homens tenha sido Paulus Maurus, cuja história se desenrola por meiocasas de apostas brasiluma coleiracasas de apostas brasillatão que remonta à casacasas de apostas brasilque ele trabalhava.
Originalmente catalogada como uma coleiracasas de apostas brasilcachorro quando entrou no acervocasas de apostas brasil1881, a descrição nunca foi examinada criticamente, apesarcasas de apostas brasilcoleiras semelhantes serem vistas no pescoçocasas de apostas brasilcriadoscasas de apostas brasilorigem africanacasas de apostas brasilpinturas, e o museu agora se pergunta se ela poderia ter sido usada por Paulus.
Como teria sido a vidacasas de apostas brasilum negro livre na sociedade holandesa?
"Muito mais complicada do que poderíamos pensar", diz Smeulders.
"Eles foram aceitos por um lado, tinham famílias e filhos... ao mesmo tempo, se você fosse uma minoria e visse representações estereotipadas ao seu redor, devia ter sido muito desconfortável."
O próprio Paulus se casou e teve filhos, e seus descendentes podem muito bem estar morandocasas de apostas brasilAmsterdã hoje, embora seja improvável que saibam disso.
"Depoiscasas de apostas brasilalgumas gerações, mal era visível que as pessoas tinham DNA africano", diz Smeulders.
Homens negros geralmente se casavam com mulheres brancas, outro fato que pode causar surpresa, mas não havia restrições ao casamento inter-racial na época, e só podemos presumir que o preconceito era menos prevalente entre as classes menos abastadas.
Smeulders se pergunta qual seria o resultado se fossem coletadas amostrascasas de apostas brasilDNAcasas de apostas brasiluma grande parcelacasas de apostas brasilholandeses.
"O que mais tenho curiosidade é sobre o que isso faz com a sociedade quando as pessoas percebem que estão pessoalmente relacionadas aos dois lados da história", diz ela.
A vista do navio
As atitudes da sociedade poderiam muito bem mudar se diferentes áreas da história holandesa também fossem estudadas com mais detalhes.
Relatos históricos sobre o fim da escravidão frequentemente atribuem papéiscasas de apostas brasildestaque aos abolicionistas europeus, mas os membros da resistência dentro do sistema recebem muito menos atenção.

Crédito, Rijksmuseum
Isso é particularmente relevante na história holandesa, dada a relutância do paíscasas de apostas brasilseguir seus vizinhos europeus na abolição da escravidão.
Embora a Grã-Bretanha tenha abolido a escravidãocasas de apostas brasil1833 e a Françacasas de apostas brasil1848 (ela foi proibida pela primeira vezcasas de apostas brasil1794, mas Napoleão Bonaparte revogou o decretocasas de apostas brasil1802), a Holdanda só seguiu o mesmo exemplocasas de apostas brasil1863.
A exposição destaca a históriacasas de apostas brasilTula, um defensor da liberdadecasas de apostas brasilCuraçao, inspirado nas ideias da Revolução Francesa.
Quando a República Holandesa ficou sob domínio francêscasas de apostas brasil1795, tornando-se a República Batava, ele argumentou que o domínio francês se aplicava às colônias holandesas e que aqueles anteriormente escravizados estavam legalmente livres.
No entanto,casas de apostas brasilhistória é praticamente desconhecida na Holanda, já que o período bataviano é pouco estudado na história holandesa.
"Para nós, o período bataviano é um períodocasas de apostas brasildomínio francês... ele não se tornou partecasas de apostas brasilquem somoscasas de apostas brasilnosso imaginário, e o papel que os afro-caribenhos desempenharam naquela era revolucionária também nunca se tornou partecasas de apostas brasilnossa narrativa, então pessoas como Tula desapareceram completamente", diz Smeulders.
Essa mentalidade histórica estreita é o que o historiador colonial Alex van Stipriaan chamacasas de apostas brasil"visão do navio", história que dominou a academia até os anos 1980.
"Era a históriacasas de apostas brasilquem ficavacasas de apostas brasilum navio, olhando para baixo, literalmente, para os países colonizados e os povos colonizados, sem nenhuma palavra do povo que foi colonizado", diz.
Embora o mundo acadêmico tenha se distanciado desse pontocasas de apostas brasilvista, ele ainda está muito presente na consciência coletiva, já que os poucos historiadores que ainda defendem essas opiniões são amados pela mídia.
"Eles são citados o tempo todo", diz Van Stipriaan com indiferença.
Ele vê isso como parte do nacionalismo populista que é evidentecasas de apostas brasiltoda a Europa, "a ideiacasas de apostas brasilque 'eles' estão tentando tirar 'nossa' história e 'nossa' tolerância", afirma.

Crédito, Rijksmuseum
Os museus também tiveram um impacto indevido no que Van Stipriian chamacasas de apostas brasil"nossa herança mental".
"Todas essas coleções são representativascasas de apostas brasiluma visão da história muito eurocêntrica e tendenciosa, uma históriacasas de apostas brasil'superioridade' branca e 'inferioridade' negra."
Para entender a influência insidiosa dessas narrativas, basta olhar para as celebrações anuais do Diacasas de apostas brasilSão Nicolau,casas de apostas brasilque homens e mulheres brancos aparecem com o rosto pintadocasas de apostas brasilpreto como Zwarte Piet (Pedro negro, ajudantecasas de apostas brasilSão Nicolau).
De acordo com Van Stipriian, durante décadas os holandeses se convenceramcasas de apostas brasilque "não podemos ser racistas porque somos tolerantes (...) é apenas uma piada, é nossa tradição", observa.
Mas as atitudes estão começando a mudar.
Começou um debate nacional sobre Zwarte Pietcasas de apostas brasil2011, depois que dois jovens artistas/ativistas afro-holandeses, Quinsy Gario e Jerry Afriye, usaram camisetas com os dizeres "Zwarte Piet é racismo" durante o desfilecasas de apostas brasilDordrecht, e no ano passado uma pesquisa mostrou que 50% das pessoas eram a favorcasas de apostas brasilmudar o personagem para algo totalmente diferente.
"Mudar a visãocasas de apostas brasilmetade da populaçãocasas de apostas brasil10 anos (...) nas condições holandesas, é rápido", diz Van Stipriaan.
Para que as atitudes realmente mudem, Van Stipriaan acredita que a história da escravidão e do colonialismo precisa fazer parte da história nacional.
Ele atualmente faz parte da equipe que trabalha no projetocasas de apostas brasilum Museu Nacional Holandês da Escravidão Transatlântica, que ele acredita que vai ser "um marco na Holanda", embora é improvável que seja inaugurado antescasas de apostas brasil2030.
No entanto, ele faz questãocasas de apostas brasilfrisar que "há muito movimento, as coisas estão mudando, talvez não muito rápido, mas estão mudando".
Ele vê a nomeaçãocasas de apostas brasilSmeulders —casas de apostas brasilquem foi orientador no doutorado — como chefecasas de apostas brasilhistória no Rijksmuseum como parte dessa mudança.
Sua formação faz dela, sem dúvida, sintonizadacasas de apostas brasilforma única com os desafios.

Crédito, Rijksmuseum
"Abraçando o que foi e abrindo o diálogo sobre isso é a única maneiracasas de apostas brasilseguircasas de apostas brasilfrente. Não há como desfazer o passado, mas nós estamos no comando do aqui e agora: cabe a nós fazer melhor, reconhecendo que isso é a história nacional e, portanto, algo que diz respeito a todos nós", afirma.
"Os museuscasas de apostas brasilgeral têm uma tarefa muito importante — apresentar o conhecimentocasas de apostas brasiluma forma que toque as pessoas, tornando-o tão pessoal que as pessoas se coloquem no lugarcasas de apostas brasilquem viveu naquela época", diz ela.
"O que eu sinceramente espero que possamos fazer com esta exposição e nosso trabalho é mostrar que qualquer história tem todos esses lados diferentes. Nós, como um museu, precisamos apresentar uma história mais complexa que reúna todas essas vozes."
"Slavery" estácasas de apostas brasilexibição no Rijksmuseum até 29casas de apostas brasilagostocasas de apostas brasil2021.
casas de apostas brasil Leia a versão original casas de apostas brasil desta reportagem (em inglês) no site BBC Culture casas de apostas brasil .

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