Como viviam as pessoas escravizadas pela Igreja no Brasil:ea sports fifa

  • Edison Veiga
  • De Bled (Eslovênia) para a BBC News Brasil
Legenda do áudio,

Em áudio: Como viviam as pessoas escravizadas pela Igreja no Brasil

ea sports fifa As grandes instituições religiosas do Brasil colonial e imperial tiveram negros escravizados — e muitos. Pesquisas recentes apontam para um númeroea sports fifaescravos muito acima da média do que havia nas grandes propriedades rurais, práticasea sports fifaincentivo à procriação para aumentar a quantidadeea sports fifamãoea sports fifaobra e até mesmo uma tabelaea sports fifapreços para quem quisesse comprar a alforria — com critérios específicos para precificar cada ser humano.

Os escravizados mantidos por mosteiros e conventos também eram obrigados a professar a fé católica, participandoea sports fifamissas, momentosea sports fifaorações e recebendo os sacramentos.

Os que se rebelavam quanto à conversão costumavam ser punidos com castigos "de forma exemplar" ou seja, com intensidade suficiente para convencer os demais a não repetir gestosea sports fifadesobediência.

De quebra, a luta pela aquisiçãoea sports fifaliberdade — ou seja, a compraea sports fifauma cartaea sports fifaalforria — costumava ser mais difícil para um escravoea sports fifaordem religiosa do que para alguém que estivesse sob o jugoea sports fifaum senhor leigo.

Por outro lado, a libertação dos escravizados por mosteiros e conventos ocorreuea sports fifa1871, 17 anos antes da assinatura da Lei Áurea,ea sports fifa1888.

"Escravos da religião"

Autor do recém-lançado livro Escravos da Religião (Ed. Appris), pesquisador na Universidade Federal Fluminense (UFF) e idealizador do podcast Atlântico Negro, o historiador Vitor Hugo Monteiro Franco revira arquivos da Ordemea sports fifaSão Bento desde 2014.

O material foi temaea sports fifasua iniciação científica,ea sports fifasua monografiaea sports fifaconclusãoea sports fifacurso,ea sports fifaseu mestrado e, agora, está sendo esmiuçadoea sports fifaseu doutorado.

Pule Podcast e continue lendo
BBC Lê

Podcast traz áudios com reportagens selecionadas.

Episódios

Fim do Podcast

"Uma das principais descobertas foi o próprio termo 'escravos da religião'", conta ele.

"Não foi um termo que eu criei. É um termo da época, que encontreiea sports fifalivroea sports fifabatismos. Foi um choque para mim."

Na ocasião, ele estava analisando os registros dos nascidos no século 19ea sports fifapropriedade rural mantida pelos beneditinos na Baixada Fluminense, a Fazenda São Bentoea sports fifaIguassú.

"Na horaea sports fifaqualificar os pais, o monge não os qualificava como 'escravos da Ordemea sports fifaSão Bento', mas sim como 'escravos da religião'."

Para o pesquisador, residia aí uma diferença fundamental entre o modoea sports fifavida dos escravos mantidos por instituições religiosas: o fatoea sports fifao senhor não ser uma pessoa, mas sim uma entidade.

"Parece simples, mas não é. A situação geral da escravidão no Brasil éea sports fifaescravos privados,ea sports fifasenhores leigos. No caso dos 'da religião', eles não pertenciam a um monge específico, eramea sports fifapropriedade coletiva. E isso teve repercussões na vida dessas pessoas para sempre, porque influenciava na forma, no dia a dia deles", diz o historiador.

Franco ressalta que o cotidiano desses negros escravizados estava "regulado" pelos hábitos religiosos do catolicismo e da vida monástica.

"Por mais que a sede dos religiosos estivesse no centro do Rio e a fazenda na Baixada Fluminense, sempre havia um monge cuidandoea sports fifalá. Era o chamado padre fazendeiro", contextualiza.

"Ele fazia o trabalho espiritual: batizava as pessoas, casava-as, sepultava-as. Os beneditinos eram um tipoea sports fifasenhor que conhece muito bemea sports fifaescravaria, anotando tudoea sports fifamuitos detalhes."

"Os monges conheciam cada momento, cada fase da vida dos seus escravizados. Por mais que as propriedades fossem enormes, eles tinham o controle administrativo sobre aquelas pessoas, ao contrário dos senhores leigos, que muitas vezes tinham um contato muito pequeno com os escravizados", compara.

"Isso dava (aos religiosos) um poder muito grande. Ser 'escravo da religião' significava terea sports fifavida controlada por uma instituição religiosa", acrescentou Monteiro Franco.

Escravos participam da festaea sports fifaSanta Rosália. “Fêteea sports fifaSte. Rosalie, Patrone des nègres”. Gravura contida na obra “Voyage pittoresque dans le Bresil”,ea sports fifaJohann Moritz Rugendas e M.ea sports fifaGolbery, 1835.

Crédito, Arquivo Nacional / Domínio Público

Legenda da foto,

Em 1871, somente os beneditinos tinham um totalea sports fifa4 mil escravizados

E não era um rebanho pequeno para ser controlado. De acordo com as pesquisasea sports fifaFranco, quando os religiosos emanciparam seus escravos,ea sports fifa1871, somente os beneditinos tinham um totalea sports fifa4 mil escravizados.

"Eram três as principais ordens religiosas escravistas do Brasil: os jesuítas, os beneditinos e os carmelitas. Em menor escala, os franciscanos também", elenca.

A primazia da Companhiaea sports fifaJesus foi até o século 18. Em 1759, contudo, os jesuítas foram expulsos do Brasil.

E aí os beneditinos assumiram essa posição. Durante o século 19, período analisado pela pesquisaea sports fifaFranco, a Fazendaea sports fifaIguassú costumava ter um número constanteea sports fifacercaea sports fifa130 escravos.

"Destoava muito das outras fazendas da região,ea sports fifaque haviaea sports fifamédia 10 escravos por senhor", afirma o pesquisador.

Mas essa propriedade não era a maior das beneditinas. Em Jacarepaguá, a fazenda dos religiosos tinha maisea sports fifa300 escravos. Em Campos dos Goitacazes, 700.

"E essas são só as três maiores propriedades dos mongesea sports fifaSão Bento", diz Franco. "É muita gente. Era a principal ordem escravista do Brasil. Eu nem considero a Ordemea sports fifaSão Bento uma grande proprietária [de escravos]. Era uma megaproprietária, estava acima dos grandes proprietários, era a elite da elite."

ea sports fifa Incentivo ea sports fifa à ea sports fifa gravidez

Uma maneiraea sports fifagarantir a abundânciaea sports fifamãoea sports fifaobra escrava era o incentivo que os monges davam para que as escravizadas tivessem muitos filhos.

"As mulheres que procriavam pelo menos seis filhos conseguiam privilégios, tais como não realizarem trabalhos 'penosos'", conta o historiador Robson Pedrosa Costa, autor do livro Os Escravos do Santo (Editora UFPE) e professor no Instituto Federalea sports fifaPernambuco e na Universidade Federalea sports fifaPernambuco (UFPE).

A partirea sports fifa1866, as mãesea sports fifapelo menos seis filhos passaram a ser a liberdade gratuita — desde que elas "estivessem devidamente casadas", pontua o historiador.

Mapa que situa a propriedade dos beneditinos na Baixada Fluminense

Crédito, Reprodução/ ‘Escravos da Religião’

Legenda da foto,

Mapa que situa a propriedade dos beneditinos na Baixada Fluminense

Para os monges senhoresea sports fifaescravos, religião era uma coisa, negócios eram outra. Pelo menos é o que fica claroea sports fifaoutro achado do historiador Monteiro Franco: nos registrosea sports fifabatismo, a maior parte das crianças era registrada como sendo filhoea sports fifamãe solteira.

Havia uma razão econômica para isso. "Até pouco tempo atrás se acreditava que as ordens religiosasea sports fifamaneira geral incentivavam o casamento por causa do valor cristão do matrimônio e também para um fatorea sports fifaincentivo da reprodução da comunidade escrava, do pontoea sports fifavista senhorial", pontua o pesquisador. "Mas o que encontrei foi a maior parte das mulheres como mães solteiras."

Segundo ele, isso não significa que essas mulheres não tivessem relacionamento estável ou que vivessem na promiscuidade.

A questão chave estava na propriedade da criança que nasceria dessa gravidez. Em casoea sports fifamãe e pai sacramentalmente unidos, poderia haver alguma discussão se o filho pertenceria ao senhor da mãe ou do pai.

Então, os beneditinos preferiam não oficializar relações estáveis quando as mulheresea sports fifasua fazenda tinham homensea sports fifafazendas vizinhas.

Quando ambos eram da mesma propriedade, aí sim, o sacramento do matrimônio era concedido.

Tais condutas fizeram com que os beneditinos conseguissem manter um grande númeroea sports fifaescravos no século 19, mesmo com a dificuldade, para os latifundiários escravocratas, decorrentes da Lei Eusébioea sports fifaQueirós — que, a partirea sports fifa1850, proibiu o tráfico negreiro.

"Estas instituições [religiosas] construíram, ao longo dos séculos, grandes corporações, muito semelhantes a grandes empresas pautadasea sports fifaum complexo sistema organizacional", afirma Costa.

"No caso dos beneditinos, foi possível entender que a instituição foi capazea sports fifaconstruir um sistemaea sports fifagestão eficiente e duradouro, que garantiu o fornecimentoea sports fifaescravos para as suas propriedades sem recorrerem ao tráfico."

"Claro que eles compraram escravos no século 19, mas foram poucos", completa o professor.

A estratégia consistiaea sports fifaincentivar a procriação e a tentativaea sports fifamanutenção das famílias. "Eles evitavam ao máximo vender seus escravizados, principalmente a separaçãoea sports fifafamílias, uma instituição sagrada para os monges. Apenas os cativos considerados 'incorrigíveis' deveriam ser vendidos. Mas eles foram poucos. As famílias escravizadas eram extensas e duradouras. Isso garantia a perpetuação do quantitativoea sports fifaescravos", explica Costa.

Alforrias

Prática relativamente comum entre escravizados no Brasil, a compra da liberdade era mais difícil para um "escravo da religião". Enquanto no caso daquele que servia a um senhor leigo bastava convencê-lo — com acordos e, muitas vezes, um valorea sports fifadinheiro — no caso dos monges era preciso passar por um processo formal.

Capaea sports fifa'Escravos da Religião', livroea sports fifaVitor Hugo Monteiro Franco

Crédito, Reprodução

Legenda da foto,

O historiador Vitor Hugo Monteiro Franco revira arquivos da Ordemea sports fifaSão Bento desde 2014 - foi assim que encontrou o termo "escravos da religião"

Aquele que pleiteava a alforria precisava fazer uma petição aos religiosos. Não havia negociação direta. "Estamos falandoea sports fifauma propriedade institucional", lembra o historiador Franco. "Não era simples. Os monges liam a petição e colocavam para votação, usando favas pretas para marcar as negativas e favas brancas para sinalizar positivo."

A partir da décadaea sports fifa1850, a Ordemea sports fifaSão Bento criou uma tabelaea sports fifapreços para casosea sports fifaalforria. Pelo documento, o preço dos escravizados variava conforme saúde, idade e sexo.

"O valor ia aumentandoea sports fifaacordo com a idade até a fase mais produtiva. A partir da adolescência, eles passam a entender que um homem plenoea sports fifasaúde vale mais do que uma mulher", explica Franco.

"Esse documento mostra com todas as letras qual a posiçãoea sports fifaum senhorea sports fifaescravos: transformar as pessoasea sports fifacommodities", define ele.

Violência e trabalho

Embora haja uma corrente que acredite que a escravidão impetrada por religiosos fosse mais branda do que a conduzida por senhores leigos, pelos valores cristãos supostamente respeitados, Franco não compactua com essa ideia. Primeiramente porque é enfático ao dizer que a privação da liberdade a que um escravo está sujeito já é, por si só, uma grande violência.

Além disso, ele encontrou registros que atestam atosea sports fifacrueldade. "Tem um caso,ea sports fifaum fazendaea sports fifaCabo Frio, também dos beneditinos,ea sports fifaque dois monges foram presos depoisea sports fifamatarem,ea sports fifatanto espancar, um escravizado. Isso no século 18", conta ele. "Olha o nível da violência."

Ele também se deparou com relatosea sports fifafugasea sports fifaque o escravo, uma vez capturado, era submetido a um "castigo exemplar". O mesmo acontecia para quem não demonstrasse seguir a fé católica.

"Há um registroea sports fifauma visitação realizada por um monge (encarregadoea sports fifavistoriar os trabalhos do padre fazendeiro), que dizia que era bom que o mesmo não descuidasse do espiritual dos escravos, para ver se eles estavam seguindo os preceitos do cristianismo", aponta Franco.

"E, verificando que não estivessem seguindo, que fossem punidos exemplarmente. Se não se redimissem, que fossem vendidos."

Masea sports fifaque trabalhavam os "escravos da religião"?

Boa parte deles fazia um trabalho semelhante a qualquer outro escravoea sports fifapropriedades rurais. As instituições religiosas tinham muitas terras e nelas cultivavam canaea sports fifaaçúcar e outros insumos valiosos para a economia da época. Quem fazia esse trabalho era a mãoea sports fifaobra escrava.

No caso dos religiosos, contudo, havia também muitos escravos com trabalhos especializados. Carpinteiros, ferreiros, oleiros, sapateiros, boticários, enfermeiros. "Além daqueles que serviam os monges no claustro: botavam a comida na mesa, tocavam o sino da capela, seguravam o livro na hora da missa, e por aí vai", diz o historiador Franco.

Nesse sentido, a Ordemea sports fifaSão Bento investiuea sports fifacapacitação. Como eles tinham grandes propriedades com necessidades específicas, passaram a treinar os escravos que pareciam mais aptos a trabalhos específicos. "Para eles, era melhor fazer isso do que pagar um sujeito livre para desempenhar esses papéis", afirma.

Esses que tinham ofícios especializados não eram inimputáveis a sofrerem castigos. "Encontrei um registroea sports fifaum monge que se dedicava a ensinar ferraria a escravos. E ele era tão violento que acabou sendo deslocadoea sports fifaposição", exemplifica Franco.

Desempenhar essas funções especiais, por outro lado, conferia prestígio dentro da comunidade escrava. E muitos desses profissionais acabavam conseguindo fazer trabalhos "por fora" e, assim, juntar dinheiro para, no futuro, comprar a alforria.

Abolição prematura

As ordens religiosas libertaram seus escravos ao longoea sports fifa1871, ou seja, 17 anos antes da Lei Áurea. A primeira instituição a fazer isso foi a Ordemea sports fifaSão Bento. Aos poucos, os beneditinos foram seguidos pelos demais religiosos.

Segundo os pesquisadores, esse movimento era resultadoea sports fifaum embate da Igreja Católica com o Estado.

"Havia uma relaçãoea sports fifatensão entre Estado e as ordens religiosas", pontua Franco. "Estava ocorrendo um embate políticoea sports fifaque cada vez mais a classe política e outros setores da elite brasileira acreditavam que os religiosos tinham propriedades demais, escravizados demais e eram improdutivos. Por outro lado, o Estado via a chanceea sports fifase apropriar das propriedades dos religiosos."

Ao libertar os escravos na mesma época da promulgação da Lei do Ventre Livre, as instituições católicas geraram uma comoção nacional.

"A abolição não significa simplesmente a questão humanitária por trás da liberdade do indivíduo, mas também uma questãoea sports fifaordem econômica sobre aqueles que você teriaea sports fifaestar empregando", afirma o historiador Philippe Arthur dos Reis, pesquisador na Universidade Estadualea sports fifaCampinas (Unicamp).

"O custoea sports fifamanutenção desses indivíduos,ea sports fifageral era muito mais dispendioso ter os escravos do que importar pessoasea sports fifafora e pagar salário", acrescenta.

O historiador Costa lembra que desde a Independência,ea sports fifa1822, "várias vozes começaram a sugerir que as ordens religiosas eram instituições inúteis e péssimas administradorasea sports fifaseus bens".

"Quando os debates sobre a abolição se acirraram a partirea sports fifa1865, novamente as ordens, consideradas grandes escravistas, foram colocadas na berlinda. Uma leiea sports fifa1869 instituiu que as instituições religiosas deveriam libertar todos os seus escravosea sports fifaum prazoea sports fifa10 anos. Até lá, poderiam libertá-los ou criar contratosea sports fifaprestaçãoea sports fifaserviço por tempo determinado", detalha o historiador.

"Prevendo uma maior intervenção do Estado e do Parlamento, a Ordemea sports fifaSão Bento do Brasil já havia se antecipado, decretando a liberdadeea sports fifatodo as crianças nascidas a partir do dia 3ea sports fifamaioea sports fifa1866", diz ele.

Essa medida teve impacto nas autoridades. O imperador Dom Pedro Segundo (1825-1891) presenteou o então abade geral com uma caixaea sports fifaouro cravejadaea sports fifadiamantes. Já o deputado Tavares Bastos (1839-1875), voz abolicionista, declarou que o gesto era "um ato generoso e solene" — e que deveria ser seguido pelas demais instituições religiosas.

Em 1871 veio a libertação total dos "escravos da religião".

Línea

ea sports fifa Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube ea sports fifa ? Inscreva-se no nosso canal!

Pule YouTube post, 1
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosea sports fifaautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticaea sports fifausoea sports fifacookies e os termosea sports fifaprivacidade do Google YouTube antesea sports fifaconcordar. Para acessar o conteúdo cliqueea sports fifa"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdoea sports fifaterceiros pode conter publicidade

Finalea sports fifaYouTube post, 1

Pule YouTube post, 2
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosea sports fifaautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticaea sports fifausoea sports fifacookies e os termosea sports fifaprivacidade do Google YouTube antesea sports fifaconcordar. Para acessar o conteúdo cliqueea sports fifa"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdoea sports fifaterceiros pode conter publicidade

Finalea sports fifaYouTube post, 2

Pule YouTube post, 3
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosea sports fifaautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticaea sports fifausoea sports fifacookies e os termosea sports fifaprivacidade do Google YouTube antesea sports fifaconcordar. Para acessar o conteúdo cliqueea sports fifa"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdoea sports fifaterceiros pode conter publicidade

Finalea sports fifaYouTube post, 3