'Execuções têm apoio público na Indonésia':logo cbet

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Brasileiro deverá ser executado neste domingo na Indonésia após clemência ter sido negada por presidente

logo cbet O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira,logo cbet53 anos, deverá ser executado por fuzilamento neste domingo na Indonésia, após ter esgotado todos os recursos para tentar reverter uma condenação por tráficologo cbetdrogas.

Ele foi preso ao tentar entrar no país com 13,4 kglogo cbetcocaína escondidoslogo cbettuboslogo cbetuma asa-delta. A condenação foilogo cbet2004 e, caso a pena seja cumprida, ele será o primeiro brasileiro executado por um governo estrangeiro. Na Indonésia, a execução é por fuzilamento.

O presidente indonésio, Joko Widodo, assumiulogo cbetoutubro com a promessalogo cbetaplicar as execuções e não conceder clemência a condenados. Segundo ele, as drogas são uma "praga" para a sociedade.

Seis pessoas deverão ser executadas neste domingo - um indonésio e cinco estrangeiros, entre eles o brasileiro.

As iminentes execuções têm recebido apoio da população, especialmente nas redes sociais, disse a editora do serviço indonésio da BBC, Karishma Vaswani.

logo cbet BBC Brasil: Qual a reação na Indonésia a estas iminentes execuções?

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logo cbet Karishma Vaswani: Essas execuções estão recebendo bastante atenção, sobretudo nas redes sociais, mas por motivos que você não imaginaria. As pessoas não estão dizendo serem contra as execuções, mas estão dizendo que elas acham que é uma medida boa e corajosa do presidente e que as execuções e a penalogo cbetmorte deveriam ser usadas, por exemplo, para condenados por corrupção. Porque, desta maneira, você evita que as pessoas cometam esse crime novamente.

Por outro lado, ativistaslogo cbetdireitos humanos têm criticado o presidente por adotar essa posição mais fortelogo cbetrelação às execuções e eles dizem que isso ameaça prejudicar a reputação da Indonésia como uma moderna nação muçulmana.

logo cbet BBC Brasil: Então há um apoio popular à penalogo cbetmortelogo cbetcasoslogo cbetnarcotráfico?

logo cbet Karishma: É justo dizer que há apoio público à penalogo cbetmorte para traficanteslogo cbetdrogas. Isso tem se refletido nas redes sociais. Eu acredito que a razão para isso é que o presidente disse que esta é uma questão social que tem se tornado problemática para o país.

O presidente disse - e eu imagino que os dados sejam da agência nacionallogo cbetcombate a narcóticos da Indonésia - que cercalogo cbet40 ou 50 pessoas, todos os dias, são afetadas por drogas - sendo aliciadas ou envolvidas da produção ou venda. Ele também tem dito que a questão tem se tornado uma praga para a sociedade e se infiltrado nas escolas.

Então, há uma questão reallogo cbetque este é um problema importado por estrangeiroslogo cbettodo o mundo que chegam à Indonésia para vender drogas para indonésios ou outros estrangeiros. Ele não quer que a Indonésia se transforme num pontologo cbetdrogas e essa é uma maneiralogo cbetafastar as pessoas.

logo cbet BBC Brasil: Esta política dura com narcotraficantes teve algum impacto no consumologo cbetdrogas na Indonésia?

logo cbet Karishma: Estas serão as primeiras execuções desde 2013, e é por isso que todo mundo está surpreso. A Indonésia não faz segredo do fatologo cbetque a penalogo cbetmorte existe para traficanteslogo cbetdrogas. Então, se você é pego com drogas aqui, é isso que você enfrentará. Mas é raro que estrangeiros sejam executados - as pessoas acabam definhando no corredor da morte por anos e anos. Elas recorrem, pedem por clemência.

Há quase uma regra não escritalogo cbetque você fica atrás das grandes por um longo tempo mas há, no final, a chancelogo cbetvocê ser solto. Agora, Joko Widodo assumiu e disse que isso não vai acontecer, que ele não vai dar clemência para ninguém.

É impossível dizer que isso teve algum impacto, porque está começando a acontecer agora. Tenho certeza que o presidente dirá no futuro que, se as pessoas pararemlogo cbetserem presas com drogas, ele dirá 'veja, minha política teve um impacto'.

logo cbet BBC Brasil: Por que executar esses estrangeiros e não deportá-los?

logo cbet Karishma: Na Indonésia, comologo cbetvários outros países asiáticos, o tráficologo cbetdrogas é punível com a morte. Está na lei. Então, não importa se você é estrangeiro ou indonésio, a lei se aplica para todos. Este não é um crime pequeno na lei da Justiça, é um grande crime. Por que então eles diriam 'tudo bem, este cara pode voltar para casa e ser julgadologo cbetseu próprio país onde não há penalogo cbetmorte'?

logo cbet BBC Brasil: Por que uma medida tão dura - execução por fuzilamento - para traficanteslogo cbetdrogas?

logo cbet Karishma: É resquício da última ditadura militar. É uma maneira bem brutallogo cbetexecutar as pessoas - não é só o fatologo cbetque é a penalogo cbetmorte mas é execução por fuzilamento. A percepção é que se tratalogo cbetum crime muito sério. Tem que se levarlogo cbetconta que, apesar deste ser um país secular, é um paíslogo cbetmaioria muçulmana.

Ser viciadologo cbetdrogas é visto como um fracasso moral enorme e o fato é que há muitos jovens indonésios viciados. Tenho certeza que alguns dizem que são os estrangeiros que trazem as drogas para a Indonésia. E há uma ideia que é a influência da droga do Ocidente que está corrompendo os jovens. E esta é uma maneira que o presidente pode dizer que está lidando com o problema e tentando proteger o país.