Como aumentar a produtividade no Brasil?:sport recife x retrô

Imagemsport recife x retrôarquivosport recife x retrôproduçãosport recife x retrôManaus

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Educação e investimentosport recife x retrôempresas foram sugestões para aumentar produtividade

Só não foi citada por Marcelo Manzano, economista da Unicamp.

"Não é a qualificação da mãosport recife x retrôobra que fará as taxassport recife x retrôprodutividade no país avançarem. A produtividade do trabalho não decorre da qualificação do trabalhador, mas sim da intensidade com que as inovações tecnológicas são implementadas no processo produtivo", disse à BBC Brasil.

"Em nenhum momento da história mundial a qualificação puxou a produtividade."

Já Haruo Ishikawa, do Sinduscon-SP, que representa as empresas da construção civil, diz que os trabalhadores que chegam na área têm tantas lacunas na educação básica que não conseguem decidirsport recife x retrôprofissão levandosport recife x retrôconta três critérios básicos: o que eles querem fazer, o que sabem fazer esport recife x retrôque áreas há demanda por trabalhadores.

Por isso, segundo Ishikawa, fazem escolhas erradas - e essa inadequação derruba a produtividade da mãosport recife x retrôobra.

E a baixa produtividadesport recife x retrôum setor pode afetar todos os outros, segundo Jorge Arbache, economista da UnB. Ele afirma que, como as empresas são cada vez mais dependentes uma das outras, as que têm baixa produtividade acabam puxando todas as outras para baixo.

Ele sugere estabelecer um currículo nacional, valorizar a educação profissional, melhorar tecnologias e o ambiente físico das empresas, entre outras medidas.

Rogério Césarsport recife x retrôSouza, do Iedi (Institutosport recife x retrôEstudos para o Desenvolvimento Industrial), acrescenta à lista a aproximação entre empresas e academia. Ele cita como exemplo bem sucedido o ITA (Instituto Tecnológicosport recife x retrôAeronáutica), uma das melhores instituiçõessport recife x retrôensino do Brasil, que funcionasport recife x retrôparceria com a Embraer, uma das grandes fabricantes globaissport recife x retrôaviões.

Mas Fernandosport recife x retrôHolanda Barbosa Filho, economista do Ibre-FGV, diz que as empresas investem pouco, tanto no trabalhador, devido à alta rotatividade, quanto nelas mesmas, por causa dos resultados econômicos do país.

"Se a situação econômica melhorar, se as firmas passarem a investir mais, isso ajudará a aumentar a produtividade da mãosport recife x retrôobra", afirma.

Veja abaixo a respostasport recife x retrôcada especialista.

Fernandosport recife x retrôHolanda Barbosa Filho, Ibre-FGV

Crédito, FGV

O trabalhador tem que ter máquina e equipamento e tem que estar apto a usar essas tecnologias. Ou seja, há dois pontos importantes: melhorar a qualidade do capital humano, com educação, e investimentosport recife x retrôcapital.

Os índicessport recife x retrômatrícula no ensino médio são baixos, menossport recife x retrô55% dos adolescentes estão na escola. Isso é um problema porque as novas tecnologias demandam algum tiposport recife x retrôconhecimento. Imagina uma pessoa sem conhecimento operar uma colheitadeira? Esses equipamentos têm GPS, joystick, é tudo feito por satélite.

As empresas dão treinamento específico, mas pensam "não vou dar formação geral senão o empregado pode sair e levar para qualquer lugar". Isso não é só no Brasil. O que acontece só no Brasil é que nossa legislaçãosport recife x retrôalguma forma estimula uma rotatividade elevada, o que faz com que a firma não invista.

Há um acordo tácitosport recife x retrôque o trabalhador não investe na firma e firma não investe no trabalhador. A rotatividade é prejudicial porque inibe o investimento que as firmas poderiam fazer pra corrigir a má formação da mãosport recife x retrôobra.

Um segundo ponto é o investimento da firma na firma. O fatosport recife x retrôas perspectivas econômicas das empresas terem sido frustradas gerou uma taxasport recife x retrôinvestimento menor. O trabalhador está operando com máquinas menos modernas e isso não faz com que produtividade aumente. Se a situação econômica melhorar, se as firmas passarem a investir mais, isso ajudará a aumentar a produtividade da mãosport recife x retrôobra.

Haruo Ishikawa, Sinduscon-SP

Para que a mãosport recife x retrôobra seja produtiva, o trabalhador precisa ter capacidadesport recife x retrôescolher o que é bom para ele,sport recife x retrôsaber no que ele é bom e saber do que ele mais gosta. Mas sem educação ele não sabe fazer isso.

Crédito, SindusconSP

A construção civil é a área que resta para o trabalhador que está entrando no mercadosport recife x retrôtrabalho e tem menos educação. Recebemos o trabalhador que tem menos escolaridade, e isso atrapalha o setor.

O Pronatec pega um ajudantesport recife x retrôobras que não sabe fazer nada e dá a ele qualificação. Mas o mercado é seletivo, ele precisa ter habilidade. Tinha vocação? Ou fez o curso sem ter perfil, só para fazer alguma coisa?

Então, primeiro tem que ter melhoria na escolaridade. Aí a pessoa terá mais capacidadesport recife x retrôoptar pelo que quer profissionalmente, baseado no que ele quer fazer, o que sabe fazer esport recife x retrôque áreas há demanda por trabalhadores.

Além disso, é preciso fazer algo para manter o trabalhador no mercado formal. O trabalhador do Pronatec, formado pelo Senai, normalmente vai para a informalidade, ser microempreendedor, abrir uma empresa menor, porque ele acha que isso dá mais lucro.

A qualificação no setor da construção civil tem que ser feita nos canteiros, mas com os trabalhadores já registradossport recife x retrôcarteira sendo qualificados. É a formasport recife x retrôreter esse trabalhador.

Marcelo Manzano, Unicamp

Não é a qualificação da mãosport recife x retrôobra que fará as taxassport recife x retrôprodutividade no país avançaremsport recife x retrôforma importante. A produtividade do trabalho não decorre da qualificação do trabalhador, mas sim da intensidade com que as inovações tecnológicas são implementadas no processo produtivo.

Em nenhum momento da história mundial a qualificação puxou a produtividade. A relação é sempre inversa. Ocorre que muitos economistas fazem a análise como engenheirossport recife x retrôobras prontas: encontram um país que conseguiu elevar suas taxassport recife x retrôprodutividade e constatam que nestes países há um contingente importantesport recife x retrôtrabalhadores qualificados.

Sem dúvida a qualificação dos trabalhadores avança quando cresce a produtividade, assim como essa cresce quando são introduzidas inovações produtivas. Mas o sentido causal é sempre do investimento para a qualificação.

A produtividade é determinada fundamentalmente pelo volume e ritmo do investimentosport recife x retrômáquinas e equipamentos (o que os economistas chamamsport recife x retrôFormação Brutasport recife x retrôCapital Fixo). Como no Brasil as taxassport recife x retrôjuros são proibitivas e o câmbio valorizado favorece a comprasport recife x retrôbens intermediários do exterior, ao invéssport recife x retrôinvestirsport recife x retrôinovação, o setor manufatureiro prefere desnacionalizar asport recife x retrôprodução e assim manter asport recife x retrôcompetitividade.

Não resta dúvida que precisamos melhorar as taxassport recife x retrôprodutividade para que o Brasil possa continuar a crescer e ao mesmo tempo reduzir a ainda elevada desigualdadesport recife x retrôrenda que nos caracteriza.

Mas também é preciso considerar que é muito difícil medir a produtividade do trabalho. Por exemplo: muito se têm falado a respeito da baixa produtividade do trabalho no Brasil nos últimos anos. Porém, os números escondem parte da produtividade, pois um terço dos empregos criados desde 2003 sãosport recife x retrôtrabalhadores que já atuavam nas empresas, mas sem registro formal - ou seja, já contribuíam para aquela produção, sem aparecer no cálculo da produtividade.

Outro problema que distorce os resultados decorre da rápida incorporaçãosport recife x retrôuma grande massasport recife x retrôtrabalhadores nas ocupaçõessport recife x retrômais baixa renda e menor qualificação profissional. No período anterior, com elevado desemprego, ficavam nas empresas os trabalhadores mais qualificados. Entretanto, à medidasport recife x retrôque se incorpora mais trabalhadores, na média se aufere uma queda da qualificação.

Rogério Césarsport recife x retrôSouza, Iedi

A aproximação entre empresas e academia é algo que pode colaborar para o aumento da produtividade do trabalhador.

As próprias empresas incentivando seus funcionários, criando programas que possam qualificarsport recife x retrômãosport recife x retrôobra, é algo que já ocorre, mas não é generalizado. O ideal seria juntar a academia às empresas, como ocorresport recife x retrôoutros países, sobretudo nos Estados Unidos.

Por exemplo: a Embraer temsport recife x retrôescola, o ITA, talvez a melhor do Brasil, que é direcionada para isso, trabalham com foco na fabricaçãosport recife x retrôaviões.

Mas também precisamos pensar no ensino médio, o grande gargalo hoje, e na educaçãosport recife x retrôbase.

Como se faz isso? Temos que repensar aspectos do ensino e a questão do ensino técnico. É verdade que se tem avançado no Brasil, mas temos um pouco da mentalidadesport recife x retrôgraduação, estamos virando um paíssport recife x retrôbacharéis quando muitas vezes precisamossport recife x retrôbons técnicos.

Pensamos muito na ponta,sport recife x retrôque o Brasil não tem oferta para atender a demanda por engenheiros. Isso temsport recife x retrôverdade, mas o que pode fazer o Brasil dar um saltosport recife x retrôqualidade é educaçãosport recife x retrôbase.

Em curto prazo, temos que aprimorar o que já temos, ser mais eficientes. Verificar se o ensino está melhorando ou não, aumentar verbas para educação, criar métricas. Pensar menossport recife x retrôconstruçãosport recife x retrôescolas e maissport recife x retrôqualificação dos professores e dos materiaissport recife x retrôensino.

Jorge Arbache, UnB

O desempenhosport recife x retrôum trabalhador depende cada vez mais do seu conhecimento e experiência, mas, também, do ecossistemasport recife x retrôque ele está inserido, das tecnologias disponíveis no localsport recife x retrôtrabalho.

A produtividade do trabalho entre setores e empresassport recife x retrôdiferentes tamanhos é muito desigual no Brasil. O problema é que, com o aumento da interdependência entre as empresas, o desempenhosport recife x retrôuma impacta as outras.

Crédito, Jorge Arbache

Por mais que a empresa seja eficiente e produtiva individualmente no seu "chãosport recife x retrôfábrica", ainda assim ela poderá ser pouco competitiva. Genericamente, podemos dizer que uma cadeiasport recife x retrôprodução será tão competitiva quanto o seu elo mais fraco.

O que fazer?

1- Desenvolver políticas que reduzam as enormes disparidadessport recife x retrôcapital humano entre trabalhadores e entre empresas. É preciso definir metas mínimassport recife x retrôconhecimento para os estudantes e para as escolas; distribuir os recursos financeiros e humanos (professores, coordenadores etc.)sport recife x retrôforma que as escolas e estudantes com pior desempenho tenham mais e melhores recursos; estabelecer currículosport recife x retrônível nacional, incluindo a definiçãosport recife x retrômaterial didático básico; criar forças-tarefas para apoiar Estados e municípios a alcançarem as metas; desenvolver políticassport recife x retrôeducação profissionalsport recife x retrôforma que as empresas com maiores deficiênciassport recife x retrôacesso a capital humano recebam mais atenção, e desenvolver programassport recife x retrôeducação profissional adequados à realidade daquelas empresas e setores.

2- Trazer a educação profissional para o centro do debate. Considerando-se a limitada escolaridade média, a baixa qualidade da educação básica e as lacunassport recife x retrôconhecimento cognitivo esport recife x retrôaprendizado e preparação para o mundo do trabalho, o treinamento e a educação profissional devem ganhar atenção para suprir os alunos dos conhecimentos básicos e laborais necessários para os desafios do mercadosport recife x retrôtrabalho.

3- Elevar a relação capital/trabalho, ou seja, melhorar as tecnologias, equipamentos e o ambiente físicosport recife x retrôque o trabalhador desempenha as suas funções.