Jamaica, o paraíso caribenho que se tornou o país com maior taxabetboo 268homicídios do mundo:betboo 268
O portal Insight Crime afirma que,betboo 2682021, a Jamaica teve a maior taxabetboo 268homicídios do mundo.
De fato, Kingston, a capital, às vezes é chamadabetboo 268"a capital mundial do crime".
Muitos analistas observam que, embora os principais autores dos crimes sejam as chamadas posses ou gangues, trata-sebetboo 268um problema que tem raízes profundas desde a formação do país.
"A Jamaica tem esses problemasbetboo 268violência por várias razões que se misturam com conflitos históricos não resolvidos que levaram ao que estamos vivendo", diz Jermaine Young, analista político especializadobetboo 268questões caribenhas, à BBC News Mundo, serviçobetboo 268notíciasbetboo 268espanhol da BBC.
E tanto Young quanto outros analistas concordam que as medidas tomadas pelos governos locais, especialmente a decretaçãobetboo 268estadobetboo 268emergência, não ajudam a resolver os problemas.
Mas o que está acontecendo na Jamaica e por que as medidasbetboo 268controle tomadas pelo governo despertam críticas?
Como surgiram as gangues?
Para Young e outros analistas, o problema atual da violência tem origens que remontam à independência do país do Reino Unido, ocorridabetboo 2681962.
"Historicamente, a divisão política contribuiu para essa violência, especialmente com o período da Guerra Fria e as crescentes batalhas ideológicas entre o Partido Trabalhista da Jamaica (JLP, na siglabetboo 268inglês),betboo 268centro-direita, e o Partido Nacional do Povo (PNP),betboo 268centro-esquerda, nas décadasbetboo 2681970 e 1980", afirma Young.
Essa profunda divisão política deu origem às gangues ou, como são conhecidas no país, posses, que atuam principalmentebetboo 268Kingston.
Elas possuem, inclusive, satélitesbetboo 268cidades como Londres, Toronto e Nova York.
As posses controlam grande parte da capital, e seu território tem a ver com o partido com o qual estão relacionadas.
Vários relatórios recentes da Organização das Nações Unidas (ONU) e da imprensa local indicam que as gangues ligadas ao PNP controlam territórios a oeste e sul da capital, enquanto as que têm relação com o JLP controlam o leste.
"As gangues operambetboo 268algumas comunidades (especialmente aquelas que são consideradas currais eleitorais; um partido controla os votos e saques) impunemente", afirma Young.
No entanto, ele acrescenta, essas gangues costumavam viverbetboo 268acordos políticos,betboo 268trocabetboo 268manter a paz nas áreas sob seu controle, mas nos últimos anos isso mudou.
"Elas se tornaram mais independentes com a chegada das armas, drogas e outros negócios ilegais", explica.
E isso deu lugar a uma batalha pelos territórios.
Drogas e armas dos EUA
Durante a décadabetboo 2681980, com o estabelecimento das ganguesbetboo 268Kingston, aconteceram dois fenômenos na Jamaica que abalaram a segurança interna.
O primeiro foi o tráficobetboo 268drogas ilícitas da América do Sul para os Estados Unidos — além da produção internabetboo 268maconha —, e o outro foi a chegadabetboo 268armas.
Muitas armas que eram vendidas livremente no país americano foram parar na ilha caribenha.
Em matériabetboo 268drogas, o Departamentobetboo 268Estado indicoubetboo 268seus relatórios que a Jamaica é o principal fornecedorbetboo 268maconha ilegal aos Estados Unidos.
Embora o uso recreativo da maconha tenha sido legalizadobetboo 268cercabetboo 26814 Estados americanos, o fato é que por muitos anos seu uso generalizado foi ilegal, razão pela qual seu comércio ajudou a fortalecer as gangues jamaicanas.
Acrescenta-se a isso que, com o aumento do narcotráfico da América do Sul para os Estados Unidos na décadabetboo 2681980, a Jamaica se tornou um dos principais portos do Caribe na rota da cocaína.
Uma investigação do órgão federal responsável pela repressão e controlebetboo 268narcóticos nos EUA (DEA, na siglabetboo 268inglês) indica que, embora a Jamaica tenha sido um importante pontobetboo 268passagem por décadas,betboo 2682014, a maioria da droga que passava pelo Caribe para os EUA e até mesmo para a Europa passava pelo portobetboo 268Kingston.
"A Jamaica é um pontobetboo 268passagem para a cocaína que sai da América Central com destino aos Estados Unidos, e algumas organizaçõesbetboo 268tráficobetboo 268drogas trocam maconha jamaicana por cocaína", dizia o relatório.
Uma situação que se manteve nos últimos anos, e que também ajudou a financiar as gangues ebetboo 268estratégia baseada na violência para o controle territorial.
O que é preciso para travar essa guerra pelo controle do altamente rentável tráficobetboo 268drogas? Armas.
E as gangues não tiveram dificuldadebetboo 268consegui-las, principalmente pelo acesso a armamento que existe nos EUA.
Uma investigação do jornal americano The New York Times mostroubetboo 2682019 que milharesbetboo 268armas que eram vendidas livremente e sem regulamentação nos EUA acabavam, graças a essa faltabetboo 268controle, nas ruasbetboo 268Kingston envolvidasbetboo 268dezenasbetboo 268assassinatos.
"Muitas pessoas nos EUA veem o controlebetboo 268armas como um assunto puramente doméstico. Mas os vizinhos, como a Jamaica, cujos cidadãos estão sendo mortos por armas americanas, têm uma perspectiva muito diferente", explicou ao New York Times Anthony Clayton, autorbetboo 268vários relatórios oficiais dos EUA sobre a Jamaica.
Estadobetboo 268emergência
Esta combinaçãobetboo 268fatores levou a Jamaica a liderar os principais rankingsbetboo 268violência no mundo nos últimos anos.
De acordo com o relatório da ONG Freedom House sobre a Jamaica, a taxabetboo 268homicídios foi a mais alta da regiãobetboo 2682021, enquanto dados do Escritório da ONU para Drogas e Crime (UNODC, na siglabetboo 268inglês), cujo último relatório global foibetboo 2682017, colocam o paísbetboo 268quarto lugar no mundo.
Os governos locais não ficaram alheios a esta situação e tentaram ao longo dos anos controlar os surtosbetboo 268violência com medidas como o estadobetboo 268emergência.
A última delas foi declarada há duas semanas pelo primeiro-ministro jamaicano, Andrew Holness.
"Temos algumas ameaças criminosas realmente sérias diantebetboo 268nós e temos que usar todos os poderes à nossa disposição", observou o primeiro-ministro.
Esses estadosbetboo 268emergência permitem ao governo jamaicano ter mais poderes para levar adiante a luta contra as gangues.
Para muitos na ilha, essas medidas — que se estendem, inclusive, a áreas turísticas como Montego Bay — servem para melhorar a segurança.
"Desde que foi declarado o estadobetboo 268emergência, os assassinatos foram reduzidosbetboo 26864%. É uma medida que funciona", explicou Anthony Johnson, comandante da polícia jamaicana, à agênciabetboo 268notícias AP.
No entanto, outros não consideram viável que os governos jamaicanos dependam somente desses decretos para resolver o que é um problema muito mais profundo.
"O problema é que esse estadobetboo 268emergência, que parece ser o único recurso dos governos, alémbetboo 268não solucionar a raiz da criminalidade, restringe profundamente os direitos constitucionais dos jamaicanos", diz o analista Young.
Gruposbetboo 268defesa dos direitos humanos denunciam, há anos, prisões arbitrárias e uso excessivo da força contra dezenasbetboo 268pessoas por parte da polícia local enquanto esses estadosbetboo 268emergência estãobetboo 268vigor.
Na verdade, a Suprema Corte da Jamaica decidiubetboo 268junho passado que era inconstitucional deter jamaicanos por meses sem julgamento, mesmo que estivesse no meio da situaçãobetboo 268emergência.
"E a reduçãobetboo 268casos também não é tão verdade quanto dizem. Há grandes áreas na Jamaicabetboo 268que essa medida já dura maisbetboo 268dois anos, e os índices continuam piores. É uma medida que não ataca a raiz da questão", diz Young.
"Muitos consideram que não haverá avanço sem antes reduzir a corrupção e, sobretudo, eliminar os vínculos que existem entre os partidos políticos e as gangues, para depois poder trabalhar na redução dos índicesbetboo 268violência", conclui o analista.
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