'Tinha uma vida completa e perdi tudo': o relato da juíza afegã que se refugiou do Talebã no Brasil:betfair desporto

Saharbetfair desportocostas

Crédito, Lucas Borges / Divulgação AMB

Legenda da foto, 'Não trouxemos quase nada, talvez só uma ou duas trocasbetfair desportoroupa', diz Sahar

Nos últimos 20 anos, 270 mulheres atuaram como magistradas no Afeganistão. Boa parte delas conseguiu fugir com o auxílio da Associação Internacionalbetfair desportoJuízas Mulheres (IAWJ, na siglabetfair desportoinglês) e se refugioubetfair desportodiversos países ao redor do globo.

O Brasil concedeu visto humanitário a sete dessas juízas e a três magistrados do sexo masculino. Todos desembarcaram no paísbetfair desportooutubro passado e foram recebidos pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB).

Mas cercabetfair desporto90 juízas ainda estão presasbetfair desportoseu país, escondidas.

'Só conseguia pensar que precisava sair dali'

Em seu relato, Sahar detalha os momentosbetfair desportomedo e desespero que antecederambetfair desportofuga do Afeganistão.

A juíza ebetfair desportofamília tiveram que deixarbetfair desportocasa para se esconderbetfair desportooutro local após a tomada do poder pelo Talebã.

Membros do Talebã

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Talebã: grupo fundamentalista islâmico assumiu o controle do Afeganistãobetfair desportoagosto passado

Com a queda do governo afegão, juízesbetfair desportotodo o país passaram a ser perseguidos porbetfair desportoparticipaçãobetfair desportojulgamentos e condenaçõesbetfair desportomembros do grupo extremista durante o período da ocupação americana.

Os talebãs ainda abriram prisõesbetfair desportotodo o país, libertando homens que os magistrados haviam encarcerado.

A vida das mulheres também mudou drasticamente com a instauração do regime. Meninas foram proibidasbetfair desportoreceber educação secundária, o ministério da mulher foi dissolvido ebetfair desportomuitos casos funcionárias foram impedidasbetfair desportovoltar ao trabalho.

"Grupos como o Talebã, o Daesh (Estado Islâmico) e outros não aceitam a justiça feita pelas mulheres", diz Sahar.

"A situação se tornou realmente desesperadora quando o Talebã passou a vasculhar casa a casabetfair desportotodos os juízes. Eles invadiram a Suprema Corte e conseguiram acesso a todo tipobetfair desportoinformação sobre nós, como fotos, endereço e documentos."

"Foi aí que percebemos que realmente não poderíamos continuar no Afeganistão, pois seria muito perigoso", relata.

A juíza se refugiou inicialmente na casabetfair desportoparentes. "Ficamos trancados sem poder sair. Não podíamos voltar para nosso apartamento nem para pegar nossas coisas, pois os talebãs estavam fazendo rondas no nosso quarteirão", conta.

"Foi muito difícil. Eu não conseguia cozinhar, lavar roupa ou fazer mais nada, só conseguia pensar que precisava sair dali."

Dois meses se passaram até que Sahar recebeu a notíciabetfair desportoque seria resgatada e receberia refúgio no Brasil.

"Denunciamos nossa situação para a IAWJ e eles entrarambetfair desportocontato com vários paísesbetfair desportobuscabetfair desportoajuda e vistos para nós juízas", diz. "Quando chegou a minha vez me disseram que iríamos para o Brasil".

A magistrada se mudou acompanhada da família mais próxima. Por questõesbetfair desportosegurança, os detalhes da operação que os tirou do Afeganistão e trouxe ao Brasil não foram revelados.

"Eles disseram que não poderíamos levar muitas coisas conosco, porque tudo tinha que ser discreto. Então não trouxemos quase nada, talvez só uma ou duas trocasbetfair desportoroupa", relatou Sahar à BBC News Brasil.

"Preciso me controlar para não chorar quando lembro do dia que fomos embora. Foi uma grande desgraça para nós".

"Tínhamos uma boa casa, um bom salário e nossa família no Afeganistão e deixamos tudo para trás. Foi uma situação muito ruim, mal consigo descreverbetfair desportopalavras".

Medo do que ficou para trás

Em seus maisbetfair desportoquatro anos como magistrada no Afeganistão, Sahar se dedicava principalmente a processos criminais.

A juíza se diz orgulhosabetfair desportoseu trabalho, especialmente nos casos relacionados à segurança e bem-estarbetfair desportooutras mulheres.

"É preciso que haja espaço para as mulheres serem juízas, pois uma mulher confia na outra. As mulheres que iam aos tribunais conseguiam se abrir mais conosco", relata.

"Eu era muito feliz no meu trabalho. Desde pequena sonhavabetfair desportopoder ser juíza e fazer justiça pelas famílias e pelas crianças."

Imagembetfair desportoarquivo mostra professora dando aula no Afeganistão

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Imagembetfair desportoarquivo mostra professora dando aula no Afeganistão; mulheres e meninas foram excluídas na volta às aulas do ensino médio

Sahar afirma não ter julgado nenhum caso diretamente relacionado ao Talebã, mas admite que pode ter participadobetfair desportojulgamentos por crimes comuns cometidos por membros do grupo.

"Eu julgava todo tipobetfair desportocaso, como assassinato, sequestro, roubo, corrupção, casosbetfair desportofamília."

Por seu trabalho, ela afirma temer pela vidabetfair desportoalgunsbetfair desportoseus familiares que ainda estão no Afeganistão.

"Tenho medo porque eles têm todo tipobetfair desportodados e informações sobre nós. Eles podem estarbetfair desportoperigo", diz. "Quando saímos do Afeganistão todos se mudaram e se esconderambetfair desportooutros lugares."

"Falo às vezes com eles, mas não muito pois acho que nossos números podem estar sendo hackeados."

E mesmo a quilômetrosbetfair desportodistância do Afeganistão, Sahar diz ainda sentir medo do que deixou para trás.

"Às vezes ainda tenho medo, pois sou humana e penso demais nas coisas."

A vida no Brasil

Sahar e os outros nove magistrados que se refugiaram no Brasil receberam vistos humanitários emitidos com basebetfair desportouma portaria interministerial publicadabetfair desportosetembrobetfair desporto2021 pelos ministérios das Relações Exteriores e da Justiça e Segurança Pública.

Entre juízes e familiares, 26 pessoas desembarcaram no paísbetfair desportooutubro passado.

"Todos chegaram muito assustados no Brasil, preocupados com a segurança e sem falar uma palavrabetfair desportoportuguês", relata Renata Gil, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros que coordenou o acolhimento das famílias.

Para que pudessem recomeçar suas vidas, todos receberam moradia, alimentação e atendimento médico providenciados pela AMB e seus parceiros.

Os magistrados e suas famílias também estão estudando inglês e português e seus filhos ganharam bolsasbetfair desportoestudobetfair desportoescolas locais.

Afegãos no aeroportobetfair desportoCabul na esperançabetfair desportodeixar o país

Crédito, AFP

Legenda da foto, Após tomada do poder pelo Talebãbetfair desportoagostobetfair desporto2021, milharesbetfair desportoafegãos tentaram fugir do país

"Todas as juízas que acolhemos guardam cicatrizes profundas por tudo que passaram e uma dor grande pela perda. É um processobetfair desportoadaptação intenso", diz Gil. "Mantemos contato periódico com as associações internacionais que acolheram juízasbetfair desportooutros países e recebemos relatos semelhantes."

'Penso todos os dias no meu país'

Após um período inicial vivendobetfair desportoacomodações militares, Sahar mora agora com toda a famíliabetfair desportoum imóvel alugado.

Ela foi empregada como auxiliar jurídica por um escritóriobetfair desportoadvocacia, onde faz pesquisa para casos relacionados à imigração.

A juíza afirma que, antesbetfair desportose mudar para o Brasil, conhecia pouquíssimo sobre o país. "Não tinha ouvido falar muito sobre o povo, a cultura ou a língua", conta.

E apesarbetfair desportoestar muito grata pela recepção calorosa e ajuda que recebeu por aqui, Sahar afirma não passar um dia sem pensarbetfair desportovoltar para casa.

"Penso todos os dias no meu país, na minha família e no meu antigo trabalho. O Afeganistão é minha terra natal e sinto falta todos os dias."

"Não posso dizer que estou desfrutando do meu tempo no Brasil, porque essa não é uma situação nada fácil", diz a juíza. "Mas estamos muito gratos com toda ajuda que recebemos. O povo aqui é muito amigável, assim como o povo afegão."

"Espero que tudo fique bem para que eu possa voltar. Sei que a situação não está nada fácil, mas se Alá quiser talvez tudo se resolverábetfair desportobreve."

*O nome da juíza foi alterado para preservarbetfair desportoidentidade e garantirbetfair desportosegurança ebetfair desportosua família

- Este texto foi publicadobetfair desportohttp://roberthost1.accountsupport.com/internacional-62314089

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