Crise na Venezuela: quais os riscos para o Brasilwinlegend casinouma ação militar no país vizinho?:winlegend casino

Crédito, Bruno Kelly/Reuters
O que explica essa posturawinlegend casinocautela do Brasil?
Especialistaswinlegend casinorelações internacionais e integrantes do Exército ouvidos pela BBC News Brasil dizem que pesa na decisão o temorwinlegend casinoque uma ação militar liderada pelos Estados Unidos abra precedente para outras intervenções na região por potências estrangeiras.

Crédito, JOEDSON ALVES/EPA
O fatowinlegend casinoa fronteira do Brasil com a Venezuela serwinlegend casinoárea da Floresta Amazônica acende um alerta adicional, sobretudo entre os militares.
Também conta na decisão do governo a tradição diplomática brasileirawinlegend casinonão intervirwinlegend casinooutros países, sobretudo sem o aval do Conselhowinlegend casinoSegurança das Nações Unidas.
"A não-intervenção sempre foi um pilar da nossa política externa e militar. É uma questãowinlegend casinoEstado, independentemente dos governo. Isso ainda é mais sensível por se tratar da região amazônica", disse à BBC News Brasil o general da reserva Eduardo Schneider, que atuou nas missõeswinlegend casinopaz da ONU no Haiti ewinlegend casinoAngola.
Há, também, o fator econômico. As consequênciaswinlegend casinouma guerra são imprevisíveis - se uma intervenção estrangeira na Venezuela gerasse uma guerra civil, por exemplo, o Brasil poderia ter que manter tropas lá por anos.
O que poderia detonar um conflito armado?
A preocupação imediata é que uma escalada da tensão na fronteira do Brasil com a Venezuela possa gerar reações violentas por parte dos Exércitos dos dois países.
Para impedir que alimentos e medicamentos doados por Estados Unidos e outras nações entrassem no território, Maduro enviou tropas às fronteiras com Colômbia e Brasil. Ele argumenta que a ajuda humanitária é partewinlegend casinouma estratégia do governo americano para tirá-lo do poder.
Bombaswinlegend casinogás lacrimogêneo, balaswinlegend casinoborracha e armas letais foram usadas contra venezuelanos que tentaram forçar a passagem dos caminhões com suprimentos no fimwinlegend casinosemana.
Os confrontos geraram o temorwinlegend casinoque a violência escalasse e incitasse uma resposta armada do Brasil.
"Uma pequena provocação pode acabar gerando uma reação violenta. E um disparo que cruze a fronteira pode acabar atingindo um soldado venezuelano ou brasileiro e gerar uma resposta. É uma situação delicada", destaca a professora Jennifer McCoy, diretora do Institutowinlegend casinoEstudos Globais da Georgia State University, nos Estados Unidos, e autora do livro Mediação Internacional na Venezuela.

Crédito, EPA
O coronel do Exército brasileiro José Jacaúna, que atuawinlegend casinoPacaraima, Roraima, chegou a defender,winlegend casinoentrevista à TV Globo, uma "posição firme" por parte do Brasilwinlegend casinoresposta às bombaswinlegend casinogás lacrimogênio disparadas por soldados venezuelanos.
Para aplacar os ânimos, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que Brasil não iria "estressar" com o fatowinlegend casinotiros e bombaswinlegend casinoefeito moral terem atingido território brasileiro.
"O Brasil não tomaria a iniciativawinlegend casinoatacar. Mas, na hora que você é atacado, é até um instintowinlegend casinosobrevivência revidar. Nesse caso, é importante orientar os soldados a não cairwinlegend casinoprovocações levianas", afirma o general da reserva Eduardo Schneider.
Além do riscowinlegend casinoum conflito gerado por tensões na fronteira, há a possibilidadewinlegend casinoos Estados Unidos pressionarem países da América Latina a apoiar uma intervenção militar planejada.
Precedente 'perigoso' para soberania
Segundo especialistas, neste caso, o apoiowinlegend casinopaíses como Brasil e Colômbia seria importante para garantir legitimidade a uma intervenção liderada pelos EUA.
"É uma questão diplomática e simbólica. O apoio permitiria aos Estados Unidos dizer que estão alinhados com os interesses dos países vizinhos à Venezuela", explicou à BBC News Brasil Oliver Stuenkel, professorwinlegend casinoRelações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Segundo Jennifer McCoy, uma estratégia que eventualmente pode ser adotada pelos Estados Unidos caso decida intervir é evocar o princípio da "responsabilidadewinlegend casinoproteger", das Nações Unidas, que permite intervenção estrangeira se o governowinlegend casinoum país se omitir quanto à práticawinlegend casinocrimes contra humanidade, crimeswinlegend casinoguerra, genocídio e limpeza étnica.

Crédito, Carolyn Richardson
"Há especulaçãowinlegend casinoque esse princípio possa ser evocado pelos Estados Unidos para justificar uma intervenção agora que a ajuda humanitária foi rejeitada pela Venezuela. Acho que tentariam enquadrar na cláusulawinlegend casinocrimes contra a humanidade", diz McCoy.
Mas há ampla divergência sobre se essa cláusula,winlegend casinofato, poderia ser acionada no caso venezuelano. E, se a discussão for levada ao Conselhowinlegend casinoSegurança das Nações Unidas, a Rússia, aliada do governo Maduro, possivelmente vetaria uma intervenção militar.
"Com esse possível veto, obter o apoiowinlegend casinopaíses da América Latina ou da Organização dos Estados Americanos (OEA) seria uma formawinlegend casinotornar a decisão multilateral. Se os Estados Unidos agirem sozinhos, podem ser acusadoswinlegend casinoestar intervindo para satisfazer a interesses próprios. E isso pode estimular apoiadoreswinlegend casinoMaduro a lutarem por elewinlegend casinovezwinlegend casinoabandoná-lo", explica a professora norte-americana.
Militares e diplomatas brasileiros, no entanto, resistem à ideiawinlegend casinouma ação militar por acreditarem que isso poderia abrir caminho para futuras intervençõeswinlegend casinopotências internacionais na região.
"O militar enxerga as coisaswinlegend casinomaneira pragmática, sob a ótica dos interesses do Brasil. Com as voltas que o mundo dá, o Brasil poderia ser alvowinlegend casinointervenção no futuro. Temos que tomar cuidado para não sermos peões dentrowinlegend casinouma estratégiawinlegend casinouma superpotência", afirma o general da reserva Eduardo Schneider.
Custos econômicos e perdawinlegend casinovidas

Crédito, Ricardo Moraes/Reuters
Outra explicação para a cautela adotada pelo governo brasileiro é o custo econômico que um conflito armado poderia gerar.
Além dos gastos imediatoswinlegend casinouma operação militar, o conflito poderia acabar por se prolongar e exigir gastos fixos para manter tropas brasileiras no país vizinho. "Quando você toma a decisãowinlegend casinointervir, se torna responsável pelo problema depois", diz Oliver Stuenkel, da FGV.
"Os Estados Unidos estão há 18 anos no Afeganistão. Eles têm a responsabilidadewinlegend casinoreconstrução do país, porque se tornaram atores políticos. No Iraque, há presençawinlegend casinotropas americanas há 16 anos."
O general Eduardo Schneider chama a atenção para o riscowinlegend casinosurgirem conflitos armados entre grupos a favor e contrários a Maduro, com a possibilidade, inclusive,winlegend casinoformaçãowinlegend casinoguerrilhas.
"Um conflito no nosso vizinho, se arrastando por anos, seria horrível para o Brasil. Você pode derrubar militarmente Maduro, mas depois não sabemos se isso pode gerar uma guerrawinlegend casinoguerrilhas."

Crédito, Adriano Machado/Reuters
Um conflito que se arraste também pode, evidentemente, gerar perdas humanas tantowinlegend casinovenezuelanos quantowinlegend casinomilitares estrangeiros. Por isso, segundo especialistas, a justificativa para uma ação militar deve ser sólida a pontowinlegend casinogarantir apoio popular para o enviowinlegend casinotropas.
"Não se sabe qual a capacidadewinlegend casinoresposta do Exército venezuelano, mas é possível que uma fragmentação do conflito acabe gerando maior sofrimento humano sem que se resolva a raiz do problema da crise humanitária e política na Venezuela", avalia Par Engstrom, professorwinlegend casinoRelações Internacionais da University College London, no Reino Unido.
Desconfiança entre países vizinhos
Os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil dizem ainda que um eventual apoio do Brasil a uma ação militar sem o avalwinlegend casinooutros países da América Latina poderia gerar conflitos diplomáticos e desconfiança na região.
"Os vizinhos vão interpretar a atuação brasileira como um precedente. O Paraguai, por exemplo, pode pensar: 'Se o Brasil faz isso com a Venezuela, pode fazer com a gente também'", destaca Oliver Stuenkel.
O maior conflito armado da América do Sul foi a Guerra do Paraguai, quando Brasil, Argentina e Uruguai formaram a "Tríplice Aliança" contra o Paraguai. O conflito durouwinlegend casino1864 a 1870 e resultou na mortewinlegend casinomaiswinlegend casinodois terços da população masculina paraguaia. A memória desse conflito continua viva entre os paraguaios.
"Hoje, não temos hoje problemas latenteswinlegend casinofronteira com vizinhos. Nossas fronteiras foram negociadas por meiowinlegend casinotratados. Não há interessewinlegend casinoreacender feridas nessa direção", completa o general Eduardo Schneider.
Mas pressão política e econômica é suficiente para resolver a crise?

Crédito, Ricardo Moraes/Reuters
O governo brasileiro acredita que a pressão política e econômica sobre a Venezuela acabará por convencer Maduro a deixar o poder, viabilizando a realizaçãowinlegend casinonovas eleições.
Algumas das sanções econômicas mais duras impostas pelos Estados Unidos, como a que praticamente paralisa importaçãowinlegend casinopetróleo venezuelano, ainda não entraram integralmentewinlegend casinovigor. A exportaçãowinlegend casinopetróleo é a principal fontewinlegend casinorenda da Venezuela e a medida deve ter impacto significativo na economia do país.
"A situação atual não é sustentável para o governo Maduro, principalmente considerando esse nívelwinlegend casinosanção econômica e o fechamento das fronteiras com Brasil e Colômbia,winlegend casinoonde a Venezuela importa a maioria dos produtos básicos", diz Jennifer McCoy.
Na visão da professora americana, uma negociação liderada por nações da América Latina, sem a participação direta dos Estados Unidos, seria mais eficazwinlegend casinoalcançar uma solução negociada.
"As negociações precisariam prever novas eleições presidenciais e o partidowinlegend casinoMaduro teria que participar, mas ele, obviamente, não pode estar no controle do processo eleitoral", afirma.
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