Eleições na Venezuela: O que são os 'pontos vermelhos' e por que Henri Falcón acusa Madurogreenbets1compragreenbets1votos:greenbets1

  • Daniel García Marco
  • Correspondente da BBC Mundo na Venezuela
Mulher mostra seu carnê da pátria

Crédito, AFP

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Cartão chamadogreenbets1'carnê da pátria' é maneira pela qual governo faz transferênciagreenbets1renda à população mais pobre (Imagemgreenbets1arquivo)

"Todos com o carnê da pátriagreenbets1mãos", gritava, na manhãgreenbets1domingo um homem vestidogreenbets1vermelho a uma filagreenbets1pessoas que esperavam sob um sol intenso.

A cena no bairro populargreenbets1Petare, no leste da capital, Caracas, se repetiagreenbets1boa parte da Venezuela durante as eleições presidenciais.

E é um dos motivos pelos quais o candidatogreenbets1oposição Henri Falcón disse que não reconhece a reeleiçãogreenbets1Nicolás Maduro como presidente.

Falcón argumenta que as tendas vermelhas oficiais montadas pertogreenbets1locaisgreenbets1votação, os chamados "pontos vermelhos", onde voluntários como o homem da cena descrita acima anotavam os nomes dos eleitores e escaneavam o chamado "carnê da pátria" significam compragreenbets1votos pelo governo.

O que é o carnê?

Em janeirogreenbets12017, Maduro anunciou a criação do carnê da pátria, cartão com um código QR que identifica os cidadãos que recebem algum tipogreenbets1ajuda social do governo.

Por meio dele, foram entregues também, nos últimos meses, bônus financeirosgreenbets1ajuda direta.

No dia 13greenbets1maio, Dia das Mães, diversas mulheres se reuníam na Plaza Bolívar, no centrogreenbets1Caracas,greenbets1fila para que um funcionário com um celular escaneasse o cartão.

Mulheres sorriem para a câmera ao mostrar seus cartões

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Henri Falcón, principal candidato da oposição, disse que cartão foi usado para "comprar votos" (imagemgreenbets1arquivo)

O prêmio para as mães eragreenbets11,5 milhãogreenbets1bolívares, uma ajuda equivalente a menosgreenbets1US$ 2 considerando o câmbio no mercado paralelo - dá para comprar pouco, mas traz algum alívio num país tomado pela hiperinflação.

Durante a campanha, Maduro prometeu entregar aos eleitores que fossem votar, por meio do cartão, um prêmio cuja quantidade não revelou, mas que supõe-se que chegasse a 10 milhõesgreenbets1bolívares.

"É o prêmio da pátria. O cartão protege você e você protege a pátria votando", disse o presidente.

No domingo, Falcón afirmou que "essa promessa do presidente sem dúvida violou o processo".

Tradição

Na Venezuela tem sido habitual, durante os processos eleitorais, a entregagreenbets1presentes e incentivos, especialmente por parte do chavismo. A prática foi denunciada repetidas vezes pela oposição.

De acordo com o candidato oposicionista, o cartão e seu registro nos "pontos vermelhos" é uma formagreenbets1"controle político e social". Dias antes, ele havia reclamado com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), por considerar que o "prêmio"greenbets1Maduro viola o acordo entre os candidatos presidenciais.

Pessoas se registramgreenbets1um ponto vermelho

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Pontos vermelhos fazem parte da azeitada máquinagreenbets1mobilização eleitoral do chavismo (Fotogreenbets1arquivo)

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A promessagreenbets1ajuda do governo mediante o voto também é um dos motivos pelos quais a oposição convocou os eleitores a não participarem do pleito do domingo, por considerar que o processo não foi justo.

"O presidente da República sugeriu a compragreenbets1votos e conscientemente brincou com a fome dos mais pobres", afirmou Falcón.

De acordo com o candidato, havia maisgreenbets112 mil pontos vermelhos nos arredoresgreenbets1centrosgreenbets1votação.

"No centro, onde eu votei, havia um (ponto vermelho) apenas 12 metros à frente" disse Falcón, ex-governador do Estadogreenbets1Lara, que também falougreenbets1142 mil denúncias registradasgreenbets1tentativasgreenbets1compragreenbets1voto.

"Não reconhecemos esse processo eleitoral como válido, correto, realizado. Para nós, não houve eleições, é preciso realizar novas eleições na Venezuela."

As tendas, que costumam servir para registrar os eleitoresgreenbets1cada partido, não são novas. Mas as vermelhas, parte da máquinagreenbets1mobilização eleitoral do chavismo, sempre foram mais numerosas.

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela

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Em seu discurso após a reeleição, Maduro voltou a defender o sistemagreenbets1'carnês da pátria'.

"Eles existem há 20 anos, são pequenas tendas para agitar o voto partidário. Por que querem criminalizar as pessoas humildes que participam da máquinagreenbets1mobilização?", disse Maduro, no discurso que fez após ser declarado o vencedor da eleição com uma diferençagreenbets147 pontos percentuaisgreenbets1relação a Falcón.

Cartão para maisgreenbets116 milhões

Maduro afirmou que pretende ampliar o carnê da pátria, que já está disponível para maisgreenbets116 milhõesgreenbets1pessoas, e que a oposição "quis demonizar", segundo o presidente.

Essa crifra é muito superior aos 5,8 milhõesgreenbets1votos que Maduro obteve no domingo - muitas pessoas não são chavistas, mas possuem o carnê para receber ajudas diretas.

Henri Falcón faz um discuso após sabert dos resultados eleitorais

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Henri Falcón disse que milharegreenbets1pessoas chegaram a denunciar o 'auxíliogreenbets1voto' do governo

Em um atogreenbets1campanha realizado na semana passadagreenbets1Charallave, a uma horagreenbets1Caracas, a BBC falou com Dinalia Ávila, uma mulhergreenbets130 anos, sem trabalho e com duas filhas - uma delas com epilepsia.

Sua única fontegreenbets1renda são os bônus do governo. Para ela, um dos motivos para votargreenbets1Maduro é o receiogreenbets1que o dinheiro deixassegreenbets1chegar caso a oposição vencesse.

Em seguida,greenbets1cima do palco, Maduro gritou: "Quem tem o carnê da pátria?" e milhares, incluindo Ávila, demonstravam euforia agitando o documento no ar. "É dando e dando", disse o presidente, repetindo a frase tradicional no país.