O mistério das bombas nucleares que se perderam sem deixar rastro durante a Guerra Fria:aposta ganha 30 rodadas
- Steve Punt e Laurence Grissell
- BBC

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aposta ganha 30 rodadas A possibilidadeaposta ganha 30 rodadasque as potências mundiais possam ter perdido bombas atômicas por descuido e que elas possam estar nas mãosaposta ganha 30 rodadasalguma pessoa ou organização criminosa com pretensõesaposta ganha 30 rodadasdominação global pode soar como a tramaaposta ganha 30 rodadasum livro ouaposta ganha 30 rodadasum filmeaposta ganha 30 rodadasespionagem.
Mas, ainda que pareça absurdo que um governo possa ter perdido uma arma nuclear e nunca mais a tenha encontrado, a verdade é que, nos primeiros anos da corrida nuclear, a nova tecnologia exigia que se realizassem vários testes nos quais, por falhas técnicas ou erro humano, alguns destes dispositivos sumiram sem deixar rastros.
Fontes oficiais garantem que há várias explicações para refutar esses temores e aparentes riscos. Mas quantos casos existemaposta ganha 30 rodadasarmas extraviadas?
Segundo o historiador naval e analistaaposta ganha 30 rodadasassuntosaposta ganha 30 rodadasdefesa Eric Grove, os Estados Unidos perderam cercaaposta ganha 30 rodadassete bombas, a maioria delas nos anos 1950, no início da Guerra Fria. "Assim que começaram a transportar armamentos nucleares, ocorreram acidentes, Aviões se acidentaram ou bombas caíram por erro", disse Grove à BBC.

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Durante a Guerra Fria, a acumulaçãoaposta ganha 30 rodadasarmas nucleares era intensa. Elas estavam por todos os lados. Os americanos tinham permanentemente aviões voando carregados com armas termonucleares. Mas,aposta ganha 30 rodadasvezaposta ganha 30 rodadasquando, as coisas não saíam como previsto.
"A razão pelas quais as bombas não foram recuperadas é a dificuldadeaposta ganha 30 rodadaschegar até elas. É difícil submergir a 6 mil metrosaposta ganha 30 rodadasprofundidade", explica Grove.
Os acidentes durante o manejoaposta ganha 30 rodadasuma arma nuclear ouaposta ganha 30 rodadasseus componentes, sem que haja uma detonação, são conhecidos no jargão militar americano como "flecha quebrada". Um dos casos mais intrigantes – ou perturbadores, dependendo do pontoaposta ganha 30 rodadasvista – ocorreuaposta ganha 30 rodadasSavannah, no Estado da Georgia, nos Estados Unidos,aposta ganha 30 rodadas1958.
Um avião militar B-47 da Força Aérea americana, com uma bombaaposta ganha 30 rodadashidrogênio a bordo, voltava após realizar exercícios conjuntos com outros aviões para lançamento e interceptaçãoaposta ganha 30 rodadasataques nucleares. Era madrugada,aposta ganha 30 rodadaslua cheia, quando ocorreu um erro com graves consequências.
"Houve uma colisãoaposta ganha 30 rodadasgrande altitude. O pilotoaposta ganha 30 rodadasoutro avião conseguiu saltaraposta ganha 30 rodadasparaquedas, mas o piloto do B-47 pediu àaposta ganha 30 rodadastripulação que não abandonasse a aeronave, pois planejava uma aterrissagemaposta ganha 30 rodadasemergência imediata no aeroportoaposta ganha 30 rodadasSavannah", relatou Derek Duke, tenente-coronel da reserva da Força Aérea dos Estados Unidos, à BBC.

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Mas a aterrissagemaposta ganha 30 rodadasemergência não saiu como planejado. Naquela noite, por acaso, a pista do aeroporto estavaaposta ganha 30 rodadasobras. "Houve muita tensão a bordo eaposta ganha 30 rodadasterra. O piloto decidiu que seria muito melhor se desfazer da arma nuclearaposta ganha 30 rodadas6,5 mil quilos e ordenou ao navegador a jogar a carga fora", conta Duke.
Assim foi feito, na costa da Georgia, sem que se registrassem chamas ou explosão alguma. "Quando aterrissaram, depois, beijaram a terra, felizes por estarem vivos", disse Duke. Até que se lembraram que haviam jogado um dispositivo nuclear do avião.
Foi organizada então uma operaçãoaposta ganha 30 rodadasbusca com barcosaposta ganha 30 rodadasguerra, aeronaves e mergulhadores, mas a bomba havia caiuaposta ganha 30 rodadasuma área pantanosa e nunca foi encontrada.
O governo dos Estados Unidos assegura que a bombaaposta ganha 30 rodadashidrogênio estava equipada sem seu detonadoraposta ganha 30 rodadasplutônio, mas Duke não está tão seguro sobre isso.
O militar da reserva se refere a uma carta datadaaposta ganha 30 rodadasabrilaposta ganha 30 rodadas1966 na qual o então assistente do secretário da Defesa W.J. Howard descreve a bomba como uma "arma completa". O governo diz desde então que Howard se equivocou, mas Duke mantém a dúvida.
"O homem que estava ali nessa noite, um especialistaaposta ganha 30 rodadastecnologia nuclear, disse que nunca havia recebido nem despachado uma bomba que não tivesse plutônio nessa época", afirmou.
Em 2004, Duke estava encarregadoaposta ganha 30 rodadasuma missão para encontrar a bomba perdida, mas ele também não a achou. O pesado e sofisticado instrumentoaposta ganha 30 rodadasguerra simplesmente desapareceu.

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E esse não foi o único a desaparecer. Em algum lugar perto do portoaposta ganha 30 rodadasTampa, na Flórida, há outra bomba atômica. Os restosaposta ganha 30 rodadasoutra estão no fundoaposta ganha 30 rodadasum pântano na Carolina do Norte. Depois,aposta ganha 30 rodadas1965, um avião carregado com uma destas bombas caiu no mar ao tentar aterrissaraposta ganha 30 rodadasum porta-aviões próximo das Filipinas. Também se sabeaposta ganha 30 rodadasuma que foi extraviada na Groenlândia.
E essas são só as dos Estados Unidos. A União Soviética também teve perdas, muitasaposta ganha 30 rodadassubmarinos afundadosaposta ganha 30 rodadasataques, ainda que, normalmente, não anunciavam isso com frequência. Mas as grandes potências nucleares não foram as únicas que estavam construindo e testando armas atômicas nos anos 1950 e 1960.
Danúbio Azul
O Reino Unido viu com preocupação a corrida nuclear e também decidiuaposta ganha 30 rodadasarmar. Reg Milne, um piloto durante a 2ª Guerra Mundial que trabalhou com o Ministério da Defesa, foi encarregadoaposta ganha 30 rodadastrabalhar na construção da primeira bomba nuclear britânica. Seu codinome: Danúbio Azul.

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"Media um metro e meioaposta ganha 30 rodadasdiâmetro e sete e meioaposta ganha 30 rodadaslargura. Tinha 32 detonadores acoplados e o equivalente a 20 mil toneladasaposta ganha 30 rodadasdinamite", descreveu Milne.
Em um vooaposta ganha 30 rodadasrotina, a arma estava a bordoaposta ganha 30 rodadasum avião que decolou do centro aeronáuticoaposta ganha 30 rodadasFarnborough, próximoaposta ganha 30 rodadasLondres. Após dez minutos no ar, a tripulação recebeu um alertaaposta ganha 30 rodadasque a bomba havia se soltado e ficado presaaposta ganha 30 rodadasum compartimento. O avião não poderia aterrissar assim.
"Decidiram voar sobre a foz do rio Tâmisa e abrir a comportas. Fizeram isso, e a bomba caiu", relatou Milne à BBC. A bomba nunca chegou a ser encontrada.

Não houve nada mais grave, disse Milne, porque a bomba não explodiu já que não estava carregada. Era um simulacro, sem componentes nucleares.
Não foi assim com a verdadeira Danúbio Azul, que o Reino Unido detonouaposta ganha 30 rodadasMaralinga, uma região remota no sul da Austrália,aposta ganha 30 rodadas1956. Milne também esteve ali. "Estava a 12 kmaposta ganha 30 rodadasdistância. Tínhamos que ficaraposta ganha 30 rodadascostas para a explosão, mas parecia que estávamosaposta ganha 30 rodadasum forno. Ainda que com os olhos fechados, víamos tudo branco", se recordou.
Essa bomba pode ter explodido, mas, com tantas outras submergidas no mar, quão possível é que alguém se apodere delas?
Para encontrar uma bomba atômica, é possível usar um detectoraposta ganha 30 rodadasradiação, ainda que não seja algo fácil. O problema é que a água é um bom isolanteaposta ganha 30 rodadasradioatividade.

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Mesmo com um detector potente, a radiaçãoaposta ganha 30 rodadasuma bomba no fundo do mar se dispersaria ou ficaria contida (e nada poderia ser captado). Mesmo se alguém encontrasse uma bomba com plutônio, detoná-la é um processo muito complicado, explica o especialistaaposta ganha 30 rodadasdefesa, Eric Grove.
"Os detonadores precisam atuaraposta ganha 30 rodadasforma coordenada e, ainda que os explosivos sejam acionados, pode ser que não ocorra uma reação nuclear."
Também há a dificuldadeaposta ganha 30 rodadasdirecionar uma arma nuclear para o alvo desejado. Essa tecnologia é complexa, como demonstram os lançamentosaposta ganha 30 rodadasmísseis fracassados da Coreia do Norte. Isso reduz o grauaposta ganha 30 rodadasameaça, ainda que não seja possível sentir-se totalmente a salvo.
Maleta-bomba
O famoso escritor britânicoaposta ganha 30 rodadasromancesaposta ganha 30 rodadasespionagem Frederick Forsyth detalhou no seu livro O Quarto Protocolo uma perturbadora possibilidade. A trama se passa nos anos 1980, quando dois espiões soviéticos criam o Projeto Aurora, um plano para levar para dentroaposta ganha 30 rodadasuma base militar americana no Reino Unido uma bomba nuclear compactaaposta ganha 30 rodadasuma maleta.

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Trata-seaposta ganha 30 rodadasuma históriaaposta ganha 30 rodadasficção, mas Forsyth trabalhou por um breve período para os serviçosaposta ganha 30 rodadassegurança britânicos. De onde ele teria tirado a ideia para seu romance?
"Nos anos 1980, me perguntei por que estávamos gastando milhões para desenvolver mísseis intercontinentais capazesaposta ganha 30 rodadascarregar uma bomba nuclear e se não seria mais econômico criar uma bomba pequena que pudesse ser levadaaposta ganha 30 rodadasuma maleta até a Rússia", contou o autor à BBC.
"Encontrei um engenheiro nuclear que me confirmou que isso era possível e acrescentei o aspecto político." O livro chamou certa atenção. "Disseram para mim que a KGB havia lido e que o então líder soviético Yuri Andropov pediu 60 cópias e que foram fabricadas (bombas) na Rússia."
Os rumores dão conta que o país teria produzido 250 bombas portáteis e que 100 delas se extraviaram. Os russos garantem que todas foram destruídas, mas Forsyth cita fontes que dizem que foram escondidas na Moldávia e que agora estão à disposição do presidente Vladimir Putin.
Não há confirmaçãoaposta ganha 30 rodadasque isso seja um fato, e,aposta ganha 30 rodadascasos assim, é impossível estar 100% seguro. Mas, nos anos 1990, um comitê militar do Congresso americano decidiu investigar o tema. Entre as pessoas chamadas a testemunhar, estava Alexei Yablokov, um cientista que integrou o Conselho Nacionalaposta ganha 30 rodadasSegurança da Rússia e assessor do então presidente Boris Yeltsin.
Outro convocado foi o general Alexander Lebed, secretário do mesmo conselho. Ambos confirmaram a existênciaaposta ganha 30 rodadasdispositivos nucleares portáteis e que as autoridades os ocultavam. Para aumentar ainda mais o mistério, Lebed morreuaposta ganha 30 rodadasum acidenteaposta ganha 30 rodadashelicópteroaposta ganha 30 rodadascircunstâncias suspeitas.

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Mas Nikolar Sokov, um ex-funcionário do Ministérioaposta ganha 30 rodadasRelações Exteriores russo que hoje é professor do Centroaposta ganha 30 rodadasEstudosaposta ganha 30 rodadasNão Proliferação, na Califórnia, tem outra versão. "As maletas nucleares não são um mito, elas existiam, mas eram pesadas e ficavam dentroaposta ganha 30 rodadasgrandes mochilas", disse ele à BBC.
No entanto, afirma Sokov, havia muitas lendasaposta ganha 30 rodadastorno delas. Havia pouco maisaposta ganha 30 rodadas100, e nenhuma estava perdida por aí. "Quando estive no governo, fiz uma verificação, e todas foram localizadas", declarou.
Sokov disse que a notíciaaposta ganha 30 rodadasque as maletas haviam sido localizadas não foi publicada amplamente, fazendo com que o mito perdurasse. Ele não conseguiu confirmar se todos os artefatos haviam sido destruídos, mas garantiu que os dispositivos nucleares teriamaposta ganha 30 rodadasser refeitos para serem utilizados e que não fazem parteaposta ganha 30 rodadasum arsenal nuclear ativo.
Dado que Sokov é considerado um alarmista quando se trataaposta ganha 30 rodadastemas nucleares e o do governo russo, ele afirmaraposta ganha 30 rodadasuma conversa com a BBC que, ao ser ver, todas as maletas nucleares foram desmanteladas ou estão destinadas a isso tem seu peso.
Você consegue respirar mais aliviado agora?












