Por que é tão difícil a tarefaestrela bet clássicorepatriar 150 mil refugiados rohingyas a Mianmar:estrela bet clássico

Refugiados muçulmanos rohingya saemestrela bet clássicoMianmarpara Bangladesh,estrela bet clássico3estrela bet clássiconovembroestrela bet clássico2017

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Legenda da foto, Acordo prevê repatriar 1,5 mil refugiados por semana

estrela bet clássico Os governosestrela bet clássicoBangladesh e Mianmar chegaram a um acordo para repatriação dos rohingyas, povo cuja história é marcada por décadasestrela bet clássicoperseguição.

Maisestrela bet clássico740 mil rohingyas,estrela bet clássicomaioria muçulmana, fugiram do Estadoestrela bet clássicoRakhine,estrela bet clássicoMianmar, para Bangladesh. A evasão começouestrela bet clássico25estrela bet clássicoagostoestrela bet clássico2017, quando militantes rohingya atacaram dezenasestrela bet clássicopostos policiais, gerando uma resposta do Exército, que teria incendiado vilarejos e matado civis.

A repressão militar levou o governoestrela bet clássicoMianmar a ser acusadoestrela bet clássico"limpeza étnica" pela Organização das Nações Unidas (ONU), o que é refutado pelas autoridades.

Agora Mianmar concordouestrela bet clássicoaceitarestrela bet clássicovolta 1,5 mil rohingyas por semana durante dois anos - o que daria cercaestrela bet clássico150 mil repatriados ao fim do período. Mas o novo acordo foi recebido com ceticismo, gerando uma sérieestrela bet clássicodúvidas e preocupações.

"Ainda há muitas dúvidas se as propostas serão aceitas ​​pela comunidade internacional e pelos próprios refugiados", explica Justin Rowlatt, correspondente da BBC no sul da Ásia.

O que prevê o acordo?

De fato, as partes realmente interessadas no acordo ainda não entenderam do que se trata.

"Ainda não está claro qual foi o acordo assinado entre o governoestrela bet clássicoBangladesh e Mianmar", disse à BBC Sirajul Mostofa, líder da comunidade rohingyaestrela bet clássicoCox's Bazar, cidade litorânea no sudeste Bangladesh, que recebeu boa parte dos refugiados.

Campoestrela bet clássicorefugiadosestrela bet clássicoCox's Bazar,estrela bet clássicoBangladesh

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Legenda da foto, Os rohingyas sofrem perseguição há décadas e não são considerados cidadãos, uma vez que não são reconhecidos como grupo étnico

O secretárioestrela bet clássicoRelações Exterioresestrela bet clássicoMianmar, U Myint Thu, disse ao serviço birmanês da BBC que o acordo vai começar a ser colocadoestrela bet clássicoprática no dia 23estrela bet clássicojaneiro. Inicialmente, os refugiados serão encaminhados para dois campos, mas há planos para construçãoestrela bet clássicooutros espaços para acolher aqueles que estão retornando.

"Os dois campos receberão 300 (pessoas) por dia e cercaestrela bet clássico1,5 mil por semana na fase inicial. Vamos avaliar a quantidadeestrela bet clássicorefugiados com base no progresso do trabalho, no seu devido tempo", disse o secretário.

O governoestrela bet clássicoBangladesh queria, porestrela bet clássicovez, repatriar os rohingyas mais rápido. Segundo o secretárioestrela bet clássicoRelações Exteriores do país, Shahidul Haque, a ideia era "levarestrela bet clássicovolta 15 mil por semana".

"Nos comprometemos a começar enviando 300 pessoas por dia, mas haverá uma revisão (do acordo)estrela bet clássicotrês meses e o número vai aumentar", disse Haque.

Hazera,estrela bet clássicodois anos, abraça a mãe
Legenda da foto, Entre os refugiados, há muitas crianças, como Hazera,estrela bet clássicodois anos

Um porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) disse que qualquer repatriamento deve ser voluntário - e que os refugiados só devem voltar para Mianmar quando acharem que é seguro.

"Ambos os países concordaram que a repatriação será voluntária", explica Jonathan Head, correspondente da BBC no sudeste asiático.

"A maioria dos refugiados diz que só voltará se tiver garantiaestrela bet clássicosegurança, se suas casas forem reconstruídas e se não forem mais sujeitos a discriminação oficial. Nenhuma dessas condições foi criada", acrescenta.

Há garantiasestrela bet clássicosegurança?

O líder da comunidade rohingya afirma que a "segurança deles (dos refugiados repatriados) deve ser garantida internacionalmente":

"Do contrário, não é bom para a gente", completa Mostofa.

Mas as organizaçõesestrela bet clássicodireitos humanos eestrela bet clássicoajuda humanitária expressam enorme ceticismo.

Laura Haigh, pesquisadora da Anistia Internacionalestrela bet clássicoMianmar, acredita que "as condições atuais no país não são seguras para que eles retornem".

"Esta é uma situaçãoestrela bet clássicoque eles enfrentam discriminação e segregação arraigadas. O Estadoestrela bet clássicoRakhine é um estadoestrela bet clássicoapartheid. E também tem a terrível campanhaestrela bet clássicoviolência das forças armadas", completou.

A política britânica Rosena Allin-Khan, que atuouestrela bet clássicoquestões humanitárias, disse que ajudou pessoas na fronteira entre Bangladesh e Mianmar que haviam sido vítimasestrela bet clássico"estupro coletivo", "viram os próprios filhos serem jogados para queimar no fogo" e obrigadas a assistir "aos maridos serem assassinados e torturados".

Segundo ela, levar os rohingyas prematuramente para Mianmar, sem as devidas condições, seria o mesmo que "enviá-losestrela bet clássicovolta à morte".

A declaração é respaldada por um dos refugiados ouvidos pela BBC.

"Nunca voltaremos para Mianmar, preferimos beber veneno e morrer do que voltar."

Mas há quem pondere:

"Se eles impedirem que os militares nos façam mal, voltaremos ", diz uma mulher.

Casa pega fogoestrela bet clássicovilarejoestrela bet clássicoRakhine,estrela bet clássicoMianmar, no dia 7estrela bet clássicosetembroestrela bet clássico2017

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Legenda da foto, ONU classifica o êxodoestrela bet clássicomassaestrela bet clássicoMianmar como 'uma limpeza étnica'

Direito a cidadania

Os rohingyas sofreram décadasestrela bet clássicoperseguição porque não têm reconhecimento como grupo étnico.

"Nossa prioridade número um: eles precisam nos conceder cidadania como rohingyas", disse Mostofa sobre o acordo.

Mas qual a probabilidade disso acontecer?

Mulher rohingya senta ao lado dos filhosestrela bet clássicoabrigo temporário

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Os muçulmanos rohingya representam a maior porcentagemestrela bet clássicoislâmicosestrela bet clássicoMianmar, mas o governo do país, que é predominantemente budista, nega cidadania a eles - chegando, inclusive, a excluí-los do censoestrela bet clássico2014, recusando-se a reconhecê-los como um povo.

Eles são vistos como imigrantes ilegaisestrela bet clássicoBangladesh, e, por isso, parece altamente improvável um acordoestrela bet clássicocidadania com Mianmar.

Mas Bangladesh tampouco reconhece o povo rohingya - o governo não emite, por exemplo, certidãoestrela bet clássiconascimento para as crianças nascidasestrela bet clássicocamposestrela bet clássicorefugiados.

De quem é a terra?

"Eles têm que devolver nossas terras", diz Sirajul Mostofa.

De acordo com a ONG Humans Rights Watch, pelo menos 354 vilarejos rohingya foram parcialmente ou totalmente destruídos por incêndios desde 25estrela bet clássicoagostoestrela bet clássico2017.

Momtaz Begum

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Legenda da foto, Muitos refugiados foram submetidos a violência brutal

Diante deste cenário, qual seria a probabilidadeestrela bet clássicoos rohingyas recuperarem suas terras ou provarem que já estavam lá antes?

O secretário das Relações Exterioresestrela bet clássicoMianmar, U Myint Thu, disse que o acordo inclui acomodação.

Alémestrela bet clássicodois campos para recepção das pessoas que estão retornando, "outros três campos temporários estãoestrela bet clássicoconstrução".

Refugiados rohingya muçulmanos

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Legenda da foto, Maisestrela bet clássico740 mil rohingyasestrela bet clássicoMianmar buscaram refúgioestrela bet clássicoBangladesh

Eles serão construídos pela Uniãoestrela bet clássicoEmpresas para Assistência Humanitária, Reassentamento e Desenvolvimento (UEHRD, na siglaestrela bet clássicoinglês) - que contará com um comitêestrela bet clássicocoordenação liderado pela líderestrela bet clássicofatoestrela bet clássicoMianmar, Aung San Suu Kyi.

U Myint Thu afirmou que o UEHRD também está "conduzindo planos para construir novos vilarejos".

A construçãoestrela bet clássiconovas vilas sugere, para alguns especialistas, que recuperar as terrasestrela bet clássicoque os refugiados moravam pode ser algo difícil.