O que é a leitura profunda e por que ela faz bem para o cérebro:giros gratis betfair

Essas mudançasgiros gratis betfairhábito têm preocupado cientistas, entre outros motivos, porque a transformaçãogiros gratis betfairnovas informaçõesgiros gratis betfairconhecimento consolidado nos circuitos cerebrais requer múltiplas conexões com habilidadesgiros gratis betfairraciocínio abstrato que muitas vezes faltam na leitura "digital".

Um universogiros gratis betfairsímbolos

Ao contrário da linguagem oral, da visão ou da cognição, não existe uma programação genética nos humanos para aprender a ler.

Se uma criança,giros gratis betfairqualquer parte do mundo, estivergiros gratis betfairum ambientegiros gratis betfairque as pessoas a seu redor conversam umas com as outras,giros gratis betfairlinguagem será naturalmente ativada. O mesmo não acontece com a leitura, que implica a aquisiçãogiros gratis betfairum código simbólico completo, visual e verbal.

É uma invenção relativamente recente — "é uma piscadelagiros gratis betfairnosso relógio evolutivo: mal tem 6 mil anos", diz Wolf.

"Começougiros gratis betfairforma simples, para marcar quantas taçasgiros gratis betfairvinho ou ovelhas tínhamos. E, com o nascimento dos sistemas alfabéticos, passamos a ter um meio eficientegiros gratis betfairarmazenar e compartilhar conhecimento."

"Ler é um conjunto adquiridogiros gratis betfairhabilidades que literalmente muda o cérebro", ressalta a neurocientista.

"Permite fazer novas conexões entre regiões visuais, regiões da linguagem, regiõesgiros gratis betfairpensamento e emoção", completa.

Essa transformação "começa com cada novo leitor". "(A habilidadegiros gratis betfairler) Não existe dentrogiros gratis betfairnossa cabeça. Cada pessoa que aprende a ler tem que criar um novo circuitogiros gratis betfairseu cérebro."

E isso abre portas para um novo mundo.

Saúde mental

"A leitura traz três poderes mágicos: criatividade, inteligência e empatia", pontua Cressida Cowell, escritoragiros gratis betfairliteratura infantil e autora da série Como Treinar Seu Dragão.

"Ler por prazer é um dos fatores-chave para o sucesso financeirogiros gratis betfairuma criança na vida adulta. É mais provável que ela não acabe na prisão, que vote, que tenha casa própria…"

Além disso, "ler uma grande história é muito mais do que entretenimento", acrescenta a biblioterapeuta Ella Berthoud.

"A leitura, na verdade, tem muitos benefícios terapêuticos. Seu cérebro entragiros gratis betfairum estado meditativo, um processo físico que retarda o batimento cardíaco, acalma e reduz a ansiedade", diz Berthoud.

Para ela, por exemplo, ler o romance Zorba, o Grego,giros gratis betfairNíkos Kazantzákis, funciona como um remédio conta "claustrofobia, raiva e exaustão".

A artegiros gratis betfairprescrever ficção para curar as doenças da vida, batizadagiros gratis betfairbiblioterapia, foi reconhecida no Publisher's Illustrated Medical Dictionary, um dicionário médico ilustrado publicado nos Estados Unidosgiros gratis betfair1941.

A prática remonta à Grécia Antiga, quando avisos eram afixados nas portas das bibliotecas para alertar os leitoresgiros gratis betfairque estavam prestes a entrargiros gratis betfairum localgiros gratis betfaircura da alma.

No século 19, psiquiatras e enfermeiras prescreveram todos os tiposgiros gratis betfairlivros para seus pacientes, desde a Bíblia até literaturagiros gratis betfairviagem e textosgiros gratis betfairlínguas antigas.

Vários estudos mais recentes, dos séculos 20 e 21, mostraram que a leitura aguça o pensamento analítico, o que nos permite aprimorar nossa capacidadegiros gratis betfairdiscernir padrões, uma ferramenta muito útil diantegiros gratis betfaircomportamentos desconcertantes dos outros egiros gratis betfairnós mesmos.

A ficção,giros gratis betfairparticular, pode transformar os leitoresgiros gratis betfairpessoas mais socialmente habilidosas e empáticas. Os romances, porgiros gratis betfairvez, podem informar e motivar, os contos confortam e ajudam a refletir, enquanto a leituragiros gratis betfairpoesia já demonstrou estimular partes do cérebro relacionadas à memória.

Muitos desses benefícios, no entanto, dependemgiros gratis betfairum estado conhecido como "leitura profunda".

Pensamento analítico

"Quando lemosgiros gratis betfairum nível superficial, estamos apenas obtendo a informação. Quando lemos profundamente, estamos usando muito mais do nosso córtex cerebral", explica Maryanne Wolf.

"Leitura profunda significa que fazemos analogias e inferências, o que nos permite sermos humanos verdadeiramente críticos, analíticos e empáticos."

Em seu livro Proust and the Squid: The Story and Science of the Reading Brain ("Proust e a Lula: a História e a Ciência por Trás do Cérebro que Lê",giros gratis betfairtradução livre), a especialistagiros gratis betfairneurobiologia da leitura explica como, "a certa altura, quando uma criança vai da decodificação à leitura fluente, o caminho dos sinais através do cérebro muda".

"Em vezgiros gratis betfairpercorrer um trajeto dorsal (...), a leitura passa a se deslocar por um caminho ventral, mais rápido e eficiente. Como o tempo depreendido e o gastogiros gratis betfairenergia cerebral são menores, um leitor fluente será capazgiros gratis betfairintegrar mais seus sentimentos e pensamentos àgiros gratis betfairprópria experiência", escreve.

"O segredo da leitura está no tempo que ela libera para que o cérebro possa ter pensamentos mais profundos do que antes."

Mas, enquanto o processogiros gratis betfairaprender a ler muda nosso cérebro, o mesmo acontece com o que lemos e como lemos.

Tempos modernos

Há aqueles, contudo, que acreditam que as novas plataformas são parte da solução, e não do problema.

Para Chris Meade, autor que utiliza vários tiposgiros gratis betfairmídia para veicular seu trabalho, "pensamos no livro como a obra, mas o livro é apenas um mecanismogiros gratis betfairentrega".

A narrativa transmídia é um tipogiros gratis betfairhistóriagiros gratis betfairque o enredo se desenrola por meiogiros gratis betfairmúltiplas plataformas — aplicativos, livros digitais, games, quadrinhos, blogs — e na qual os consumidores podem assumir um papel ativo no processogiros gratis betfairconstrução.

"As novas mídias estão dando voz a uma nova geraçãogiros gratis betfairescritores. Elas impedem que nos condicionemos a pensar que existe apenas um tipogiros gratis betfair'boa escrita' e permitem que as pessoas simplesmente compartilhem histórias e experiências", opina Natalie A. Carter, cofundadora do clube do livro Black Girls Book Club.

"Não importa o meio, é a história que importa", emenda Melissa Cummings-Quarry, também cofundadora do Black Girls Book Club.

"O romance está evoluindo. Há todo tipogiros gratis betfairlivro incrível sendo escrito especificamente para ser lido no celular", afirma Berthoud.

"O livro talvez passe a ilusãogiros gratis betfairque ele é tudo. Nunca foi, é uma formagiros gratis betfairentrargiros gratis betfairum processogiros gratis betfairpensamento", diz Meade.

Ainda assim, os cientistas afirmam que a leitura digital pode ter um custo para o cérebro do leitor.

Fragmentação

"Reunimos acadêmicos e cientistasgiros gratis betfairmaisgiros gratis betfair30 países para pesquisar o impacto das mídias digitais na leitura", afirma Anne Mangen, à frente da E-READ (Evolução da Leitura na Era da Digitalização), organização cujo objetivo é melhorar a compreensão científica das implicações da digitalização da cultura.

Faz parte do programa internacional da Cooperação Europeiagiros gratis betfairCiência e Tecnologia (ou COST, sigla para European Cooperation in Science and Technology), que considera a leitura um "tema urgente".

Segundo o programa, "a pesquisa mostra que a quantidadegiros gratis betfairtempo gasto na leituragiros gratis betfairtextos longos está diminuindo e, devido à digitalização, a leitura está se tornando mais intermitente e fragmentada", algo que poderia "ter um impacto negativo nos aspectos cognitivos emocionais da leitura".

"Descobrimos que existe o que se chamagiros gratis betfairinferioridade na tela", destaca Anne Mangen.

"Há muitas coisas que podem ser lidas igualmente bem no smartphone, como as notícias mais curtas, mas, quando se tratagiros gratis betfairalgo que é cognitiva ou emocionalmente desafiador, lergiros gratis betfairuma tela leva a uma compreensãogiros gratis betfairleitura pior do que ler no papel", diz ela.

Maryanne Wolf concorda, dizendo que "a realidade é que não é apenas o que ou o quanto lemos, mas como lemos que é realmente importante".

"O próprio volume [de informação disponível nas plataformas digitais] está tendo efeitos negativos porque, para absorver tanto, há uma propensão a se ler 'por alto'. O cérebro leitor tem um circuito plástico, que refletirá as características do meiogiros gratis betfairque se lê. As características do digital caminham para que sejam refletidas no circuito."

Em outras palavras, assim como ao aprender a ler da maneira tradicional o cérebro formata e registra os itinerários da razão e os caminhos para a emoção, ao aprender a ler da maneira como fazemos nas mídias digitais o cérebro traçará diferentes trajetórias e, se deixarmos a leitura profundagiros gratis betfairlado, ele apagará as anteriores, caso tenham um dia existido.

"Se não treinarmos essas habilidades, podemos acabar perdendo a capacidadegiros gratis betfairentender conteúdos mais complexos e, talvez,giros gratis betfairnos envolvermos e usarmos a imaginação", destaca Mangen.

Então, o que o futuro reserva para os livros e para o cérebro da leitura?

"A imaginação humana é uma coisa fantástica, somos muito flexíveis. Encontramos maneirasgiros gratis betfairfazer o que queremos com a tecnologia disponível", pontua Chris Meade.

Para Natalie Carter, o futuro trará "muito mais coleçõesgiros gratis betfaircontos, e acho que veremos muito mais livros curtos".

Nesse sentido, Cressida Cowell diz já ter sentido a mudança: "Mudei a maneira como escrevo, porque o tempogiros gratis betfairatenção das crianças diminuiu. Os livros têm capítulos curtos e são incrivelmente visuais, brilhantes, como doces".

Para a neurocientista Maryanne Wolf, "assim como as pessoas podem ser bilíngues e trilíngues, minha esperança é que desenvolvamos um cérebro 'biletrado'. Podemos nos disciplinar para escolher o meio que melhor se adapta ao que estamos lendo e, assim, não perder o dom extraordinário que a leitura deu à nossa espécie".

*Este texto é baseado no vídeo "O que a leituragiros gratis betfairtelas faz com nosso cérebro?", da BBC Ideas e The Open University

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