Maioria dos casais não aguenta intimidade constante sem a esfera pública, diz socióloga Eva Illouz:www blaze apostas

  • Margarita Rodríguez
  • BBC News Mundo
Legenda do áudio,

Em áudio: 'Maioria dos casais não aguenta intimidade constante sem esfera pública'

www blaze apostas "A casa sem a esfera pública" pode virar uma experiência "extremamente opressiva".

A observação da renomada socióloga franco-israelense Eva Illouz sugere que,www blaze apostasfato, concebemos nossas casas não tanto para viver, mas "como um lugar para o qual voltamos".

E a crise desencadeada pela pandemiawww blaze apostascovid-19 nos permitiu avaliar a importância da esfera públicawww blaze apostasnossas vidas privadas.

"A ideiawww blaze apostasintimidade ewww blaze apostascasal que temos se baseia,www blaze apostasgrande parte, na possibilidadewww blaze apostasambos levarem suas vidas fora dos limites domésticos", afirma à BBC News Mundo (serviçowww blaze apostasespanhol da BBC) a professora da Escola Superiorwww blaze apostasCiências Sociais (EHESS)www blaze apostasParis e da Universidade Hebraicawww blaze apostasJerusalém.

"Muitas dessas relações se baseiam no fatowww blaze apostasque os homens e as mulheres tomam caminhos diferentes durante o dia", diz.

Na maioria dos casos, cada membro do casal vai para o seu lado, quer cada um tenha um emprego ou um fique encarregado da casa ou dos filhos, o que implica, por exemplo,www blaze apostassairwww blaze apostascasa para levá-los à escola.

"E, depois, à noite eles se encontram."

Mas os lockdowns impostos para evitar a propagação do novo coronavírus acabaram com as condições que permitem que isso aconteça.

A intimidade

Illouz é autorawww blaze apostasvários livros, incluindo O amor nos tempos do capitalismo e Why Love Hurts: A Sociological Explanation ("Por que o amor dói: uma explicação sociológica",www blaze apostastradução literal).

Eva Illouz

Crédito, EMMANUEL DUNAND/AFP via Getty Images

Legenda da foto,

Eva Illouz é professora universitária e autorawww blaze apostasvários livros, premiada por suas pesquisas sobre sociologia cultural, emoções e capitalismo

Pule Podcast e continue lendo
BBC Lê

Podcast traz áudios com reportagens selecionadas.

Episódios

Fim do Podcast

Em 2019, ela publicou The End of Love: A Sociology of Negative Relations ("O fim do amor: uma sociologia das relações negativas",www blaze apostastradução literal) , que é "a conclusãowww blaze apostasum estudowww blaze apostasduas décadas sobre as maneiras pelas quais o capitalismo e o mundo moderno transformaram nossas vidas emocionais e românticas", observa a editora do livro, Oxford University Press.

Na obra, a acadêmica mostra como grandes forças coletivas moldam nossas experiências privadas.

A crise desencadeada pela pandemiawww blaze apostascovid-19 é mais um exemplo do impacto das forças macrossociaiswww blaze apostasnossa intimidade.

"O que mais observei é que o que chamamoswww blaze apostascasa, a esfera privada e doméstica, precisa desesperadamente da esfera pública dos amigos, do trabalho, das ruas para poder cumprirwww blaze apostasfunção", afirma.

"De repente, os pais se deram contawww blaze apostaso quanto as escolas apoiam,www blaze apostasfora, as famílias. Mas também percebemos que a intimidade constante e contínua não é suportável para a maioria dos casais."

'Suportável'

Segundo a autora, "a crise do coronavírus nos fez entrarwww blaze apostascolapsowww blaze apostasnossas próprias casas".

Mulher sentada

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Várias famíliaswww blaze apostasdiferentes partes do mundo sofreram violência domésticawww blaze apostasmeio aos lockdowns

"Transformou a casawww blaze apostasuma frentewww blaze apostasguerra (da pandemia), mas a maioria das casas no mundo não está equipada para isso", explica.

"De certa forma, o que descobri é que precisamos da sociabilidade com amigos, estranhos, conhecidos, mais ou tanto quanto a intimidade com outra pessoa."

Em entrevista à jornalista austríaca Tessa Szyszkowitz, transmitida no YouTubewww blaze apostasjunhowww blaze apostas2020, a socióloga refletiu sobre os confinamentos e sobre como "o lar só é suportável para muitos casais se eles tiverem a possibilidadewww blaze apostaspercorrer caminhos diferentes durante o dia".

Ela destacou que,www blaze apostasmuitos casos, a violência doméstica aumentou "tremendamente" e que homens e mulheres regressaram aos seus "papéis tradicionais", mostrando que as mulheres são majoritariamente responsáveis ​​pelas tarefas domésticas.

Entre forças

Illouz disse à BBC News Mundo que não acredita quewww blaze apostasalgum momento tenhamos nos isentado das forças públicas, apesar do fatowww blaze apostasque "desenvolvemos uma mitologia muito poderosa do lar e da privacidade como se estivéssemos protegidoswww blaze apostasforças externas".

Casal abraçado dentrowww blaze apostasapartamento

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

A incerteza da pandemia causou ansiedadewww blaze apostasmilhõeswww blaze apostaspessoaswww blaze apostastodo o mundo

A verdade é que "essas forças nos fazem o que somos": tanto dentro quanto forawww blaze apostasnossas casas, somos quem somos porque participamoswww blaze apostasuma cultura pública.

Em termos imediatos, ela exemplifica, as pessoas que ficaram desempregadas ou foram despejadas por não ter como pagar o aluguel "são objeto, dentrowww blaze apostassuas casas, da açãowww blaze apostasforças externas que não controlam"? "Claro que são", diz.

"Esta crisewww blaze apostassaúde nos mostrou quão profundamente dependentes somos da sociedadewww blaze apostasque vivemos."

E também quão sociáveis somos.

A importância das aparências

"Ser sociável é viverwww blaze apostasum mundowww blaze apostasaparências", diz a especialista.

Mulher colocando maquiagem

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Passar maquiagem para sair faz parte dos hábitoswww blaze apostasmuitas mulheres

Sendo a aparência entendida como "o trabalho que faço no meu corpo para aparecerwww blaze apostascerta forma na frentewww blaze apostasoutras pessoas".

Ela reconhece que a aparência tem uma "fama ruim" porque a associamos à superficialidade quando, na verdade, é,www blaze apostasmuitos aspectos, "a essência da sociabilidade".

"O que nos foi roubado durante esta pandemia, por termos que ficarwww blaze apostascasa, é justamente a possibilidadewww blaze apostastermos essas relações superficiais, que se baseiam na forma como nos apresentamos."

Para a especialista, se maquiar ou se vestirwww blaze apostasforma elegante é um sinalwww blaze apostasque fazemos isso por algo mais.

"Há um ano, na Austrália, viralizaram algumas fotoswww blaze apostaspessoas vestidas com roupaswww blaze apostasgala, usando maquiagem e lindas joias para levar o lixo para fora, porque era a única coisa que podiam fazer."

"As imagens se tornaram virais porque expressaram essa necessidade fundamental que temoswww blaze apostasaparecer na frente dos outros."

"Estar na frente do computadorwww blaze apostascasa e trabalharwww blaze apostaspijama pode ser confortável, mas acho que não é uma sensação que dura porque rapidamente se transformawww blaze apostasalgo sem estrutura, carentewww blaze apostasum mundowww blaze apostasaparências."

O elemento arquitetônico

Os apartamentos modernos, diz Illouz, não são projetados para que as pessoas fiquem "o tempo todo" dentrowww blaze apostascasa.

"E como os preços dos imóveis aumentaram dramaticamentewww blaze apostasquase todas as cidades do mundo, a maioria das pessoas vive no que chamaríamoswww blaze apostascasaswww blaze apostaspequeno ou médio porte."

Uma família

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Com os lockdowns, as famílias transformaram suas casaswww blaze apostaslocalwww blaze apostastrabalho, escola, espaçowww blaze apostaslazer, descanso, entre outras coisas

"A arquitetura urbana dos subúrbios é tal que poucos apartamentos têm terraço, varanda ou contato com a rua."

Muitos vivemwww blaze apostasespaços muito menores do que os habitados por seus ancestrais.

A acadêmica esclarece que isso não significa que esses lugares sejam piores, pois, se levarmoswww blaze apostasconsideração outros critérios, provavelmente as casas dos nossos antepassados eramwww blaze apostasqualidade inferior.

Mas o que parece ser uma constante nas cidades é que as casas tendem a ser menores.

"Essas casas foram concebidas mais ou menos como lugares para os quais se volta para dormir" após a jornadawww blaze apostastrabalho fora.

"Acho que grande parte do que chamamoswww blaze apostaslar moderno se baseia, na verdade, na existênciawww blaze apostasuma vasta esfera pública formada pelo trabalho e pela escola, o que torna possível a interação na mesma."

A especialista reflete, por exemplo, sobre os relatoswww blaze apostasmães que tiveram dificuldadewww blaze apostaslidar com os períodoswww blaze apostasque seus filhos ficaramwww blaze apostascasa, após o fechamento das escolas.

Algumas chegaram até a sentir que não eram boas mães.

"Essas são as razões pelas quais eu acho que a casa pode ser vivenciada como algo extremamente opressivo, porque na verdade ela não é concebidawww blaze apostasforma alguma como um lugarwww blaze apostasque realmente vivemos. É concebida como um lugar para o qual retornamos."

Outra formawww blaze apostasexpressar afeto

Em marçowww blaze apostas2020, Illouz escreveu na revista Nueva Sociedad o artigo intitulado "O coronavírus e a insuportável leveza do capitalismo".

Casalwww blaze apostasidosos olhando o telefone celular

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Durante meses, filhos e netos tiveram que se absterwww blaze apostasvisitar seus pais e avós como formawww blaze apostasprotegê-los contra o vírus

Entre vários temas, ela refletia sobre como, diante da pandemia, é necessária uma "nova formawww blaze apostassolidariedade por meio do distanciamento social", o qual aumenta a sensaçãowww blaze apostascrise.

Uma solidariedade, frisou ela, entre as gerações mais novas e as mais velhas, "entre quem não sabe se pode ter a doença e alguém que pode morrer por causa daquilo que o primeiro desconhece, entre quem pode ter perdido o emprego e alguém que pode perder a vida."

Ela acrescentouwww blaze apostasprópria experiência: "Já faz muito tempo que estouwww blaze apostasconfinamento, e o amor que meus filhos me manifestaram consistiuwww blaze apostasme deixar sozinha".

"Essa solidariedade exige isolamento e, assim, fragmenta o corpo social nas menores unidades possíveis, o que dificulta a organização, o encontro e a comunicação, muito além das intermináveis ​​piadas e vídeos trocados nas redes sociais".

A sociabilidade, segundo ela, se tornou indireta.

A inversão do cuidado

Da noite para o dia, escreveu a autora, o mundo "se esvaziou dawww blaze apostasfamiliaridade", se tornou algo que nos é estranho.

Avós com bolowww blaze apostasaniversário fazem videoconferência com o neto

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Estamos aprendendo a conviver com as novas normaswww blaze apostasdistanciamento social para proteger nossos entes queridos

"Seus gestos mais reconfortantes — os apertoswww blaze apostasmãos, beijos, abraços, a comida compartilhada — se tornaram fonteswww blaze apostasperigo e angústia."

Tivemoswww blaze apostasnos familiarizar "com as estranhas regras e rituais" do distanciamento social.

Em entrevista à organização J! Jewish Culture in Sweden, transmitida pelo YouTubewww blaze apostas18www blaze apostasjunho, Illouz argumentou que está acontecendo uma espéciewww blaze apostasinversão das categoriaswww blaze apostascuidado.

É que até agora relacionávamos o cuidado à proximidade física, mas a pandemia nos disse que o segredo para nos proteger é nos afastarmos.

A formawww blaze apostasamar

Questionada se acredita que a crise do coronavírus está mudando nossa maneirawww blaze apostasamar, a professora afirma à BBC News Mundo que é muito cedo para dizer.

O que reforçou, ele acredita, é uma divisão entre solteiros e casados.

Um casal com máscara

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

A pandemia está criando novas dinâmicas quando se tratawww blaze apostassocialização

"Essa diferenciação existia, mas a (crise) deixou isso muito claro porque os solteiros, eu acho, podem ser muito mais privados do sexo, da sexualidade e dos encontros."

As regraswww blaze apostascomo nos envolvemoswww blaze apostasum relacionamento estão mudando e surge a necessidadewww blaze apostasfazer perguntas sobre a outra pessoa e seu corpo.

São perguntas como "quanto risco eu corro?", que já foram feitas por membros da comunidade homossexual nas décadaswww blaze apostas1980 e 1990, quando apareceu o HIV, vírus causador da Aids.

"(A crise) foi conduzida muito bem e com bastante rapidez, porque percebemos que se usássemos preservativos estaríamos mais ou menos seguros. Mas não é o caso (agora), porque não é tão fácil se protegerwww blaze apostasum vírus respiratório", explica.

E a essas perguntas agora são adicionadas questõeswww blaze apostasoutra dimensão que não haviam sido levantadas antes, como: "Até que ponto posso pedir ao outro para gerenciar o risco da mesma forma que eu?"

Casal comendo separado por uma telawww blaze apostascomputador

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

'Não sei se diria que a maneira como nós amamos mudou fundamentalmente, embora a tecnologia esteja desempenhando um papel muito mais significativo do que no período anterior ao coronavírus', diz Eva Illouz

Isso fará possivelmente com que os encontros casuais não sejam tão livres e que novas tensões sejam geradas porque as pessoas nem sempre concordam com os níveiswww blaze apostasprecaução, refletiu a autorawww blaze apostasentrevista à Jewish Culture in Sweden.

E essa tensão também estará presente nos lares: "Duas pessoas que moram juntas se comprometem a que exatamente? Pensewww blaze apostasuma casa onde uma pessoa é vulnerável,www blaze apostasalto risco. Que implicações isso tem exatamente para os outros membros? Pensewww blaze apostasuma médica casada com um diabético."

Surge um novo conjuntowww blaze apostasperguntas relacionadas com a nossa maneirawww blaze apostasviver,www blaze apostasnos comportar e interagir.

O paradoxo do mundo hiperconectado

Em setembrowww blaze apostas2019, Illouz escreveu no blog da Oxford University Press o artigo Why love ends ("Por que o amor acaba",www blaze apostastradução literal).

Mulher sozinha

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Existe a preocupaçãowww blaze apostasque a pandemia esteja desencadeando uma epidemiawww blaze apostassolidão devido aos lockdowns

Lá ela ecoou o que Julianne Holt-Lunstad, professorawww blaze apostaspsicologia da Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, havia apontadowww blaze apostas2017: "Muitas nações ao redor do mundo agora sugerem que estamos enfrentando uma 'epidemiawww blaze apostassolidão'".

Illouz havia identificado uma "mudança cultural" nas decisões que muitas pessoas estavam tomando, que se manifestava no estabelecimentowww blaze apostasrelações efêmeras.

É que na modernidade hiperconectadawww blaze apostasque vivemos, "a não formaçãowww blaze apostasvínculos se torna um fenômeno sociológicowww blaze apostassi", escreveu.

"Se a modernidade e a alta modernidade foram marcadas pela luta para permitir certas formaswww blaze apostassociabilidade, nas quais o amor, a amizade, a sexualidade fossem livreswww blaze apostasconstrangimentos morais e sociais, na modernidade interconectada a experiência emocional parece escapar aos nomeswww blaze apostasemoções e relações herdadaswww blaze apostastemposwww blaze apostasque eram mais estáveis. "

Assim, "as relações contemporâneas terminam, se rompem, desvanecem, evaporam e seguem uma dinâmicawww blaze apostasescolha positiva e negativa, que entrelaça vínculos e não vínculos."

A autora fez essas observações muito anteswww blaze apostasestourar a pandemia que teve efeitos devastadoreswww blaze apostasmilhõeswww blaze apostaspessoas.

Psicólogos e especialistaswww blaze apostassaúde mental manifestaram a preocupaçãowww blaze apostasque a mesma pandemia esteja desencadeando uma epidemiawww blaze apostassolidão, não só entre aqueles que tiveram que se isolar com mais rigor, como os idosos, mas também entre adolescentes e jovens.

Línea

www blaze apostas Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube www blaze apostas ? Inscreva-se no nosso canal!

Pule YouTube post, 1
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimoswww blaze apostasautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticawww blaze apostasusowww blaze apostascookies e os termoswww blaze apostasprivacidade do Google YouTube anteswww blaze apostasconcordar. Para acessar o conteúdo cliquewww blaze apostas"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdowww blaze apostasterceiros pode conter publicidade

Finalwww blaze apostasYouTube post, 1

Pule YouTube post, 2
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimoswww blaze apostasautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticawww blaze apostasusowww blaze apostascookies e os termoswww blaze apostasprivacidade do Google YouTube anteswww blaze apostasconcordar. Para acessar o conteúdo cliquewww blaze apostas"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdowww blaze apostasterceiros pode conter publicidade

Finalwww blaze apostasYouTube post, 2

Pule YouTube post, 3
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimoswww blaze apostasautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticawww blaze apostasusowww blaze apostascookies e os termoswww blaze apostasprivacidade do Google YouTube anteswww blaze apostasconcordar. Para acessar o conteúdo cliquewww blaze apostas"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdowww blaze apostasterceiros pode conter publicidade

Finalwww blaze apostasYouTube post, 3