Magia, anzóis e DNA: o que médico da floresta que desvendou mistério no fundo do rio Amazonas pode ensinar à ciência:instalar realsbet
- Mônica Vasconcelos
- Da BBC News Brasilinstalar realsbetLondres

Crédito, Arquivo pessoal
Neurocirurgiãoinstalar realsbetSantarém Erik Jennings compartilha suas soluções para cuidar da saúde dos povos amazônicos e localizar desaparecidos nos rios da região
instalar realsbet Eram dez horasinstalar realsbetuma noiteinstalar realsbetdomingoinstalar realsbetSantarém. Um médico admirava a lua cheia, refletida nas águas calmas do rio Tapajós, quando o telefone tocou.
"Doutor, aqui é o Augusto Sena, o Guto. Vamos aliinstalar realsbetOriximiná buscar uma pacienteinstalar realsbetdez anosinstalar realsbetidade que sofreu um acidente? O avião está pronto e vou decolarinstalar realsbettrinta minutos. O senhor pode dar essa ajuda?"
Guto era um piloto experiente e o médico tinha total confiança nele. Mas... como estaria a paciente? E o avião, estaria autorizado a voar à noite? Seria adequado para o transporte médico?
Inútil ponderar sobre isso. Ele sabia que o velho Guto iria buscar a criança a qualquer custo, com ou seminstalar realsbetajuda.
"Tudo bem, Augusto, vamos lá."
A história acima, verídica, é contada no livro Paradô: Histórias Vividas por um Neurocirurgião da Amazônia, escrito por Erik Jennings Simões – o médico que atende ao telefonema do piloto Guto.
Publicadoinstalar realsbettiragem modesta (1 mil exemplares), aguardando segunda edição, o livro reúne casos vividos pelo médico ou relatados a ele, aléminstalar realsbetreflexões pessoais sobre a medicina e a vida na Amazônia. O efeito geral éinstalar realsbetuma porta se abrindo para um mundoinstalar realsbetriqueza e diversidade, praticamente desconhecido pela maioria dos brasileiros.
Erik,instalar realsbet50 anos, é um entre cinco neurocirurgiões atendendo maisinstalar realsbet1 milhãoinstalar realsbetpessoas distribuídas por uma área superior a 500 mil quilômetros quadrados. Nessa região, caberia um país como a Espanha.
Na reportagem a seguir, o médico comenta algumas das crônicas do livro e compartilha com a BBC News Brasil soluções que encontrou para o desafioinstalar realsbetcuidar da saúde do povo do Baixo Amazonas. Entre elas, aprender a falar tupi guarani e adaptar anzóis para uso como instrumento cirúrgico.
E, se você ficar conosco até o final da reportagem, vai saber como foi que, com a ajuda dos povos da floresta, Erik Jennings literalmente pescou das águas do rio seu próprio tio.
Saúde na Amazônia: o neurocirurgião que ficouinstalar realsbetSantarém
O sobrenomeinstalar realsbetErik Jennings veminstalar realsbetseus antepassados, americanos confederados (escravocratas sulistas) derrotados na Guerra Civil dos EUA que se refugiaraminstalar realsbetSantaréminstalar realsbet1867.
Ele conta que a família era humilde,instalar realsbetpai eletricista e mãe costureira.
"Nasci na beira do rio (Tapajós), vivia contemplando o rio, observando a vida que ele gerava, a conexão com os ribeirinhos, os pescadores", diz.
"Cresci vendo a natureza ameaçada por interesses econômicos, via que o rio poderia mudar, ser agredido. Sentia paixão pelo rio e por seus povos."
Quando jovem, Erik estudou Medicina na Universidade Federal do Pará e fez especializaçãoinstalar realsbetneurocirurgia no hospital Santa Marcelina,instalar realsbetSão Paulo. Fez estágioinstalar realsbetcirurgiainstalar realsbetcoluna na Suíça e, recentemente, foi médico visitante na Universidadeinstalar realsbetWisconsin, nos Estados Unidos. Mas desde 1999 exerce a profissãoinstalar realsbetSantarém, profundamente integrado na vida da comunidade.
"Sabe doutor, eu estou tão feliz agora, cuidandoinstalar realsbetsuas mãos, porque foram as mesmas mãos que cuidaraminstalar realsbetmim e salvaram a minha vida cinco anos atrás."

Crédito, Ádrio Denner/Ccom/Prefeiturainstalar realsbetSantarem
Banhada pelo rio Tapajós, Santarém tem 300 mil habitantes, mas serviçosinstalar realsbetsaúde da cidade atendem cercainstalar realsbet1,2 milhãoinstalar realsbetpessoas distribuídas por maisinstalar realsbet500 mil quilômetros quadrados
Foi o que disse ao médico a manicure com nomeinstalar realsbetprincesa, Leide Dai, na crônica "Fazendo as Unhas".
Outro exemploinstalar realsbetcomo a vida do médico se mistura à do povo da região é a crônica "Vento Que Traz o Bem". Nela, Erik conta como foi resgatado do meio do rio Tapajós, sob forte correnteza, por um barqueiro que descia pelo rio cominstalar realsbetfamília e suprimentos. Erik praticava kite surf, um esporte aquáticoinstalar realsbetque o praticante se movimenta sobre uma prancha conectado a uma espécieinstalar realsbetpipa (em inglês, kite) movida pelo vento, quando houve um problema:
"O kite esvaziou e não sei o que teria sidoinstalar realsbetmim se vocês não tivessem me socorrido", disse Erik, sentado dentro do barco, à família que o resgatara.
"Mas mulher, não foi esse doutor que cuidouinstalar realsbetnosso primeiro filho há quinze anos?", perguntou então o caboclo Nivaldo à esposa.
Banhada pelo Tapajós, Santarém, com 300 mil habitantes, fica próxima à divisa entre Amazonas e Pará – os dois maiores Estados do Brasil.
É uma das regiões mais belas do mundo, mas para a saúde, traz desafios, diz à BBC News Brasil Hebert Moreschi, administrador do Hospital Regional do Baixo Amazonas do Pará, um dos hospitais da cidade. São quatro ao todo, dois deles públicos.
"Somos o núcleo urbanoinstalar realsbetuma região composta por 20 municípios do oeste do Pará. Atendemos também à população ribeirinha – descendentesinstalar realsbetescravos que fugiram das lavouras do café, migraram para cá e fizeram suas comunidades nas proximidades do rio. E atendemos à população nativa", explica o administrador. "É uma população muito flutuante,instalar realsbetmensuração difícil. Sãoinstalar realsbettornoinstalar realsbet1,2 milhãoinstalar realsbetpessoas".
Por ser uma região remota, o serviço éinstalar realsbetalta complexidade, diz o administrador.
Ele conta que o acesso por terra é difícil, já que as estradas sãoinstalar realsbetbarro e, quando chove, viram um lamaçal. Nesse caso, até caminhões grandes ficam parados, esperando socorro. Segundo Moreschi, por essas dificuldades logísticas, os materiais para o hospital vãoinstalar realsbetcaminhão até Belém einstalar realsbetlá são transportadosinstalar realsbetbarco. Os mais estratégicos chegaminstalar realsbetavião.

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Erik é neurocirurgiãoinstalar realsbetum grande e moderno hospitalinstalar realsbetSantarém, mas dedica grande parteinstalar realsbetseu tempo a atendimentosinstalar realsbetcomunidades ribeirinhas e aldeias indígenas da região
Antes, era comum pacientes da região serem transferidos para grandes cidades para receber tratamento, conta Moreschi. Não mais.
"Hoje, podem ser atendidos pelo Erik e pela equipe dele", explica. "Operam tumores e fazem cirurgiasinstalar realsbetcoluna, por exemplo."
"Ele é extremamente conceituado, tecnicamente excelente. Poderia estar atuandoinstalar realsbetqualquer lugar do mundo, mas por opção, quis ficar na regiãoinstalar realsbetorigem dele."
Erik diz que se sente mais realizadoinstalar realsbetSantarém. Na cidade grande, pondera, é mais difícil ver o valor social do seu trabalho.
Por outro lado, as exigências sobre ele e seus colegas são maiores do que nas grandes capitais brasileiras.
"A Amazônia é um dos piores lugares do mundo na relação médico por habitante. Nos igualamos a países subsaarianos", diz o médico.
Quando começou a trabalhar na região,instalar realsbet1999, era o único neurocirurgião para 950 mil pessoas. Vinte anos depois, a proporção éinstalar realsbetum neuro para cada 300 mil. Hoje, Erik forma neurocirurgiões por meioinstalar realsbetum programainstalar realsbetresidência médica oferecido pelo hospital. Isso deve contribuir para que a região alcance a média recomendada,instalar realsbetum especialista para cada 100 mil habitantes, diz.
No início não faltavam só médicos.
"Eu improvisava com anzóis para puxar a pele (em cirurgias), o anzol servia como afastador da pele, para criar uma abertura."
Erik relembra o diainstalar realsbetque foi à lojainstalar realsbetpesca procurar o anzol. Depoisinstalar realsbetver as opções, ele perguntou ao vendedor se não havia um outro tipoinstalar realsbetanzol, para que ele pudesse cortar a ponta.
O vendedor não entendeu nada, conta o médico. "Rapaz, você vai querer o anzol para cortar a ponta?"
Erik explica que precisava fazer essa adaptação para que o anzol não perfurasse a pele do paciente. Depoisinstalar realsbetconstruído manualmente, o "instrumento cirúrgico" era esterilizado.
"Hojeinstalar realsbetdia não precisa, o hospital está bem moderno", diz.
Mas nem tudo mudou na Amazônia.
Cadê a pista?
Começamos a sobrevoar a cidadeinstalar realsbetOriximiná. Foi quando lembreiinstalar realsbetum pequeno detalhe:
"Augusto, cadê a pista?"
"Está ali na frente, doutor. Bem na nossa proa", respondeu o Augusto, já preparando o avião para o pouso.
"Mas ... Augusto, aquilo não é uma pista. É uma rua! Tá cheioinstalar realsbetcarros lá embaixo."
"Fique tranquilo. É que essa pista não tem iluminação alguma para pouso à noite. Aí veio todo mundo da cidade para iluminar a pista com os carros."
Olhei com mais atenção e vi dezenasinstalar realsbetcarrosinstalar realsbetum lado einstalar realsbetoutro da pistainstalar realsbetpouso da pequena cidade, todos com seus faróis acessos e pisca-alerta ligados. Todos com um só objetivo: iluminar a pista para nosso avião pousar e pegar aquela paciente. Vi famílias com crianças do ladoinstalar realsbetseus carros, olhando para o avião. Em seus rostos, um mistoinstalar realsbetansiedade e alegriainstalar realsbetver o socorro chegar."
O livroinstalar realsbetErik Jennings traz vários casosinstalar realsbetpilotos destemidos fazendo resgates aparentemente impossíveisinstalar realsbetpacientes no meio da selva. Também há históriasinstalar realsbetribeirinhos remando por horas, e até dias, para levar um paciente ao hospitalinstalar realsbetSantarém. Situações assim são corriqueiras, diz Erik.
"Mês passado, tinha uma criança quase morrendo. Me ligaram, disseram que o Samu não ia, tinha problemas na lancha. Fui lá à noite, buscar a criança. Demorou uma hora para chegar, outra para vir, mas como conheço bem os rios, foi tranquilo. Ela era da mesma comunidade do Nivaldo." (O homem que resgatou Erik do rio.)
"Dizem que sou maluco, indo pegar a criança aí não sei onde. Mas sei o que estou fazendo, conheço os perigos do caminho. São riscos calculados."
A saúdeinstalar realsbetuma população não pode, no entanto, depender da boa vontadeinstalar realsbetalguns cidadãos.
Em entrevista à BBC News Brasil, o procurador do Ministério Público Federal do Pará Camões Boaventura reclama da faltainstalar realsbetcuidado do poder público com o povo da Amazônia.

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Pistainstalar realsbetpouso e decolagem iluminada por faróisinstalar realsbetcarro
"Viver na Amazônia é peculiar por si só, mas os desafios da floresta são mais destacados não pela florestainstalar realsbetsi, mas pelas ameaças e violências que a Amazônia e os amazônidas sofrem", diz.
Desmatamento, barragens hidrelétricas, garimpos ilegais, desassistência do poder público, enumera Boaventura, são apenas algumas das violências sofridas pelo povo da região.
Vento que traz o bem
Na crônica "Vento que Traz o Bem", Erik conta que, ao se despedirinstalar realsbetNivaldo – o caboclo que o resgatara do rio –, recebeu um convite do barqueiro para ir comer um peixe eminstalar realsbetcasa.
O procurador Camões Boaventura explica que foi visitar Nivaldo junto com o médico. Ao chegar lá,instalar realsbetbarco, os visitantes se depararam com Nivaldo na cama, doente. Mais tarde, soube-se que o problema era uma apendicite aguda.
"Chegamos três horas da tarde, ele estava com muita dor. A ambulância havia sido acionada desde a manhã. Olhávamos as luzes da cidade na outra margem do rio. Ele não tinha como ir e o Estado não vinha buscá-lo", relembra o procurador.
A crônicainstalar realsbetErik relata como médico e outros visitantes acabaram transportando o doenteinstalar realsbetbarco, noite adentro, para o Hospital Municipalinstalar realsbetSantarém, onde Nivaldo foi operadoinstalar realsbetmadrugada.
Veja que trama complicada – e isso não é um filme: Erik opera o filhoinstalar realsbetNivaldo. Anos depois, Nivaldo resgata Erik do meio do Tapajós,instalar realsbetsituaçãoinstalar realsbetperigo. Meses mais tarde, Erik acaba salvando a vidainstalar realsbetNivaldo ao levá-lo,instalar realsbetestado grave, para o hospital.
Mortes for faltainstalar realsbetresgate na Amazônia
Histórias com final feliz como essa, infelizmente, são exceção. Muita gente morre na Amazônia por faltainstalar realsbetresgate ou por resgates inadequados.
"Morrem por coisas banais, como picadainstalar realsbetcobra, quedainstalar realsbetárvore", diz Erik. Ele aponta soluções simples que poderiam amenizar os problemas:
"Na Amazônia, a partirinstalar realsbetsete da noite, se você estiver voando, vai conseguir pousarinstalar realsbetBelém, Santarém, Manaus... o resto, todas as pequenas cidades, não têm balizamento noturno (luzes na pista). Se alguém se acidenta e precisa ser removido à noite, não tem como pousar."
Erik enumera possíveis soluções, como a instalaçãoinstalar realsbetluzes nas pistas, a criaçãoinstalar realsbetmais leitos nos hospitais einstalar realsbetum serviçoinstalar realsbetresgate por hidroaviões. Outra medida importante seria legalizar pistasinstalar realsbetpequenas vilas e cidades.
"Várias dessas pistas são clandestinas, mas recebem inclusive aviões oficiais do governo", conta o médico.
Até agora, o médico Erik Jennings vem nos contando como enfrenta barreiras geográficas para cuidar da saúde dos amazônidas. Mas a floresta impõe outro grande desafio à medicina: a diversidade culturalinstalar realsbetseus povos.
Árvores mortas, folha perdidas
Kusi, uma índia Zo'é, e seus dois filhos, Apãn e Namihit, estão eminstalar realsbetpequena malocainstalar realsbettelhadoinstalar realsbetpalha. É noite e a lenha queima embaixo da rede. O território Zo'é fica a 300 metrosinstalar realsbetaltitude. A floresta é densa e o frio, intenso. Eles não têm roupas ou cobertores, o fogo que os protege do frio e dos animais deve ser mantido aceso dia e noite.
Uma tempestade se forma. Trovões ecoam no mato. De repente, ouve-se um som alto da quebrainstalar realsbetuma grande árvore. O estalido se junta ao barulhoinstalar realsbetoutras pequenas árvores levadas pela maior, que tombainstalar realsbetdireção à malocainstalar realsbetKusi. Em poucos segundos, Apãn está morto e, Kusi, gravemente ferida.
Assim começa a históriainstalar realsbetcomo Erik Jennings se tornou médico do povo Zo'é.
Aléminstalar realsbetser neurocirurgiãoinstalar realsbetum grande hospitalinstalar realsbetSantarém, ele dedica grande parteinstalar realsbetseu tempo aos Zó'é, um povo que teve seu primeiro contato com o homem branco há pouco tempo e que o médico assiste há 17 anos. No livro, Erik conta:
Kusi tem um grave afundamento no crânio, precisa ser levada para a cidade para que possamos tentar salvarinstalar realsbetvida. Deitada no fundo do avião, a paciente viaja acompanhada do filho, Namihit. Ele tem 18 anos, ela, 56. Os dois nunca saíram da floresta. Não falam uma palavrainstalar realsbetportuguês. Antes do pousoinstalar realsbetSantarém, colocamos uma batainstalar realsbetKusi, vestimos e calçamos Namihit.
(...)
Após uma longa cirurgia, a paciente é levada para uma enfermaria onde está Fátima, também operada na cabeça.
"Foi uma árvore que caiu na cabeça dela?", pergunta Namihit.
Fátima fora ferida com um facão por seu próprio marido, explico.
"Mas por que ele fez isso com ela?", pergunta, inconformado. Depois daquela viagem, Namihit nunca mais seria o mesmo.
No texto, Erik descreve o primeiro contato do menino Namihit einstalar realsbetsua mãe com uma das grandes doenças do homem branco: a violência.
A aproximação com os Zo'é também teve impacto profundo sobre o próprio Erik.
"Conhecer os Zo'é mudou o rumo da minha vida", diz. "Me colocouinstalar realsbetcontato com outra cultura e com um dilema: você assiste a saúdeinstalar realsbetum povo da floresta e a assistência se torna dolorida."
Para um Zo'é, o ambiente quente e barulhento do hospital, a comida estranha, a ausência da família e da terra já são traumáticos, explica. E existe também o sofrimento psicológico:

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Em uma das crônicasinstalar realsbetseu livro, Erik conta a históriainstalar realsbetum homem que viajou 18 horasinstalar realsbetuma bajara (um barco como o da foto) para levar a mãe ao hospital
"Ver a crueldade do homem branco com o outro foi uma agressão muito grande para ele (Namihit). Me senti responsável pelo sofrimento que estávamos trazendo, mesmo que na tentativainstalar realsbetajudá-los,instalar realsbetsalvá-los."
Era preciso repensar o jeitoinstalar realsbetfazer medicina.
"Entendi que precisávamos tratar diferente quem é diferente para que, no final, todos se beneficiassem igualmente das açõesinstalar realsbetsaúde."
No casoinstalar realsbetKusi, isso significava tirá-la o quanto antes do hospital e devolvê-la à floresta.
"Operei num dia, no outro, levei Kusi para a aldeia, para que estivesse junto aos familiares, na língua dela."
No território Zo'é, a paciente teve também atendimentoinstalar realsbetuma enfermeira do Ministério da Saúde que atendia no posto da Funai (Fundação Nacional do Índio) na aldeia.
Depois desse episódio, a pedido dos índios e da Funai, Erik se tornou,instalar realsbetcaráter voluntário, o coordenadorinstalar realsbetsaúde do povo Zo´é.
Os Zo'é
Desde o incidente com Kusi, passaram-se 17 anos. Neste tempo, construiu-se um pequeno hospital no território, com materiais da floresta. Erik aprendeu a falar tupi guarani. "Eles mesmos me ensinaram", conta. E aprendeu também a pilotar aviões pequenos, para driblar as dificuldadesinstalar realsbetacesso.
"São 290 kminstalar realsbetSantarém até a terra Zo´é, considerando o aeroportoinstalar realsbetonde a gente sai. Leva uma hora e quinze para ir, uma hora e quinze para voltar", explica.

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Floresta na Terra Indígena Zo'é
A Funai atua hojeinstalar realsbet19 terras indígenas habitadas por povosinstalar realsbetrecente contato, entre elas a terra Zo'é.
O termo "povoinstalar realsbetrecente contato" se refere a grupos que têm algum contato com a sociedade nacional, mas preservam suas formasinstalar realsbetorganização social e um alto grauinstalar realsbetautonomiainstalar realsbetsuas relações com o Estado brasileiro, segundo definição da Funai.
A população Zo'é está estimadainstalar realsbet310 pessoas organizadasinstalar realsbetaproximadamente 19 malocas, informou à BBC News Brasil Fábio Ribeiro, chefe da Frente Cuminapanema - unidade da Coordenação Geralinstalar realsbetÍndios Isolados einstalar realsbetRecente Contato (CGIIRC) da Funai – responsável pela assistência à etnia.
A Terra Indígena Zo'é tem 6,86 mil quilômetros quadrados e está regularizada desde 2009. Os índios dependem exclusivamenteinstalar realsbetsuas terras para sobreviver. São seminômades e caçam com arco e flecha. Quando a mandioca acaba, vão para outro lugar. A maior parte não usa vestimenta, mantém a própria língua e desconhece a dieta do branco, não ingerindo sal ou açúcar.
"Isso dá a eles uma condiçãoinstalar realsbetsaúde muito boa. Eles não têm nada das coisas que matam nossa civilização hoje, como diabetes, alto índiceinstalar realsbetcolesterol e obesidade mórbida", explica Erik.
Para o médico e a equipe da Funai, o desafio é dar assistência sem destruir a cultura e a autonomia desse povo. A estratégia, então, é resolver o maior número possívelinstalar realsbetproblemas na própria floresta, evitando o preconceito na cidade e epidemias.
Na décadainstalar realsbet80, missionários levaram doenças que mataram metade da etnia. Por conta disso, a primeira providência foi vacinar os índios.
"Quando é povo isolado, a política do governo é: feito o primeiro contato, a gente vacina. Aceitam bem, não há resistência", diz o médico.
"Operamos catarata, hérnias. Faço ultrassom, envio o exame pela internet a um radiologista na cidade."
O resultado dessa política é que Zo'és são transferidos para Santarém,instalar realsbetmédia, apenas duas ou três vezes por ano. Para efeitoinstalar realsbetcomparação, Erik cita outras duas etnias com o mesmo númeroinstalar realsbethabitantes (cercainstalar realsbet300) onde a taxa éinstalar realsbet600 remoções por ano.

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Uma das aldeias do povo Zo'é, etnia que vive exclusivamenteinstalar realsbetsuas terras e mantéminstalar realsbetautonomia cultural e socioeconômica
Apesar do sucesso nos resultados, esse jeito diferenteinstalar realsbetfazer medicina nem sempre é compreendido fora da floresta.
Políticasinstalar realsbetsaúde do homem branco
Para evitar anemiainstalar realsbetcrianças, o Ministério da Saúde criou um programa nacionalinstalar realsbetreposiçãoinstalar realsbetferro. Toda criança toma um comprimidoinstalar realsbetsulfato ferrosoinstalar realsbettrêsinstalar realsbettrês dias.
"Mas os Zo'é se alimentam da floresta e não têm anemia", diz Erik. "Se você for dar comprimido, elas vão terinstalar realsbetandar dois dias na floresta para tomar o comprimido e depois mais dois dias para voltar. Com isso, vão ficar andando sem caçar, sem comer. Vão ficar com desnutrição. Não faz sentido", argumenta.
Entre os povos indígenas, diz, quem está com carênciainstalar realsbetferro são os que já perderaminstalar realsbetautonomia socioeconômica e cultural. Já não conseguem manter seus hábitos alimentares. Esses sim, afirma, têm alto índicesinstalar realsbetanemia e desnutrição.
Para o médico, o problema é que, salvo algumas iniciativas isoladas, as políticasinstalar realsbetsaúde para os indígenas ainda são as do homem branco.
O númeroinstalar realsbetcirurgias cesarianas entre povos indígenas que perderaminstalar realsbetautonomia ilustra as consequências dessas políticas:
"Entre esses povos, não existe mais a figura do parteiro ou parteira. Os partos por cesariana estão acimainstalar realsbet80%. No quinto mêsinstalar realsbetgravidez, o médico manda a gestante para a cidade, para ter a criança no hospital. A lógica é: vocês não sabem fazer parto."
Para evitar que os Zo'é "desaprendam" a fazer partos, Erik e equipe da Funai decidiram criar um pré-natal adaptado para a cultura Zo'é.
"Fazemos exames básicos, o resto é com eles", diz. "Não vou fazer o pré-natal oficial porque eles fazem melhor do que eu. Têm parteiros que conhecem muito bem o processoinstalar realsbetgestação e nascimento."
Observando o trabalho dos parteiros, Erik diz ter percebido como o branco subestima o conhecimento indígena.
"Eles têm até aminiótomo. Uma haste, tipo um estilete, que usam para romper a bolsa quando o parto está demorando. Quando você fura a bolsa, o parto se acelera. Uma descoberta médica relatadainstalar realsbetrevistasinstalar realsbetmedicina do século 18... os Zo'é já têm isso há muito tempo."
Ver esses nascimentos também revelou ao médico algo que o homem branco perdeu: um parto cheioinstalar realsbetacolhimento, ao ladoinstalar realsbetquem se ama.

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Erik nasceu à beira do rio Tapajós, no Pará, estudouinstalar realsbetSão Paulo e no exterior, mas voltou para cuidar da saúde dos povos da Amazônia
Quando as mulheres estão prestes a dar à luz, o médico viaja para o território – mas não interfere.
"Fico acompanhandoinstalar realsbetlonge, digo que estou por ali se precisar."
A grávida é assistida pelo parteiro e por seus familiares, que ficam ao seu lado, acariciandoinstalar realsbetcabeça e repetindo que a dor vai passar. "É uma humanização incrível, você não vê mais isso na cidade."
Seguindo suas tradições, é muito difícil que os Zo'é percam uma criança, diz Erik. A última morte por complicaçõesinstalar realsbetparto aconteceuinstalar realsbet2002, quando ainda não existia o trabalhoinstalar realsbetsaúde no território.
Dos Zo'é para o mundo
A experiência pioneirainstalar realsbetErik e equipe da Funai,instalar realsbetcriar um novo jeitoinstalar realsbetcuidar da saúde indígena, acabou repercutindo internacionalmente.
A pedido do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos (ACNUDH), o médico contribuiu para a elaboraçãoinstalar realsbetum protocoloinstalar realsbetsaúde para povos isolados einstalar realsbetrecente contato na América do Sul.
Publicadoinstalar realsbet2012, o documento -Directricesinstalar realsbetprotección para los pueblos indígenas en aislamiento y en contacto inicial – reúne contribuições tambéminstalar realsbetrepresentantes da Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Venezuela.
Em 2018, as diretrizes da ONU foram incorporadas à legislação brasileira por meioinstalar realsbetuma portaria conjunta dos Ministérios da Saúde e da Justiça.
"A portaria traz diretrizes que começamos a trabalharinstalar realsbet2002 no nosso hospitalzinho na floresta. Agora, são lei. Nada disso estava previsto, era maluquice... eu poderia ter tido meu CRM cassado. Mas agora, o trabalho me deu respaldo, mostramos que a abordagem funciona", diz.
A BBC News Brasil procurou o Ministério da Saúde para saber se houve progresso na implantação das diretrizes que a portaria estabelece e,instalar realsbetparticular, para saber o que ficou decidido no caso dos suplementosinstalar realsbetferro para povosinstalar realsbetrecente contato. O Ministério não se pronunciou até a publicação desta reportagem.

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Mãosinstalar realsbetcirugião, as mesmas que salvaram a vida da manicure na crônica 'Fazendo as Unhas'
Depoisinstalar realsbetanosinstalar realsbetconvivência com os Zo'é, Erik reflete que quando se falainstalar realsbetdiretrizes para a "proteção" dos povos indígenas, proteger significa algo diferente.
"O que dá para notar é que eles têm um sistema próprioinstalar realsbetorganização política, social e jurídica que faz com que a sociedade deles seja bem mais equilibrada e harmônica do que a nossa."
Então, proteção aqui quer dizer, simplesmente, deixar como está, conclui.
"É a não agressão, não interferência. É deixar que continue assim."
Mas como veremos na terceira – e última – parte dessa reportagem, a preservação dessa einstalar realsbetoutras culturas da floresta não interessa apenas aos povos da Amazônia.
O encantoinstalar realsbetPaulo Jennings
O barco subia o Rio Amazonas quando Paulo Jennings decidiu pular. Fazia aquilo desde moleque e queria sentir a emoção do voo entre a tolda da embarcação e as águas barrentas do rio. Tinha vindoinstalar realsbetSão Paulo com um grupoinstalar realsbetamigos para aquela pescaria, todos estavam eufóricos com o passeio que começava.
Paulo, cardiologista, 56 anos, era o mais entusiasmado. Nascidoinstalar realsbetSantarém, trabalhava na capital paulista e todos os anos vinhainstalar realsbetférias rever os amigos e pescar. Com o barco aindainstalar realsbetmovimento, pulou. Quando seu corpo bateu nas águas do rio, a região do estômago recebeu o maior impacto. Foi um salto infeliz que lhe custou a vida. Seu corpo ficou boiando por alguns segundos na superfície e depois afundou.

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Aléminstalar realsbetatender os Zo'é, o médico também assiste outros povos indígenas como os Munduruku
A região norte do Brasil apresenta a maior taxainstalar realsbetmortalidade por afogamentos do país. São cinco mortes por cada 100 mil habitantes, segundo um relatório da Sociedade Brasileirainstalar realsbetSalvamento Aquático (Sobrasa). A região sudeste tem o menor índice, 2,1 mortes para cada 100 mil habitantes. Os dados sãoinstalar realsbet2016.
Segundo a Sobrasa, muitas das mortes resultaminstalar realsbetimprudência, como ingerir álcool antesinstalar realsbetnadar ou não usar coletes salvavidasinstalar realsbetembarcações. De acordo com o Corpoinstalar realsbetBombeiros, as águas turvas, cheiasinstalar realsbetsedimentos, e a força das marés também contribuem para as mortes.
Quem não vive na região talvez não entenda um problema que, na Amazônia, cominstalar realsbetexuberante fauna e flora, ganha contornos ainda mais dramáticos: a perdainstalar realsbetum ente querido nas águasinstalar realsbetum rio.
Paulo Jennings era tioinstalar realsbetErik. Menosinstalar realsbettrês horas após seu corpo ter desaparecido, o médico já estava àinstalar realsbetprocura. Na crônica "O Encantoinstalar realsbetPaulo Jennings", ele descreve essa experiência.
Não havia tempo para luto. Quando se perde alguém nas águas dos imensos rios da Amazônia, a primeira coisa a fazer é procurar o corpo. Uma corrida desenfreada se iniciava entre humanos e os peixes do fundo do rio. Ganharia a corrida aquele que chegasse primeiro ao corpoinstalar realsbetPaulo.
Foram cinco diasinstalar realsbetbuscas. Mergulhadores, bombeiros, a polícia civil, familiares e amigos do desaparecido se revezavam na tarefa. Até um avião foi requisitado.
Mas a solução para o problema viria dos povos que guardam os segredos da floresta: curandeiros e pescadores das comunidades ribeirinhas.
No livro, Erik falainstalar realsbetdois momentos cruciais. Primeiro, um caboclo da região chamado Marinho pergunta ao médico se ele autorizaria um curandeiro da comunidade a fazer "um trabalho" para descobrir o paradeiro do corpo. Erik aceita a proposta. No dia seguinte, o caboclo traz uma mensageminstalar realsbetPedrinho, o curandeiro:
"Doutor, o Pedrinho mandou falar para o senhor que vai ser muito difícil encontrar o corpoinstalar realsbetseu tio. Aqui nesse local tem um encanto, ele falou que seu tio foi levado por esse encanto. Para onde ele foi estão precisando muito dele, pois era uma pessoa boa."
Mas Pedrinho também enviara uma sugestão:
"Doutor, o Pedrinho disse que mesmo sendo difícil encontrar o corpo, o senhor pode acender uma vela dentroinstalar realsbetuma cuia e lançá-la no rio. Se a cuia com vela ficar rodandoinstalar realsbetum mesmo local é sinalinstalar realsbetque corpo pode estar por ali."
O médico escreve que não compartilha da crençainstalar realsbetsi, mas que acredita no poder da cultura e da solidariedade. Para ele, as palavras do curandeiro eram um alívio, um remédio para a alma. Cuias e velas foram providenciadas.
Outra intervenção veioinstalar realsbetAguinaldo, pescador da região e amigoinstalar realsbetErik que chegara para ajudar nas buscas. Aguinaldo notou que as cuias boiavam por mais tempo num ponto do rio onde parecia haver gordura na superfície. Foi então que o pescador sugeriu que pescassem ali um peixe chamado piracatinga, habitante daquelas águas.
A piracatinga (nome científico Callophysius Macropterus) é conhecida também como "urubu d'água". Chega a atingir 45 cminstalar realsbetcomprimento e costuma se esconder nas profundezas dos rios. Agressiva e voraz, pescadores relatam que ela ataca até peixes já fisgados por anzóis, e pode ser vista, atracada à presa, mesmo quando a linha é retirada da água. A piracatinga é um peixe necrófago, ou seja, gostainstalar realsbetcomer cadáveres, inclusive humanos. A ideiainstalar realsbetAguinaldo, portanto, era buscar fragmentos do corpoinstalar realsbetPaulo na barriga dos peixes.

Crédito, Arquivo pessoal
Piracatinga, peixe necrófago que muitas vezes morde outro peixe já fisgado pelo anzol na pesca
No livro, Erik conta que já ouvira relatosinstalar realsbetcaboclos sobre o uso dessa técnica para encontrar cadáveres. Além disso, um amigo, mergulhador do Corpoinstalar realsbetBombeiros, lhe contara ter localizado corposinstalar realsbetpessoas dentroinstalar realsbetbarcos naufragados no Rio Amazonas após seguir o som dos cardumesinstalar realsbetpiracatingas.
Com essas históriasinstalar realsbetmente, médico e ajudantes iniciaram a "pescaria". Anzóis com iscasinstalar realsbetpeleinstalar realsbetgalinha foram lançados no ponto onde as cuias boiavam por mais tempo. Era noite e já se passavam 48 horas desde o desaparecimentoinstalar realsbetPaulo. Três piracatingas foram fisgadas. (Nos dias seguintes, foram pescadas mais seis.)
Com uma pequena faca, Erik e Aguinaldo abrem os peixes. O pescador direciona o foco da lanterna parainstalar realsbetmão e pergunta, assustado:
"O que o senhor acha disso, doutor?"
Havia dois pedaçosinstalar realsbetpele com características humanas dentro daqueles peixes. Em uma das piracatingas, havia dois ou três fiosinstalar realsbetcabelo castanho, iguais aoinstalar realsbetPaulo.
Era outubroinstalar realsbet2011. O delegado Sílvio Birro, da Delegaciainstalar realsbetPolícia Civilinstalar realsbetSantarém, acompanhava as buscas.
"Nas primeiras piracatingas, foram localizados fragmentos parecidos com tecido humano e alguns pelos", conta o delegado à BBC News Brasil.
"O Dr. Erik acondicionou o materialinstalar realsbetrecipientes que foram levados para o laboratório do Hospital Regionalinstalar realsbetSantarém. A análise clínico-patológica constatou que se tratavainstalar realsbetmaterial humano", relembra.
Mas o laudo inicial do Centroinstalar realsbetPeríciainstalar realsbetSantarém foi inconclusivo. Era preciso fazer um exame mais avançado, explica.
O delegado entrouinstalar realsbetcontato com o Institutoinstalar realsbetCriminalística da Polícia Federal,instalar realsbetBrasília, e pediu uma segunda análise.
Quase um ano após o mergulhoinstalar realsbetPaulo, chegou ao consultórioinstalar realsbetseu sobrinho uma carta do Instituto Nacionalinstalar realsbetCriminalística da Polícia Federal,instalar realsbetBrasília. O texto continha o seguinte parágrafo:
"Após análiseinstalar realsbetDNA mitocondrial dos fragmentos enviados e o sangue da Sra. Eilah Jennings (Irmãinstalar realsbetPaulo), concluímos que são indivíduos filhos da mesma mãe."
Paulo Jennings nunca mais iria voltar. Havia sido levado pelo "encanto" do rio Amazonas para um lugar onde, como explicara o curandeiro Pedrinho, "precisavam muito dele".
Para a Amazônia, o caso estabeleceu um precedente importante. Foi um marcoinstalar realsbetinvestigaçõesinstalar realsbetdesaparecimentosinstalar realsbetpessoas nos rios, diz o delegado Sílvio Birro.
"O laudo saiuinstalar realsbet2012, um ano depois (da morte). Procuramos saberinstalar realsbetoutros locais e era inédita uma investigação como essa, com esse resultado, nesse espaçoinstalar realsbettempo", lembra.
O caso foi divulgadoinstalar realsbetoutras delegacias da região, como método alternativo para buscasinstalar realsbetpessoas desaparecidas nos rios.
E também acabou incluído na literatura científica internacional. A revista Journal of Forensic Science publicou um artigo assinado por Erik Jennings detalhando como a piracatinga pode ser usada para localizar e identificar vestígios humanos retirados do rio Amazonas.

Crédito, Arquivo pessoal
Na crônica 'Vento que Traz o Bem', Erik descreve como navegou por furos e varadouros, áreas dos rios que servem como atalhosinstalar realsbetdiasinstalar realsbetclima adverso
Eminstalar realsbetentrevista à BBC News Brasil, o médico diz que não mencionou no artigo o papel das cuias na escolha do local da "pescaria".
"Nossa hipótese éinstalar realsbetque as cuias ficavam flutuando e rodando no lugar onde havia gordura na superfície da água, mas achei melhor não citar isso no artigo porque não tinha como provar", explica. "E ciência funciona assim, toda suposição precisa ser provada."
O médico diz, porém, não ter dúvidainstalar realsbetque o paradeiroinstalar realsbetseu tio foi revelado pela soma dos saberes da floresta – a cultura indígena e dos ribeirinhos, materializada nas figuras do curandeiro Pedrinho e do pescador Aguinaldo.
"Não existe oposição entre ciência médica e conhecimento tradicional", ele diz à BBC Brasil. "São complementares."
Finalmente, para muitosinstalar realsbetminha família, podíamos acreditar que Paulo Jennings havia morrido. Ele nunca mais iria voltar. Seu corpo havia sido levado, para sempre, pelo Rio Amazonas. O rio que ele tanto amava o encantara.
instalar realsbet *Trechosinstalar realsbetitálico foram extraídos livroinstalar realsbetErik Jennings e adaptados para inclusão nesta reportagem.

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