HIV: injeção testada no Brasil pode impedir a transmissão do vírus causador da Aids:f12bet site
- Rafael Barifouse
- Da BBC News Brasilf12bet siteSão Paulo

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A droga da PrEP injetável fica depositadaf12bet siteum músculo e é liberada gradualmente ao longof12bet sitedois meses, quando é preciso renovar a dose
f12bet site Tomar uma injeçãof12bet siteum medicamento antirretroviral a cada dois meses é uma forma eficazf12bet siteimpedir o contágio por HIV f12bet site ?
Pesquisadores brasileiros investigam esta possibilidade com cientistasf12bet siteoutros seis países e esperam ter uma respostaf12bet siteaté dois anos.
O estudo realizado pela HIV Prevention Trials Network, uma redef12bet sitepesquisa mantida pelos Institutos Nacionaisf12bet siteSaúde, uma agência do governo americano dedicada a estudos médicos, avalia se esse tipof12bet siteprofilaxia pré-exposição (PrEP) funciona tão bem quanto o outro método disponível atualmente.
Na chamada PrEP oral, a pessoa toma um comprimido com drogas antirretrovirais. Se o tratamento for feito corretamente,f12bet siteeficácia para prevenir a transmissão do vírus causador da Aids pode chegar a 99%.
Então, porque seria necessária uma PrEP injetável se já existe outra versão com excelentes resultados?
"O paciente precisa ter organização para tomar um comprimido diário. Então, precisamosf12bet sitealternativas para quem não consegue fazer uso crônicof12bet siteuma medicação e está vulnerável ao HIV", diz Beatriz Grinsztejn, chefe do laboratóriof12bet sitepesquisa clínicaf12bet siteDST e Aids do Instituto Nacionalf12bet siteInfectologia Evandro Chagas (Fiocruz) e responsável pela direção global da pesquisa junto com o pesquisador Raphael Landovitz, da Universidade da Califórniaf12bet siteLos Angeles.
Adesão ao tratamento com PrEP oral cai com o tempo
A PrEP oral foi aprovada pela Food and Drugs Administration (FDA), a agência do governo americano equivalente à brasileira Agência Nacionalf12bet siteVigilância Sanitária (Anvisa),f12bet site2012.
Desde o fimf12bet site2017, é oferecida no Brasil gratuitamente pelo Sistema Únicof12bet siteSaúde (SUS) para grupos considerados mais vulneráveis ao HIV, como homens gays e bissexuais, mulheres transexuais, profissionais do sexo e pessoasf12bet siteum relacionamento com alguém que tenha o vírus.
Este método é considerado uma revolução no combate ao HIV por oferecer uma forma inéditaf12bet siteprevenção com um medicamento e não só com preservativos.
No entanto, pesquisas mostram que a taxaf12bet siteadesão ao tratamento, ou seja, o índicef12bet sitepessoas que o segue à risca, cai com o tempo, explica o infectologista Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacionalf12bet siteAlergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID, na siglaf12bet siteinglês), que é o principal patrocinador do estudo da PrEP injetável.
"Isso varia bastante, mas a taxa chega a cair pela metade, porque as pessoas se cansamf12bet sitetomar um comprimido diariamente ou se esquecem. E, se não é tomado todo dia, não funciona", afirma Fauci.

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A PrEP oral é considerada uma revolução por oferecer uma forma inéditaf12bet sitese prevenir do HIV com medicamento e não com preservativos
Grinsztejn diz que a baixa adesão é um problema especialmente entre os jovens, um grupo no qual o númerof12bet sitediagnósticosf12bet siteHIV vem crescendo mais do que a média. Entre 2007 e 2018, houve um aumentof12bet site220% entre brasileirosf12bet site15 a 24 anos,f12bet siteacordo com dados do governo federal, bem acima do aumentof12bet site136% na populaçãof12bet sitegeral.
No entanto, a cientista da Fiocruz afirma que isso não pode ser considerado preguiça ou desleixo dos jovens com uma doença que não tem cura.
"Você diria issof12bet siteum diabético? Tradicionalmente, adolescentes e adultos jovens têm mais dificuldade com um tratamento contínuo para diabetes. Não é uma particularidade do HIV, é uma questão da faixa etária. E, se o vírus avança entre estas pessoas, é importante buscar novas formasf12bet siteprevenção."
Como é feito o estudo da PrEP injetável
Enquanto a PrEP oral usa uma combinaçãof12bet siteduas drogas - fumaratof12bet sitetenofovir desoproxila e emtricitabina -, a versão injetável é feita a partirf12bet siteoutra substância, cabotegravir.
Ambos os medicamentos impedem a multiplicação do HIV ao se ligarem a enzimas essenciais ao processof12bet sitereplicação do vírus, mas atuamf12bet siteetapas diferentes do ciclo.
O comprimido deve ser tomado diariamente para garantir que seus princípios ativos estejam no corpo sempref12bet siteníveis adequados. Já o cabotegravir é injetado no músculof12bet siteuma das nádegas e fica depositado ali, sendo liberado gradualmente ao longof12bet sitedois meses, quando é preciso renovar a dose.

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Medicamentosf12bet sitePrEP agem sobre o ciclof12bet sitereprodução do vírus HIV
Iniciado no fimf12bet site2016, o estudo HPTN 083 testará a PrEP injetável com 4,5 mil homens gays e bissexuais e mulheres trans,f12bet site43 centros no Brasil, Estados Unidos, Argentina, Peru, África do Sul, Tailândia e Vietnã. Ao menos 500 brasileiros já participam - e o recrutamentof12bet sitevoluntários ainda está acontecendo.
Os pacientes são distribuídos por sorteio eletrônico entre dois grupos. O primeiro toma comprimidos placebo e a injeçãof12bet sitePrEP. O segundo toma comprimidosf12bet sitePrEP e injeção placebo. Todos são aconselhados sobre sexo seguro e recebem preservativos ao longo da pesquisa.
"No fim, vamos comparar o númerof12bet siteinfecções por HIV entre os dois grupos para entender se a PrEP injetável funciona tão bem quanto a oral", explica Grinsztejn.
Homens gays e mulheres trans são mais vulneráveis ao HIV
O infectologista Rico Vasconcelos, coordenador médico do centrof12bet sitepesquisa da PrEP injetável na Universidadef12bet siteSão Paulo (USP), explica que o Brasil foi escolhido para participar porque tem uma epidemiaf12bet siteHIV concentrada entre homens gays e bissexuais e mulheres trans, que são o público-alvo do estudo.
Pesquisas mostram que, enquanto 0,4% dos brasileiros vivem com o vírus na sociedadef12bet sitegeral, entre homens gays e bissexuais, são maisf12bet site18% - na cidadef12bet siteSão Paulo, chega a quase 25%. Entre mulheres trans, pode passarf12bet site40%.
Vasconcelos avalia que estas pessoas são hoje mais vulneráveis ao vírus porque, entre outros motivos, não houve por muito tempo políticas públicasf12bet siteeducação e saúde específicas para elas. Isso contribuiu para elevar o índicef12bet sitepessoas com HIV nestes grupos e fez com que seja hoje mais provável que um homem gay ou bissexual e uma mulher trans entremf12bet sitecontato com o vírus.
"O senso comum éf12bet siteque a culpa é da vítima, que um homem gay ou bissexual e uma mulher trans pegam HIV porque querem, mas faz 38 anos que temos uma epidemia concentrada nestes grupos, e a primeira vez que o Ministério da Saúde fez algo específico para protegê-los foi há pouco maisf12bet siteum ano, quando incluiu a PrEP no SUS, priorizando esses grupos", diz o infectologista.
Vasconcelos afirma ser comum que um jovem gay, bissexual ou trans comece a transar sem ter recebido educação sexual ou sido informado sobre a epidemiaf12bet siteHIV nestes grupos.
Ao mesmo tempo, não podem muitas vezes falar abertamente sobref12bet sitevida sexual com a família e amigos e, quando procuram um serviçof12bet sitesaúde, há chancesf12bet sitenão serem bem acolhidos. "A homofobia e a transfobia também transmitem HIV", diz o infectologista.
Cientistas investigam outras formasf12bet siteprevenção
O estudo da PrEP injetável será concluídof12bet site2021. Se os resultados forem positivos, a expectativa é que seja autorizado pelo FDA para ser usado por seu público-alvo até o ano seguinte, diz Fauci, da NIAID.

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Númerof12bet sitenovos casosf12bet siteHIV vêm caindo lentamente na última década
Outro estudo com mulheres heterossexuais e cisgênero (ou seja, que não são transexuais) está sendo feito na África. Vasconcelos diz que será preciso aguardar os resultados das pesquisasf12bet sitecurso e testes com outros grupos, como homens heterossexuais cisgênero, para que a PrEP injetável possa ser recomendada universalmente.
"Se o estudo mostrar que a PrEP injetável é um métodof12bet siteprevenção eficaz para o sexo anal, que é o tipof12bet siteexposição sexualf12bet sitemaior risco ao HIV, isso indica que provavelmente também será para o sexo vaginal,f12bet siteque o risco é menor. Mas não se pode aprovar o usof12bet siteuma medicação para uma população específica sem que antes tenha sido testada por ela", diz o infectologista da USP.
Além disso, há outras pesquisas sendo realizadas para outros métodosf12bet siteprevenção ao vírus, como anéis intravaginais, implantesf12bet sitemedicamentos antirretrovirais e injeçõesf12bet siteanticorpos.
Fauci explica que essas alternativas são importantes, porque o númerof12bet sitenovos casosf12bet siteHIV vem caindo lentamente na última década, com uma reduçãof12bet site12% entre 2008 e 2018. Em comparação, entre 1998 e 2008, a queda foif12bet site24%.
"Hoje, há um tratamento capazf12bet sitefazer com que pessoas com HIV fiquem vivas e saudáveis, mas o avanço do vírus não está sob controle. Ainda temos 1,7 milhãof12bet sitenovos diagnósticos por ano. É um problema sério", diz Fauci.
Vasconcelos argumenta que, quanto mais formasf12bet siteprevenção existirem, mais fácil vai serf12bet sitecombater a transmissão do vírus.
"A melhor formaf12bet siteproteção é aquele que a pessoa escolhe, por entender como funciona e achar que é capazf12bet siteusá-la correta e constantemente. Se casais heterossexuais têm hoje várias maneiras diferentesf12bet siteevitar terem filhos, por que acreditamos algum dia que, para o HIV, uma forma sóf12bet siteprevenção, a camisinha, seria suficiente?"

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