Os abusos sexuais que atormentam comunidade cristã que rejeita o mundo moderno:onabet b cream

Mulheres menonitas transportando leite

Crédito, Jordi Busque

Legenda da foto, Mulheres menonitas na Bolívia: casosonabet b creamabuso foram denunciados, mas, agora, são alvosonabet b creamquestionamentos

Esta é a principal formaonabet b creamtransporteonabet b creamManitoba. Dirigir carros ou motos é proibido na colônia e punível com a excomunhão pelo bispo e pelos ministros da comunidade.

Imagem mostra carroças transportando passageirosonabet b creamManitoba
Legenda da foto, Carroças são principal meioonabet b creamtransporteonabet b creamcomunidade que rejeita a modernidade, na Bolívia

Para quem viaonabet b creamfora, parecia um refúgio pacífico, embora misterioso, do mundo moderno. Então,onabet b creamjunhoonabet b cream2009, o promotor do distritoonabet b creamSanta Cruz recebeu a ligaçãoonabet b creamum policial na cidade bolivianaonabet b creamCotoca.

"Ele me disse: 'Doutor, alguns menonitas trouxeram homens que acusamonabet b creamserem estupradores'", lembra Fredy Perez, o promotor que investigou o caso.

"A imagem que temos dos menonitas na Bolívia éonabet b creamque eles trabalham das seis da manhã até as nove da noite, são muito religiosos e não dançam nem ficam bêbados. Então, quando recebi a ligação do policial, eu simplesmente não podia acreditar. "

Masonabet b creamManitoba, muitas pessoas viveram durante meses - e até anos - sabendo que alguma coisa estava extremamente errada.

Vergonha impediu denúncias

"À noite ouvimos os cachorros latirem, mas quando saí, não consegui ver nada", diz Abraham*, que era paionabet b creamfilhas adolescentesonabet b cream2009 e pediu para não ter o nome verdadeiro revelado na reportagem.

Imagem mostra noiteonabet b creamManitoba
Legenda da foto, Depoimentos apontam que alguns dos crimes foram cometidos à noite, quando vítimas tiveram casas invadidas

"De manhã, nós não conseguimos levantar porque estávamos meio anestesiados", lembra ele. "Não conseguíamos nos mexer. Não sabíamos o que tinha acontecido, mas sabíamos que algo havia acontecido."

"E não foi só uma vez - aqueles homens estiverem aqui duas vezes."

Enquanto o resto da família estava sedada e incapacitada, suas filhas foram atacadas por homens que invadiram a casa. Na época, a vergonha impediu as meninasonabet b creamcontarem aos pais.

"Devido às crenças religiosas que tinham, elas pensaram que havia algoonabet b creammal acontecendo na colônia", diz Perez.

"De manhã, elas tiveram doresonabet b creamcabeça. As mulheres acordaram com sêmen no corpo e se perguntaram por que estavam sem calcinha. E elas não falariam sobre isso com vizinhos, com medoonabet b creamalgum deles dizer que a casa estava amaldiçoada."

Mas finalmente algumas mulheres começaram a falar sobre o assunto. E as histórias se multiplicaram.

Imagem mostra mulher menonita prendendo os cabelosonabet b creamcolônia na Bolivia
Legenda da foto, Questões religiosas e vergonha teriam levado algumas mulheres e meninas a manterem históriasonabet b creamabusoonabet b creamsegredo

"Todos os dias nós falávamos sobre isso, mas temíamos contar às autoridades. Simplesmente não sabíamos como resolver isso", diz Abraham.

Confissão e choque

Embora as 90 colônias menonitas existentes na Bolívia sejam uma parte importante da produção agrícola, a maioria é autônoma.

Os menonitas têm suas raízes na Alemanha do século 16 e na Holanda. Eles são pacifistas, praticam o batismoonabet b creamadultos e acreditam que devem viver uma vida simples. Eles foram para a Bolíviaonabet b creambuscaonabet b creamliberdade religiosa,onabet b creamterra e isolamento, e chegaram via Rússia, Canadá e México - sempre se mudando quandoonabet b creamautonomia estava ameaçada.

Mas com inúmeros relatosonabet b creamabuso sexualonabet b creammeio a uma população tão pequena, o povoonabet b creamManitoba se viu dianteonabet b creamum nívelonabet b creamcriminalidade tão alarmante que não podia ser ignorado.

No final, as ocorrências foram além da colônia. Numa noiteonabet b creamjunho, uma década atrás, um jovem foi pego dentro da casaonabet b creamoutra pessoa. Ele foi levado e detido por homens locais, e acabou implicando outros oito nos casos - quase todos menonitas, quase todosonabet b creamManitoba, com exceçãoonabet b creamum.

Abraham diz que antesonabet b creamserem entregues à polícia boliviana, os homens confessaram os crimes e deram relatos detalhados dos ataques.

"Eles me disseram que invadiram minha casa e fizeram tudo o que queriam. Havia quatro deles."

Homem transportando galõesonabet b creamleiteonabet b creamcarroçaonabet b creamManitoba
Legenda da foto, Rotina na comunidade voltou ao normal, ao menos na superfície

Uma vez que a história veio à tona, suas filhas finalmente se abriram com ele e a esposa, confirmando a versão dos homens.

"Minhas filhas se lembravamonabet b creamque algo tinha acontecido, mas não sabiam o quê. E nos contaram sobre a dor que tinham sentido na área vaginal e nas pernas", lembra Abraham.

Em documentos judiciais, essas histórias são reforçadas por outras vítimas. Mulheres e meninas contam que foram estupradas por diferentes homens, um após o outro; relatam ter encontrado panos ensaguentados que não pertenciam a elas; que tentaram gritar, mas não conseguiram.

Sedativo potente

Então, como isso aconteceu? E por que Abraham e seus filhos ficaram quase inconscientes na época?

A substância identificada no caso do estupro criminoso e supostamente usada pelos agressores para imobilizar as vítimas e suas famílias é extraídaonabet b creamplantas tropicais. É bem conhecida na América Latina, e alguns fazendeiros menonitas no continente aparentemente a usam para anestesiar touros antesonabet b creamcastrarem os animais.

Em Manitoba, os homens borrifaram essa substância pelas janelas do quarto antesonabet b creamentrarem. O efeito é dramático, especialmente na memória. Alguém pode até saber que algo terrível aconteceu, mas não consegue lembrar. Ou, ela pode deixar a pessoa impotente, incapazonabet b creamreagir.

*Margarethe se senta no terraçoonabet b creamsua casaonabet b creamManitoba. Ela é avó e seu nome é fictício.

As janelas da casa estão escondidas por trásonabet b creamgrades, um legado que os estupros deixaram. Suas mãos desgastadasonabet b creamtrabalhar estão posicionadas uma sobre a outraonabet b creamcima das pernas, e seus tornozelos estão cruzados embaixo da cadeira.

Imagem mostra mulher sentada, sem exibir seu rosto
Legenda da foto, 'Eu não consigo nem expressaronabet b creampalavras o quanto foi terrível', diz mulheronabet b creamManitoba

Ela falaonabet b creamvoz baixa emonabet b creamlíngua nativa, o Baixo Alemão - um dialetoonabet b creamcentenasonabet b creamanosonabet b creamidade. A maioria das mulheres e meninas menonitas não fala espanhol.

Muitas vezes limitadas ao trabalhoonabet b creamcasa e na fazenda a partir dos 12 ou 13 anos, elas têm pouco contato com os bolivianos e não são ensinadas a falar espanhol nos poucos anos que passam na escola.

"Eu não consigo nem expressaronabet b creampalavras o quanto foi terrível", diz Margarethe, recordando o períodoonabet b creamdez anos atrás, quando a vidaonabet b creamManitoba era dominada pelos abusos sexuais.

"Eles nos disseram que aconteceu maisonabet b creamuma vez na minha casa - cercaonabet b creamcinco mulheres foram abusadas. Vi algumas pessoas no escuro e apontei minha lanterna para elas, mas não as reconheci."

Depois que a história veio à tona, missionários menonitas e outros voluntários ofereceram apoio psicológico às vítimas. Mas o bispoonabet b creamManitoba rejeitou a ajudaonabet b creamnome delas e questionou,onabet b creamdeclarações à imprensa, "por que elas precisariamonabet b creamterapia se estavam desarcordadas quando os atos aconteceram?"

Enquanto isso, a promotora trabalhava para convencer as vítimas a colaborarem no julgamento que estava a caminho.

"Foi muito difícil levá-las a testemunhar", diz Perez. "Muitas vezes as mulheres diziam: 'Não, não queremos', e começavam a chorar. E eu dizia a elas: 'Mas se você não cooperar, eu não vou ter nenhuma testemunha. E aí os homens vão ser absolvidos e vão retornar à colônia'. Isso fazia com que as mulheres e meninas chorassem ainda mais."

"A cultura menonita é muito sexista. E, além disso, as mulheres são tímidas e não querem contato com o mundo exterior."

Menina menonita tendo o cabelo trançadona Bolívia
Legenda da foto, Menina menonita na Bolívia: vítimasonabet b creamabusos, segundo promotoria, têm idades variadas

Mas elas passaram por cima do abalo emocional que sofriam, eonabet b cream2011 o julgamento começou.

Casos ainda a revelar

O poder do depoimento que ouviu no tribunal ficou com Gladys Alba, uma das juízas do caso: "Elas tiveram coragemonabet b creamconfrontar seus agressores eonabet b creamacusá-los cara a cara. Foi impressionante".

E ela acredita que pode ter havido muitas mais vítimas.

"Apesaronabet b creamhaver várias (vítimas) no caso, existiam outras histórias que não faziam parte do processo, e também se falavaonabet b creamhomens que foram vítimas."

Perez admite que o númeroonabet b creamatingidos - especialmente mulheres e meninas - poderia ser muito maior.

"Pode ser mais do que 200", diz ele. "Mas algumas dessas vítimas continuaram escondidas por causaonabet b creamfatores culturais. Elas não quiseram ir, ou não foram levadas pelos pais, para fazer exameonabet b creamcorpoonabet b creamdelito. É difícil para uma mulher menonita conseguir se casar se ela não for mais virgem. Então, muitos pais preferiram ficar calados."

Um dos acusados fugiu logo após ser preso, então oito homens foram julgados. Em agostoonabet b cream2011, sete foram condenados a 25 anosonabet b creamprisão por estupro. O outro - que tinha conseguido liberdade condicional - pegou 12 anos por fornecer o medicamento usado para debilitar as vítimas.

Outros dois homens foram julgados e condenadosonabet b creamjulgamentos relacionados. Posteriormente, um dos acusados morreu e oito então permanecem presos nos arredores da cidadeonabet b creamSanta Cruz.

No extenso complexo prisionalonabet b creamque ficaram, chamado Palmasola, 7.000 homens bolivianos estão presos atrásonabet b creamgrandes murosonabet b creamconcreto. Visitas conjugais são permitidas, e pelo menos dois dos condenados menonitas encontraram parceiras e formaram famílias depoisonabet b creamterem sido encarcerados. Todos os homensonabet b creamManitoba negam que são estupradores.

Oito menonitas encarcerados na prisãoonabet b creamPalmasola. Santa Cruzonabet b creamla Sierra, Bolívia. Eles foram condenados por estupro
Legenda da foto, Homens presosonabet b creamPalmasola dizem que são inocentes

Então, por que as mulheres e meninas mentiriam?

"Simplesmente porque foram obrigadas pelos pais a nos acusarem", diz Franz Dyck, um dos condenados, que tem 31 anos agora. "Eles chegaram a levá-las para aprender espanhol na escola para que pudessem nos acusar diretamente no tribunal.

Acho que fomos acusados ​​porque somos pobres - não pudemos nos defender. Quando eu fui presoonabet b creamManitoba, eu era virgem. Eu disse a eles que todas as alegações eram mentiras, mas eles me trancaramonabet b creamum contêiner, sem nenhuma prova. Eles me ameaçaram e me mantiveram durante quase uma semana na colônia até eu ser levado a uma cela da polícia. "

Não é incomum prisioneiros negarem ter cometido um crime. Mas o que é raro neste caso é que menonitasonabet b creammuitos setores diferentes da comunidade - dos mais liberais aos mais conservadores, na Bolívia e na América do Norte - continuam a levantar dúvidas sobre as condenações dos homensonabet b creamManitoba.

Teorias

Existem diferentes narrativas. Alguns dizem que os acusados ​​eram impopularesonabet b creamManitoba, e a colônia pagou ao Judiciário boliviano para mantê-los na prisão. Outros acreditam que eles foram bodes expiatórios - usados para encobrir uma cultura mais amplaonabet b creamabuso sexual familiar. Muitos duvidam do uso desse poderoso "spray narcótico".

Perez rebate as teorias e rejeita as alegaçõesonabet b creamque os homens foram forçados a confessar os crimes sob ameaçaonabet b creamtortura.

"Essa era a versão deles", diz o promotor. "Mas eles escreveram essas confissões emonabet b creamprópria língua, indicando quais casas invadiram e quem estupraram. E o que escreveram batia com os resultados dos examesonabet b creamcorpoonabet b creamdelito das vítimas - essas mesmas meninas e mulheres foram identificadas como vítimasonabet b creamestupro nas casas que os homens identificaram."

Gladys Alba não tem dúvidas sobre o caso que julgou.

"O que nós fizemos foi certo", diz a juíza. "A justiça foi feita."

Hojeonabet b creamManitoba, pelo menos na superfície, a vida continua a mesma.

Homens e meninos trabalham nos campos. Mulheres e meninas passam o dia cozinhando, lavando, limpando e fazendo as roupas impostas pelos líderes da colônia.

Os menonitas acreditam que é o trabalho duro que vai abrir as portas do céu para eles. As regras nas antigas colônias da Bolívia são rigorosas. Telefones celulares são queimados se descobertos e os jovens podem ser violentamente espancados por transgressões como ouvir música.

Escola Menonitaonabet b creamColonia Belize, Bolívia
Legenda da foto, As meninas menonitas frequentam a escola por tempo limitado e logo ficam restritas a tarefas domésticas

Ainda assim, maus comportamentos podem ser perdoados. É por isso que pessoas como Bernard Dyck, agricultoronabet b cream50 anos, gostariamonabet b creamver os homens libertados da prisãoonabet b creamPalmasola.

"Nós os receberíamosonabet b creamvolta com grande prazer", diz ele. "E se eles precisaremonabet b creamalguma coisa, nós gostaríamosonabet b creamajudá-los. Nossos ministros sempre dizem que temosonabet b creamperdoar, mesmo que alguém tenha cometido um crime, é por isso que eles enviaram gente para saber se os homens podem ser soltos."

Como já era esperado, o lobby dos líderesonabet b creamManitoba está criando tensão dentro da colônia. Aganetha (nome fictício) está profundamente abalada, com os olhos cheiosonabet b creamlágrimas por trás dos óculosonabet b creamarmaçãoonabet b creammetal. E está com medo.

"Muita gente apoia os homensonabet b creamPalmasola. E se nós - as vítimas - falarmos, os homens que estão na prisão vão ficar sabendo e as famílias vão ser ameaçadas."

Telefones celulares podem ser proibidos para os menonitas conservadores, mas dentro da Bolívia e internacionalmente, essa é uma comunidade muito conectada, com histórias que aparecem no WhatsApp se tornando rapidamente aceitas por todo mundo.

Abraham, o paionabet b creamadolescentes que foram estupradas, também está abalado diante da movimentação para libertar os homens.

"Há pouco tempo, os homens estavam ameaçando as pessoas da prisão, dizendo o que fariam quando saíssem", diz Abraham. "As autoridades da colônia querem que eles sejam libertados, e eu digo não, porque eles continuam fazendo ameaças."

Árvoresonabet b creamManitoba
Legenda da foto, Vários casosonabet b creamabusos chegaram a ser relatados na comunidade, onde clima pacato não demorou a voltar

Críticos afirmam que as colônias conservadoras menonitas muitas vezes não conseguem distinguir entre um pecado e um crime,onabet b creammodo que,onabet b creamcasosonabet b creamabuso sexual, os criminosos são perdoados se pedirem desculpas.

Johann Fehr, um dos ministrosonabet b creamManitoba, nega isso.

"O estupro é um dos maiores pecados que existem", diz ele. "E é um crime - não é algo que possamos resolver dentro da colônia."

Mas os ministros não estão pressionando pela libertação dos homensonabet b creamPalmasola somente porque consideram que 10 anosonabet b creamprisão é punição suficiente. Johann Fehr diz que alguns depoimentos das vítimas podem ser falsos.

"Alguns dos que vieram aqui disseram que muitas das meninas que agora são adultas estão dispostas a testemunharonabet b creamfavor dos homens", diz Manuel Baptista, juizonabet b creamcondenação do distritoonabet b creamSanta Cruz, que tem recebido um fluxo contínuoonabet b creamgenteonabet b creamdefesa dos homens.

Imagem mostra placaonabet b creamManitoba
Legenda da foto, Manitoba: comunidade se vê dividida entre medoonabet b creamsupostos agressores e campanha para que sejam libertados

"Suas sentenças poderiam ser revogadas se provado cientificamente ou atravésonabet b creamnovas evidências que eles não cometeram esses crimes. Mas isso teriaonabet b creamacontecer por meioonabet b creamum novo processo legal."

Até o momento, diz ele, houve apenas consultas - nenhum novo processo judicial foi iniciado. Mas ele teme que mulheres que vivem nessa estrutura extremamente patriarcal possam ser coagidas a mudar seus testemunhos?

"Não podemos presumir que as mulheres estão sendo pressionadas. Esta questão seria melhor colocada para o juiz se um novo caso fosse aberto."

No estágio atual, os homens que cumprem 25 anos não podem ser considerados aptos à liberdade condicional até terem cumprido dois terços da pena - ou seja, 16 anos e oito meses.

O perdão está no centro da crença religiosa menonita. Mas para algumas das mulheresonabet b creamManitoba, a determinação da colôniaonabet b creamlibertar os homens encarcerados há uma década já pode representar um teste profundoonabet b creamfé.

onabet b cream Todas as fotos sãoonabet b creamautoriaonabet b creamJordi Busque @jordibusque

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