Os Estados americanos que estão usando a maconha para combater a epidemiabetesporteopioides:betesporte

Homem fumando maconha nos Estados Unidos

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Legenda da foto, O uso medicinal da maconha é permitidobetesporte30 estados americanos, além do DistritobetesporteColumbia

Atualmente, a overdose tira mais vidas americanas do que as armasbetesportefogo ou acidentesbetesportetrânsito. O CDC estima que maisbetesporte700 mil americanos morrerambetesporteoverdosebetesporteopioides desde 1999, incluindo pessoas famosas, como o cantor pop Prince, que morreubetesporte2016 depoisbetesportesofrer uma overdose acidentalbetesportefentanil, elemento 50 vezes mais forte que a heroína.

Em média, no ano passado, cercabetesporte200 americanos morrerambetesporteoverdose diariamente.

Segundo o Drug Enforcement Administration (órgão americanobetesporterepressão às drogas),betesportecontrapartida, não houve nenhuma morte por overdosebetesportemaconha nos Estados Unidos no ano passado.

Cantor Prince morreubetesporte2016, vítimabetesporteoverdosebetesportefentanil

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Legenda da foto, O cantor americano Prince morreubetesporte2016, vítimabetesporteoverdose acidentalbetesportesubstância fentanil

Dores crônicas

Illinois, cujo númerobetesportemortes por overdosebetesporteopioides (1.947) foi o sétimo maior do país, não é o único Estado americano a testar a maconha para tentar solucionar o problema.

Nova York, Geórgia e Pensilvânia adotaram programas parecidos, na esperançabetesporteque a maconha ajude a enfrentar o problemabetesportesaúde pública.

Essas iniciativas são limitadas a pacientes com prescriçãobetesportemedicamentos para tratarbetesportedores crônicas.

Um dos problemas para tratar o tema é a ampla ofertabetesportepílulasbetesporteopioides nos Estados Unidos: um relatóriobetesporte2017 mostra que há 58,5 receitas médicas desses medicamentos para cada 100 americanos.

Esse número já foi maior:betesporte2012, havia 81,3 receitas para cada 100 pessoas. Porém, mesmo com o esforço legislativo ebetesporteassociações médicas, o índicebetesporte2017 é ainda maisbetesporteduas vezes maior que o registradobetesporte1999, segundo o CDC.

Houve outro efeito colateral dessa presença massivabetesporteopioides nos Estado Unidos: viciados sem acesso a prescrições passaram a buscar remédios e drogasbetesporteforma alternativa e ilícita, como pílulas falsificadas ou heroína. Um relatório da CDCbetesporte2017 apontou que as mortes causadas por drogas nos Estados Unidos quintuplicou entre 2010 e 2016.

Medicina com cannabis

Alguns especialistas acreditam que dores crônicas poderiam ser tratadas com as propriedades da cannabis. Nos Estados Unidos, a droga já é usadabetesportetratamentosbetesporteuma sériebetesporteproblemasbetesportesaúde, como dores, náusea, espasmos musculares e epilepsia.

Frascobetesporteremédios

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Legenda da foto, Nas últimas duas décadas, analgésicosbetesporteopioides foram massivamente receitados por médicos para a população americana

Ao menos 30 estados e o DistritobetesporteColumbia já legalizaram o uso medicinal da cannabis. Além disso, nove Estados passaram também a permitir uso recreativo da planta, apesar da legislação federal criminalizar a maconha.

Pesquisas acadêmicas mostraram que regiões com leis pró-cannabis não apenas reduziram as prescriçõesbetesporteopioides, como também diminuíram o númerobetesportemortes por overdosebetesportecomparação com locais que ainda proíbem esse tipobetesportetratamento com a erva ou derivados.

Segundo um estudo da Universidade da Pensilvânia, 13 Estados que liberaram o uso medicinal da maconha tiveram reduçãobetesporte24,8% da mortalidade por overdose entre 1999 e 2010betesportecomparação com estados sem a nova lei.

Uso recreativo da maconha

O estudo da Universidade da Pensilvânia faz partebetesporteum conjuntobetesportepesquisas sobre a relação entre o uso medicinal da cannabis com a quedabetesporteprescriçãobetesporteopioides.

Em abril deste ano, pesquisadores da UniversidadebetesporteKentucky adicionaram à discussão uma importante descoberta: o uso recreativo da cannabis também tem relação com a queda das prescriçõesbetesporteopioides.

"Descobrimos que a implementação do uso medicinal da maconha está associada a uma taxabetesporte6% da quedabetesporteprescriçãobetesporteopioides no Medicaid (programa social do governo americano na área da saúde)", diz Hefei Wen, professor-assistente da UniversidadebetesporteSaúde Pública e um dos autores do estudo.

Wen e seu colega Jason Hockenberry estudaram os dadosbetesportequatro Estados que implementaram leis pró-cannabis entre 2011 e 2016 (Colorado, Washington, Alasca e Oregon).

"Vale a pena lembrar que nossas descobertas sugerem correlação e não causalidade", diz Wen.

O estudo, no entanto, atraiu grande atenção da mídia americana, porque 11 Estados planejam consultar a população sobre leis pró-cannabis nas eleiçõesbetesportemeiobetesportemandato,betesportenovembro.

"A crise dos opioides é um problema complexo e nós não acreditamos que ele será resolvido com uma 'balabetesporteprata'. Mas há uma forte evidênciabetesporteque a cannabis seja efetivabetesportetratamentosbetesportedores crônicasbetesporteadultos. Pesquisas sugerem que o acesso legal à maconha pode ajudarbetesporteuma sériebetesporteproblemas associados aos opioides", diz Sheila Vakharia, diretora da Drug Policy Alliance (DPA), ONG que atua por mudanças nas leis americanas sobre drogas.

Homem recebe atendimentobetesporteemergênciabetesporteshoppingbetesporteBoston, nos Estados Unidos

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Legenda da foto, A overdosebetesporteopioide matou 49 mil pessoas nos Estados Unidosbetesporte2017

Segundo a DPA, estudos mostram que a inalaçãobetesportemaconha junto a opioides diminui dores crônicas, permitindo que dosesbetesporteremédios derivados do ópio sejam reduzidas. Outro efeito observado foi a diminuição dos sintomasbetesporteabstinência.

Descobertas como essa fizeram com que políticos americanos aderissem à causa do uso médico da maconha para dores crônicas, e entre eles está a senadora Elizabeth Warren, uma figura chave no Partido Democrata.

Warren representa Massachusetts, um dos Estados que estão no topo do rankingbetesporte10betesportemaiores incidênciasbetesportemortes por overdosebetesporteopioides e opiáceos. Em 2017, porém, houve reduçãobetesporte8% nas mortesbetesporterelação ao ano anterior. O Estado legalizou o uso medicinal da cannabisbetesporte2012 e o uso recreativobetesporte2016.

Mas há quem conteste o uso da maconha

Apesarbetesportemudanças nos Estados, a maconha ainda é considerada ilegal pela legislação federal americana. Uma leibetesporte1970 proibiu o uso medicinal e classificou a maconha com "alto potencial para abuso e dependência física e psicológica".

Há alguns meses, o procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, ameaçou impor a lei federalbetesporteestados onde a cannabis é legalizada. Em abril, Sessions disse que a maconha "contribuiu para a crise do opioide".

Pacotesbetesportemaconha

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Legenda da foto, Nove estados americanos permitem uso recreativo da maconha

Embora não concordem com Sessions, há acadêmicos que relativizam a influência da maconha para solucionar a crise do opioide.

Em editorial publicado pelo periódico científico Addiction neste ano, um grupobetesporteespecialistas multidisciplinares definiram a expansão do acesso à cannabis como "prematura".

Clientebetesportelojabetesportemaconha medicinalbetesporteDenver, nos Estados Unidos

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Legenda da foto, Pesquisas apontam que uso medicinal da maconha pode diminuir mortes por overdosebetesporteopioides

O argumento ébetesporteque a correlação entre o uso da cannabis e a reduçãobetesportemortes precisa ser investigada mais profundamente. Os especialistas também afirmam que a liberação da maconha não deve substituir o acesso a tratamentos para dependênciabetesporteopioides ou a redução do encarceramento para usuários e pequenos traficantes.

"A vendabetesportesorvetes e o númerobetesporteafogamentos estão positivamente correlacionados, mas comer sorvete não causa afogamento. A vendabetesportesorvetes cresce durante os meses mais quentes, quando as pessoas saem para nadar", escreveram os especialistas.

Jeff Sessions, procurador-geral dos Estados Unidos

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Legenda da foto, Procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, disse recentemente que leis federais podem se sobrepor a leis estaduais que liberam a maconha

Deborah Hasin, professorabetesporteepidemiologia na UniversidadebetesporteColumbia e uma das autoras do editorial, disse à BBC que ainda são necessários estudos para estabelecer como o usobetesportemaconha pode influenciar o comportamentobetesporteusuáriosbetesporteopioides.

"A maconha poderia ter um papel na redução do usobetesporteopioides se um indivíduo com dores crônicas diminuísse ou parasse com os opioides. Alguns clientesbetesportelojasbetesportemedicina canábica dizem que pararam com os opioides, embora outros continuem usando", diz.

"Alguns membros da mídia, clínicos e formuladoresbetesportepolíticas públicas abraçaram essa ideiabetesporteque as leis sobre a maconha diminuíram as taxasbetesporteprescriçãobetesporteopioides, hospitalizações e overdoses. Porém, os estudos atuais são uma maneira falhabetesportedeterminar as causas do comportamento individual. Há também a preocupaçãobetesporteque o aumento da presençabetesportecannabis pode levar a problemas relacionados à própria cannabis, sem ajudar a aliviar a crise dos opioides", acrescenta Hasin.

Clínicabetesportemaconha na Califórnia

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Legenda da foto, Alguns pesquisadores americanos pedem mais estudos para provar a influência da maconha