O conceitofree bet ktodoença mental é um mito, diz autorafree bet ktoestudo antipsiquiatria no Canadá:free bet kto

Terapia

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Legenda da foto, Movimento anti-psiquiatria defende terapias com base na fala para tratar transtornos mentais

Burstow é uma figura conhecida no campo da antipsiquiatria, que ela descreve como "um movimentofree bet ktosobreviventes e profissionais psiquiátricos dizendo que precisamos abolir a psiquiatria".

Quando ouvi sobre Burstow e o movimento da antipsiquiatria, estava cético, senti até raiva. Num momentofree bet ktoque o mundo finalmente começa a prestar atenção na gravidade incapacitantefree bet ktoalgumas condições mentais, a última coisa que precisamos, pensei, é um grupofree bet ktodissidentes querendo dar três passos para trás.

'Anormalidade biológica'

As reações ao anúncio do novo programafree bet ktoBurstow foram mistas.

A psiquiatria convencional entende que anormalidades biológicas (como desequilíbrios químicos), juntamente com fatores psicológicos e sociais, podem levar a transtornos mentais como distúrbio bipolar, depressão e esquizofrenia.

Conversei com o professor Carmine Pariante, do britânico Royal College of Psychiatrists. Ele disse que "olhar para esse complexo modelo biológico, psíquico e social, e olhar para estes componentes conjuntamente" é a melhor maneirafree bet ktolidar com questõesfree bet ktosaúde mental.

Essa abordagem é amplamente aceita, e eu pessoalmente a reconheço tanto por causa do meu tratamento e das muitas conversas que tive com meu colegafree bet ktoapartamento, que é psiquiatra.

Mas o movimento anti-psiquiatria questiona se as doenças mentais realmente são doenças.

Bonnie Burstow

Crédito, Bonnie Burstow

Legenda da foto, A professora Bonnie Burstow criou primeiro programafree bet ktoanti-psiquiatriafree bet ktouniversidadefree bet ktoToronto, no Canadá

Será que ela pensa que a dor que sinto diariamente é totalmente ficcional?

"Não", diz Burstow. "Eu acredito que as pessoas têm ansiedade? Acredito que as pessoas têm compulsões? Claro. Mas acredito que esses sentimentos são normais do ser humano na formafree bet ktoexperienciar a realidade."

Burstow ainda defende: "Temos uma falsa noção do que é normal. As pessoas se comparam com o que dizem ser normal, e isso não é nem vagamente o que a maioria das pessoas sente".

Eu consigo entender parte do que Burstow está dizendo. Antesfree bet ktoser diagnosticado com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), a última coisa que eu me sentia era "normal".

Se eu soubesse antes que os tiposfree bet ktopensamentos intrusivos dos quais eu sofro são, na verdade, bem comuns na sociedade como um todo, talvez tivesse evitado anosfree bet ktotormento.

Indústria da psiquiatria

Burstow argumenta que "se 99% das pessoas no mundo não são consideradas 'normais', isso favorece a psiquiatria, porque isso dá a ela uma enorme clientela".

O movimento antipsiquiatria também acredita que existe uma medicação desenfreada entre psiquiatras. Um relatório recente estima que o mercado globalfree bet ktodrogas para a depressão, que estava avaliadofree bet ktoUS$ 14,5 bilhões (R$ 47 bilhões)free bet kto2014, vai gerar US$ 16,8 bilhões (R$ 54,7 bilhões)free bet ktoreceitasfree bet kto2020.

"A psiquiatra entende coisas como biológicas quando elas não o são. Quando dizemos 'saúde mental', isso significa que os problemas das pessoas têm relação com doenças", critica Burstow, que, emfree bet ktovisão, "não são doenças".

Há controvérsias entre profissionais médicos sobre isso.

Existem evidênciasfree bet ktoque os transtornos tendem a ocorrerfree bet ktofamílias, e estudos com gêmeos sugerem que o transtorno bipolar está "entre os distúrbios médicos mais hereditários".

O professor Pariante acredita que é apenas uma questãofree bet ktotempo até que as condiçõesfree bet ktosaúde mental sejam provadas como influenciadas pela genética (pelo menosfree bet ktoparte).

Mas o movimento antipsiquiatria rejeita isso.

Paola Leon, que há 25 anos pratica a psiquiatrafree bet ktoToronto diz: "A vida pode ser difícil. Mas começamos a diagnosticar determinadas reações e comportamentos como 'doença mental', mas, mesmo que sejam dolorosos, são parte da condição humana".

Burstow também fica preocupada com o que ela chamafree bet kto"poder assustador" da psiquiatria.

"(A psiquiatria) tem o poder do estado para encarcerar quando se decide que alguém é mentalmente doente. Tem o poderfree bet ktotrancar alguém,free bet ktotratar pessoas contra afree bet ktovontade", afirma.

Quando trago esse argumento ao professor Pariante, ele responde: "Quando existe um risco realfree bet ktoalguém se ferir ou ferir outras pessoas, como que eu posso deixá-lo desassistido, numa situaçãofree bet ktoque eu poderia ajudar?".

Terapiafree bet ktofala

Mas Burstow insiste que há outras maneirasfree bet ktotratar as pessoas.

O movimento antipsiquiatria advoga por mais terapias com base na fala, mesmo para condições muito debilitantes como a esquizofrenia.

Não sei se estou convencido disso. Conheci muitas pessoas que se beneficiaram da medicação, sem mencionar outros que recusaram a tomá-la e se tornaram perigosos para si próprios.

Remédio

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Legenda da foto, Gruposfree bet ktopsiquiatras criticam excessofree bet ktomedicalização para transtornos mentais

Os oito mesesfree bet ktoterapia cognitivo-comportamental pela qual eu passei certamente me ajudaran a lidar com meus problemas mentais, mas eu sinto que boa parte foi ofree bet ktoentender que o que acontecia comigo era uma "doença": o TOC. Ela me deu uma explicação para os meus sintomas.

Desde então, eu questiono a eficáciafree bet ktovários exercícios que fiz na terapia e, com minha saúde mental ainda abaixo do esperado, estou agora esperando na lista para uma forma diferentefree bet ktotratamentofree bet ktofala, a psicoterapia. Talvez a forma como vou melhorar é abordar minha vida como um todo, e não apenas focando no meu TOC.

O "diálogo aberto", uma formafree bet ktotratamento pioneiro na Finlândia, está sendo testado pelo NHS, o serviço públicofree bet ktosaúde britânico. Ele não rejeita completamente a medicação, mas coloca uma ênfase maior na rede social do paciente, incluindofree bet ktofamília e amigos. Em vezfree bet ktoo paciente se encontrar sozinho com o profissionalfree bet ktosaúde mental, eles trabalhamfree bet ktoconjunto comfree bet ktorede.

Essa abordagem é semelhante à defendida por Burstow,free bet ktousar a "comunidade" para ajudar as pessoas.

A maioria dos psiquiatras não se convence da anti-psiquiatria.

Para Allan Young, diretor do Comitê Especialfree bet ktoPsicofarmacologia no Royal College of Psychiatrists, por exemplo, esse movimento vai se tornar popular e depois perder força com o tempo.

Ele acredita que os antipsiquiatras são um grupo isolado, e os chamafree bet ktouma miscelânea que inclui desde "pessoas fora da realidade" com ideias estranhas sobre saúde até psiquiatras e outros profissionaisfree bet ktosaúde mental.

Ainda estou buscando a maneira mais eficazfree bet ktolidar com meu transtorno mental, e não posso deixarfree bet ktosentir que descartar completamente o movimento anti-psiquiatra seria um desserviço para aqueles que sofrem com esses problemas.

No mínimo, está suscitando discussões sobre novas formasfree bet ktotratamento. O caminhofree bet ktocada um para a saúde é diferente, e descobrir o melhor para você - qualquer que seja - é o que realmente importa.