Danos do óleo no litoral do Nordeste vão durar décadas, dizem oceanógrafos:apostar no bbb betano

Voluntários e funcionários públicos limpam manchasapostar no bbb betanoóleoapostar no bbb betanopedras

Crédito, Victor Uchôa/BBC Brasil News

Legenda da foto, Oceanógrafos, químicos e autoridades estaduais avaliaram o impacto da movimentação da mancha pela costa do Nordeste

"Essas substâncias contaminam todos os organismos do ambiente e isso facilmente cai na cadeia alimentar. Um pequeno peixe, por exemplo, pode comer algo que esteja contaminado. Isso entra na cadeia até chegar no peixe que consumimos", alerta Thevenin, criadora do perfil Oceano para Leigos, no Instagram.

Nos noves Estados do Nordeste, já são 200 localidades atingidas pelo óleo,apostar no bbb betanoacordo com a atualização feita no sábado (19/10) pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Oceanógrafos, químicos e autoridades estaduais ouvidos pela BBC News Brasil avaliaram o impacto da movimentação da mancha pela costa do Nordeste, após a chegada à Baíaapostar no bbb betanoTodos os Santos,apostar no bbb betanoSalvador.

Até chegar ali, o óleo já havia deixado um rastro tóxico por milharesapostar no bbb betanoquilômetros e atingido os mangues e corais dessa regiãoapostar no bbb betanouma etapa mais avançadaapostar no bbb betanodegradação — um tipoapostar no bbb betanocontaminação que é mais difícilapostar no bbb betanoser limpa e que permanecerá durante anos no meio ambiente, segundo os especialistas.

Degradação lenta

O petróleo cru, ainda que seja altamente tóxico, é uma substância orgânica. Dessa forma, ele pode ser degradado atravésapostar no bbb betanofatores naturais, como a rebentação das ondas (que dispersam o material), a irradiação solar (que evapora determinados componentes) e até mesmo bactérias que se alimentam do carbono contido no material. O problema, nesse caso, é o tempo.

"A degradação natural é extremamente lenta. A depender do ambiente, leva décadas. Em áreas onde já ocorreram derrames, temos análises feitas anos depois do episódio e ainda assim é detectada a toxicidade. Por isso seria importante evitar que esse óleo chegasse na costa", diz Carine Santana Silva, que é oceanógrafa, pesquisadora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especialistaapostar no bbb betanopetróleo e meio ambiente.

Com Farolapostar no bbb betanoItapuã ao fundo, voluntários trabalham na limpeza do óleoapostar no bbb betanoSalvador

Crédito, Victor Uchôa/BBC News Brasil

Legenda da foto, Com Farolapostar no bbb betanoItapuã ao fundo, voluntários trabalham na limpeza do óleoapostar no bbb betanoSalvador

Além do risco na cadeia alimentar, as pessoas também estão sujeitas a entrarapostar no bbb betanocontato direto com os contaminantes que permanecerem no ambiente.

Isso pode acontecerapostar no bbb betanouma simples caminhada pela areia da praia ou no banhoapostar no bbb betanomar, tocando involuntariamenteapostar no bbb betanoresíduosapostar no bbb betanoóleo ou inalando os gases liberados por eles.

"O monitoramento das regiões atingidas precisa ser feito por anos, com análises constantes, para garantir que as pessoas não estão frequentando zonas intoxicadas", adverte Carine Silva.

A Bahia Pesca, órgão governamental responsável pelo fomento da atividade no Estado, produziu um relatório preliminar após monitoramentoapostar no bbb betanoáreas pesqueiras já atingidas pelo óleo.

"Neste ambiente vivem animais que estarãoapostar no bbb betanocontato direto com o poluente e têm grande importância econômica, como caranguejos, aratus, sururu, lambretas. A mariscagem será afetada diretamente nesses locais, visto que, com a presençaapostar no bbb betanoóleo, a recomendação é a paralisação da pesca. O comércioapostar no bbb betanoorganismos aquáticos dessas áreas ficará comprometido. A pesca como um todo deverá ser impactada, tendoapostar no bbb betanovista que os consumidores foram alertados para não adquirirem produtos pesqueiros", indica o documento.

De acordo com a estatal, o monitoramento seguirá sendo feito durante e após a crise, inclusive com análise químicaapostar no bbb betanopotenciais contaminantesapostar no bbb betanopeixes e mariscos a serem coletados.

Sem medição

No petróleo, estão contidos compostos orgânicos voláteis (COVs) e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), ambos altamente tóxicos e cancerígenos.

Os COVs evaporam com relativa rapidez, mas os hidrocarbonetos se mantêm íntegros por muito tempo. Para o mais famoso deles, o benzeno, a resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determina um limite que vaiapostar no bbb betano0,051 mg a 0,7 mg por litroapostar no bbb betanoágua salgada. Passando disso, já impacta a biota marinha e a saúde humana — ainda não existe resultadoapostar no bbb betanomedição na Bahia após a chegada do óleo.

"Os governos não querem fazer alarde porque um caso como esse afeta o turismo, mas existe a questão da saúde, tantoapostar no bbb betanoquem frequenta praias comoapostar no bbb betanoquem trabalha nessas zonas, mariscando, pescando, vendendo", observa a química Sarah Rocha, que atua no laboratório da pós-graduaçãoapostar no bbb betanoPetróleo, Energia e Meio Ambiente da UFBA.

Voluntário com luva e máscara trabalha sobre manchasapostar no bbb betanoóleoapostar no bbb betanopedras

Crédito, Victor Uchôa/BBC Brasil News

Legenda da foto, Nas áreas contaminadas vivem animaisapostar no bbb betanocontato direto com o poluente e têm grande importância econômica, como caranguejos, aratus, sururu, lambretas

"Essas pessoas vão ficarapostar no bbb betanocontato com esses resíduos por muito tempo, porque há também uma sustentação financeiraapostar no bbb betanojogo. É muito difícil, por exemplo, que esses mariscos deixemapostar no bbb betanoser recolhidos para venda e é certo que muita gente vai ingerir alimentos contaminados", acrescenta ela.

Sarah Rocha integra a equipe que vem fazendo análisesapostar no bbb betanoamostras do óleo que tem chegado à Bahia, verificandoapostar no bbb betanoorigem e seu estado físico-químico. Segundo ela, o material que toca as praias já chega bem degradado, tendo passado por seguidas intempéries, e resta somente a fase da degradação bacteriana — justamente a mais demorada.

"Notamos que essas amostras têm pouca solubilidadeapostar no bbb betanoágua. Então, o que não for retirado, ainda vai parar no fundo do mar, sem ninguém ver, contaminando mais esse ambiente."

Manguezais e corais ameaçados

As Cartasapostar no bbb betanoSensibilidade Ambiental ao Óleo (Cartas SAO), publicação do Ministério do Meio Ambiente, indicam os níveisapostar no bbb betanosensibilidadeapostar no bbb betanocada ecossistema costeiro e marinho no Brasil, servindo como um guia para ações que visem a mitigar os impactosapostar no bbb betanodesastres como o do momento.

No documento está indicado, por exemplo, que os manguezais e recifesapostar no bbb betanocoral têm sensibilidade nível 10, o mais alto na escala das Cartas SAO. Desse modo, deveriam ser as zonas prioritárias nas açõesapostar no bbb betanocontenção do óleo.

A Bahia foi o último Estado do Nordeste a ser atingido pelo derramamento, maisapostar no bbb betanoum mês após o primeiro registro oficial, na Paraíba. Ainda assim, nenhuma barreiraapostar no bbb betanocontenção foi montada como medida preventiva.

Pelo menos duas áreasapostar no bbb betanoextensos manguezais baianos já foram atingidas, nas barras dos rios Itapicuru e Pojuca, ambas no litoral norte. Além disso, o óleo já penetrou na Baíaapostar no bbb betanoTodos os Santos — maior do país e segunda maior do mundo —, margeada por dezenasapostar no bbb betanomanguezais, bancosapostar no bbb betanocoral e estuários.

"Em áreas lamosas como os mangues, que têm pouca movimentaçãoapostar no bbb betanoágua e sedimentos mais finos, é mais difícil fazer a limpeza. Esse óleo entra nos buracos e se mistura com o sedimento. São décadas para o ambiente degradar (o óleo)", afirma Mariana Thevenin.

Raízes manchadasapostar no bbb betanoóleoapostar no bbb betanomangue na Bahia

Crédito, Mateus Morbeck

Legenda da foto, Pelo menos duas áreasapostar no bbb betanomanguezais baianos foram atingidas, nas barras dos rios Itapicuru e Pojuca, no litoral norte; na foto, mangueapostar no bbb betanoItacimirim, nessa região

Carine Silva compartilha a preocupação. "Onde bate a onda, a abrasão dispersa o material. A areia também não tem tendência geoquímicaapostar no bbb betanoreter os resíduos. Mas no mangue a permanência é bem maior, porque é uma área porosa, que prende o contaminante."

"Nos próximos anos, vai ser bem complicado o consumo nestas regiões, porque esses ecossistemas são zonasapostar no bbb betanoreproduçãoapostar no bbb betanomuitas espécies e abrigam outras tantas que vivem enterradas no sedimento, como ostras, sururu e chumbinho. Justamente onde a contaminação vai impregnar", emenda a oceanógrafa.

Demora no combate

Para Carine, através das Cartas SAO, poderiam ser identificadas até mesmo "áreasapostar no bbb betanosacrifício", para onde o óleo seria direcionado se houvesse o entendimento que era impossível detê-lo. Mas, sem acionamentoapostar no bbb betanoum planoapostar no bbb betanocontingência, o que se vê é um espalhamento da matéria por variadas zonas, sejam elas mais ou menos sensíveis.

Na sexta-feira (18/10), o Ministério Público Federal (MPF), com aval dos procuradores dos noves Estados nordestinos, entrou com uma ação contra a União alegando omissão no caso das manchasapostar no bbb betanoóleo.

O pedido eraapostar no bbb betanoque,apostar no bbb betano24 horas, fosse colocadoapostar no bbb betanoprática o Plano Nacionalapostar no bbb betanoContingência para Incidentesapostar no bbb betanoPoluição por Óleoapostar no bbb betanoÁgua (PNC), criadoapostar no bbb betano2013. A multa diária prevista éapostar no bbb betanoR$ 1 milhãoapostar no bbb betanocasoapostar no bbb betanodescumprimento.

"Afinal, tudo que se apurou é que a União não está adotando as medidas adequadasapostar no bbb betanorelação a esse desastre ambiental que já chegou a 2.100 quilômetros dos nove Estados da região", diz a ação.

Ainda na sexta, o Ministério do Meio Ambiente divulgou nota afirmando que "as ações do Plano Nacionalapostar no bbb betanoContingência (PNC) e do Grupoapostar no bbb betanoAcompanhamento e Avaliação (GAA) estãoapostar no bbb betanopleno funcionamento".

Caranguejoapostar no bbb betanomangue repletoapostar no bbb betanolama

Crédito, Mateus Morbeck

Legenda da foto, Em áreasapostar no bbb betanolama como os mangues, com pouca movimentaçãoapostar no bbb betanoágua e sedimentos mais finos, é mais difícil fazer a limpeza

"Não há nenhuma demoraapostar no bbb betanonenhum órgão. Todos estão trabalhandoapostar no bbb betanomaneira ininterrupta, desde o aparecimento da mancha no dia 2apostar no bbb betanosetembro. Não se poupou nenhum esforço", afirmou o ministro Ricardo Salles no comunicado da pasta.

À BBC News Brasil, o superintendente do Ibama na Bahia, Rodrigo Alves, disse que o monitoramento das praias é feito diariamente, o que indica onde devem ser concentrados os esforçosapostar no bbb betanolimpeza.

Argumentando que o óleo cru tem se movido sob a superfície do mar, o que só permiteapostar no bbb betanovisualização quando toca a costa, Alves diz que "é difícil prever onde montar as bóiasapostar no bbb betanocontenção".

Em seguida, enfatizou que toda a operaçãoapostar no bbb betanomonitoramento e limpeza deveria estar sendo custeado pelo agente poluidor, ainda não identificado.

Limpeza

Dianteapostar no bbb betanotoneladasapostar no bbb betanoum material tão tóxico, pode parecer contraditório, mas, se o óleo não foi barrado no mar e já chegou nas praias, rios e mangues, a indicação é que a limpeza seja feita mesmo manualmente — com todos os equipamentosapostar no bbb betanoproteção necessários (botas e luvasapostar no bbb betanoPVC, calça, camisaapostar no bbb betanomanga comprida e máscara para poeira ou gás, a depender do volumeapostar no bbb betanoóleo).

Como estes são ecossistemas delicados, o usoapostar no bbb betanomaquinário pesado pode fazer com que os contaminantes fiquem compactados e ainda mais incrustados nos sedimentos.

Na artigo "How to clean a beach", publicado pela revista Nature, o biólogo John Whitfield consegue até manter algum bom humor: "pessoas com pás e peneiras são as únicas ferramentas sensíveis o suficiente para remover o óleo enquanto protegem o solo e os organismos ao redor".

Ou seja, para tentar mitigar uma contaminação invisível no futuro, é preciso meter a mão nos contaminantes no presente.

Mais ainda: toda a população terá que se manter alerta por um longo período e cobrar dos órgãos governamentais monitoramento periódico das praias, peixes e mariscos. Pois, como resume Carine Silva, "o senso comum é achar que porque não estamos vendo, não existe. Mas, neste caso, o perigo está justamente no que não vemos".

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