Eleições 2018: Como as pesquisas eleitorais influenciam a decisão do voto?:5€ freebet

Silhuetas5€ freebetfila atrás5€ freebetuma urna com a bandeira do Brasil

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Legenda da foto, Segundo uma pesquisa do Ibope5€ freebetsetembro, apenas 7% dos brasileiros consideram os resultados5€ freebetsondagens na decisão do voto

Não há grandes variações5€ freebetrecortes5€ freebetrenda, religião, cor, condição e porte do município ou região do país: nestes segmentos, o percentual varia sempre entre 5 e 9% dos entrevistados que apontam considerar as pesquisas na hora5€ freebetdecidir o voto.

O Datafolha também já fez perguntas do tipo na cidade5€ freebetSão Paulo, mas tem dados mais antigos. Em setembro5€ freebet2003, por exemplo, constatou que 40% dos entrevistados não tinham interesse pelos resultados das pesquisas eleitorais; 33% disseram ter médio interesse, 18% alto interesse e 8%, baixo interesse.

Naquele ano, 14% dos entrevistados relataram, diante5€ freebetuma indecisão, já terem definido o voto5€ freebetfunção dos resultados5€ freebetpesquisas eleitorais (contra 81% que disseram não ter feito isso); 13% admitiram já terem mudado o voto ou deixado5€ freebetvotar levando5€ freebetconta os resultados das pesquisas eleitorais (contra 87% que não).

Segundo especialistas consultados pela BBC News Brasil, outras pesquisas pelo mundo que tentaram capturar a influência das pesquisas no voto não foram conclusivas. Por aqui, eles apontam leituras divergentes que enxergam influências menores e maiores, diretas e indiretas.

Ilustração mostra dezenas5€ freebetâncoras5€ freebetTV

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Legenda da foto, Entre principais influências no voto, entrevistados pelo Ibope apontaram para 'notícias na TV' e 'debate entre candidatos'

A pesquisa dos institutos versus a pesquisa no dia-a-dia

Autor dos livros A Cabeça do Brasileiro e A Cabeça do Eleitor, o cientista político Alberto Carlos Almeida avalia que o eleitor médio tem acesso restrito e truncado às informações relativas à política. Isso faria da influência direta no voto das pesquisas, por seu aspecto informacional, algo residual.

"O eleitor faz uma pesquisa informal na vida dele, na5€ freebetbolha. Brinco que é comovente ver os candidatos lutando pelo voto útil, porque na prática ele não muda nada", apontou Almeida5€ freebetentrevista à BBC News Brasil.

"(Para considerar diretamente as pesquisas5€ freebetseu voto) o eleitor precisaria ter acesso às pesquisas, confiar nelas, entender e memorizar, comparar metodologias. As pesquisas são muito mais importantes para quem acompanha a política5€ freebetperto, jornalistas, campanhas, o mercado financeiro."

Por outro lado, especialistas parecem concordar que as sondagens por si só têm impacto restrito na decisão do eleitor, mas seus resultados podem "animar" as campanhas - no caso, por exemplo,5€ freebetcandidatos que crescem5€ freebetpercentuais. Isto, porém, era mais evidente antes da proibição ao financiamento privado das campanhas,5€ freebet2015, quando havia uma correlação entre aumentos nas pesquisas e maior arrecadação5€ freebetrecursos.

Elas também ajudam no diagnóstico sobre candidatos adversários e orientam estratégias.

Segundo o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, no que diz respeito à influência no voto do eleitor, as sondagens ganham outra importância quando apropriadas como discurso pelas campanhas.

Ilustração mostra referências à circulação5€ freebetinformações, como tablets, jornais, megafone...

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Legenda da foto, Para cientistas políticos, os resultados5€ freebetsondagens têm impacto catalizado quando apropriados pelas campanhas

"São elas que alimentam as campanhas pelo voto útil, estratégico. Em 2014, na véspera do primeiro turno, Aécio tinha 27% das intenções5€ freebetvoto e acabou passando para o segundo turno com 34%. Com certeza foi um voto útil contra o PT diante do cenário5€ freebetque Marina Silva perderia para Dilma Rousseff no primeiro turno. Hoje, as campanhas5€ freebetGeraldo Alckmin e Ciro Gomes estão trabalhando a todo momento com a noção do voto útil; e Jair Bolsonaro para vencer no primeiro turno", aponta Lavareda, autor do livro Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais.

Em relação às pesquisas que perguntam ao entrevistado a dimensão da influência das sondagens no voto, Lavareda faz uma ressalva: a5€ freebetque, por motivações emocionais, os participantes tenham resistência5€ freebetadmitir o peso5€ freebetfatores externos em5€ freebetdecisão.

"Se você pergunta às pessoas qual é a influência das propagandas,5€ freebetgeral elas vão dizer que não há. A autoestima faz dizer que nosso processo decisório é isento. Mas se a propaganda não tivesse efeito, não teria marketing", aponta Lavareda.

Os efeitos 'Maria vai com as outras' e 'azarão'

Rachel Meneguello, professora5€ freebetciência política da Unicamp, destaca que é preciso entender também a conexão entre as pesquisas e outros circuitos5€ freebetinformação.

"Não é possível 'separar' o efeito da pesquisa dentre as várias outras informações geradas pela TV, pelos jornais, pelas redes sociais sobre a decisão do voto, porque esse processo se tornou múltiplo com as novas tecnologias, e, ao mesmo tempo, ele é,5€ freebetultima instância, subjetivo", escreveu Meneguello por e-mail à BBC News Brasil.

Segundo a cientista política, a tese mais frequente da literatura internacional é a do "bandwagon effect" -5€ freebettradução livre, algo como o "efeito do vagão", rementendo a um movimento5€ freebetdireção a quem está na frente, como indica a expressão "Maria vai com as outras".

"Baseia-se na ideia5€ freebetque as prévias eleitorais induzem parte significativa do eleitorado a votar no candidato que está à frente nas pesquisas, com mais chances5€ freebetvitória, contaminando a opinião pública e distorcendo o curso natural dos resultados", aponta.

Mas a literatura prevê ainda um outro efeito das pesquisas, o "underdog effect" - a tendência do voto no candidato que está nas últimas colocações, o "azarão".

Ilustração mostra homens5€ freebetuma fila

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Legenda da foto, Literatura da ciência política prevê efeitos como o 'Maria vai com as outras' e do 'azarão'

Confiabilidade das pesquisas

Para Meneguello, se as pesquisas opinião não existissem, tornariam o processo eleitoral menos transparente e apreensível para a população.

"De toda forma, para os políticos5€ freebetgeral a polêmica sobre a influência das pesquisas nunca foi bem resolvida. A divulgação sempre foi considerada um problema porque poderia impactar nos resultados", aponta.

Ela exemplifica isso com a aprovação,5€ freebet2017,5€ freebetum relatório na Comissão Especial da Câmara dos Deputados para a reforma política. Segundo o documento, a divulgação5€ freebetsondagens estaria proibida a partir5€ freebetuma semana anterior ao pleito. A alteração acabou não avançando, mas se somou a uma série5€ freebetprojetos no Congresso que tentam impor mais restrições às pesquisas.

Independentemente das avaliações sobre seu impacto na escolha pelos eleitores, um fato é que as sondagens têm, geralmente, acertado os resultados. Conforme mostrou a BBC News Brasil5€ freebetabril, cientistas políticos da Universidade5€ freebetHouston (EUA) já mostraram que pesquisas feitas5€ freebetpaíses latino-americanos duas semanas antes da votação conseguiram acertar o resultado5€ freebet10 entre 11 eleições, entre 2013 e 2014 (uma eficácia5€ freebet90,9%).

Um resultado similar aparece5€ freebetum levantamento do Jota, site jornalístico especializado5€ freebetcobertura do Poder Judiciário, que avaliou 3.924 pesquisas eleitorais brasileiras nas eleições nacionais5€ freebet1998 a 2014.

Histórico: início na década5€ freebet40 e impulso no pós-ditadura

No Brasil, institutos5€ freebetpesquisa5€ freebetopinião já existem há décadas. A criação do Ibope,5€ freebet1942, foi um marco inaugural - desde os primeiros anos, o instituto realizou sondagens pré-eleitorais, apesar se dedicar a outras frentes.

O primeiro concorrente relevante do Ibope, o Gallup, surgiu apenas5€ freebet1967, como aponta o artigo Mídia, Eleições e Pesquisa5€ freebetOpinião no Brasil (1989-2010): Um Mapeamento da Presença das Pesquisas na Cobertura EleitoraL,5€ freebetpesquisadores da UnB.

Mas foi no período5€ freebetdistensão da ditadura militar que as pesquisas eleitorais ganharam importância no jogo político, passando a incluir sondagens relativas aos governos estaduais. Criado5€ freebet1983, o Datafolha colocou-se na eleição5€ freebet1989 como terceiro ator importante no segmento.

O TSE regula a realização e divulgação5€ freebetresultados destas pesquisas desde 1986. Entre aquela década e os anos 2010, houve diversas mudanças na legislação sobre sondagens pré-eleitorais.

Hoje, segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, destaca-se no segmento a variedade5€ freebetatores realizando pesquisas, como bancos5€ freebetinvestimento, e5€ freebetmétodos, como experiências com sondagens por telefone.

Mas, apesar do vasto manancial5€ freebetdados que tais sondagens criam, a medida exata5€ freebetque elas influenciam o voto do eleitor permanece incerta.