O silêncio do general Villas Bôas após tuítes serem lidos como ameaça (ou promessa)codigo bonus aposta ganhainterferência:codigo bonus aposta ganha

As duas postagens, na interpretaçãocodigo bonus aposta ganhamuitos usuários, passavam uma mensagem clara: "Excelente Comandante!!! Mostre à nação que o Exército é a única saída e que nele podemos confiar! A força tem o apoio popular e esperamos que o recado tenha sido claro!", disse um internauta. Outro comentou: "Está totalmente certo, General. Se o STF vai rasgar a Constituição como vem rasgando, ao invéscodigo bonus aposta ganhacumpri-la, vocês têm o total apoio dos brasileiroscodigo bonus aposta ganhabem, e se houver esse escárnio no STF, que o exército invada aquele lugar infestadocodigo bonus aposta ganhacorruptos!".

Não faltaram, no entanto, críticas. Diversas faziam referências e traziam fotoscodigo bonus aposta ganhavítimas da ditadura militar no Brasil. Outras questionavam o momento da declaração: "Aqui pensando: por que o Exército não fez esse tipocodigo bonus aposta ganhaameaça quando a Justiça fechou os olhos pro caso Aécio, que queria matar o primo? Ou quando a Justiça arquivou processos contra Jucá, Temer, Serra e cia? Ou quando a justiça 'deixou pra lá' o caso da malacodigo bonus aposta ganhaR$ 500 mil?", afirmou um usuário citando os senadores Aécio Neves, Romero Jucá e José Serra, além do presidente Michel Temer.

E também pedidoscodigo bonus aposta ganhaesclarecimento: "Quais missões institucionais? Você poderia ser mais específico? Acho que as pessoas ficaram confusas, achando que o Sr. falacodigo bonus aposta ganhatomcodigo bonus aposta ganhaameaça,codigo bonus aposta ganhatomadacodigo bonus aposta ganhapoder, etc."

Também no Twitter, o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, insinuou que a mensagem do general poderia um sinalcodigo bonus aposta ganhaintervenção militar. "Isso definitivamente não é bom. Se for o que parece, outro 1964 será inaceitável. Mas não acredito nisso realmente", escreveu Janot.

As duas mensagenscodigo bonus aposta ganhaVillas Bôas, que tinha na manhã desta quarta 153 mil seguidores no Twitter, foram publicadas no meio da tardecodigo bonus aposta ganhaterça e, 14 horas depois, já haviam sido curtidas por um totalcodigo bonus aposta ganha83 mil pessoas e retuitadas por 31 mil usuários. Generais da ativa e da reserva fizeram questãocodigo bonus aposta ganhaapoiar o comandante publicamente na rede social.

Os tuítes viraram nota no Jornal Nacional e geraram uma resposta, sem muita clareza, do Ministério da Defesa, que insistiu se tratar "de uma mensagemcodigo bonus aposta ganhaconfiança e estímulo à concórdia". E, com a repercussão, Villas Bôas preferiu o silêncio.

Aberto para interpretação

Mas acadêmicos ouvidos pela BBC Brasil classificaram o texto do generalcodigo bonus aposta ganha"inapropriado", "irresponsável" e "desnecessário". No entanto, há, entre esses especialistas, quem defenda a fala do militar e diga que a interpretação está errada - ou seja, que a mensagem signifique exatamente o contrário, um atestadocodigo bonus aposta ganhaque o Exército não pretende interferircodigo bonus aposta ganhanada.

Numa das postagens, Villas Bôas diz que o Exército repudia "a impunidade" e está atento "atento às suas missões institucionais", sem detalhar o que queria dizer. Numa outra mensagem, escreveu: "Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?".

Com as afirmações, o comandante subiu o tomcodigo bonus aposta ganharelação ao discurso público mais moderado que vinha adotando nas redes sociais.

As mais recentes publicaçõescodigo bonus aposta ganhaVillas Bôas, contudo, estão sendo interpretadascodigo bonus aposta ganhaformas distintas.

Para Octávio Ferraz, professor da faculdadecodigo bonus aposta ganhaDireito do King's College,codigo bonus aposta ganhaLondres, a mensagem do general é "problemática". O professor classifica como "totalmente inapropriada" qualquer manifestaçãocodigo bonus aposta ganhamilitar ecodigo bonus aposta ganhajuiz. "No caso específicocodigo bonus aposta ganhaum comandante do Exército, às vésperascodigo bonus aposta ganhaum julgamento politicamente delicado no STF, acho completamente inapropriado. O conteúdo fere, a meu ver, a Constituição", diz Ferraz.

O professor assinala que o papel das Forças Armadas é defender a Pátria e garantir os poderes constitucionais, como define o artigo 142 da Constituição, se chamada por iniciativacodigo bonus aposta ganhaum dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), e não por iniciativa própria.

"Se é um passo rumo à intervenção militar, é impossível saber. Minha intuição é que não há ambiente no Brasil para golpe militar", completa o professorcodigo bonus aposta ganhaDireito.

Para o Christoph Harig, pesquisador da universidade Helmut Schmidt, na Alemanha, o texto do general é "irresponsável" à medida que abre margem a vários tiposcodigo bonus aposta ganhainterpretação, inclusive àcodigo bonus aposta ganhaque o Exército está pronto para interferir na política, se necessário for.

"Não vejo como uma ameaçacodigo bonus aposta ganhagolpe, mas abre espaço para que pessoas façam essa leitura. Ele parece brincar com fogo num momentocodigo bonus aposta ganhaque o Brasil vive uma crise política profunda e a população está muito dividida", avalia Harig, estudioso do Exército brasileiro e especialistacodigo bonus aposta ganhamissõescodigo bonus aposta ganhapaz e segurança pública.

Harig vê a mensagem do general como "desnecessária e atípica". Observa ainda comentários e episódios recentes indicam que militares da ativa têm subido o tomcodigo bonus aposta ganhadeclarações sem nenhum tipo resposta ou reação mais incisiva da cadeiacodigo bonus aposta ganhacomando.

O pesquisador cita, por exemplo, a tentativacodigo bonus aposta ganhaatenuar as afirmações feitascodigo bonus aposta ganha2017 pelo general Antonio Hamilton Mourão, que passou para a reservacodigo bonus aposta ganhafevereiro, que falou sobre a possibilidadecodigo bonus aposta ganhaatuação das Forças Armadas caso haja uma situaçãocodigo bonus aposta ganha"caos" no país.

Ele lembra ainda que,codigo bonus aposta ganhafevereiro, durante a reunião dos Conselhos da República ecodigo bonus aposta ganhaDefesa Nacional, declarou que os militares que atuam na intervenção da segurança do Riocodigo bonus aposta ganhaJaneiro precisamcodigo bonus aposta ganha"garantias" para que não enfrentem "uma nova Comissão da Verdade" - a comissão, que funcionou entre 2012 e 2014, apurou violaçõescodigo bonus aposta ganhadireitos humanos ocorridas durante a Ditaduracodigo bonus aposta ganha1964.

"Não houve o esperado exercíciocodigo bonus aposta ganhaautoridade para que nenhum homem das Forças falecodigo bonus aposta ganhainterferência na políticacodigo bonus aposta ganhanenhuma das situações", diz Harig.

Mensagem interna

Mas nem todo especialista vê uma escalada no tom do comandante. Vinicius Marianocodigo bonus aposta ganhaCarvalho, do Brazil Institute, do King's College,codigo bonus aposta ganhaLondres, avalia que a mensagem na rede social apenas repete o que Villas Bôas já vem dizendo. "Eu leio justamente como uma posiçãocodigo bonus aposta ganhaque o Exército não interferirácodigo bonus aposta ganhanada", avalia.

Para Marianocodigo bonus aposta ganhaCarvalho, o tuíte, apesarcodigo bonus aposta ganhavoltado para todo o público, também seria uma mensagem para a própria tropa, numa tentativacodigo bonus aposta ganhatambém "posicionar internamente para evitar rachaduras da coesão". "Eu li o Twitter várias vezes e me pareceu que ele apenas resguarda a Força, evita vozes aventureiras e outra vez mostra que a responsabilidade sobre a crise não está nas mãos das Forças Armadas", afirma o professor.

Sobre os mais recentes tuítescodigo bonus aposta ganhaVillas Bôas, o Ministério da Defesa, pasta a qual o Exército está subordinado, divulgou nota afirmando que o comandante do Exército "mantém a coerência e o equilíbrio demonstradoscodigo bonus aposta ganhatodacodigo bonus aposta ganhagestão, reafirmando o compromisso da Força Terrestre com os preceitos constitucionais, sem jamais esquecer a origemcodigo bonus aposta ganhaseus quadros que é o povo brasileiro".

"(O general) manifestacodigo bonus aposta ganhapreocupação com os valores e com o legado que queremos deixar para as futuras gerações. É uma mensagemcodigo bonus aposta ganhaconfiança e estímulo à concórdia", diz a nota.

Procurados pela reportagem, o Exército informou, por meio do Centrocodigo bonus aposta ganhaComunicação Social, "que não haverá pronunciamento sobre o assunto". A reportagem pediu para que a Força explicasse se foi o próprio o general quem escreveu ou ditou os textos e como ele reagia às críticas. Também pediu ao Exército para esclarecer o que o comandante quis dizer exatamente com a postagem, publicada um dia antes do julgamento do caso do ex-presidente Lula no STF.

Papéis inapropriados

Fiona Macaulay, professora da Universidadecodigo bonus aposta ganhaBradford, na Inglaterra, também criticou a mensagem do comandante divulgada às vésperascodigo bonus aposta ganhauma importante decisão na mais alta Corte brasileira e afirma que, historicamente, o Exército brasileiro tem desempenhado papéis inapropriados. "Parece-me que os militares no Brasil deveriam abster-secodigo bonus aposta ganhafazer comentários oficiais sobre o que é uma decisão judicial. Um dos problemas históricos no Brasil tem sido o uso dos militares, tanto para fins políticos, que é remover ou instituir presidentes, como para reforçar a segurança pública", opina Macaulay.

A professora, contudo, faz uma autocrítica e diz que cientistas sociais e políticos costumam ser ruinscodigo bonus aposta ganhaprever eventos políticos justamente por não ter conhecimento suficiente sobre o funcionamentocodigo bonus aposta ganhainstituições específicas, como as Forças Armadas, que considera muito fechada.

"Então, acho que seria impossível alguém prever o que as Forças Armadas farão nas próximas semanas ou meses", diz.