Como a crise nas Forças Armadas afeta soldos, fronteiras e carros blindados:apostas online breeze

Três soldadosapostas online breezeoperação nas ruas do Rioapostas online breezeJaneiro

Crédito, AFP

Legenda da foto, Estudo do Institutoapostas online breezePesquisa pela Paz Internacionalapostas online breezeEstocolmo mostra queda nos investimentos militares no Brasilapostas online breeze2014 a 2016

A próxima edição do relatório, incluindo números para 2017, deve ser divulgada pelo centroapostas online breezepesquisasapostas online breezejunho. Mas dados do SIGA Brasil, sistema do Senado que reúne informações sobre o orçamento público federal, indicam que ele poderá exibir uma leve melhora no setor.

Ainda que não adote a mesma metodologia considerada pelo Sipri, o SIGA mostra que houve um aumento no orçamento do Ministério da Defesa, responsável pela Forças Armadas, no ano passado - as despesas executadas pela pasta passaramapostas online breezeR$ 98,5 bilhõesapostas online breeze2016 para R$ 108,5 bilhõesapostas online breeze2017 (já considerada a inflação no período).

Ainda assim, segundo especialistas no setor militar, a crise econômica ainda tem efeitos muito evidentes na área - como o atraso no cumprimentoapostas online breezeprogramas da Estratégia Nacionalapostas online breezeDefesa, um documentoapostas online breeze2008 que estabelece os principais objetivos para as Forças Armadas do país.

O documento pode inclusive ser visto como uma herança da primeira década dos anos 2000, marcada por um cenário econômico favorável e investimentos militares que levariam a uma renovação substancial do armamento - com dimensão vista anteriormente apenas na décadaapostas online breeze1970, segundo Diego Lopes da Silva, mestreapostas online breezesegurança internacional e colaborador do Sipri.

"Hoje, o orçamento para as Forças Armadas está bem mais baixo do que os nosso projetos demandam", aponta Silva. "Os programasapostas online breezeproduçãoapostas online breezearmamentos têm sofrido atrasos e repasses bem inferiores ao necessário."

Sombraapostas online breezeum soldadoapostas online breezecimaapostas online breezeveículo militar

Crédito, AFP

Legenda da foto, Diferente da bonança da primeira década dos anos 2000, desde 2014 cenário éapostas online breezerestrições orçamentárias para as Forças Armadas

Programas estratégicos afetados por cortes

O Sistema Integradoapostas online breezeMonitoramentoapostas online breezeFronteiras (Sisfron), por exemplo, é definido pelo Exército como umapostas online breezeseus programas estratégicos e prevê um sistemaapostas online breezemonitoramentoapostas online breeze17 mil quilômetrosapostas online breezefronteiras por meio da tecnologia.

Segundo um relatórioapostas online breezegestão do Ministério da Defesa entregue ao Tribunalapostas online breezeContas da União (TCU)apostas online breeze2017, o projeto "vem sendo executado com um ritmo consideravelmente menor do que o previsto" devido a fatores como restrições orçamentárias e "ineditismo do projeto". A finalização da implantaçãoapostas online breezeum projetoapostas online breezepiloto, que deveria acontecerapostas online breeze2016, deverá ficar para 2018.

Se a princípio o projeto deveria ter recebido R$ 1 bilhão por ano, por 11 anos, o valor médio anual pago pelo governo federalapostas online breeze2013 a 2017 foi muito menor: R$ 220,9 milhões.

Em agostoapostas online breeze2017, o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, afirmou que o contigenciamentoapostas online breezeverbas compromete o Sisfron.

"De uma maneira geral, muitos dos causadores do problemaapostas online breezesegurança pública nas grandes cidades passam pelas fronteiras", afirmou Villas Bôas ao jornal O Estadoapostas online breezeS. Paulo. "É essencial mantermos as fronteiras sob vigilância."

Outro programa estratégico do Exército afetado é o Guarani, que visa renovar a frotaapostas online breezeveículos blindados da força. Inicialmente, o anoapostas online breezeconclusão previsto era 2031, mas já foi adiado para 2040. Segundo o relatório entregue ao TCU, o objetivo pode ser atingido, no entanto, somenteapostas online breeze2105.

"O projeto vem tendo o seu cronograma reajustado anualmenteapostas online breezerazão da carênciaapostas online breezerecursos. Além disso, o contingenciamentoapostas online breezerecursos também tem obrigado à reprogramação das metas anuais", diz o documento.

Peso dos gastos com pessoal

"A área mais suscetível a cortes orçamentários é o setorapostas online breezeinvestimentos. Por isso, os programasapostas online breezeproduçãoapostas online breezearmamentos têm sofrido atrasos e repasses bem inferiores ao necessário", aponta Silva, destacando que a Defesa também é afetada, por tabela, por cortes na áreaapostas online breezeciência e tecnologia, como nas universidades.

"Os gastos com pessoal são mais difíceisapostas online breezereduzir porque isso envolve aspectos políticos que o Executivo prefere evitar", opina.

De fato, dados do SIGA Brasil evidenciam a concentraçãoapostas online breezegastos do orçamento do Ministério da Defesa com pessoal,apostas online breezedetrimento dos investimentos. Em 2016, por exemplo, dos R$ 97 bilhões executados pela pasta, R$ 75 bilhões (77%) foram para pagamentoapostas online breezesalários e afins e 8,1 bilhões (8,3%), aplicadosapostas online breezesuas iniciativas.

Em 2017,apostas online breezeum totalapostas online breezeR$ 107 bilhões, o gasto com pessoal consumiu R$ 82,4 bilhões (77%) e os investimentos, R$ 9,9 bilhões (9,2%).

Um exemplarapostas online breezeum veículo blindado do Exército
Legenda da foto, Renovação da frotaapostas online breezeveículos blindados tem tido constante renovaçãoapostas online breezemetas para conclusão | Foto: Divulgação/Exército Brasileiro

Trata-seapostas online breezeum cenário comum tambémapostas online breezeoutras áreas do governo. Como a BBC Brasil mostrouapostas online breeze2017, a Defesa e o Meio Ambiente estão entre as pastas que mais gastam, proporcionalmente, com funcionários.

A remuneração dos militares se dá por meio dos chamados soldos, que são ainda acrescidosapostas online breezegratificações e auxílios. Em 2016, após pressão da classe, os soldos foram reajustadosapostas online breezeparcelas até 2019. Hoje, tais vencimentos vãoapostas online breezeR$ 854 nas graduações mais baixas (como recrutas e soldados) a R$ 12,7 mil nos postos mais altos (Almiranteapostas online breezeEsquadra, Generalapostas online breezeExército e Tenente-Brigadeiro).

Representantes militares colocavam a mudança como um objetivo da classe - Raul Jungmann, hoje ministro da Segurança Pública, assumiuapostas online breeze2016 como titular da Defesa afirmando que o aumento era uma "prioridade".

'No limite'

Os militares também já criticaram publicamente a quedaapostas online breezeinvestimentos nas Forças Armadas.

Dianteapostas online breezecontigenciamentosapostas online breeze2017, Jungmann afirmou ao jornal O Estadoapostas online breezeS. Paulo que as Forças Armadas estavam "no limite" e, caso a situação não fosse revertida, seria necessário adotar cortesapostas online breezeefetivo e unidades.

A BBC Brasil entrouapostas online breezecontato com o Ministério da Defesa para verificar se tais cortesapostas online breezefato ocorreram, mas a pasta não respondeu a esse e a outros questionamentos da reportagem sobre os temas abordados nesta reportagem.

Segundo Roberto Caiafa, jornalista especializadoapostas online breezeDefesa há maisapostas online breezeuma década, a reduçãoapostas online breezebases e adoçãoapostas online breezecarreiras temporárias está sendo capitaneada principalmente pela Força Aérea Brasileira (FAB).

Para alémapostas online breezeprogramas estratégicos, porém, ele destaca que problemas orçamentários têm afetado até mesmo o dia a dia das tropas.

"Todo ano tem quartel fazendo meio expediente na sexta-feira para que haja economia no almoço. Que posiçãoapostas online breezeliderança um país quer ter com soldado no quartel sem comida para comer?", questiona o jornalista.

"Fora toda uma estruturaapostas online breezealta tecnologia quase entrandoapostas online breezecolapso. Para cada passo que você dá para frente, você volta dois ou três."

Operaçõesapostas online breezesegurança pública

Soldadosapostas online breezemeio a criançasapostas online breezeruas do Rioapostas online breezeJaneiro

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Legenda da foto, Desde 2010, Forças Armadas já participaramapostas online breezemaisapostas online breeze40 operaçõesapostas online breezeGarantia da Lei e Ordem (GLO)

Ao lado da rotina nos quartéis, cada vez mais as Forças Armadas têm atuadoapostas online breezeambiente novo: as ruas.

Isso é possível, por exemplo, por meio da Garantia da Lei e Ordem (GLO), um dispositivo previsto na legislação que permite o uso temporário e interno da Forças Armadasapostas online breezecaso da avaliaçãoapostas online breezeque há riscos para a ordem pública. Desde 2010, já foram realizadas maisapostas online breeze40 operaçõesapostas online breezeGLO no país.

Segundo Arthur Trindade, conselheiro do Fórum Brasileiroapostas online breezeSegurança Pública e professor da Universidadeapostas online breezeBrasília,apostas online breezeteoria o governo federal deveria repassar verbas para as Forças Armadas para custear tais operações. Mas não é o que tem acontecido na prática.

"O que vemos é que muitas vezes as Forças Armadas são empregadas e não recebem o repasse, ou recebem parcialmente o valor", aponta Trindade. "Com isso, recursos anteriormente alocados para outras áreas precisam ser remanejados."

Por outro lado, o especialista Diego Lopes da Silva vê no alinhamento político entre o governo e as Forças Armadas, demonstrado pela intervenção no Rio, um cenário favorável para que os militares barganhem por mais recursos.

"Creio que isso dependerá do andamento da intervenção. O risco é que as Forças Armadas vejam no aumento das atividadesapostas online breezepoliciamento uma ferramenta para conseguir orçamento. Isso se tornaria um incentivo perverso à ofertaapostas online breezeefetivo para desempenhoapostas online breezeatividadesapostas online breezesegurança pública", aponta o pesquisador.

"Isso impõe um dilema grande: como os gastos têm um limite definido, o que vai para área X, terá que sairapostas online breezeoutra Y. Esse jogoapostas online breezesoma zero é complicado. Ou a Defesa fica com pouco orçamento e sofre cortes, ou teremos que tirar recursosapostas online breezeoutras áreas, como educação e saúde."

Sem dar detalhes, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já sinalizouapostas online breezefevereiro que o governo federal poderá remanejar o orçamento, retirando verbasapostas online breezeoutras áreas para destinar mais recursos às Forças Armadas pela atuação no Rioapostas online breezeJaneiro.

Há a expectativaapostas online breezeque tais manobras orçamentárias, com o objetivoapostas online breezefinanciar a intervenção, sejam anunciadas pelo governo ainda nesta semana.