Os últimos momentoslink pixbetMarielle Franco anteslink pixbetser morta com quatro tiros na cabeça:link pixbet

  • Lígia Mesquita
  • Da BBC Brasillink pixbetLondres
Cenalink pixbettransmissão do último evento que Marielle participou anteslink pixbetser morta, divulgada no seu Twitter
Legenda da foto,

Marielle Franco foi morta logo depoislink pixbetter participado do evento 'Jovens Negras Movendo Estruturas', transmitido ao vivo nas redes sociais | Foto: Reprodução/Twitter/@mariellefranco

link pixbet "Não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas."

Foi assim, lendolink pixbetportuguês e inglês a famosa citação da escritora americana negra, feminista e gay Audre Lorde, que a vereadora Marielle Franco encerroulink pixbetparticipação no debate Jovens Negras Movendo as Estruturas, organizado pelo seu partido, o PSOL, e que acabaralink pixbetmediar na noite desta quarta.

"Vamo que vamo, vamo junto ocupar tudo (sic)", se despediu. Minutos depois, seria assassinada com quatro tiros na cabeça após deixar a Casa das Pretas, espaço coletivolink pixbetmulheres negras na Lapa, no centro do Rio.

De caderninho e celular na mão, com o qual interagia com o público que assistia o evento via transmissão emlink pixbetpágina no Facebook, Marielle contou que havia escolhido essa fraselink pixbetLorde para um trabalholink pixbetuma aulalink pixbetinglês – a tarefa pedia que ela citasse alguma mulher que tinha como referência.

Esse exercício a fez lembrar, disse, como a autoidentificação é fundamental. "O lugarlink pixbetmulher, mulher negra, bissexual, agora estou casada com uma mulher, mas tenho uma filha. Dessas muitas representações a gente vai aprendendo, conhecendo e estudando mais."

Anteslink pixbetdeixar a Casa das Pretas, a vereadora, criada na favela da Maré, pensou atélink pixbetir tomar uma cerveja com suas companheiraslink pixbetbate-papo. No entanto, o cansaço venceu, e ela desistiu do programa.

"Quando acabou o debate nos abraçamos muito, tiramos fotos, e a Marielle sugeriu que a gente fosse tomar uma cerveja, a gente estava na Lapa (bairro boêmio). Mas eu desisti, queria ir pra casa, ela desistiu também", conta a cineasta e produtora audiovisual Aline Lourena,link pixbetcolegalink pixbetdebate, à BBC Brasil.

"Ela havia tido um dia complicado na Câmara, comentou sobre algum veto do prefeito. Chegou maislink pixbetuma hora atrasada ao debate por causa disso e pediu desculpas", lembra a escritora Ana Paula Lisboa. No dia anterior, Marcello Crivella havia vetado um projeto que obrigaria a Prefeitura do Riolink pixbetJaneiro a divulgar o fluxolink pixbetcaixa da cidade.

Ana Paula Lisboa, Aline Lourena, Marielle Franco, Hellen N'Zinga e Mohara Vallelink pixbetdebate no Rio
Legenda da foto,

Da esq. para a dir.: Ana Paula Lisboa, Aline Lourena, Marielle Franco, Hellen N'Zinga e Mohara Valle no debate Jovens Negras Movendo as Estruturas | Foto: Aline Lourena/Arquivo pessoal

Marcado para as 18h, o debate começou pouco depois das 19h justamente para esperá-la, e durou cercalink pixbetduas horas.

Ana Paula , ao contrário das outras, não desistiu da cervejinha. Quando estavalink pixbetum bar próximo dali, com outras pessoas que participaram do evento, recebeu pelo WhatsApp a notícia do crime, ocorrido às 21h30.

"Achei que era fake news. A gente tinha se despedido havia meia hora. Aí fui ligar para o pessoal do PSOL, e eles confirmaram."

Enquanto Marielle ia embora, um carro emparelhou o veículo onde estava. Ela e o motorista, Anderson Pedro Gomes, foram assassinados a tiros, e uma assessora teve ferimentos leves causados pelos estilhaços. Os criminosos fugiram sem levar nada.

Lugarlink pixbetfala

Pule Podcast e continue lendo
BBC Lê

Podcast traz áudios com reportagens selecionadas.

Episódios

Fim do Podcast

Marielle havia acabadolink pixbetdebater, por quase duas horas, questões como ativismo e empreendedorismo com quatro mulheres negras que trabalham com comunicação. Alémlink pixbetAline Lourena, coordenadora do coletivo Az_Pretaz - Mulheres Negras e Indígenas da Comunicação e da Tecnologia, e Ana Paula Lisboa, participaram a rapper Hellen N'Zinga e a publicitária Moara Valle.

O evento fazia partelink pixbetuma ação chamada 21 diaslink pixbetAtivismo Contra o Racismo,link pixbetcurso no Rio.

Ao iniciar o debate, Marielle falou da importância do ativismo. "O mandatolink pixbetuma mulher negra, favelada, periférica, precisa estar pautado junto aos movimentos sociais, junto à sociedade civil organizada, junto a quem está fazendo para nos fortalecer naquele lugar onde a gente objetivamente não se reconhece, não se encontra, não se vê. A negação é o que eles apresentam como nosso perfil", disse.

"Ter a nossa casa (a Casa das Pretas), ter o nosso lugar, ter o nosso período, ter o nosso lugarlink pixbetresistência, daí fazer esse evento no bojo das atividades do 21 diaslink pixbetAtivismo. A gente sabe que a gente tá ativa, tá militando, tá resistindo o tempo todo. Mas com alguns períodos onde a gente se fortalece na luta."

Mulher observa retirada do veículo onde Marielli morreu

Crédito, AFP

Legenda da foto,

Crime ocorreu pouco depoislink pixbetMarielle deixar a Casa das Pretas

A plateia, formada majoritariamente por mulheres jovens e negras, chamou a atenção da vereadora pelo fatolink pixbetmuitas ali serem universitárias. "Ela contou que, quando entrou na faculdade só havia ela e mais uma mulher negra no cursolink pixbetCiências Sociais da PUC (do Rio)", lembra Aline Lourena, emocionada.

No bate-papo, a vereadora relembrou da épocalink pixbetque ingressou na universidade, após fazer um curso pré-vestibular na favela da Maré. Contou que a primeira "briga" que arrumou foi com um professor que insistialink pixbetpassar a bibliografialink pixbetinglês, que "tentava impor" uma língua. "Eu era zeradalink pixbetinglês, tinha vindo da Maré."

E faloulink pixbetcomolink pixbetidentidade foi sendo construída ali dentro.

"Quando eu chego na PUClink pixbet2002, a minha perspectiva era a da mulher favelada, do pertencimentolink pixbetquem passou pela Maré, desse lugar do 'mareense', do favelado,link pixbetuma potência,link pixbetuma disputa daquele corpo que vou ocupar. Sim, porque eu sou a favelada e aquele lugar do ensinolink pixbetqualidade também era meu. Mas eu não tinha autoidentificação nem o lugar da mulher negra favelada. Essa é uma construção que vai se formando."

Ana Paula Lisboa lembra que o tom da conversa foi sempre otimista, e que Marielle estava feliz.

"Foi uma conversa proveitosa, estávamos num momentolink pixbetcelebração,link pixbetfalar menos da dor e maislink pixbetcoisas boas sendo feitas pelas mulheres", fala. "E anteslink pixbetir embora ela agradeceu todo mundo que participou, fez o evento. Ela tinha sempre essa questão do coletivo,link pixbetagradecer."

Plateia do debate com marielle na casa das pretas
Legenda da foto,

Segundo uma das debatedoras, Marielle estava felizlink pixbetver a plateia da Casa das Pretas com tantas mulheres negras universitárias | Foto: Aline Lourena/Arquivo pessoal