Brasileiro vira 'chef da maconha' no Uruguai e faz até jantar para idosos:bet365 apostas app

Gustavo Colombeck

Crédito, Fátima Velazco

Legenda da foto, Gustavo Colombeck deixou o Espírito Santo para morar no Uruguai e se tornar um chef canábico
Talharim à basebet365 apostas appmaconha
Legenda da foto, Talharim com molhobet365 apostas appfrutos do mar e maconha feito por Gustavo Colombeck

Ele diz ter identificado cerca 20 grandes chefs especializadosbet365 apostas appcannabisbet365 apostas apptodo o mundo - a maior parte nos Estados Unidos. Uma delas é Millie Fernandez, conhecida por cozinhar para os rappers Snoop Dogg e Tyga.

Segundo o chef canábico brasileiro, o músico Marcelo D2 já comeu umbet365 apostas appseus pratos no Uruguai.

'Não é só ficar chapado'

Colombeck, o "sobrenome" que o jovem adotou profissionalmente, é uma gíria que surgiu enquanto seus amigos brincavam sobrebet365 apostas apphabilidadebet365 apostas app"colar um beck (cigarrobet365 apostas appmaconha)bet365 apostas appqualquer situação".

Ele afirma que fez muitos testes, inclusivebet365 apostas applaboratório, alémbet365 apostas appestudos incansáveis à beira do fogão para saber o momento ideal para acrescentar maconhabet365 apostas appcada umbet365 apostas appseus pratos. A intenção é causar efeito um psicoativo semelhante aobet365 apostas appfumar ou vaporizar a erva e, mas também ter o controlebet365 apostas appsua dosagem.

Para manter o sabor das flores da maconhabet365 apostas appsuas receitas e ainda "dar um barato", o chef usa azeite ou manteiga à basebet365 apostas appcannabis durante o cozimento. Isso porque o THC (tetrahidrocanabinol - princípio ativo da maconha) é ativado após as flores da erva serem infusionadasbet365 apostas appalgum óleo ou gordura numa reação chamadabet365 apostas appdescarboxilação.

Mas Colombeck explica que também é possível ativar o THC ao infusionar a erva diretamente durante o preparobet365 apostas appcarnes com gordura, alguns peixes e receitas com leite, como o escondidinho.

Nachos com guacannabis
Legenda da foto, Nachos com guacannabis, a guacamole com maconha criada por Colombeck | Foto: Arquivo pessoal

"É necessário muito estudo para saber a hora certabet365 apostas appaplicar a maconhabet365 apostas appcada receita. Se você colocar na hora errada, pode ficar muito fraco, perder o sabor ou te derrubar com uma brisa muito forte. A intenção não é só ficar chapado, mas sentir o sabor da genética (variedadebet365 apostas appmaconha) usada, da entrada à sobremesa, com uma experiência natural e leve", explica.

O cardápio canábicobet365 apostas appColombeck tem desde massas e carnes a sorvetes e drinks. Tudo feitobet365 apostas appacordo com o paladar e consumobet365 apostas appmaconhabet365 apostas appcada cliente.

"As pessoas têm receiobet365 apostas appcomer comida com maconha e passar mal. E estão certas. É muito fácil errar a proporção e colocar muita erva. Para evitar isso, eu faço uma entrevista antes do preparobet365 apostas appcada prato para saber qual a dosagem ideal para cada pessoa. Se ela nunca fumou maconha, faço algo bem leve. Passo o dia todo me preparando, porque cada jantar é personalizado", conta.

Da raiz à semente

A folha da maconha é o principal símbolo usado para representar a cannabis, mas não é a parte da planta com a maior concentraçãobet365 apostas appTHC. Muitos não sabem, mas o que os usuários moem para fumar ou usar como remédio são as flores - ou buds -, onde está a maior porção do princípio ativo da erva.

Trufa Nana Choise

Crédito, Fátima Velazco

Legenda da foto, Sobremesabet365 apostas appbanana com chocolate infusionado com a genéticabet365 apostas appmaconha, Chocolopes

Mas o chef reaproveita as folhas, sementes, talos e até a raiz da planta embet365 apostas appcozinha.

"É possível fazer leite, azeite e farinha com as sementes depoisbet365 apostas appsecá-las. Uso os talos para fazer parrillabet365 apostas appdefumação para colocar na brasa da churrasqueira e com as raízes eu faço um chá muito bom para o estômago. As folhas são ótimas para decorar e fazer temperos secos", afirma Colombeck.

Cada parte da planta precisabet365 apostas appum cuidado específico antesbet365 apostas appser consumida. As raízes, por exemplo, ficam pelo menos uma semanabet365 apostas appmolho na água para que o fertilizante usado no cultivo da planta seja retirado. Há pessoas que ainda usam a erva para fazer óleo para massagem, sabonete, lubrificante e até supositório contra cólica menstrual.

Suco detoxbet365 apostas appmaconha
Legenda da foto, Sucobet365 apostas appmanga, hortelã e maconha criado por Colombeck para este verão | Foto: Arquivo pessoal

O chef alerta, porém, que pessoas que não conhecem a procedência da maconha que consomem precisam redobrar os cuidados. No Brasil, a maior parte da cannabis consumida é comercializada na forma prensada, consideradabet365 apostas appbaixa qualidade. Ela é vendidabet365 apostas apppedaços oubet365 apostas appblocos inteiros, contrabandeada principalmente via Paraguai.

Nesses casos, o chef diz que é necessário que a maconha seja lavadabet365 apostas appágua morna, secada e depois colocada num potebet365 apostas appvidro para curar antes do uso culinário. Colombeck diz que essa técnica faz a planta ficar mais limpa - pois algumas chegam a mofar por causa da umidade - e ajuda a melhorar o sabor. Ele afirma que a lavagem não tira a potência psicoativa da erva, já que o THC não se dissolve na água.

Ele explica que 75 gramasbet365 apostas appfloresbet365 apostas appmaconha chegam a render cercabet365 apostas app5 litrosbet365 apostas appazeite canábico.

Pizza feita com maconha

Crédito, Fátima Velazco

Legenda da foto, Pizza com folhasbet365 apostas appCannabis sativa, queijo, panceta e azeite canábico

"Em breve, vou lançar um canal no YouTube para ensinar todos esses passos. Quero mostrar que dá certo lavar o prensado para tirar suas impurezas e fazer receitas. Não é porque a pessoa não tem acesso a uma maconhabet365 apostas appqualidade que ela vai deixarbet365 apostas appcozinhar", afirma.

Para o chef, a legalização da maconha no Brasil é uma questãobet365 apostas apptempo e a culinária canábica, "mais uma frentebet365 apostas appluta nesse sentido".

"Imagine um pai poder colocar leite com cannabis na mamadeira para aliviar as crisesbet365 apostas appeplepsiabet365 apostas appseu filho? Ou fazer um suco detox com maconha para tomar e relaxar depoisbet365 apostas appum exercício físico? Em 2018 eu quero mostrar que isso é possível,bet365 apostas appforma simples e segura", afirma.

Jantar para idosos

Alguns jantares feitos pelo chef são oferecidos na casa onde morabet365 apostas appMontevidéu com o youtuber brasileiro Henrique Reichert, do canal "Eu, a Maconha e uma Câmera", que usa as redes sociais para ensinar a cultivar cannabis. O jantar geralmente é servido no quintal para casais ou gruposbet365 apostas appaté dez pessoas.

Mas há exceções, como coquetéis para grupos maioresbet365 apostas appclubes canábicos e empresas, com degustações e petiscos. Nesses eventos externos, o chef coloca seus ingredientes e utensílios dentrobet365 apostas appuma mochilabet365 apostas appescalada e faz o banquete na casa ou salão do cliente.

Ele conta que ele atende até cinco pessoas por semana embet365 apostas appcasa e faz dois eventos externos por semana. O maior deles tinha 130 pessoas.

Jantar canábico no Rio
Legenda da foto, Gustavo Colombeck faz jantar para grupobet365 apostas appidosos no Riobet365 apostas appJaneiro durante passagem pelo Brasil | Foto: Arquivo pessoal

O preço da exclusividade é US$ 150 por pessoa (cercabet365 apostas appR$ 500), com direito a entrada, prato principal e sobremesa. Se o cliente optar apenas pelo prato principal, paga US$ 50.

Mesmo ilegal, o último jantar que Colombeck ofereceu foi há uma semana, no Riobet365 apostas appJaneiro. Seus clientes eram quatro idosos com idades entre 60 e 75 anos.

Quem contratou o banquete foi Felipe,bet365 apostas app75 anos. Ele contou à BBC Brasil que conheceu o chefbet365 apostas appdezembro, quando visitou a Expocannabis, feira destinada à maconha, no Uruguai.

"Depois da exposição, fomos convidados a um jantar, onde eu conheci o Gustavo. A comida era maravilhosa e eu disse que ele precisaria fazer o mesmo para meus amigos no Rio quando ele fosse ao Brasil", conta.

Tatuagem no braço do chef da maconha
Legenda da foto, Colombeck fez uma tatuagem no braço que representabet365 apostas apppaixão pela culinária canábica | Foto: Arquivo pessoal

Assim como escolhe um vinho ou molhobet365 apostas apppimentas na prateleira do supermercado, ele e cada umbet365 apostas appseus amigos disseram a Colombeck quanto THC queriam na comida.

"Eu e mais dois amigos pedimos a dosagem mais forte e outros dois, a mais fraca. Ele fez um namorado recheado com legumes e cogumelos. Todos nós sentimos uma brisa incrível e um sabor espetacular, na dosagem correta", conta Felipe.

Ele disse que não se cansabet365 apostas apprecomendar a culinária canábica para seus amigos e convidá-los a comer uma refeição feita por Colombeck no Uruguai.

"É uma experiência inesquecível. É triste pensar que temosbet365 apostas appviajar para a Holanda, Estados Unidos ou Uruguai para vivenciar algo assim. Isso mostra o quanto vivemos num país opressor, que tem preconceito e criminaliza os usuáriosbet365 apostas appmaconha, uma simples planta."

Mercado brasileiro

O chef conta que, embora planeje morar nos Estados Unidos, sonhabet365 apostas appvoltar e trabalhar com maconha no Brasil. Para ele, a proibição do uso da erva impede que o país ganhe dinheiro e se desenvolva.

"O brasileiro é muito criativo e, ao invésbet365 apostas app(o país) estimular isso, está exportando seu conhecimento. O Uruguai, por outro lado, abre os braços para pessoas com ideias e projetos novos. Isso é causado pelo preconceito que muitos brasileiros ainda têm com maconha, por falta conhecimento. Eu faço minha parte e levo informação para o maior número possívelbet365 apostas apppessoas", afirma.

Umabet365 apostas appsuas referências na cozinha é o paulistano Alex Atala. Ele diz que o reconhecido chef brasileiro poderia usar seu conhecimento e popularidade para fazer receitas com maconha e mostrar que a planta não é prejudicial.

"Eu vi ele (Alex Atala) fumando (o que parecia ser) um baseadobet365 apostas appuma série da Netflix. Eu queria perguntar para ele se ele usa maconha na comida que fazbet365 apostas appcasa. Fico imaginando como um cara admirado desses poderia revolucionar a culinária e culturabet365 apostas appum país."

Laboratório canábico
Legenda da foto, Colombeck usa azeite e manteiga à basebet365 apostas appmaconha na maior partebet365 apostas appsuas receitas | Foto: Arquivo pessoal

A ação sobre a descriminalização do usobet365 apostas appmaconha está no Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2011, e até agora só três ministros votaram.

O relator do caso, Gilmar Mendes, defendeu a descriminalizaçãobet365 apostas apptodas as drogasbet365 apostas appagostobet365 apostas app2015. Edson Fachin e Luís Roberto Barroso foram favoráveis à descriminalização apenas da maconha.

O último pedidobet365 apostas appvista foibet365 apostas appTeori Zavascki, que interrompeu o julgamentobet365 apostas appsetembrobet365 apostas app2015. Agora, cabe ao ministro Alexandrebet365 apostas appMoraes (que herdou a cadeirabet365 apostas appZavascki) devolver o processo à pauta.

O caso criará regra para todos os processos similares. Se a ação sair vitoriosa, a possebet365 apostas appmaconha para uso próprio não será mais considerada crime, como ocorre hoje.